Resumo
Sylvia Molloy, ao ler a literatura latino-americana a partir do gênero autobiográfico, propõe que sua apropriação da cultura europeia se dê por meio de um saqueio voraz de seu arquivo. Perseguindo a ideia da crítica argentina, este artigo se propõe a ler esse procedimento de leitura voraz na obra do poeta nicaraguense Rubén Darío, enfocando um de seus poemas: “Caracol” em diálogo com outros poemas do autor, bem como busca compará-lo com trabalhos do cubano Julián del Casal, poeta coevo, com quem Darío partilha o interesse pela cultura francesa moderna. A partir da leitura dos poemas, mostra-se como o uso da tradição europeia funciona como estímulo para o encontro de uma literatura própria, em que a irreverência no uso do arquivo se impõe sobre a cópia.
Palavras-chave:
Rubén Darío; Modernismo hispano-americano; relações culturais; arquivo