Este artigo discute a correlação entre sujeito nulo e caráter forte da flexão verbal. À luz dos ensinamentos da Proposta Teórico-metodológica da Variação e Mudança Linguística, de linha laboviana, a análise da realização do sujeito no português europeu, em um corpus de língua falada, mostra que essa correlação existe, mas não é necessária: (i) há significativos percentuais de sujeitos preenchidos em estruturas, cuja morfologia verbal é suficientemente marcada para identificar a pessoa gramatical; (ii) a não concordância afeta negativamente o uso do sujeito nulo, notadamente com a forma pronominal a gente, cuja morfologia verbal apresenta, em algumas localidades do território português, três diferentes flexões: 1ª pessoa do plural, 3ª pessoa do singular e 3ª pessoa do plural. Além do expressivo índice de sujeitos preenchidos, há casos - ainda que não muito expressivos, mas não menos importantes - de não aplicação da regra de concordância com sujeitos antepostos, fato que contraria os contextos de variação previstos para o português europeu.
Português europeu; Variação linguística; Sujeito preenchido; Sujeito nulo; Concordância verbal