Acessibilidade / Reportar erro

Civil, civilidade, civilizar, civilização: usos, significados e tensões nos dicionários de língua portuguesa (1562-1831)* * Este texto foi gestado para as discussões do grupo "Civilização: entre dois mundos", da EFLCH/ Unifesp, e uma versão dele foi apresentada no Simpósio da ANPUH, em São Paulo (2011). Agradeço os diversos comentários e críticas recebidos nesses fóruns, nomeadamente de Bruno Feitler e Evergton Sales Souza. Também agradeço a leitura e comentários de Ana Karícia Machado Dourado, Andréa Slemian e Sérgio Alcides em versões anteriores do artigo, bem como dos editores e pareceristas da revista. Esta pesquisa é resultado parcial de projetos financiados pelo CNPq e Fapesp.

Civil, Civility, Civilize, Civilization: Uses, Meanings and Tensions in Dictionaries of Portuguese (1562-1831)

Resumo

O artigo pretende traçar a dicionarização e usos do termo "civilização" e correlatos, identificando sinônimos e antônimos que constituíram os seus diversos significados na língua portuguesa. Para tanto, busca-se mapear o aparecimento e utilização desses vocábulos nos dicionários e vocabulários portugueses (cotejando com o trajeto em inglês, francês e espanhol), do século XVI até inícios do séc. XIX. A proposta é reconstituir os campos semânticos construídos pelos dicionários em torno da ideia de civilidade/ civilização (e seus opostos) no Império português.

Palavras-chave:
civilização; dicionários; rústico; Império português

Abstract

The article intends to trace the dictionarization and uses of "civilization" and related terms, identifying synonyms and antonyms which constituted their various meanings in the Portuguese language. The paper seeks to map the emergence and utilization of these words in Portuguese dictionaries (comparing with English, French and Spanish works), from mid-sixteenth century to the early nineteenth century. The main goal resides on reconstruct the semantic fields built by the dictionaries around the idea of civility / civilization (and their opposites) within the Portuguese Empire.

Keywords:
civilization; dictionaries; rustic; Portuguese Empire

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • 1
    BOWDEN, Brett. The ideal of civilisation: Its origins and socio-political character. Critical Review of International Social and Political Philosophy, v.7, n.1, 2004. p.26-27.
  • 2
    PAGDEN, Anthony. The 'defence of civilization' in eighteenth- century social theory. History of the Human Sciences, n.1, 1988. p.33-45; SWENSON, James. A Small Change in Terminology or a Great Leap Forward? Culture and Civilization in Revolution. MLN, vol.112, n.3, German Issue (Apr., 1997). p.322-348.
  • 3
    BOWDEN, Brett. Op. Cit.
  • 4
    DEJEAN, Joan. Antigos contra modernos: as guerras culturais e a construção de um fin de siècle. Rio de Janeiro: Civilizaçao Brasileira, 2005 {1997}; GOODY, Jack. O roubo da História: como os europeus se apropriaram das idéias e invenções do Oriente. São Paulo: Contexto, 2008 {2006}, esp. cap. "O roubo da 'civilização': Elias e a Europa absolutista"; GORDON, Daniel. The canonization of Norbert Elias in France. A Critical Perspective. French Politics, Culture & Society, v.20, n.1, Spring 2002. p.68-94; LADURIE, Emmanuel Le Roy. Saint-Simon ou o sistema de Corte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004 {1997}, Anexo I "Sobre Norbert Elias". No Brasil, a leitura de Elias se deu, sobretudo, a partir da década de 1990, com a tradução de suas obras pela Zahar, nomeadamente O processo civilizador, em 1990 e 93.
  • 5
    ELIAS, Norbert. Processo civilizador. 2ª ed. 2 Vols. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2011 {1939}; FEBVRE, Lucien. Civilisation. Évolution d'un mot et d'un groupe d'idées. In: BERR, Henri (org.). Civilisation - le mot et l'idée - Exposés par Lucien Febvre, Émile Tonnelat, Marcel Mauss, Adfredo Niceforo et Louis Weber. Paris: la Renaissance du livre, 1930. p.10-59 (versão eletrônica em: http://classiques.uqac.ca/ classiques/febvre_lucien/civilisation/civilisation. html); BENVENISTE, Émile. Civilização - contribuição à história da palavra {1954}. In: Problemas de linguística geral. 5ª ed. Campinas: Pontes Editores, 2005. p.371-381; STAROBINSKI, Jean. A palavra 'civilização'. In: As máscaras da civilização: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p.11-56; MAZLICH, Bruce. Civilization and its contents. Stanford: Stanford University Press, 2004; MONNIER, Raymonde. The Concept of civilisation from Enlightenment to Revolution: An Ambiguous Transfer. Contributions to the History of Concepts, n.4, 2008, p.106-136.
  • 6
    BOER, Pim den. Towards a comparative History of Concepts: civilisation and beschaving. Contributions to the History of Concepts, n.3, 2007, p.207-233.
  • 7
    FERNANDÉZ SEBASTIÁN, Javier. The Concept of Civilization in Spain, 1754-2005: From Progress to Identity. Contributions to the History of Concepts, n.4, 2008, p.81-105.
  • 8
    DEJEAN, Joan. Op. Cit.; LADURIE, Emmanuel Le Roy. Op.Cit.; GOODY, Jack. Op. Cit.
  • 9
    BOER, Pim den. Towards a comparative History of Concepts...., Op. Cit.
  • 10
    BOWDEN, Brett Op. Cit.; PAGDEN, Anthony. Op. Cit.
  • 11
    BOER, Pim den. Towards a comparative History of Concepts..., Op. Cit.; Idem. Civilização: comparando conceitos e identidades. In: JASMIM, Marcelo. História dos conceitos: diálogos transatlânticos. São Paulo: Loyola, 2007. p.121128; FERNANDÉZ SEBASTIÁN, Javier. Op. Cit.; MONNIER, Raymonde. Op. Cit.
  • 12
    Para a periodização da história dos dicionários em língua portuguesa, baseei-me em: VERDELHO, Telmo. Dicionários portugueses, breve história. In: NUNES, José Horta; PETER, Margarida (org.). História do saber lexical e constituição de um léxico brasileiro. São Paulo: Humanitas, 2002. p.15-62.
  • 13
    A expressão "plano civilizador" foi cunhada por Serafim Leite para uma carta de Nóbrega, de 1558. LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2004 {1ª Ed., 1938}, t.II, liv.II, cap.1, p.264. Pretendo tratar desse tema em outro artigo, que está em elaboração.
  • 14
    Sobre contexto linguístico e historicidade dos termos e ideias, ver: SKINNER, Quentin. Visões da política: sobre os métodos históricos. Algés : Difel, 2005, cap. 4 e 6.
  • 15
    Para uma lista dos dicionários portugueses ver o site do projeto "Dicionário dos Dicionários Portugueses", organizada pelo professor Dieter Messner: http://www.sbg.ac.at/rom/people/ prof/messner/dddport.htm. A partir da lista ali presente, tentei reconstituir o caminho dos termos elencados neste artigo nos dicionários lusitanos. Para tanto, além de pesquisa em bibliotecas "presenciais", utilizei-me dos documentos disponibilizados em bibliotecas virtuais, como Brasiliana Digital (http://www. brasiliana.usp.br/dicionario), Biblioteca Nacional Digital (http://purl.pt/index/geral/PT/index.html) e Google Books (http://books.google.com/), entre outras. Para complementar a pesquisa, também me utilizei de bases e corpus lexicográficos de português disponíveis na rede que permitiam busca por termos, muitas vezes retornando entradas de dicionários e vocabulários. Para a língua portuguesa, consultei, sobretudo, as seguintes bases: Tycho Brahe (http://www. tycho.iel.unicamp.br/~tycho/corpus/index.html, acesso em 15/7/2010); Corpus Lexicográfico do Português (http://clp.dlc.ua.pt/Inicio.aspx, acesso em 21/7/2010); Corpus do Português (http://www.corpusdoportugues.org/, acesso em 23/7/2010). Como indicado nesta e em outras notas, bem como nas referências, a pesquisa para este artigo teria sido muito mais restrita se não fosse o acesso e a disponibilização de recursos como esses na internet. Para um comentário sobre o uso das bases de dados lexicográficas e de dicionários on-line e seu impacto na pesquisa histórica, ver: DEJEAN, Joan. Op. Cit., Prefácio.
  • 16
    Utilizei-me sobretudo da edição de 1569-1570 (terminada em 1569, mas divulgada em 1570, data pela qual será referida), da qual pude consultar tanto o dicionário latim-português como o português-latim. Cotejei com a edição de 1562, português-latim, e uma das últimas impressões, em 1694 (a nona a partir da edição de 1569-70). A pesquisa e as citações foram feitas a partir das versões digitalizadas disponíveis na Biblioteca Nacional Digital (BND), da Biblioteca Nacional de Portugal: http://purl.pt/ index/geral/PT/index.html.
  • 17
    VERDELHO, Telmo. Dicionários portugueses, breve história..., Op. Cit., p.17-19.
  • 18
    CARDOSO, Jerônimo. Dictionarivm latino lvsitanicvm & vice versa Lusitanico latinum. {Coimbra}: Ion. Barrerius, 1570, f.37v. {Versão on-line disponível na Biblioteca Nacional Digital: http://purl.pt/14265 - acesso em 25/5/2010}.
  • 19
    Ibidem, f.27, 29, 185 e 269v.
  • 20
    BARBOSA, Agostinho. Dictionarium Lusitanico Latinum. Bracharae {Braga}: typis, & expensis Fructuosi Laurentij de Basto, 1611. p.308 {Versão on-line disponível na Biblioteca Nacional Digital: http://purl.pt/14016/1/index.html - acesso em 21/7/2010}; PEREYRA, Benito. Thesouro da Lingua Portuguesa (...) Tem tidos os vocábulos portugueses que trazem Cardoso, & Barbosa, & de novo outros muytos mil, em tanta copia, que só os vocábulos acrecentados são outros tantos, & mais, que todos quantos tem os sobreditos vocabularios. (...) Em Lisboa: Com todas as licenças necessárias, na officina de Paulo Craesbeeck, & às duas custas. Anno 1647. f.33v)
  • 21
    BARBOSA, Agostinho. Op. Cit., p.309, grifos meus.
  • 22
    PEREYRA, Benito. Op. Cit., f.33v, 76 ss.
  • 23
    Ibidem, f.18v, 96.
  • 24
    VALDÉS, Juan de. Dialogo de la lengua. Madrid: Impr. de J. Martin Alegría, 1860 {c. 1533}. p.198.
  • 25
    Apud. BATAILLON, Marcel. Erasmo y España. México: FCE, 1996. p.119.
  • 26
    ELIAS, Norbert. Processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1993, cap.1, pte.2; cf. BOER, Pim den. Towards a comparative History of Concepts..., Op. Cit.
  • 27
    BATAILLON, Marcel. Op. Cit., p.LIV. Ao contrário, por exemplo, do que ocorrera na Inglaterra, na Alemanha e na Holanda, onde houve várias traduções. Nessas edições, o termo latino civilitate do título, entretanto, não foi traduzido para seus derivados nos vernáculos mas por termos próximos a boas maneiras/ modos ou cortesania (BOER, Pim den. Towards a comparative History of Concepts... Op. Cit., p.217-219). A obra sofreu uma "tradução-plágio" em espanhol na forma de um capítulo de uma obra maior, El estudioso de la aldea, de Palmerino, de 1568, que se intitulava "Tratado de la buena crianza en el niño del Aldea". A não remissão a Erasmo faz sentido por ser obra de influência erasmista, num momento que recrudescia a perseguição aos erasmistas na península Ibérica. Contudo, talvez seguindo as outras traduções, não houve também menção à "civilidad" ou tradução correspondente ao "civilitate" (cf. GALLEGO, André. Un avatar espagnol du De civilitate d'Erasme. Le Tratado de la buena criança de l'humaniste aragonais J.L. Palmireno. In: DUROUX, Rose (org.). Les traités de savoir-vivre en Espagne et au Portugal du Moyen Age à nos jours. Clermont-Ferrand (França): Université Blaise Pascal, 1995. p.106-120.)
  • 28
    COVARRUBIAS OROZCO, Sebastián de. Tesoro de la lengua castellana, o española. Madrid: Por Luis Sanchez, impressor del Rey N.S., 1611. f.288 {versão digital consultada em Fondos Digitales da biblioteca da Universidade de Sevilha: http://fondosdigitales. us.es/fondos/libros/765/614/tesoro-de-la-lenguacastellana-o-espanola/, em 31/7/2010}.
  • 29
    Cf. VERDELHO, Telmo. Dicionários portugueses, breve história..., Op. Cit.
  • 30
    SILVESTRE, João Paulo. O Vocabulario Portuguez, e Latino: principais características da obra lexicográfica de Rafael Bluteau. Comunicação apresentada no encontro Dicionários da Língua Portuguesa - Património e renovação, Cursos da Arrábida, 20 de Julho a 2 de Agosto de 2001, Portugal, p.2-3, {Texto on-line em Corpus Lexicográfico do Português, consultado em 20/07/2010: http://clp.dlc.ua.pt/Publicacoes/ vocabulario_principais_caracteristicas.pdf}.
  • 31
    BLUTEAU, Rafael. Prosas portuguezas recitadas em differentes congressos academicos... Lisboa Occidental: Na Officina de Joseph Antonio da Sylva, 1729 {2 partes em 1 volume}.
  • 32
    BLUTEAU, Rafael. Vocabulario Portuguez e Latino. Coimbra: No Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1728, Vol.2, p.322-3 {versão online consultada na Brasiliana Digital: http://www. brasiliana.usp.br/dicionario - em 21/5/2010}
  • 33
    Não pude consultar esta obra, mas ela fazia parte de um volume de poesias do autor, que, ao que parece, já era raro no século XIX. Cf. COSTA E SILVA, José María da. Ensaio biographico-critico sobre os melhores poetas portuguezes. Lisboa: Imprensa Silviana, 1834, t.VII, p.41.
  • 34
    STAROBINSKI, Jean. A palavra 'civilização'. In: As máscaras da civilização: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p.19-21.
  • 35
    BLUTEAU, Rafael. Vocabulário..., Op. Cit., 17121728, Vol.8, p.492.
  • 36
    É interessante notar que o Dicionário PortuguezLatino de Folqman, impresso em 1755, que se pretendia uma versão resumida de Bluteau útil para o estudo de latim e português, só apresentava o verbete "Civil" (traduzido como Civilis), não constando nem civilidade, nem civilizar, etc (FOLQMAN, Carlos. Diccionario Portuguez, e Latino. Lisboa: Na Officina de Miguel Menescal da Costa, 1755. p.119). Também vale frisar que, no Elucidário de Viterbo, que se pretendia um dicionário de termos antigos e em desuso, não aparece nenhuma entrada ligada a essa raiz (VITERBO, Joaquim de Santa Rosa de. Elucidario das palavras, termos, e frases, que em Portugal antiguamente se usárão, e que hoje regularmente se ignorão. Lisboa: Na Officina de Simão Thadeu Ferreira, 1798, Vol.1). De outra parte, não aparece o termo "civilizar" (ou "civil") e seus correspondentes na língua brasiliana (tupi) no Diccionário Português-Brasiliano, de 1795 (de possível autoria de Frei Mariano da Conceição Veloso), mas aparece "rústico" traduzido para "caapora" (disponível na Brasiliana, http:// brasiliana.usp.br - consultado em 1/10/2011).
  • 37
    VERDELHO, Telmo. O dicionário de Morais Silva e o início da lexicografia moderna. In: História da língua e história da gramática - actas do encontro. Braga: Universidade do Minho/ILCH, 2003. p.473-490.
  • 38
    MORAIS SILVA, António de. Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e accrescentado por Antonio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro. Lisboa: Na Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1789, Vol.1, p.402, {versão online consultada na Brasiliana Digital: http://www.brasiliana.usp.br/ dicionario - em 21/5/2010}.
  • 39
    SOUSA, Antonio Caetano de. História genealógica da casa real portugueza... Lisboa Occidental : Na Off. de Joseph Antonio da Sylva, 1739, Vol.6, p.318.
  • 40
    Directorio, que se deve observar nas povoaçoens dos indios do Pará, e Maranhão: em quanto Sua Magestade naõ mandar o contrario. Lisboa: Officina Miguel Rodrigues, 1758. p.3-4, 6, 10-1, 16, 37, pass.
  • 41
    MORAIS SILVA, António de. Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael Bluteau..., Op. Cit., vol.2, p.649, 650. Para uma discussão do que seria o rústico em termos legais e jurídicos, ver capítulo dedicado à categoria em: HESPANHA, António Manuel. Imbecillitas. As bem-aventuranças da inferioridade nas sociedades de Antigo Regime. São Paulo: Annablume, 2010.
  • 42
    Ibidem, vol.1, p.401-402.
  • 43
    Novo diccionario da lingua portugueza: composto sobre os que até o presente se tem dader ao prelo, e accrescentadode varios vocabulos extrahidos dos classicos antigos, e dos modernos de melhor nota, que se achaõ universalmente recebidos. Lisboa: Typografia Rollandiana, 1806, s.p. {versão online consultada em GoogleBooks: http://books. google.com.br/books?id=ubQGAAAAQAAJ&dq=no vo+dicionario+de+lingua+portuguesa+1806&hl= pt-br&source=gbs_navlinks_s - em 24/1/2011}.
  • 44
    MORAIS SILVA, Antonio de. Diccionario da Lingua Portugueza, composto por Antonio de Moraes Silva. 4ª edição. Lisboa: Imp.Regia, 1831, Vol.1, p.395.
  • 45
    MORAIS SILVA, António de. Diccionario da lingua portugueza composto pelo padre D. Rafael Bluteau..., Op. Cit., vol.1, p.481, vol.2, p.464, 823.
  • 46
    Ibidem, Vol.2, p.526.
  • 47
    Ibidem, Vol.2, p.526, grifos meus.
  • 48
    BACELLAR, Bernardo de Lima e Melo. Diccionario de lingua portugueza em que se acharão dobradas palavras do que traz Bluteau, e todos os mais Diccionaristas juntos: a suá propria significação: as raizes de todas ellas: a accentuação: e a selecção das mais usadas, e polídas: a Grammatica Philosophica, e a Orthographia Racional no principio, e as explicaçoens das abbreviaturas no fim defla Obra. Lisboa: Na Offic. De Jozé de Aquino Bulhoens, 1783. p.107-108 {Versão on-line disponível no Google Books em: http://books.google.com.br/bo oks?id=55ICAAAAQAAJ&printsec=frontcover#v= onepage&q&f=false - consultado em 19/7/2010}
  • 49
    SILVA, Damião Goneto e {Tradutor}. Historia chronologica dos Papas, Emperadores, e Reys que tem reynado na Europa, do nascimento de Christo até o fim do anno 1730. Coimbra: na offic. de Antonio Simoes Ferreyra, 1731. p.XXXVII.
  • 50
    VERNEY, Luis Antonio. Verdadeiro Método de Estudar: para ser util à Republica, e à Igreja: proporcionado ao estilo, e necesidade de Portugal. Valensa {Nápoles}: na Oficina de Antonio Balle {Genaro e Vicenzo Muzio}, 1746, t.2, p.290-291.
  • 51
    Directorio...Op. Cit., passim.
  • 52
    VIEIRA, Antonio. A Dictionary of the Portuguese and English Languages, in Two Parts, Portuguese and English: and English and Portuguese. Londres: Printed for J. Nourse, Bookseller to His Majesty, 1773, 1v., s.p. {consultado em GoogleBooks: http://books.google.com.br/books?id=MTZAAAAAY AAJ&printsec=frontcover - em 20/7/2010}.
  • 53
    Ibidem, Vol.2, s.p.
  • 54
    MARQUES, Joseph. Novo diccionario das linguas portugueza, e franceza, com os termos latinos. Tirado dos melhores authores, e do Vocabulario Portuguez, e Latino do P. D. Rafael Bluteau, dos Diccionarios da Academia Franceza, Universal de Trevoux, de Furetiere, de Tachard, de Richelet, de Danet, de Boyer, &c. Lisboa: Na Officina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1764, Vol.2, p.164, 633, 752 {versão digital consultada em GoogleBooks: http://books.google.com.br/books?id=Fwsk_ oraZC4C&printsec=frontcover - em 20/7/2010}.
  • 55
    FORBONNAIS, François Véron Duverger de. Elementos do commercio, traduzidos livremente do Francez para o Portuguez pelo mesmo traductor do Telemaco, e das Oraçoens funebres. Lisboa: A. Rodrigues Galhardo, 1766. p.199, grifo meu {versão digital consultada em The Making of the Modern World: <http://galenet.galegroup. com/servlet/MOME?af=RN&ae=U101282167&src htp=a&ste=14> - em 23/1/2011}.
  • 56
    COSTA E SÁ, Joaquim José da. Diccionario italiano e portuguez, extrahido dos melhores lexicografos, como de Antonini, de Veneroni, de Facciolati, de Franciosini, do Diccionario da Crusca e do da universidade de Turin (...) Lisboa: Na Regia Officina Typografica, 1773. p.311 {versão digital consulta em GoogleBooks: http://books.google. com.br/books?id=3ENAAAAAcAAJ&printsec=front cover - em 20/7/2010}.
  • 57
    MORAES SILVA, Antonio de. Diccionario da lingua portugueza - recopilado dos vocabularios impressos ate agora, e nesta segunda edição novamente emendado e muito acrescentado, por Antonio de Moraes Silva. 2ª edição. Lisboa: Typographia Lacerdina, 1813 {Consultado no acervo on-line do Instituto de Estudos Brasileiros/ USP: http://www.ieb.usp.br/online/index.asp - em 21/5/2010}; MORAIS SILVA, António de. Diccionario da lingua portugueza, recopilado de todos os impressos ate' o presente. 3. ed., mais cor. e accrescentada. Lisboa: Na typ. de M.P. de Lacerda, 1823 {Consultada em Internet Archives: http://www.archive.org/details/ diccionariodalin02morauoft - em 21/01/2011}. Sobre as diferenças entre as duas edições do dicionário feitas em vida, ver: MURAKAWA, Clotilde de Almeida Azevedo. Léxico e gramática no Diccionario da língua portuqueza (1813) de António de Morais Silva. Alfa, São Paulo, Vol.50, n.2, 2006, p.55-67.
  • 58
    MORAIS SILVA, Antonio de. Diccionario da Lingua Portugueza, composto por Antonio de Moraes Silva. 4ª edição, Lisboa: Imp.Regia. 1831, Vol.1, p.395.
  • 59
    Para a história do termo em francês e em inglês, utilizei-me dos textos já citados de Lucièn Fèbvre, Émile Benveniste, Jean Starobinski, Bruce Mazlich, Brett Bowden, Pim den Boer, entre outros. Para a recorrência nos dicionários franceses, vali-me da base de dados do projeto ARTLF, Dictionaires d'atutrefois, que contém dicionários de 1606 até 1935, pesquisando o termo "civilisation": http:// artflx.uchicago.edu/cgi-bin/dicos/pubdico1look. pl?strippedhw=civilisation {consulta realizada no dia 20/5/2010}. Para as referências em dicionários, vocabulários e léxicos da língua inglesa até 1701, utilizei-me da base on-line Lexicons of Early Modern English, consultando os termos "civil", "civility" e "civilization": http://leme.library. utoronto.ca/ {consultas feitas em 21/5/2010}. Também utilizei-me do Oxford English Dictionary Online: http://dictionary.oed.com {consulta feita em 22/5/2010}. Além dessas bases voltadas para lexicografia e dicionários, pesquisei pelos termos em questão e correlatos em bases on-line de documentos e livros, entre outros: The Making of the Modern World: The Goldsmiths'-Kress Library of Economic Literature {http://galenet.galegroup. com/servlet/MOME?locID=usp&ste=23-váriosacessos}; a Eighteenth Century Collections Online {http://find.galegroup.com/ecco/start. do?&prodId=ECCO - vários acessos}; o Google Books {http://books.google.com/ - vários acessos}; e Internet Archives {http://www.archive.org/ - vários acessos}.
  • 60
    FEBVRE, Lucien. Op. Cit.; STAROBINSKI, Jean. Op. Cit.
  • 61
    Apud. FEBVRE, Lucien. Op. Cit., p.22.
  • 62
    STAROBINSKI, Jean. Op. Cit., p.11.
  • 63
    Para as referências anteriores em inglês, busca pelo termo "civility" na base LEME: http://leme. library.utoronto.ca/ {consulta feita em 21/5/2010}.
  • 64
    Dictionnaire universel françois et latin, vulgairement appelé Dictionnaire de Trévoux: contenant la signification et la définition des mots de l'une et de l'autre langue... Paris: Compagnie des libraires associés, 1771 (T.2, BoulevartCrayonneux), p.617. {versão online consultada na Gallica: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/ bpt6k509819.r=trevoux+dictionnaire+1771. langPT - em 31/5/2010}.
  • 65
    STAROBINSKI, Jean. Op. Cit., p.17-20; MAZLICH, Bruce. Op. Cit., p.5-6.
  • 66
    Dictionnaire de Trévoux..., Op. Cit., p.617.
  • 67
    MAZLICH, Bruce. Op. Cit., p.6-7.
  • 68
    STAROBINSKI, Jean. Op. Cit., p.18.
  • 69
    FERNANDÉZ SEBASTIÁN, Javier. Op. Cit., p.86.
  • 70
    TERREROS Y PANDO, Esteban. Diccionario Castellano con las voces de ciencias y artes y sus correspondientes en las tres lengaus francesa, latina e italiana. Madrid: En la imprenta de la viuda de Ibarra, Hijos y Companía, 1786, t.1, p.439-440 {versão online consultada na Biblioteca Foral de Bizkaia: http://bibliotecaforal. bizkaia.net/search*spi~S5/a?a - em 04/11/2010}.
  • 71
    cf. FERNANDÉZ SEBASTIÁN, Javier. Op. Cit.
  • 72
    ASH, John. The new and complete dictionary of the English language: To which is prefixed, a comprehensive grammar. Vol.1. Londres: Printed for Vernor and Hood, 1795. Não consegui consultar a primeira edição, portanto cito a partir da segunda. Contudo, na edição de 1775 já constava o termo e a definição, pois a citação da primeira edição está presente no Oxford English Dictionary, sob o verbete "civilization".
  • 73
    MORAIS SILVA, Antonio de. Diccionario da Lingua Portugueza, composto por Antonio de Moraes Silva.... Op. Cit., vol.1, p.395.
  • 74
    Para os dicionários da RAE, utilizei sua base de dados on-line (que cobre os dicionários impressos entre 1726 e 1992), pesquisando o termo "civilización": http://buscon.rae.es/ntlle/SrvltGU IMenuNtlle?cmd=Lema&sec=1.6.0.0.0 {consulta realizada no dia 21/5/2010}.
  • 75
    "CIVILIZACION. s.f. Aquel grado de cultura que adquieren pueblos ó personas, cuando de la rudeza natural pasan al primor, elegancia e dulzura de voces, usos y costumbres proprios de gente culta. Urbanitas, civilitas, comitas". (grifos meus) É interessante notar que aqui o sentido da ação de civilizar desapareceu.
  • 76
    A relação de "barbare" com a incivilidade só aparecerá na edição de 1835 do dicionário da Academia Francesa.
  • 77
    JOHNSON, Samuel. A dictionary of the English language: in which the words are deduced from their originals, and illustrated in their different significations by examples from the best writers : to which are prefixed, a history of the language, and an English grammar. Londres: J. F. And C. Rivington {etc.}, 1785. p.219, 278, 305 {versão online consultada em Internet Archives: http://www.archive.org/ stream/dictionaryofengl01johnuoft#page/n219/ mode/1up/search/civil - em 21/5/2010}.
  • 78
    "CIVILISATION. N.f. {from civil} A law, act of justice, or judgmente, which render a criminal process civil; which is performed by turning an information into an inquiet, or the contrary." Ibidem, p.386.
  • 79
    Samuel Johnson, segundo o diário de James Boswell, numa conversa registrada como sendo de 1772 e depois utilizada na biografia de Johnson escrita por Boswell, não admitia a palavra "civilization" como contrária à "barbarity", somente "civility", pois, como outros termos, seria mais "legitimate English". Boswell, contudo, ainda que com grande deferência para seu interlocutor (e depois biografado), discordava de Johnson e achava que o termo "civilization" cabia melhor pois ligado ao verbo "to civilize". BOSWELL, James. The life of Samuel Johnson. Londres: J. Davis, 1817, Vol.1, p.311.
  • 80
    SHERIDAN, Thomas. A general dictionary of the English language. One main object of which, is, to establish a plain and permanent standard of pronunciation. To which is prefixed a rhetorical grammar. Londres: Printed for J. Dodsley, pall-mall; C. Dilly, in the poultry, and J. Wilkie, St. Paul's church-yard, MDCCLXXX {1780}, p. 1, grifos meus.
  • 81
    Para o Noah Webster´s, utilizei o site Noah Webster's 1828 American Dictionary: http:// www.1828-dictionary.com/d/word/civilization (consulta feita em 22/5/2010).
  • 82
    Pesquisa no Dictionaires d'atutrefois, projeto ARTFL, em 3/6/10: http://artflx.uchicago.edu/cgibin/dicos/pubdico1look.pl?strippedhw=barbare.
  • 83
    STAROBINSKI, Jean. "A palavra 'civilização'...", Op. Cit., p. 27-31.
  • 84
    S. LUIZ, Francisco de. Ensaio sobre alguns synonymos da língua portugueza por D. Fr. Francisco de s. Luiz, sócio effectivo da Academia Real das Sciências, &c, &c. 2ª ed. Lisboa: na Typografia da Academia R. das Sciencias, 1824. Vol.1, p.IV.
  • 85
    Ibidem, p.178.
  • 86
    ELIAS, Norbert. Escritos e ensaios. Vol.1. Estado, processo, opinião pública. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. p.20-21.
  • 87
    STAROBINSKI, Jean. Op. Cit., p.16.
  • 88
    Ibiden, p. 18

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2012

Histórico

  • Recebido
    Ago 2011
  • Aceito
    Dez 2011
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Estrada do Caminho Velho, 333 - Jardim Nova Cidade , CEP. 07252-312 - Guarulhos - SP - Brazil
E-mail: revista.almanack@gmail.com