RESUMO
Este artigo analisa a história do calendário esportivo organizado como parte dos festejos do IV Centenário da cidade de São Paulo, assim como as dificuldades e erros que dificultaram as construções e inaugurações do Ginásio e do Velódromo do Ibirapuera, edifícios centrais no plano das comemorações. Pouco estudado, esse programa de atividades cristalizava uma fase de internacionalização do esporte paulista e exigia a construção de uma série de edifícios esportivos na cidade, que serviriam como sede para campeonatos internacionais das mais diversas modalidades durante todo o ano de 1954. O artigo discute os interesses de vários agentes da indústria do espetáculo esportivo e das associações esportivas paulistas ao impulsionarem a construção dos edifícios que sediariam os torneios, bem como as dificuldades que a Comissão do IV Centenário enfrentou, junto com o poder público, para cumprir com os compromissos de edificação de complexos esportivos e organização das competições. Atentando para problemas de financiamento e gerenciamento das obras, o artigo explica por que as festividades esportivas em comemoração aos 400 anos da cidade acabariam sendo um fracasso. O trabalho abarca novas leituras para as análises do marco geral das comemorações de 1954 e busca contribuir para o conhecimento da história do patrimônio esportivo paulista, dos investimentos públicos na cidade e do direito ao lazer no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE:
Arquitetura esportiva; Esporte; Lazer; Ibirapuera; São Paulo; IV Centenário de São Paulo
ABSTRACT
This article analyzes the history of the sports calendar, organized as part of the festivities of the IV Centenary of the city of São Paulo, and the difficulties and mistakes that hampered the construction and inauguration of the Ibirapuera’ Gymnasium and Velodrome, central buildings within the celebration plan. Scarcely studied, this program of activities crystallized a phase of internationalization of sports in São Paulo and required the construction of a series of sports buildings for the city, which would serve as venues for international sport tournaments of diver modalities throughout 1954. The article discusses the interests of various agents from the sports industry and sports associations in São Paulo in promoting the construction of the buildings that would hold the tournaments and the difficulties that the IV Centenary Organization Commission faced, alongside the public power, to fulfill the commitments of building the sports facilities and organizing the tournaments. Paying attention to problems of financing and management of the construction phases, the article explains why the sports festivities commemorating the 400th anniversary of the city would end up being a failure. The work provides new readings for the analysis of the general framework of the celebrations held in 1954, and seeks to contribute to the knowledge of the histories of São Paulo’s sporting heritage, the public investments in the city, and the right to leisure in Brazil.
KEYWORDS:
Sport architecture; Sport; Leisure; Ibirapuera; São Paulo; IV Centenary of the city of São Paulo
INTRODUÇÃO
Durante anos, falar sobre patrimônio era se referir quase exclusivamente a palacetes, igrejas, museus, estações ferroviárias e edifícios públicos. Porém, nas últimas décadas, outros espaços e práticas começaram a ser entendidos como representativos das nossas culturas e constitutivos das nossas histórias. O esporte e o lazer fazem parte dessa nova concepção, pois são experiências que englobam processos pedagógicos, ideias sobre os nossos corpos, aspectos lúdicos da vida cotidiana, assim como lugares significativos em termos funcionais e, também, afetivos.
Nesse cenário, a dimensão espacial do esporte também é importante. Dentro da paisagem das nossas cidades, são visíveis as praças de jogos infantis e os parques, assim como estádios, piscinas, ginásios, quadras esportivas, centros de treinamento etc. Muitos desses espaços foram resultado do trabalho e da gestão do poder público e de agentes da sociedade civil, representantes de clubes e associações esportivas, bem como do intenso debate entre esportistas, dirigentes esportivos, empresários, jornalistas, pedagogos, engenheiros, arquitetos e vizinhos das áreas onde esses edifícios seriam construídos. Nesse sentido, os edifícios esportivos narram eventos relevantes na história do esporte de cada cidade - triunfos e derrotas inesquecíveis, organização de campeonatos etc. - e são parte importante das memórias de milhares de pessoas que participaram como esportistas amadores ou simples espectadores. Também podem abranger valor em sua arquitetura. Os tombamentos de muitos edifícios esportivos no mundo têm sido justificados como exemplos de determinados estilos arquitetônicos, da utilização de determinados materiais ou técnicas construtivas, assim como das suas escalas e inserções na trama urbana.
Aliás, os complexos esportivos podem contar histórias sobre a construção da cidade, na qual se entrecruzam as ideologias, os interesses econômicos e imobiliários de diferentes agentes, assim como concepções sobre o uso do tempo livre, a prática esportiva e o espetáculo. Eles contêm e são resultado de formas diversas de compreender o entretenimento, a competição, a saúde e a aprendizagem. Deles, podemos apreender formas a partir das quais foi entendida a educação física, assim como a relevância dada, em determinados momentos, ao tempo livre e as diversas trajetórias que formaram uma indústria do espetáculo esportivo nas metrópoles. De mesmo modo, os equipamentos esportivos podem falar sobre as tentativas da sociedade, logradas ou falidas, para prover-se de espaços onde se entreter e desfrutar do lazer.
Este artigo é parte de uma pesquisa maior sobre a história dos equipamentos públicos esportivos na cidade de São Paulo, surgindo em um momento particular em que vários desses complexos passam por intensas tentativas - e em alguns casos, por processos efetivados - de concessão para privados, tal como tem acontecido com o Estádio Municipal do Pacaembu. Outro importante espaço, como o Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, também conhecido como Complexo do Ibirapuera, também tem sido considerado para participar da carteira de projetos de concessão do estado de São Paulo, responsável pela sua construção durante a década de 1950. A partir de 2019, algumas propostas, discutidas e contestadas publicamente por esportistas, jornalistas, pesquisadores, vizinhos da área e outros membros sociedade civil, têm ameaçado descaracterizar e até demolir o ginásio, a pista atlética e a piscina olímpica, assim como as áreas de residência dos atletas, localizadas no interior do local. A proposta de transformação alterava de maneira irreversível a organização do complexo, destruindo uma parte da história e da memória da cidade e não só do esporte, mas também das práticas de lazer e do espetáculo paulistano e brasileiro. Sem um projeto suficientemente claro e justificado que assegurasse a manutenção da função social e esportiva do conjunto, diferentes vozes apoiaram a abertura de processos de tombamento no interior do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O órgão estadual rejeitou o pedido em dezembro de 2020,2 2 Anelli (2020). enquanto o instituto federal decretou um tombamento provisório no final de 2021.
Nesse sentido, o trabalho também participa dos esforços para revelar novas informações históricas sobre o Complexo do Ibirapuera, de modo a contribuir para o seu resguardo como exemplo de um tipo de produção arquitetônica e urbanística, assim como de um espaço fundamental para a memória esportiva paulistana e a história das práticas esportivas na cidade. Para isso, o artigo propõe analisar a história do Ginásio e do Velódromo do Ibirapuera dentro do marco do IV Centenário da cidade de São Paulo e seu falido calendário esportivo, um evento pouco estudado, projetado na ocasião das comemorações do IV Centenário e da consagração da missão jesuíta que deu origem à capital paulista.
Nos últimos anos, diversos trabalhos têm estudado o lugar do esporte e das comemorações esportivas dentro da construção identitária nacional e das estratégias de diplomacia cultural que os governos impulsionaram para além das suas fronteiras. Entre eles, destacam-se as análises de Santos, Drumond e Melo sobre a realização do VI Campeonato Sul-Americano de Futebol, organizado no Rio de Janeiro, em 1922, em ocasião dos festejos do Centenário da Independência do Brasil;3 3 Santos, Drumond e Melo (2012). as de Fraga, e Lage e Couto sobre o rol da imprensa na representação do progresso e da modernidade nacional, em ocasião da Copa de Mundo de Futebol de 1950, organizada no Brasil;4 4 Cf. Fraga (2009) e Lage e Couto (2016). e as de Rein para os Jogos Pan-Americanos de 1951, organizados em Buenos Aires pelo governo de Juan Domingo Perón.5 5 Rein (2017). O artigo é parte desse corpo de pesquisas, procurando compreender a organização desse tipo de evento e a construção de equipamentos esportivos como parte de estratégias de promoção das indústrias do espetáculo esportivo locais, assim como de demonstração de determinadas visões sobre o desenvolvimento paulista, representações metropolitanas e regionais que aglutinavam diversos agentes.
Da mesma forma, vários autores têm se interessado pela produção de equipamentos esportivos e de lazer entre as décadas de 1920 e 1950, período que representa a primeira grande onda de investimentos públicos e privados nesse tipo de espaço de uso público. Entre esses trabalhos, destacam-se os de Gaffney sobre o Rio de Janeiro e Buenos Aires;6 6 Gaffney (2008). os de Peixoto-Mehrtens e Atique, Sousa e Gessi sobre os estádios paulistanos do Pacaembu e do Parque Antarctica;7 7 Atique, Sousa e Gessi (2015) e Mehrtens-Peixoto (2010). os de Rozas sobre o Estádio Nacional de Santiago;8 8 Rozas (2014). os de Hora sobre o Hipódromo de Palermo, em Buenos Aires;9 9 Hora (2014). e os de Carelli e Bordón sobre o estádio coberto Luna Park, também na capital argentina.10 10 Carelli e Bordón (2017). Todos eles analisaram a construção de estádios, ginásios, pistas de turfe e piscinas como parte de processos mais amplos de modernização urbana na América do Sul. O artigo participa desses esforços para entender o esporte como parte da modernização da cidade e das práticas de entretenimento, compreendendo a edificação esportiva como resultado da ação de diversos agentes e instituições, interessados, por diferentes motivos - ora econômicos, ora pedagógicos, políticos ou culturais -, na consolidação desse tipo de espaço. A compreensão do fenômeno exige a análise dos propósitos dos agentes participantes e suas articulações, os conflitos entre o poder público e privado, bem como as diferenças existentes no interior do próprio Estado.
O artigo analisa o contexto esportivo e cultural anterior à organização do calendário esportivo do IV Centenário, assim como sua inserção dentro do funcionamento da Comissão organizadora das comemorações e dos planos para o Parque Ibirapuera. Para isso, também são discutidas algumas transformações socioculturais na metrópole paulistana em meados do século XX, que ajudam a entender a relevância das experiências do lazer e o crescimento das indústrias do espetáculo. Além disso, o texto expõe o desenvolvimento do esporte paulista nesse período, impulsionado por órgãos públicos como o Departamento de Esportes do Estado de São Paulo (DEESP), agentes privados e outras organizações da sociedade civil, junto com o crescimento das exigências de mais e melhores complexos esportivos na cidade de São Paulo. Por fim, o artigo explica as dificuldades, contratempos e erros que impossibilitaram a inauguração do ginásio para os festejos, assim como o fracasso organizativo da maioria das outras atividades esportivas a serem realizadas durante 1954, olhando para as tensões existentes entre segmentos das elites liberais que hegemonizaram a organização das festas comemorativas e agentes do esporte paulista que passaram da esperança à decepção. Nesse sentido, o trabalho pressupõe que a construção da arquitetura e a elaboração da cultura esportiva do IV Centenário foram processos complexos, em que diversos agentes participaram e incidiram sobre o curso do calendário esportivo das festividades por meio de decisões e omissões políticas e orçamentárias, bem como com participações nos foros públicos de opinião. Em vez de imaginar a Comissão como um corpo homogêneo, o trabalho debruça sobre as diferentes visões, explicitadas ou não, em relação ao papel do esporte durante 1954 e sua relevância dentro das despesas da autarquia.
O texto utiliza diversas fontes documentais que expõem posicionamentos e interesses de diferentes agentes participantes na discussão sobre a conveniência de organizar um evento poliesportivo de grande escala ao longo de todo o ano de 1954. O fundo da Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, localizado no Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, é a principal referência para a construção do texto. Mesmo que o repositório tenha sido útil para compreender outras dimensões das comemorações - como a construção do parque, as exposições e outros eventos comemorativos -, ele quase não tem sido consultado para se conhecer a dimensão esportiva dos festejos ou o desenvolvimento de projetos de edificação esportiva para a cidade de São Paulo. Alguns documentos ajudam a entender a mudança no peso da agenda esportiva dentro do calendário comemorativo, a relação entre o DEESP e a chefatura da autarquia, assim como as diversas solicitações feitas por federações e clubes esportivos entre 1952 e 1955, um ano depois das comemorações. O artigo também utiliza notas da imprensa esportiva da época, publicadas em jornais e periódicos especializados nacionais e estrangeiros, que informam sobre as atividades, opiniões e estratégias de diversos grupos interessados em impulsar a prática física, o espetáculo esportivo e a construção de edifícios modernos e funcionais que servissem a esses fins. Os documentos ajudam a entender apoios e divergências existentes ao longo do período estudado, assim como as formas por meio das quais a imprensa observava e se colocava diante das tensões dentro da Comissão, que faziam com que o esporte perdesse relevância no calendário comemorativo. Uma terceira fonte documental são as crônicas e resenhas sobre arquitetura e urbanismo, publicadas em revistas especializadas, que dão conta das singularidades dos equipamentos esportivos projetados dentro do Parque Ibirapuera, além das transformações que essas propostas sofreram ao longo do período estudado. Esses documentos são analisados em relação à informação dos projetos disponíveis no acervo profissional do arquiteto Ícaro de Castro Mello, responsável por alguns dos edifícios discutidos neste artigo.
UM CALENDÁRIO ESPORTIVO PARA O IV CENTENÁRIO
Elaborado como parte da agenda de festejos da cidade, o calendário de eventos esportivos proposto pela Comissão do IV Centenário de São Paulo, entidade autárquica criada para coordenar todas as atividades de 1954, incluiu a realização de campeonatos esportivos mundiais, pan-americanos, sul-americanos e nacionais de diferentes modalidades. Além disso, o programa incluiu a construção de novos complexos esportivos na cidade, como um grande ginásio coberto, um velódromo e um edifício de alojamento para atletas,11 11 A Comissão… (1952, p. 534-535). que se somariam à moderna piscina coberta do Parque Água Branca, projeto do DEESP, iniciado em 1948 e concluído em 1953.
Anunciado desde 1951, o programa de eventos esportivos do IV Centenário pretendia, como a agenda geral das comemorações propostas pela Comissão, celebrar uma narrativa do progresso e da modernidade da cidade por meio de instâncias que mostrassem uma metrópole avançada, cosmopolita e interessada na promoção da cultura, das artes e do lazer. Para isso, os organizadores dos festejos solicitaram à instituição esportiva especialista do Estado, o DEESP, e ao seu diretor, Sylvio de Magalhães Padilha, que coordenassem, junto às federações esportivas paulistas e internacionais, a agenda de eventos que seriam propostos para conformar um calendário de torneios e competições. Em documentos encaminhados pelo próprio Magalhães Padilha para a Comissão,12 12 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1951). foi solicitado, em diferentes momentos do ano, apoio financeiro para a realização dos seguintes campeonatos internacionais: Mundiais masculinos de Basquete e Voleibol; Pan-Americano de Ciclismo; Latino-Americano de Boxe; Sul-Americanos de Atletismo, Natação, Esgrima e Tênis, além do feminino de Basquete. A eles, se somariam eventos já tradicionais da cidade, como a Corrida de São Silvestre, organizada pela Gazeta Esportiva, e outras propostas feitas por diversas instituições que solicitaram à Comissão patrocínio, financiamento ou inclusão dentro do calendário comemorativo oficial do IV Centenário. Nessa categoria, poderiam ser contabilizados o Campeonato Sul-Americano de Remo, proposto pela Federação Paulista do esporte; um Campeonato Sul-Americano de Hóquei, proposto pela Federação Paulista de Hóquei e Patinação; um grande prêmio no Autódromo de Interlagos, proposto pelo Automóvel Clube do Brasil; a Primeira Volta Ciclista do Atlântico, organizada pelo jornal Folha da Manhã; as provas hípicas e equestres propostas pelo Jockey Clube e pela Sociedade Hípica Paulista, respectivamente. Ademais, a Federação Universitária Paulista de Esportes também solicitou à Comissão apoio para a organização dos XII Jogos Universitários de 1954, em São Paulo.
A agenda esportiva do IV Centenário seria a coroação de um ciclo de crescimento do esporte na cidade, o qual se desenvolveu graças à organização de federações, clubes e competições, bem como pela construção de equipamentos esportivos. A consolidação das instituições públicas esportivas paulistas, como a Escola de Educação Física e o próprio DEESP, e das instituições privadas, que iam de jornais esportivos especializados a promotores privados de lutas e combates, foram fundamentais para a transformação de São Paulo em um dos principais polos do esporte latino-americano. Nesse contexto, era lógico que o esporte paulista - e aqui nos referimos ao DEESP e à Comissão do IV Centenário, além de uma série de outros agentes públicos e privados - se sentiria capaz de organizar um grande evento ao longo do ano.
O contexto de internacionalização do esporte paulista - que acontecia em paralelo ao fortalecimento do pan-americanismo esportivo, com a realização de megaeventos como os Primeiros Jogos Pan-Americanos, organizados em Buenos Aires no verão de 1951 - coincidiu com as aspirações que fundaram os festejos de 1954. A comemoração do IV Centenário não era um momento para simplesmente trazer obras, artistas, esportistas e visitantes do exterior; o ufanismo paulista13 13 Queiroz (1992) e Marins (1999). procurava salientar os ideais de progresso, liderança econômica e industrialismo, fazendo da construção de novos edifícios (e da aplicação de novas linguagens arquitetônicas) um imperativo para a cidade que “mais crescia no mundo” e que impressionava à maioria dos visitantes que passavam por São Paulo.14 14 Esse foi o caso do escritor norte-americano William Faulkner, que, em ocasião da sua participação no Congresso Internacional de Escritores, fez um passeio pelo triângulo do centro junto a um repórter da revista A Cigarra. Como vários estrangeiros que passavam pela cidade, ele perguntava se aquela riqueza era simplesmente resultado da atividade cafeeira, desconhecendo o peso do comércio e da indústria na economia paulista. Cf. Foto-reportagem… (1954, p. 34-35). Esse foi o caso de Antonino Vera, jornalista esportivo e diretor do periódico chileno Estadio, que, logo após sua visita à capital paulista, em março de 1954, descreveu a metrópole como a “Chicago da América Latina”, onde “se aprende a viver rápido, a comer de pé e a produzir”.15 15 48 horas… (1954, p. 14-15).
A industrialização e urbanização de São Paulo no pós-guerra era acelerada e evidente para os que habitavam a cidade. No final da década de 1950, quase metade de todo o emprego fabril do Brasil se concentrava no estado de São Paulo, especialmente na região metropolitana.16 16 Fontes (2013). Durante essa década, a cidade recebeu quase um milhão de novos habitantes, boa parte deles de outros estados do país, especialmente da região Nordeste.17 17 Id., 2008. Apesar de alguns lugares da cidade ainda expressarem o ciclo cafeeiro, a comemoração da metrópole paulista era também uma celebração do seu rosto comercial e industrial, o qual estava conseguindo transformar São Paulo no centro manufatureiro hegemônico do país e, progressivamente, na cidade mais populosa da América do Sul.18 18 Arruda (2001). Um dos anúncios que apareceram na imprensa em 1953 fazia um trocadilho em que, com certa vaidade, era reafirmado o espírito produtivo que imperava na cidade: “São Paulo trabalha… para os festejos do seu IV centenário”. Segmentos das elites locais reivindicavam a expansão dos seus negócios em setores tão diferentes como o financeiro-bancário, o comercial, a construção etc. Dessa forma, 1954 era um momento de autorreconhecimento e invenção de um passado que ajudasse a sustentar visões de progresso. Para isso, o esporte oferecia um outro espaço comemorativo, uma arena cultural privilegiada para demonstrar os méritos da juventude paulista e da sua moderna arquitetura, também avançada em relação às novas linguagens, materialidades e escalas que a arquitetura esportiva desenvolvia na Europa e nos Estados Unidos.
Para que o calendário de atividades esportivas fosse possível de ser desenvolvido, era necessário que as obras de infraestrutura estivessem prontas em 1954. O Ginásio do Ibirapuera, provavelmente o edifício mais importante dessa trama, era entendido como o principal coliseu coberto que a cidade precisava para sediar grandes eventos esportivos, shows musicais, atividades culturais e comícios políticos - tal como as grandes metrópoles do mundo. Projetado para receber entre 20 e 30 mil pessoas, o Ginásio do Ibirapuera impulsionaria a vida esportiva e cultural da cidade, oferecendo um espaço maior do que o Estádio Municipal do Pacaembu. O ginásio seria a sede do basquete, voleibol, boxe e hóquei, enquanto o Velódromo do Ibirapuera seria a sede do grande torneio internacional de ciclismo. Por sua vez, a recém-inaugurada piscina da Água Branca serviria ao polo aquático, enquanto o Pacaembu seria sede do atletismo, da natação, do tênis e da esgrima. Já os esportistas se hospedariam nas instalações do Edifício de Alojamento dos Atletas, no Parque Água Branca.
Ainda que houvesse grandes expectativas entre esportistas, dirigentes, autoridades políticas e jornalistas paulistas, o calendário esportivo do IV Centenário foi, diferentemente de outras atividades organizadas pela Comissão, um verdadeiro fracasso. O ginásio não conseguiu ser inaugurado em 1954, enquanto o velódromo, construído com sérias dificuldades, foi fortemente criticado pelo atraso das obras e a qualidade de seu desenho. Por sua vez, a Comissão negou à Federação de Remo a construção de um estádio no rio Tietê. Assim, várias atividades do programa acabaram sendo canceladas, adiadas, levadas para recintos menores e, em alguns casos, relocadas para o Rio de Janeiro. Nesse sentido, como foi possível que uma atividade tão aguardada e sobre a qual existiam tantas esperanças acabasse não sendo realizada de acordo com seu planejamento?
A escala das comemorações previstas para o IV Centenário foi mais parecida com a realização dos Jogos Pan-Americanos ou dos Jogos Olímpicos, mesmo que os campeonatos não fossem disputados simultaneamente. Era um evento multiesportivo, realizado em diferentes sedes da cidade, para o qual seriam construídos alguns conjuntos, como foi o caso do ginásio e do velódromo do Ibirapuera, e para qual outros foram propostos, mas não concretizados, caso da raia e do estádio de remo no rio Tietê. Essas novas características, que significaram o envolvimento de instituições transnacionais como a Federação Internacional de Basquete (FIBA) ou a União Ciclista Internacional (UCI), além de outros órgãos esportivos, como a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), adicionaram novos desafios e dificuldades à realização dos eventos e à construção dos edifícios.
Em síntese, nas próximas páginas analisaremos o acidentado percurso do IV Centenário esportivo, observando as relações entre os diferentes agentes que impulsionavam a construção dos novos equipamentos esportivos e a organização de um ativo calendário de eventos culturais internacionais. Utilizando os arquivos da Comissão do IV Centenário como fonte principal, analisaremos as tensões e dificuldades que marcaram o processo.
SÃO PAULO-400: TRANSFORMAÇÕES SOCIOCULTURAIS NA METRÓPOLE
Durante os primeiros anos do período pós-guerra, a cidade de São Paulo passou por inúmeras transformações físicas e socioculturais que mudaram padrões residenciais, ritmos de vida e hábitos de consumo, entre outros aspectos da vida metropolitana. Novos espaços de sociabilidade e profissionalização marcavam o lazer e o trabalho na cidade, ao mesmo tempo que se produziam mudanças radicais na estratificação social e na pirâmide demográfica metropolitana.19 19 Pontes (2016). Em fase de expansão, o mercado imobiliário da cidade desenvolveu processos diferentes, como o fortalecimento da verticalização do centro - existente, pelo menos, desde a década de 1930 com a elaboração do Plano de Avenidas, quando o centro da cidade foi projetado como “a zona privilegiada dos negócios, da riqueza e do poder”20 20 Mello (2011). -, a expansão urbana por meio de processos incipientes de suburbanização e a construção de grandes equipamentos urbanos. Por sua vez, a cidade informal também cresceu, impulsionada principalmente pelos processos de migração interna que a região metropolitana de São Paulo experimentava, a qual, nesse momento, estava prestes a se transformar no principal polo industrial da América Latina.
A produção de habitação em altura e o fortalecimento da região central como projeto residencial e cultural, especialmente para milhares de pessoas beneficiadas pela densificação habitacional, respondiam a uma crescente demanda habitacional de segmentos médios da sociedade e às novas tipologias de composição das famílias. Segmentos da nova classe média, vinculados à atividade comercial e ao setor de serviços, profissionais liberais, assim como funcionários públicos de médio escalão e paulistanos ou recém-chegados à cidade, optaram pela prolífica oferta de apartamentos orientada a públicos e composições familiares diferentes.21 21 Por exemplo, a aparição de uma tipologia como as quitinetes deu conta não só de algumas variações do valor da terra e das novas estratégias das incorporadoras, mas também da mudança da sociabilidade urbana produzida pela metropolização e modernização cultural de São Paulo. Esses processos tornaram possível a aparição, dentro do mercado habitacional paulistano, de pequenos apartamentos direcionados a solteiros ou casais que podiam prescindir de grandes cozinhas, salões de visita ou gabinetes, substituindo-as pelos bens e serviços que a cidade oferecia. Os edifícios de quitinetes começaram a ser cada vez mais comuns no centro de São Paulo, assim como outras tipologias, como os apartamentos duplex, que existiam como habitações para classes médias e altas no centro da cidade desde finais da década de 1930. Cf. Costa (2018) e Mello (2013). A verticalização avançava em bairros tão diferentes, como Liberdade, Higienópolis ou a região de Santa Ifigênia,22 22 Apartamentos (1954, p. 20). em um ritmo acelerado, conforme detalhou Floriano de Toledo, superintendente da incorporadora Companhia Nacional de Investimentos:
Vale a pena destacar o dinamismo com que estamos levando avante as construções. Trabalham-se ativamente em todos os prédios. No Edifício Montreal, por exemplo, fundiu-se no mês passado 5 lajes, um fato extraordinário na construção civil em São Paulo. Outro exemplo: Edifício Eiffel trabalha-se 23 horas por dia. E note não para recuperar atrasos, mas para antecipar a entrega, o que é extremamente importante para os condôminos e para todos.23 23 Entregue… (1953, p. 5).
Essas transformações radicais nos modos de habitar foram também modificando a paisagem da região central paulistana, assim como as práticas urbanas dessas áreas. Novas tipologias surgiram na região da Praça da República, do Largo do Arouche, nas avenidas São Luis, Ipiranga e São João, entre outras, dando forma ao que foi sendo conhecido como Centro Novo.24 24 Algumas incorporadoras entenderam o IV Centenário como uma possibilidade de dotar seus projetos com uma certa aura comemorativa, pelo menos em termos publicitários. Foi o caso do Edifício Montreal, entregue em 1954, um projeto de Oscar Niemeyer construído pela Companhia Nacional de Investimentos, incorporadora presidida por Francisco Prestes Maia, a mesma responsável por outros projetos na região central da cidade, como na rua Bento Freitas ou na rua dos Andradas. Outras incorporadoras atuantes na região central, como a comercial e construtora Dácio A. de Moraes, especializada na construção em altura desde meados da década de 1930, diversificaram seu mercado e ofereceram novos projetos em diferentes zonas da região central, orientados a públicos variados. Cf. Futuro… (1949, p. 60-61), Lofego (2012), Prédio… (1953, p. 77) e Prédio… (1939, p. 1). Da mesma forma, nesses anos foram construídos e inaugurados novos edifícios corporativos, talvez a última grande onda desse tipo de prédios antes do boom da Avenida Paulista como principal centro de negócios da cidade.25 25 Alguns desses prédios de salas de escritórios, como o Edifício Esplanada (1948) no Vale de Anhangabaú, inovaram no uso do concreto armado e na incorporação das grandes salas livres. No entanto, o centro tradicional também passava por um processo de verticalização comercial, com projetos como o Edifício Triângulo e os novos edifícios institucionais do Banco do Brasil e do Banco Cruzeiro do Sul. Cf.: Edifício… (1954, p. 519-521) e Fialho (2007). Alguns deles inovaram na combinação de programas, como foi o caso do novo edifício institucional do jornal O Estado de S. Paulo, inaugurado em 1953, que combinava as salas de escritórios com o salão das rotativas - “visível da rua através de quatro janelões que oferecem ao público o espetáculo das máquinas em funcionamento”26 26 Edifício… (1953, p. 461-464). -, um hotel, restaurantes, bar e uma estação de rádio. Além disso, o conjunto completava-se com um grande relógio de concreto armado na cobertura e painéis de Di Cavalcanti e Clóvis Graciano: a produção fabril, a integração plástica e a maximização do tempo apareciam integrados no mesmo prédio.
O acentuado investimento privado em construções em altura foi acompanhado por uma renovada oferta de bens culturais e públicos que atendiam aos urbanitas, os quais procuravam os serviços e amenidades oferecidos pela cidade. Não por acaso, tornaram-se cada vez mais comuns os edifícios residenciais ou de salas de escritórios que incorporaram galerias comerciais no térreo,27 27 Isso aconteceu com alguns projetos emblemáticos da época, como o edifício e a galeria California, na rua Sete de Abril (1951), projetado por Oscar Niemeyer e Carlos Lemos; o Edifício Eiffel (1953), na Praça da República, também de Niemeyer; e o Conjunto Nacional (1954), localizado na Avenida Paulista e projetado por David Libeskind. assim como a massificação de espaços de entretenimento. Foi durante a década de 1950, por exemplo, que mais salas de cinema foram inauguradas na cidade,28 28 Esse foi o caso, por exemplo, dos cinemas Marrocos (1951), na rua Conselheiro Crispiano, localizada na Praça da República (1950); Oasis, na Praça Júlio Mesquita; Plaza, na Praça Marechal Deodoro; Paris, no Bom Retiro; e Monark, na Bela Vista - todos inaugurados em 1952. O Marrocos, como vários dos principais cinemas do centro, transformou-se em um novo local para a sociabilidade e lazer das elites econômicas e culturais da cidade, que tinham a oportunidade de desfrutar do bar e dos salões, antes, nos intervalos e após as sessões dos filmes. Esse cinema, ponto de encontro da intelectualidade da cidade, foi escolhido, nos festejos do IV Centenário, como a sede do Festival Internacional de Cinema. Cf. Baile… (1951, p. 3); O novo… (1951, p. 17). algumas delas qualificáveis como “luxuosos templos de entretenimento”.29 29 Santoro (2005).
Os anos do pós-guerra em São Paulo também foram importantes para o fortalecimento de uma rede de instituições artísticas e culturais, impulsionadas por segmentos da elite da cidade, que marcaram presença nos espaços públicos por meio de eventos, exibições, cursos e encontros profissionais. Orientadas pelo desejo de conduzir a modernização cultural paulista e brasileira, assim como pelo interesse de internacionalizar a produção cultural local, surgiram diversas instituições patrocinadas pelo mecenato privado. O projeto de inclusão de São Paulo nos circuitos internacionais de bens artísticos e simbólicos explica também o surgimento de instituições como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), fundado em 1947 por Assis Chateaubriand, com a colaboração próxima de Pietro Maria Bardi.30 30 No início de 1950, o Masp organizou uma exposição sobre os trabalhos arquitetônicos e urbanísticos de Le Corbusier e Richard Neutra enquanto organizava sua própria Escola de Design Industrial. Cf. Leon (2014). Esse foi, igualmente, o caso do Museu de Arte Moderna (MAM), inaugurado em 1948 por iniciativa de Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, um dos principais empresários da cidade,31 31 Além de um dos maiores empresários da indústria paulista e latino-americana, Ciccillo tinha também uma extensa rede de contatos e relações no mundo artístico-cultural continental e europeu como colecionista, mecenas e fundador do Museu de Arte Moderna (1948), da Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949) de São Bernardo do Campo, que foi criada em pareceria com Franco Zampari, produtor teatral e empresário italiano radicado em São Paulo, e como fundador do Teatro Brasileiro de Comédia (1948) e da Bienal de São Paulo (1951). e do Teatro da Sociedade de Cultura Artística, aberto em 1950.32 32 O projeto do teatro, feito pelo arquiteto Rino Levi, respondeu a um anseio que vinha sendo discutido desde meados da década de 1940.
Em 1951, foi organizada a I Bienal de São Paulo, que surgiu como resultado do mecenato artístico de Matarazzo Sobrinho e de sua esposa, Yolanda Penteado, com a missão de constituir um espaço expositivo que impulsionasse a circulação nacional e internacional de obras e discursos artísticos, estéticos e arquitetônicos.33 33 A I Bienal de São Paulo foi organizada na esplanada do Trianon, na Avenida Paulista. Dela participaram, entre outros, o suíço Siegfried Giedion, o japonês Junzo Sakakura e o mexicano Mario Pani. A participação de Giedion, histórico secretário-geral dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), pode ser entendida como uma dupla estratégia para dotar de prestígio a exposição e divulgar a produção brasileira dentro do cenário internacional. Cf. Oliveira (2005). Embora independente institucional e administrativamente das comemorações do IV Centenário, a Bienal deve ser entendida como uma peça fundamental dentro da trama organizativa dos festejos dos 400 anos, em virtude de, pelo menos, três motivos: (1) oficialmente, ela fazia parte do calendário dos festejos de 1954; (2) era dirigida por Ciccillo Matarazzo; e (3) foi a primeira atividade pública para a qual foi utilizado o Parque Ibirapuera, principal espaço público legado pela Comissão do IV Centenário à cidade de São Paulo. Em termos práticos, a inter-relação entre Bienal e Comissão foi demonstrada quando aquela ocupou, em dezembro de 1953, dois dos prédios que foram construídos no parque,34 34 A II Bienal teve como sede o Palácio dos Estados (atual Pavilhão das Culturas Brasileiras) e o Palácio das Nações (atual Museu Afro Brasil), e foi realizada entre meados de dezembro de 1953 e meados de janeiro de 1954. e, também, na ocasião da Feira da Internacional da Indústria de São Paulo, que foi inaugurada no dia 21 de agosto de 1954. Esses segmentos das elites paulistas, vinculadas às artes e à cultura, participavam de um processo de reprodução de suas posições de poder e prestígio dentro da cidade e, sobretudo, no sistema internacional de bens artísticos e culturais.
Havia vários anos, pelo menos desde 1948, que as autoridades municipais, junto ao governo do Estado, assim como empresários, agentes culturais e diferentes setores da imprensa, estavam trabalhando na organização dos festejos do IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo. Com efeito, já em 1948 houve tentativas da Câmara Municipal de São Paulo de organizar os festejos do IV Centenário da fundação da cidade, constituindo-se, nesse ano, a primeira Comissão de Festejos,35 35 Lofego (2012). cuja estruturação passou por várias discussões no interior da Câmara e nos gabinetes dos prefeitos da cidade entre 1948 e 1951: Paulo Lauro, Milton Improta, Asdrúbal Euritysses da Cunha, Lineu Prestes e Armando de Arruda Pereira. Em maio de 1951, foi criada a Comissão Municipal dos Festejos Comemorativos do IV Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo. Nesse formato, os sete membros da comissão eram nomeados pela prefeitura, conforme estabeleceu a lei municipal nº 4.052, sancionada pela Câmara Municipal.36 36 São Paulo (1951a). Por questões políticas - e seguramente orçamentárias -, no final do ano foi oficializada uma nova configuração administrativa, que outorgou maior poder ao governo estadual. Por meio da promulgação da lei municipal nº 4.161,37 37 Ibid., 1951b. foi criada a entidade autárquica Comissão do IV Centenário de São Paulo, que cedia três das sete cadeiras à designação do governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez. O convênio entre prefeitura e governo do Estado designou Francisco Matarazzo Sobrinho como presidente da Comissão, a cargo de uma equipe “quatrocentona” formada “quase exclusivamente por paulistas de vastos e velhos sobrenomes”.38 38 Marins (1999, 2007).
Ora, o clima de “autocomemoração” que predominava em 1954 não era novo: vale lembrar, por exemplo, o início do filme São Paulo, sinfonia da metrópole (1929) que supostamente revelaria “aos próprios paulistas, a grandeza desta soberba metrópole, que se fez vertiginosamente, graças à energia construtiva do seu povo”.39 39 O filme “São Paulo, sinfonia da metrópole” (1929), dirigido por Adalberto Kemeny e Rodolfo Rex, é definido por alguns pesquisadores como uma propaganda do progresso paulista produzida antes da grande crise econômica mundial e política do Brasil. Cf. Peixoto e Bispo (2016). Porém, as condições socioeconômicas da década de 1950 eram bem diferentes em razão do seu poderio industrial e de sua condição de grande polo metropolitano da América Latina. Nesse sentido, os 400 anos da cidade foram uma oportunidade para conceitualizar visões sobre o passado e o futuro, reafirmar certas narrativas sobre progresso e transformação e exaltar um orgulho regional baseado na capacidade construtiva, produtiva e criativa do paulista. As comemorações do IV Centenário serviram para que segmentos hegemônicos das elites paulistas elaborassem novas leituras e encenações do passado, procurando estratégias de associação entre esses conteúdos e o presente, baseadas em um imaginário de uma cidade civilizada, culta e progressista.40 40 Arruda, op. cit. Se, por um lado, houve esforços para dar continuidade a algumas imagens representantes de um passado heroico, também foram empregados meios distintos para divulgar a ideia de uma cidade na vanguarda da transformação física, demográfica e cultural do país e do continente.
Nesse sentido, ainda que os bandeirantes tivessem sido figuras reivindicadas durante boa parte do século XX, tal como mostraram os trabalhos de Makino e Marins em relação às coleções escultóricas e pictóricas do Museu Paulista, foi por meio do Monumento às Bandeiras, inaugurado no dia 25 de janeiro de 1953, que a narrativa adquiriu escala e preeminência no espaço público.41 41 Makino (2003) e Marins (2007). Da mesma forma, outras operações, como a restauração da Casa do Bandeirante do Butantã, conduzida pelo arquiteto Luís Saia entre 1954 e 1955,42 42 Sodre (2003). e a mostra Exposição de história de São Paulo no quadro da história do Brasil, idealizada por Jaime Cortesão,43 43 Ribeiro, op. cit. também podem ser entendidas como parte das tentativas de ancorar as narrativas do progresso em um passado supostamente heroico.44 44 O interesse pela construção das pontes com o passado bandeirante fazia parte de um esforço de segmentos da intelectualidade paulista desde inícios do século XX. A chegada, em março de 1954, de Guilherme de Almeida à direção da Comissão do IV Centenário teria acentuado esse processo, com operações como a da Casa Bandeirante do Butantã. Cf. Sodre (2003).
Balanceando-se entre o vanguardismo e a restituição de certos valores históricos, de um modo de ser e de atuar política e economicamente, o Parque Ibirapuera e o Monumento às Bandeiras seriam os dois eixos representativos dessas agendas de produção espacial. Provavelmente, a maior intervenção sobre a cidade promovida pela Comissão do IV Centenário foi a inauguração do Parque Ibirapuera. O espaço foi desejado por décadas por diferentes segmentos das elites da cidade que, não sem dificuldades, conseguiram defender a ideia da construção de um parque metropolitano dos embates que almejavam transformar o grande descampado (ou, pelo menos, algumas áreas dele) em hipódromo, aeroporto, clube social e esportivo, entre outras possibilidades discutidas desde meados da década de 1920. Como bem analisou Barone,45 45 Barone (2018). o programa proposto pela comissão tinha a peculiaridade de condensar indústria, ciência e arte dentro de uma grande área verde urbana, por meio de um calendário de atividades que incluiriam feiras de produtos industriais, exposições de arte e congressos científicos dos mais variados temas.46 46 Mesmo que instituído pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o IV Congresso de Arquitetos do Brasil foi organizado como parte das comemorações do IV Centenário. Marcadamente internacionalista em seus debates, o congresso teve a participação de Walter Gropius e Alvar Aalto, além de dezenas de outros arquitetos estrangeiros, a maioria da América do Sul. Em 1954 foram organizados, entre outros, o Congresso Brasileiro de Sociologia, os Internacionais de Americanistas, de Escritores e de Teatros, assim como o Panamericano de Puericultura e Pediatria. Cf. Dedecca (2012). A ideia de organizar a Feira Internacional da Indústria de São Paulo, surgida em 1951, exigiu a construção de um complexo de edifícios para exposições permanentes - o projeto dos pavilhões encomendados a Oscar Niemeyer -, além de um plano para edificações temporárias. Esse modelo, no entanto, foi rebatido por diversos setores da própria elite paulistana. Alguns argumentaram que a construção dos pavilhões destruiria a possibilidade de um parque público inteiramente verde, à semelhança de cidades europeias e norte-americanas, como foi proposto pela Sociedade de Amigos da Cidade e pelo jornal O Estado de S. Paulo;47 47 Barone, op. cit. outros, como Christiano Stocker das Neves, afirmavam, a partir de uma posição extremamente conservadora, que as atividades organizadas nos pavilhões tinham sido preparadas para uma audiência estrangeira - “tudo para satisfazer os caprichos do snobismo” -, e, como no caso da Bienal, estavam afastadas dos interesses da população.48 48 Stocker das Neves criticou fortemente a estética do projeto de Niemeyer, assim como a programação da Bienal, à qual ele se referiu como uma “manifestação internacionalista de uma pseudo arte que ao contrário da arte pura, só produz galhofas, revolta, náuseas”, comentário que relembra suas críticas à Casa Modernista de Warchavchik, em 1930. Cf. Chagrin-Lá (1954, p. 8).
A conjunção dos projetos de alguns segmentos das elites culturais e industriais da cidade, com filiações políticas liberais e adesões estéticas modernistas, constituem a arena cultural49 49 O termo “arena cultural” foi proposto por Richard Morse como ferramenta de análise das relações entre cidade e cultura na América Latina, assim como dos processos de modernização das grandes metrópoles da região. Sua atenção era direcionada às características da cidade que tinham modelado sua vida cultural, assim como os efeitos das representações da cidade sobre as formas de nomear, modelar e experimentar a realidade urbana. Cf. Morse (1985) e Peixoto e Gorelik (2016). privilegiada a partir da qual as comemorações dos 400 anos de São Paulo têm sido compreendidas. Visões funcionais do passado e desejos de progresso teriam sido articulados através de diferentes estratégias político-culturais, que exigiram táticas e dispositivos de planejamento, produção e divulgação de obras e atividades. Esse campo cultural de aspirações construtivas tem sido entendido, predominantemente, como a narrativa do orgulho de ser paulista ou da reivindicação de um passado heroico, reatualizado e utilizado funcionalmente para a reafirmação dessa altivez regional, condensada na continuidade histórica e simbólica da figura do bandeirante. Embora boa parte dos trabalhos sobre o IV Centenário tenham se ancorado na análise da realização improvável do programa modernista do Parque Ibirapuera, no qual conviveram vanguardas artísticas e projetos de promoção do industrialismo local, as comemorações do IV Centenário envolveram agentes de diferentes instituições e campos de ação e conhecimento, com interesses mais diversos que os dos proprietários das indústrias e das elites intelectuais e liberais da cidade.50 50 Cymbalista e Kuhn (2019). Por exemplo, trabalhos recentes têm mostrado o processo de retorno da religião à paisagem urbana, o que também fez parte das comemorações do IV Centenário, incluindo a inauguração da nova Catedral da Sé, a reconstrução do Pátio do Colégio e até a construção de uma cabana no local que simulava uma das habitações originais dos missionários jesuítas.51 51 Cymbalista e Kuhn (2015) e Kuhn (2018).
O trabalho de Barone,52 52 Barone, op. cit. interessado pelas tensões, rupturas e permanências no longo percurso até a Comissão executar as obras do parque, entendeu o Ibirapuera também como um projeto de ampliação da oferta de acesso pluriclassista ao lazer, onde era possível ter contato com a natureza, um contraponto ao crescimento e densificação urbana paulista. Seguindo o programa de investigação do IV Centenário proposto por Cymbalista e Kuhn,53 53 Cymbalista e Kuhn (2019). este artigo tenta entender essa região também como o local de dos novos e modernos complexos esportivos, que sediaria boa parte do calendário esportivo do IV Centenário. Mesmo que localizados em um canto do parque - aliás, atravessados pela Avenida Brasil e circunscritos pelas ruas Manuel de Nóbrega e Abílio Soares -, o Ginásio e o Velódromo do Ibirapuera apareciam inclusive nos folhetins oficiais que apresentavam o Parque à população. Administrativamente, sua construção dependeu dos recursos da Comissão do IV Centenário, tal como os pavilhões e a marquise. Porém, como analisaremos nas páginas seguintes, esses espaços não tiveram o grau de urgência e atenção dos edifícios expositivos do parque. Ainda que prometesse verbas importantes, o gerenciamento das obras foi deficitário, o que fez com que o calendário esportivo do IV Centenário sofresse modificações importantes, as quais, inclusive, privaram a cidade de receber o principal evento esportivo agendado para os festejos dos 400 anos. O Ginásio e o Velódromo do Ibirapuera seriam também espaços públicos de qualidade que serviriam à prática física da população e espetáculos esportivos, sociais e culturais da cidade nas próximas décadas. Embora essa ideia possa ter tido espaço dentro da Comissão do IV Centenário, ela não foi uma preocupação prioritária.
Partindo de uma abordagem da ineficácia administrativa, nas próximas páginas discutiremos as dificuldades e desinteresses que os organizadores tiveram em cumprir o plano de comemorações esportivas proposto por Sylvio de Magalhães Padilha, diretor do DEESP e do calendário esportivo do IV Centenário, e pelas diferentes federações e agentes envolvidos na cena esportiva paulistana da época. O calendário era extenso, assim como as expectativas das federações, do DEESP, dos esportistas e da imprensa especializada. Esse entusiasmo enfrentou sérias dificuldades econômicas para financiar os torneios e construir os equipamentos solicitados pelas federações esportivas nacionais e paulistas. Além disso, houve atrasos e negligências na execução de algumas obras como resultado de problemas orçamentários, discussões sobre a propriedade dos lotes e até acidentes nos canteiros.
Como hipótese, podemos apontar que a autonomização dos campos da cultura e do esporte, acentuada desde finais da década de 1940, fez com que o calendário esportivo do IV Centenário tivesse uma posição secundária dentro da Comissão, marcadamente interessada em divulgar as vanguardas artísticas, arquitetônicas e produtivas nos espaços expositivos do parque. A pesquisa mostrará que, mesmo existindo uma responsabilidade institucional, a Comissão deixou em segundo plano, provavelmente por questões financeiras, o gerenciamento do programa esportivo. Ademais, a análise do calendário esportivo do IV Centenário servirá para discutir a aplicabilidade da categoria do urbanismo esportivo em um contexto no qual, aparentemente, algumas das agendas que antes dominaram a produção de complexos esportivos - como os discursos sanitaristas e as visões que associavam esporte e educação - perderam força.
O ANO 401
Desde 1925, quando o jornalista Casper Líbero e A Gazeta Esportiva organizaram a primeira versão da Corrida de São Silvestre, o ano esportivo começava no último dia do ano anterior. 1954 não foi exceção: no dia 31 de dezembro de 1953 foi realizada a XXIX Corrida, até aquele momento a de maior repercussão internacional e que serviria como inauguração do calendário das comemorações esportivas do IV Centenário.54 54 A corrida… (1953, p. 12). A estrela convidada para a prova era Emil Zatopek, o grande atleta checoslovaco, recordista mundial e tricampeão olímpico nos Jogos Olímpicos de Helsinki (1952), em que venceu a maratona, além dos prêmios de 5 e 10 mil metros rasos. Nessa noite de verão, 800 mil pessoas lotaram as ruas do centro de São Paulo para assistir à exibição do grande campeão checo, que venceu os outros 2139 atletas participantes no percurso dos 7,3 quilômetros.55 55 Askwith (2016). Zatopek, apelidado “locomotiva humana” pela imprensa europeia, chegou a São Paulo, a “locomotiva do Brasil”, como a maior atração da prova. Mas ele não era a única. Tal como descreveu o periódico esportivo chileno Estadio, os organizadores investiram importantes recursos na participação de esportistas internacionais, como o campeão mundial de cross-country e vencedor da São Silvestre do ano anterior, o iugoslavo Franjo Mihalic´, além da participação dos melhores maratonistas da América do Sul.56 56 La XXIX Corrida… (1954, p. 20-21).
Os dias de Zatopek antes da corrida foram tão movimentados quanto o dia da competição. Seus treinamentos na pista do Clube de Regatas Tietê foram observados por dezenas de técnicos, atletas e espectadores.57 57 Nicolini (2015). Dos detalhes mais rotineiros dos dias em São Paulo até as mínimas novidades sobre a organização da prova, tudo era difundido pelos canais de televisão e 15 estações radiofônicas. Publicidade nas ruas e nos periódicos conformavam uma cena de euforia esportiva que surpreendeu o repórter chileno, impressionado pelos esforços que eram empreendidos para impulsionar o esporte e a indústria do espetáculo esportivo na sociedade paulistana. Como outros acontecimentos esportivos desde 15 de outubro de 1950, quando o jogo entre Palmeiras e São Paulo inaugurou as transmissões esportivas da TV Tupi,58 58 Alves (2008). o triunfo de Zatopek também foi registrado pelas câmeras da televisão.
“Os olhos do mundo estarão voltados para São Paulo em 1954”, dizia uma propaganda oficial da Comissão do IV Centenário, publicada em outubro de 1953 e reproduzida em vários anúncios difundidos em distintos jornais e revistas de todo o Brasil. A Comissão, envolvida em uma euforia comemorativa da modernidade da capital paulista - ou, pelo menos, de celebração do bem-estar, desenvolvimento, poder aquisitivo e gosto das elites59 59 O biógrafo de Cicillo Matarazzo, Fernando Azevedo de Almeida, afirma que, no início da década de 1950, a linha aérea São Paulo-Rio de Janeiro estava classificada como a segunda no ranking mundial de movimento de passageiros, abaixo somente da rota Nova York-Washington. Cf. Almeida (1976). -, planejava um extenso programa de festejos que incluíram, além da grande exposição internacional no novo Parque Ibirapuera, a reinauguração da Catedral da Sé, a construção do Monumento às Bandeiras e a inauguração do Mausoléu do Soldado Constitucionalista (que acabaria sendo inaugurado em 1955). Ademais, foi planejada a organização da Orquestra Sinfônica e do Balé IV Centenário, festivais de música popular e cinema, turnês de companhias internacionais e nacionais de teatro, congressos científicos e culturais, concursos literários, assim como um completo programa de campeonatos esportivos nacionais e internacionais das mais diversas modalidades. Outras atividades organizadas por agentes privados, como a já mencionada II Bienal de Arte de São Paulo - a bienal de Guernica, de Picasso, e da Grande Aranha, de Calder -, também fizeram parte do espírito cosmopolita e global que, aparentemente, atravessava muitas ações culturais do período. Esse afã internacional dos festejos do IV Centenário não era simplesmente uma promessa nos discursos dos organizadores do evento: em meados de 1952, a agência de imprensa holandesa Vaz-Dias foi contratada pela Comissão do IV Centenário para produzir uma campanha de propaganda em grande escala, publicando informações sobre as comemorações paulistanas em mais de 200 jornais do mundo, de cidades como Zurique, Luanda, Buenos Aires, Dar es Salaam, Milão e La Paz.60 60 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952g).
Desse modo, o convite para Zatopek era também uma demonstração do alcance internacional que o esporte paulista e brasileiro pretendia ganhar naqueles anos. Embora já tivessem passado por São Paulo, nas décadas anteriores, grandes esportistas estrangeiros, como o campeão europeu de boxe Hermínio Spalla,61 61 O sensacional… (1924, p. 6). ou a seleção argentina de futebol, foi somente após a II Guerra Mundial e com a consolidação do estádio do Pacaembu como o grande palco do esporte brasileiro durante a década de 1940, que a capital paulista fez diversos esforços para se integrar ao circuito mundial do esporte-espetáculo. Dessa forma, não foi por acaso que, em 1950, a Piscina do Pacaembu recebeu um dos seus maiores espetáculos internacionais, com a apresentação do time masculino japonês de natação, conhecido como os “peixes voadores”.62 62 Após a II Guerra Mundial, a equipe olímpica japonesa foi impedida de participar dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. Alguns dos seus melhores esportistas, especificamente quatro nadadores, começaram, então, a viajar pelo mundo fazendo exibições. O time de natação, que contava com o Hironoshin Furuhashi como seu maior craque, participou do Campeonato Nacional dos Estados Unidos, em 1949, batendo vários recordes mundiais. Tal sucesso os levou a realizar uma turnê pela América do Sul, que incluiu uma longa visita ao Brasil, em março de 1950. A visita dos japoneses deve ser entendida como resultado da gestão do DEESP, a instituição pública esportiva mais forte depois da CBD, entidade reitora do esporte brasileiro. O DEESP conseguiu fechar um acordo com a Federação Japonesa de Esportes Aquáticos para que os peixes voadores se apresentassem paralelamente à realização do Campeonato Brasileiro de Esportes Aquáticos.63 63 Confederação Brasileira de Desportos (1950). A exibição dos nadadores japoneses na Piscina Municipal do Pacaembu aconteceu quase simultaneamente ao começo da liberação dos bens da colônia japonesa confiscados pelo regime Vargas desde 1942,64 64 Segundo o jornalista Henrique Nicolini (2013), naquele momento repórter da Gazeta, foi a primeira vez que o hino nacional japonês foi tocado após quase uma década de perseguição política. o que pode ser interpretado também como um gesto de reconciliação simbólica que o esporte paulista propôs à comunidade nipo-brasileira residente na cidade.
A relação estabelecida entre o DEESP e o esporte japonês na ocasião dessa exibição não foi o único vínculo entre as instituições esportivas paulistas e o país: logo após aceitar um convite para visitar o Japão, Magalhães Padilha conseguiu que a equipe de tênis japonesa fizesse uma turnê pelo Brasil durante abril de 1951, a qual incluiu jogos no Pacaembu e no interior paulista.65 65 Chegaram… (1951, p. 7). Dois meses depois, foi a equipe atlética japonesa que participou de um torneio organizado pelo DEESP na pista do Clube de Regatas Tietê.66 66 Esperam-se… (1951, p. 7). Da mesma forma, nos últimos meses desse mesmo ano, o campeão brasileiro de judô Hélio Gracie lutou três vezes contra as estrelas japonesas do jiu-jitsu, Jukio Kato e Masahiko Kimura,67 67 A morte… (1951, p. 104-110) e Os 3 reis… (1951, p. 76-82). em combates organizados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Se o esporte paulista já tinha vínculos bem estabelecidos com o esporte sul-americano, pelo menos desde a década de 1910, a relação com as instituições esportivas japonesas demonstrou um novo patamar organizativo e político das instituições do Estado, estabelecendo contatos intercontinentais.
Entretanto, os japoneses não foram os únicos esportistas internacionais que chegaram a São Paulo. Em 1947, A Gazeta internacionalizou sua tradicional Prova Ciclista 9 de Julho - criada em 1933 como homenagem à Revolução Constitucionalista -, com a participação de esportistas argentinos e uruguaios. Em maio de 1950, uma turnê internacional levou o endividado e quase aposentado pugilista Joe Louis para o ginásio do Pacaembu,68 68 Punhos… (1950, p. 94-98) e Joe Louis… (1950, p. 26-27). alguns meses antes da comunidade italiana da cidade sofrer assistindo a derrota da Itália contra a Suécia na Copa do Mundo de Futebol. Várias equipes nacionais, assim como a Itália e a Suécia, disputaram jogos da Copa no estádio municipal paulistano, como brasileiros e suíços, que se enfrentaram na estreia da competição, além das seleções do Paraguai, Uruguai e Espanha.
No início da década de 1950, São Paulo era um lugar importante dentro do circuito esportivo sul-americano e internacional. O tamanho de sua indústria esportiva, a densidade de sua rede de clubes e federações, o desenvolvimento da arquitetura esportiva na cidade e sua posição privilegiada dentro do mapa esportivo brasileiro, faziam da capital paulista um ponto atrativo para sediar eventos esportivos de grande escala. Ademais, o esporte chamava a atenção de milhares de pessoas todos os finais de semana, que eram tanto praticantes amadores como espectadores de jogos do campeonato profissional de futebol, além de participarem de e assistirem a competições atléticas, combates e lutas de artes marciais, exibições de esportes aquáticos e corridas de ciclismo pela cidade.
Esse contexto favorável fez com que o esporte fosse considerado parte das comemorações do IV Centenário. Popular, fortemente organizado e de interesse público e privado, o esporte era um campo social em que a cidade de São Paulo também poderia projetar sua excepcionalidade e espírito progressista dentro do plano de atividades proposto pela Comissão. Além disso, era um espaço aberto a diferentes classes sociais que poderiam se sentir envolvidas em uma festa, vista por alguns como elitista.
A autarquia, criada pela prefeitura em maio de 1951, conseguiu avançar em várias frentes antes da nomeação de Matarazzo como diretor geral dos festejos. Ainda que sua chegada trouxesse novas ideias para o plano das comemorações, já existiam diversas iniciativas em andamento graças à nomeação de vários diretores de projetos. Em agosto de 1951, dois anos e meio antes do começo das festividades, agentes importantes da vida cultural da cidade foram convocados para encabeçar algumas dessas iniciativas, tais como Assis de Chautebriand, Francisco de Almeida Salles e Nicanor Miranda,69 69 Em uma viagem de Nicanor Miranda à Europa, Ciccillo Matarazzo o incumbe da missão de contratar um coreógrafo para a constituição do Balé do IV Centenário. Nessa viagem, teria sido contatado o húngaro Aurélio Milloss, naquele momento maître de balé da Scala de Milão. Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952a). que foram designados para conduzir os projetos do Festival de Música Popular, o Festival de Cinema e a organização do Balé do IV Centenário, respectivamente. Junto a eles, foi escolhido o diretor das comemorações esportivas do IV Centenário, delegadas para o major do exército Sylvio Magalhães Padilha, diretor geral do DEESP. A escolha não deve ter sido uma surpresa para ninguém. Campeão sul-americano de atletismo e finalista olímpico em Berlim, em 1936,70 70 Grandes vultos… (1947, p. 8). ele se transformou em diretor do departamento em 1939, instituição pioneira dentro do esporte brasileiro, criada durante o mandato do interventor federal Adhemar de Barros.71 71 Magalhães Padilha foi, junto com o capitão Homero de Almeida Magalhães, diretor da Escola Nacional de Educação Física do Rio de Janeiro e um dos organizadores do I Congresso Pan-Americano de Educação Física, organizado em Buenos Aires, em 1941. Cf. Ata… (1941, p. 51-55). A partir dali, desenvolveu uma série de iniciativas e programas para a cidade de São Paulo e o interior paulista, como o incentivo aos Jogos Abertos do Interior. Criados em 1936 pelo jornalista esportivo Horácio Barioni, os jogos ganharam força durante os anos seguintes, especialmente no pós-guerra, por meio da construção de estádios, ginásios e piscinas nas cidades-sede dos campeonatos. O departamento já tinha demonstrado sua capacidade de executar projetos de grande e médio porte nos últimos anos, como foram os ginásios de Sorocaba e Ribeirão Preto, assim como a Piscina Coberta da Água Branca, os dois últimos ainda em construção em 1951.
No final da década de 1940, o principal complexo esportivo público da cidade, o Pacaembu, começou a ser visto como ultrapassado, embora tivesse sido inaugurado há menos de 10 anos. A construção e a inauguração do estádio do Maracanã para a Copa de 1950 pode ter tido muita relação com essa ideia: enquanto o grande coliseu carioca era capaz de alojar mais de 150 mil pessoas, o projeto original do Pacaembu tinha uma capacidade normal de 50 mil pessoas - ainda que algumas partidas tenham recebido quase 80 mil espectadores. Já em 1949, alguns setores da imprensa mencionaram a ideia de demolir a concha acústica - um espaço para a realização de atividades musicais e teatrais, além de pedagógicas - para construir uma arquibancada atrás do gol e, assim, aumentar a capacidade do estádio para a Copa do Mundo do ano seguinte, em vez da alternativa de adicionar novas filas nos largos degraus das arquibancadas.72 72 Cenário da… (1949, p. 2). Por sua vez, outros agentes analisavam a possibilidade de construir um novo grande estádio para a cidade e criticavam o menosprezo das autoridades da cidade por essa opção dentro das comemorações do IV Centenário:
Há tempos, quando surgiu [o Pacaembu], foi julgado dez anos adiantado, hoje está outro tanto atrasado. Obsoleto como se apresenta, é bem uma prova do progresso constante de São Paulo, mas não podemos parar aí. Se crescemos em todos os setores, se a sequência de ascensão é ininterrupta, há necessidade de fazê-la repercutir na seara esportiva […]. Falou-se na construção de um estádio monumental, que seria uma das notas marcantes da comemoração do Quarto Centenário de São Paulo em 1954. Isto, entretanto, pela carência de tempo, pela falta de verba talvez, não será possível. […] O Pacaembu é uma glória, mas uma glória que está ficando para trás, o símbolo de um império que nasceu, viveu e cresceu e que por isso precisa de um palácio maior. Nós queremos e exigimos o Estádio Piratininga.73 73 Tema… (1952, p. 11).
Tal diagnóstico também era compartilhado por alguns clubes de futebol profissional, como o São Paulo Futebol Clube, que, em 1952, cogitava a construção do seu próprio estádio.74 74 Vai sair… (1952, p. 4). Em 1954, o clube iniciou as obras de construção do seu complexo esportivo no bairro do Morumbi, que seria “três vezes maior do que o Pacaembu” e o “maior estádio do mundo pertencente a uma entidade privada”.75 75 Estádio… (1954, p. 36-37). O Pacaembu, como medida de todas as coisas, também seria utilizado para analisar outros projetos que eram discutidos na cidade ao longo da década de 1950. Ao longo de 1954, a imprensa divulgou os planos que a Universidade de São Paulo (USP) tinha para suas instalações esportivas na Cidade Universitária. Projetado pelo arquiteto Ícaro de Castro Mello, teria um estádio olímpico “maior que o Pacaembu”76 76 Maior… (1954, p. 14). e “aberto ao público em geral”,77 77 A cidade… (1954, p. 8). mas que só começaria a ser construído no início da década seguinte.
Uma questão semelhante aconteceu com o Ginásio do Pacaembu. Embora de uso intensivo nas atividades esportivas e culturais da sociedade paulistana, sua capacidade era reduzida em comparação ao que era considerado por alguns como necessário para uma cidade do tamanho e da diversidade de atividades culturais como São Paulo. Inclusive, algumas cidades do interior paulista e clubes da capital já estavam projetando ou construindo (ou, ainda, com projetos prontos para serem executados) ginásios multipropósitos maiores que o do Estádio Municipal. Era o caso, por exemplo, dos ginásios de Sorocaba, Jundiaí78 78 O ginásio municipal de Jundiaí foi edificado nos primeiros anos da década de 1950 e financiado com verbas municipais. Com uma capacidade para 15 mil pessoas, foi destacado na imprensa pela sua cúpula de concreto armado, projeto do arquiteto e ex-prefeito da cidade Vasco Antonio Venchiarutti, e construído pela Companhia Construtora Nacional S.A. Cf. Escola… (1953, p. 54). e Ribeirão Preto. Este último já estava em construção quando foi lançado o edital para a edificação do complexo do Ibirapuera, em 1952.79 79 Ribeirão… (1952, p. 7).
Ainda que o IV Centenário possa parecer um processo de aceleração do planejamento de equipamentos esportivos para São Paulo, o DEESP já estava construindo alguns equipamentos esportivos urbanos na capital. É o caso da Piscina da Água Branca, projeto apresentado ao público em fevereiro de 1948 pelo arquiteto chefe do departamento, Ícaro de Castro Mello.80 80 Será… (1948, p. 7). Até aquele momento, esse era o maior projeto de infraestrutura esportiva desenvolvido pela instituição na cidade de São Paulo. Em uma reunião no DEESP, foi apresentada a proposta do Palácio dos Sports, como chamou a imprensa, um prédio de vários andares com uma piscina coberta, um ginásio e escritórios para as distintas federações esportivas paulistas que seria construído nos Campos Elíseos. Apesar do projeto construído ter sido totalmente diferente do que foi proposto - foi erigido ao lado do Parque da Água Branca, e seu programa arquitetônico era dividido em diferentes prédios -, ele foi o primeiro impulso a uma ideia que demoraria cinco anos para ser concretizada e aberta ao público.
O novo natatório, o primeiro complexo público para esportes aquáticos de água aquecida, era um grande desejo da comunidade esportiva paulista, e, no entender dos especialistas, mudaria o rumo da natação estadual e nacional.81 81 Chegarão… (1950, p. 3). No inverno, os nadadores paulistas só conseguiam fazer “treinos intensos de ginástica ou quando o permite a temperatura, batida de pé na borda da piscina”,82 82 No fim deste (1949, p. 18). o que os deixava em desvantagem diante dos esportistas de outros estados mais quentes do país, os quais podiam treinar o ano todo.83 83 A natação brasileira… (1947, p. 13). A piscina pública era também, como assinalou Magalhães Padilha, uma fórmula de popularização dos esportes aquáticos entre “as massas”, antes quase exclusivos para “um grupo de privilegiados”84 84 No fim deste, op. cit. - apesar de que a cidade já tinha piscinas de acesso aberto à comunidade, como a do estádio do Pacaembu, e vários clubes também já tinham seus próprios complexos aquáticos, como era o caso do Corinthians, o Paulistano, o Pinheiros etc.85 85 Cf. 32 anos… (1946, p. 5), Medeiros (2021), O Brasil… (1946, p. 8-9) e O Paulistano… (1947, p. 8-9). Alguns clubes também avaliavam a construção de piscinas, como era o caso do Palmeiras, do Juventus e do Sírio.86 86 Cf. A gloriosa… (1953, p. 10), Fala… (1953, p. 7).
A data de conclusão das obras da piscina foi variando: em 1948, o diretor do DEESP pretendia que a temporada da natação paulista de 1950 fosse aberta no novo complexo da Água Branca; em 1951, a imprensa cogitou a possibilidade da equipe brasileira de natação se preparar ali para sua participação nos Jogos Olímpicos de Helsinki.87 87 Cf. Azes da natação… (1951, p. 9) e No fim deste, op. cit. A solenidade da inauguração do novo natatório só foi realizada no dia 9 de julho de 1953; contudo, a grande inauguração esportiva do complexo aquático do Parque da Água Branca ocorreu apenas em novembro do mesmo ano, na ocasião de um campeonato internacional do qual participaram esportistas de vários estados do Brasil, assim como da Argentina, Japão, França e Estados Unidos.88 88 Sensacional… (1953, p. 13) e Um sucesso… (1953, p. 13). Esse torneio foi, tal como a corrida de São Silvestre, uma demonstração da capacidade de convocatória de esportistas internacionais às competições esportivas organizadas em São Paulo.
Em 1950, a revista Acrópole apresentou detalhes do projeto de arquitetura da piscina.89 89 Piscina… (1950, p. 269-272). Idealizada para receber 4 mil pessoas em suas arquibancadas, a piscina de 25 metros de comprimento e 18 de largura se caracterizaria pela estrutura de concreto armado de sua cobertura, em forma de um paraboloide hiperbólico. Se o primeiro projeto incluiu, junto à piscina, duas quadras de tênis e uma de basquete, a versão definitiva do conjunto mudou em razão das necessidades do DEESP e das exigências de algumas federações.
Contudo, a piscina não foi o único novo equipamento esportivo para a cidade que estava sendo desenvolvido pelo DEESP. Em junho de 1948, a imprensa noticiou a construção de um estádio para beisebol e softball, esportes bem difundidos no estado de São Paulo, especialmente dentro da comunidade nipo-brasileira, com quase 200 clubes praticando as modalidades.90 90 Um campo… (1948, p. 4). O projeto seria localizado dentro do terreno da Associação dos Professores de Educação Física, na várzea do rio Tietê, no bairro do Bom Retiro. É preciso dizer que essa obra, como vários equipamentos esportivos da cidade, demorou bastante a ser inaugurada, o que ocorreu no dia 21 de junho de 1958.91 91 A inauguração só aconteceu 10 anos após seu primeiro anúncio e teve a presença dos príncipes do Japão, Takahito e Yuriko Mikasa, que visitavam Brasil na ocasião das comemorações dos 50 anos da imigração japonesa. Cf. Os príncipes… (1958, p. 5).
Assim como o Ginásio e o Velódromo do Ibirapuera, o Edifício Alojamento de Atletas foi construído com verbas da Comissão do IV Centenário. Localizado próximo à Piscina da Água Branca, no interior do mesmo complexo esportivo, ele também foi projetado por Ícaro de Castro Mello. Entendido como uma grande deficiência do esporte paulista,92 92 Em pleno… (1954, p. 6). o edifício serviria como local de hospedagem para esportistas nacionais e estrangeiros que participassem de competições em São Paulo, com uma capacidade máxima para 150 pessoas.93 93 Quarto… (1954, p. 22-31). Aquele programa arquitetônico era parte do projeto original do complexo esportivo do Ibirapuera, em que, além do ginásio, seriam construídos os edifícios de alojamento dos atletas e das federações, como demonstram as plantas do primeiro projeto no terreno do parque.94 94 Ginásio de Ibirapuera (1952). Em algum momento de 1952, seguramente como resultado da pressão da Federação Paulista de Ciclismo, foi definida a construção de um velódromo, o que tornou necessário realocar os imóveis que seriam construídos ali. Certamente, a inauguração do velódromo no Parque Tres de Febrero, em Buenos Aires, para os Jogos Pan-Americanos de 1951, pressionou as autoridades do esporte paulista. Construído com uma capacidade para 15 mil pessoas por iniciativa do governo do presidente Juan Domingo Perón e da Direção de Obras Municipal, o velódromo era, nesse momento, o mais moderno do tipo na América do Sul e, segundo uma nota de tom chauvinista de El Gráfico, “um dos mais perfeitos que tenham sido vistos”.95 95 Cf. Movilización en el… (1951, p. 4-7) e Se hace… (1950, p. 22-23).
Nesse sentido, a realocação dos edifícios foi possível, em grande medida, pelo fato de que ambos os conjuntos esportivos - Ibirapuera e Água Branca - foram planejados e gerenciados pelo DEESP e projetados pelo mesmo arquiteto. É possível pensar que isso talvez não teria acontecido se, por exemplo, as obras do Ibirapuera não tivessem sido parte do contexto dos planos do IV Centenário, o que deve ter impulsionado a construção do velódromo e dinamizado as urgências em construir um prédio para as concentrações esportivas em um novo local. Nessa medida, o ginásio e o velódromo foram instalados no Ibirapuera, enquanto o prédio de Alojamento de Atletas ficou junto à piscina, no interior do complexo da Água Branca. Dentro deste último edifício, seriam acomodados, ainda, os escritórios das federações esportivas paulistas (com exceção da Federação de Futebol (FPF) e a sede central do DEESP, que, até inícios da década de 1950 dividiam um palacete nos Campos Elíseos. O projeto completaria o complexo esportivo que, além da piscina, teria um pequeno ginásio que serviria para outras disciplinas, como boxe e artes marciais. Sua construção, tal como o Ginásio do Ibirapuera, começou nos últimos meses de 1952,96 96 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952i). sendo a construtora Cosmos a responsável pelas obras.97 97 Ibid., 1952f. Ainda que o contrato exigisse a conclusão das obras em outubro de 1953,98 98 Id., 1953e. a construtora entregou o edifício apenas em janeiro de 1954, disponibilizando-o para uso durante as comemorações do IV Centenário. O Alojamento de Atletas hospedou, em diferentes momentos do ano, as delegações esportivas participantes de algumas das atividades do calendário esportivo do IV Centenário, como foi o caso das equipes estrangeiras participantes dos campeonatos Sul-Americano de Natação e Sul-Americano Extraordinário de Atletismo, disputados no estádio do Pacaembu nos meses de março e abril, respectivamente.99 99 O correspondente chileno do periódico Estadio assinalou que os pavilhões de alojamento da Vila da Água Branca eram, inclusive, melhores que os dos Jogos Olímpicos de Helsinki. Cf. Clima… (1954, p. 12-13). No final de abril, a seleção brasileira de futebol também utilizou as instalações do DEESP como parte da preparação de um jogo amistoso contra a Colômbia, disputado também no Pacaembu.100 100 Em São Paulo… (1954, p. 7).
No começo da década de 1950, era discutida a pertinência de um ginásio coberto para a cidade no interior dos círculos diretivos e na imprensa esportiva paulista. É interessante comprovar que, em outubro de 1951, antes do anúncio oficial da construção do Ginásio do Ibirapuera, Magalhães Padilha divulgou na imprensa uma proposta do DEESP para construir um grande estádio coberto no Parque Pedro II.101 101 Uma praça… (1951, p. 7). O plano, completamente exagerado, propôs erguer ali o maior ginásio do mundo para os campeonatos mundiais do IV Centenário, com uma capacidade para 50 mil pessoas e um grande complexo esportivo ao seu redor, que incluiria playgrounds, quadras de tênis, basquete e voleibol. Para o diretor do DEESP, a grande vantagem dessa localização era sua acessibilidade a partir de diferentes pontos da cidade. Ademais, a construção de um ginásio, ao contrário de um grande estádio, não exigiria a destruição do parque, mas só o aproveitamento de uma porção do terreno. O projeto implicaria uma negociação com a prefeitura que, por sua vez, demandaria a troca do terreno pelo lote do DEESP no Parque do Ibirapuera. Tal proposta, resenhada em alguns jornais da época, não foi levada adiante, mas dava conta dos anseios do DEESP em construir seu ginásio dentro de um grande espaço público e verde da cidade.
Alguns cronistas imaginavam o Ginásio do Ibirapuera como o Madison Square Garden (o famoso estádio coberto da Nova York) que a cidade, há anos, precisava.102 102 Em São Paulo… (1951, p. 6). Segundo a imprensa especializada do boxe, por exemplo, a cidade necessitava de uma arena que tivesse a capacidade de “rivalizar com Buenos Aires como a meca do pugilismo continental”,103 103 Pugilismo (1955, p. 86). cidade que, desde 1932, tinha o Luna Park como sua principal praça esportiva coberta.104 104 Carelli e Bordón, op. cit. As expectativas eram que o DEESP começasse as obras de um grande estádio coberto para a cidade, independentemente de sua localização. O Ginásio do Ibirapuera seria esse grande complexo planejado para receber competições esportivas, shows musicais, espetáculos infantis etc., com a comodidade e amplitude para grandes assistências. A cidade crescia tanto em tamanho quanto em aspirações, porém, esses planos enfrentariam uma série de problemas.
Uma resenha do projeto, publicada em Arquitetura e Engenharia no verão de 1954, demonstra sua escala e algumas de suas características físicas e programáticas que fariam dele um dos edifícios esportivos mais modernos do continente:
No Parque Ibirapuera, centro magno das comemorações do IV Centenário, em área do Departamento de Esportes do Estado, edifica-se o Ginásio de Esportes, o maior do mundo no gênero, com capacidade para 20 até 30 mil espectadores. Sua cúpula, a 30 metros do solo da quadra, terá altura correspondente à de um edifício de 11 andares. A quadra ficará num recinto circular de 40 metros de diâmetro, permitindo a prática de jogos de bola ao cesto, voleibol, luta livre, box, esgrima, hockey, patinação no gelo, etc. Sob as arquibancadas serão instalados vestiários, sanitários públicos, almoxarifados, secretarias, gabinetes médicos, pronto-socorro e um salão nobre junto à tribuna de honra, com bar e dependências próprias. O reservado da imprensa, rádio e televisão está dividido em dois grupos com 144 lugares para jornalistas, 24 cabines para transmissões radiofônicas e locais para televisão. A arquibancada terá 34 degraus, numa extensão de 15 quilômetros, se desdobrados numa só linha. A quadra de bola ao cesto, onde se disputará o campeonato mundial de 1954, será desmontável e parafusada no piso do concreto. A disposição das instalações é de tal ordem que um expectador por mais longe que esteja do centro da quadra, te-la-á sempre a apenas 52 metros de distância.105 105 Quarto…, op. cit.
O que aconteceu para que esse grande projeto esportivo, admirado e desejado por tantos, não conseguisse ficar pronto para o ano do IV Centenário nem fosse sede do Campeonato Mundial de Basquete? Aparentemente, demoras no início e atrasos nas obras, cortes orçamentários e até graves acidentes no canteiro de obras tornaram impossível que o ginásio fosse inaugurado, diluindo, inclusive, o otimismo de Magalhães Padilha, o principal impulsor do projeto dentro da Comissão do IV Centenário. Enquanto o estádio coberto do Ibirapuera era descartado para sediar o Campeonato Mundial de Basquete - e, com isso, o esporte paulistano perdia o maior certame internacional que seria realizado na cidade em 1954 -, o Maracanazinho carioca, o grande ginásio coberto que estava sendo construído dentro do complexo esportivo do Maracanã, no Rio de Janeiro, recebia verbas extraordinárias que permitiriam executar as obras finais e receber o torneio em outubro daquele ano.
NA COMISSÃO E NO CANTEIRO
Embora a edificação do ginásio já tivesse sido discutida em diferentes contextos no interior do DEESP nos anos anteriores, apenas após a nomeação de Magalhães Padilha como encarregado das comemorações esportivas do IV Centenário que foi, de fato, planejada a execução do projeto, em termos financeiros, fundiários e construtivos. Em 3 de abril de 1952, Magalhães Padilha escreveu para Ciccillo Matarazzo, declarando que o DEESP colocava à disposição o terreno que a instituição tinha no Parque Ibirapuera.106 106 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952e). Nesse documento, Magalhães Padilha afirma que o projeto já era parte do Plano Quadrienal do Departamento, do 6 de abril de 1951.107 107 Id., 1951. Extraoficialmente, as tratativas pelo terreno já estavam bastante avançadas, pois, em janeiro daquele ano, o próprio Matarazzo tinha pedido ao prefeito de São Paulo, Armando de Arruda Pereira, sua colaboração para remover uma favela situada no lote onde seria construído o ginásio, localizado entre as ruas Manoel da Nóbrega e Abílio Soares.108 108 Id., 1952d. A expulsão das famílias moradoras daquela favela foi parcialmente realizada entre janeiro e abril de 1952, mas muitas permaneceram no local à espera de um terreno da prefeitura para onde pudessem se dirigir. Desconhecemos a data exata da expulsão definitiva dos moradores dessa área, mas ela deve ter sido levada a cabo entre maio e dezembro de 1952, pois as obras de construção do ginásio começaram em meados de janeiro de 1953, com o propósito de que ele estivesse pronto nos primeiros dias do ano de 1954.109 109 Id., 1953.
A construção do Ginásio do Ibirapuera teve sempre a sombra da edificação do Maracanazinho ao seu lado, que seria uma subsede do Campeonato Mundial. O ginásio carioca, projetado no começo da década de 1950 como parte dos projetos de edificação esportiva do Distrito Federal, foi imaginado como a grande arena multifuncional para o Rio de Janeiro. Maior que o do Ibirapuera, em termos de capacidade, o Maracanazinho seria, inclusive, o maior ginásio fechado do mundo, adaptável para diversos esportes e espetáculos, como patinação no gelo, shows musicais etc.110 110 Ginásio… (1952, p. 10). Ao que tudo indica, existiram contatos entre as equipes de ambos os projetos, uma vez que, em agosto de 1952, o engenheiro Augusto Lindenberg, diretor do Serviço de Obras da Comissão, encaminhou para Matarazzo um relatório sobre sua visita ao escritório do coronel Santa Rosa, superintendente da Administração dos Estádios Municipais (ADEM) da prefeitura carioca. O relatório destacava a visita ao canteiro do Maracanazinho, as discussões sobre as plantas de ambos os ginásios entre Lindenberg e Mauro Coutinho, engenheiro responsável pelas obras, assim como as especificidades dos acessos, arquibancadas, cúpulas etc. Além disso, o relatório discute a gestão da execução das obras e modalidades de contrato. Este ponto é relevante, pois até aquele momento a Comissão do IV Centenário não tinha publicado o edital de concorrência para a construção do Ginásio do Ibirapuera. Porém, também chama a atenção que essa visita tivesse sido feita sem a presença do arquiteto projetista do Ginásio do Ibirapuera, Ícaro de Castro Mello, que, naqueles meses, desenvolvia o projeto executivo da arena paulista. Poderia o seguinte fragmento ser interpretado como um gesto de desconfiança de Lindenberg com o projeto desenvolvido por Castro Mello, e, talvez, uma demonstração de algumas dificuldades de entendimento entre a Comissão e o Departamento de Esportes paulista?
Conquanto o arq. Ícaro de Castro Mello, que está projetando o ginásio de Ibirapuera, seja um esportista, achamos de conveniência submeter o estudo do projeto, com todas as indicações de borboletas, instalações elétricas e hidráulicas acima mencionadas, à Administração do Estádio do Pacaembu, que possivelmente terá, em seu funcionalismo, técnicos capazes de opinar a respeito. Em caso negativo, essa consulta ou eventuais projetos poderiam ser solicitados aos técnicos do Maracanã.111 111 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952h).
Talvez Lindenberg só estivesse procurando uma segunda opinião, mas também é certo que, um mês antes, ele pediu ao diretor geral da Comissão, Waldemar Rodrigues Alves, que fosse recalculada a estrutura de concreto armado do Edifício de Alojamento de Atletas da Água Branca, em vista “de ser exagerado o volume apresentado pelo Arq. Ícaro de Castro Mello, bem como a quantidade de ferro”.112 112 Ibid. De certa forma, portanto, Lindenberg desconsiderava a experiência que o arquiteto do DEESP tinha para desenvolver projetos desse tipo e discordava dos seus critérios profissionais.
Poder-se-ia dizer que, nesses anos, Ícaro de Castro Mello já tinha se transformado em um especialista nesse tipo de programa arquitetônico, pois tinha projetado uma série de outros ginásios, como o do Clube Atlético Santista, inaugurado em 1949, e os já citados ginásios de Sorocaba (1950) e Ribeirão Preto (1952), os estádios do Clube Guarani, de Campinas, e do Clube Atlético Mineiro - ambos feitos em parceria com Oswaldo Corrêa Gonçalves e anunciados em 1948 -, e a Piscina Coberta da Água Branca, que ainda estava em construção nesse momento. Sobre o ginásio de Sorocaba, construído para os Jogos Abertos do Interior de 1950, a revista Acrópole o definiu como “o maior gymnasium para disputas de bola ao cesto em recinto fechado, em todo o continente”, possuindo uma “capacidade muito maior do que qualquer outro do gênero em toda a América do Sul”. Além disso, assinalou que:
Sua construção obedeceu aos mais rigorosos requintes da arquitetura moderna, não só no atinente às exigências técnicas impostas pelas leis internacionais do esporte para que se destina particularmente, como também na solução dos problemas de visibilidade por parte da assistência, acomodações, acesso e evacuação do recinto.113 113 Id., 1951, p. 273-277.
Também é curioso que a primeira opção de consultoria colocada por Lindenberg tenha sido a administração do Pacaembu, o qual, por sua vez, havia contratado quatro anos antes os serviços do próprio Ícaro de Castro Mello, que desenvolveu a adaptação do ginásio do estádio municipal para habilitar uma pista coberta de atletismo.114 114 Escreve… (1948, p. 6). Mesmo sem comprovação, esse antecedente pode ser relevante para pensar as relações entre a Comissão e o DEESP, dificultando a concretização da maioria dos edifícios esportivos planejados para serem inaugurados em 1954.
No final de 1952, foi publicado o edital para a construção do ginásio, o qual estabelecia que o edifício deveria ser entregue no início de 1954. A execução das obras foi desenvolvida pela construtora Cavalcanti e Junqueira Ltda., uma das maiores do país e parte do consórcio responsável pela edificação do estádio do Maracanã alguns anos antes. Logo depois da assinatura dos contratos, foram iniciados os trabalhos no terreno do Ibirapuera nos primeiros dias de março de 1953. Logo no início das obras, surgiu o primeiro problema administrativo. Em março, a Escola de Educação Física reclamou a propriedade dos terrenos da antiga Invernada dos Bombeiros, local onde se localizaria do Ginásio do Ibirapuera.115 115 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953b). A disputa pela propriedade do solo remetia a uma velha promessa das autoridades estaduais e municipais de São Paulo de construir o edifício institucional da Escola. Por meio da Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado, a Escola criticou uma suposta apropriação do terreno pelo DEESP e exigiu a restituição da posse, considerando que o projeto do complexo esportivo do Ibirapuera não contemplava a construção do pavilhão estudantil no interior do lote, já completo com dois prédios principais: o ginásio e o velódromo. Fazendo referência ao Decreto-Lei nº 13.291, de 21 de março de 1943, a Escola de Educação Física assegurava que a Fazenda do Estado tinha autorizado a transferência do terreno do Ibirapuera à prefeitura, com a condição de que ali fosse construído um complexo esportivo-escolar. A resposta de Magalhães Padilha não demorou a chegar, declarando o DEESP como o verdadeiro detentor dos direitos sobre o terreno, pois tinha herdado esses direitos após a fusão do Departamento de Educação Física (DEFE) e do Departamento de Esportes. Em sua carta, ele critica a Escola de Educação Física e seus “dirigentes desnorteados e confundidos”, uma instituição, para ele, negligente e historicamente incapaz de construir suas próprias instalações, posto que até esse momento continuava funcionando no interior do Estádio Municipal do Pacaembu.116 116 É possível que existisse um conflito entre a Escola de Educação Física e o DEESP, uma vez que esta instituição também tinha projetos no Estádio Municipal do Pacaembu, como era o caso do Centro de Educação Física. Em funcionamento desde 1942, o Centro oferecia aulas de diferentes modalidades à população da cidade. Cf. Saúde… (1954, p. 32-35). Aparentemente, a Escola de Educação Física desistiu de continuar com um processo judicial, o que permitiu que fossem retomadas as obras do ginásio.
Com efeito, desde 1952, estava planejado que, em maio de 1954, o Campeonato Sul-Americano Feminino de Basquete seria o evento esportivo que inauguraria o Ginásio do Ibirapuera, quatro meses antes da realização do II Campeonato Mundial Masculino. O basquete paulista procurava oferecer ao esporte sul-americano um palco completamente diferente daqueles já conhecidos no continente: o Campeonato Sul-Americano de Lima, em 1950, tinha sido disputado em um estádio desmontável de madeira, instalado no interior de uma praça de touros da capital peruana,117 117 Fue una campaña (1950, p. 58). enquanto o I Campeonato Mundial Feminino de Santiago do Chile, em 1953, teve como sede uma quadra instalada no espaço entre a arquibancada norte e o campo de futebol do Estádio Nacional.118 118 Brillante… (1953, p. 3). Entretanto, para que isso acontecesse era necessário que, além de completar as obras de edificação, o ginásio tivesse todo o equipamento indispensável instalado. Em uma carta de maio de 1953, Magalhães Padilha pede para Ciccillo Matarazzo que a Comissão providenciasse prontamente cadeiras, bancos, aparelhamento elétrico, telefônico e radiofônico, jogos de tabelas, um placar luminoso e outros acessórios extras.119 119 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953g). O pedido, além de excessivo segundo a Comissão, demonstrava uma lógica de funcionamento por parte de diferentes agentes que viam no IV Centenário a possibilidade de completar seus projetos, tentando investir o mínimo de recursos próprios possível. Na sua qualidade de diretor do DEESP e coordenador designado das comemorações esportivas do Centenário, Magalhães Padilha não tinha problemas para solicitar verbas e gastos que, muitas vezes, eram rejeitados pelos encarregados financeiros da Comissão. No caso do ginásio, o Serviço de Engenharia da Comissão encaminhou um novo orçamento para Magalhães Padilha, pedindo que o próprio DEESP financiasse parte dos gastos, incluindo a compra de cadeiras para o complexo esportivo.
Dessa forma, no final de 1953, apareceram grandes dúvidas sobre a realização do Campeonato Mundial de Basquete, relacionadas, especificamente, com a falta de dinheiro para completar as obras em São Paulo durante o primeiro semestre de 1954. Coincidentemente, isso também acontecia com as obras do Maracanazinho, no Rio de Janeiro. Para boa parte da imprensa paulista e carioca, a inauguração do Ginásio do Ibirapuera parecia mais factível do que a do Maracanazinho, especialmente porque a Federação Paulista de Basquete e o DEESP tinham conquistado a sede do Campeonato Sul-Americano Feminino para São Paulo. Esse torneio, agendado para maio de 1954 como preparativo-teste para Copa do Mundo masculina de outubro, era entendido, de alguma forma, como uma garantia. No Rio, a situação financeira era complicada: em dezembro de 1953, a Construtora Prolar S.A. tinha deixado de receber dinheiro, faltando 55 dos 80 milhões de cruzeiros aprovados.120 120 Periga… (1953, p. 68). Na espera de que a Câmara de Vereadores do Distrito Federal liberasse as verbas, as obras foram paralisadas, o que manteve em suspenso a possibilidade de completar a construção nos 10 meses restantes até a Copa. Em fevereiro de 1954, a situação não havia melhorado: sem dinheiro, as obras no Rio estavam quase totalmente paradas.121 121 Daqui… (1954, p. 9). É importante atentar para o ginásio carioca, embora ele não fosse a sede principal da Copa do Mundo. Afinal, ao longo de todo o ano de 1954, os avanços das duas obras foram tematizados por alguns setores da imprensa como uma corrida entre as duas cidades, ainda que a construção do Maracanazinho respondesse mais ao desejo da prefeitura de completar as obras do complexo de Maracanã e de ter uma arena coberta para eventos esportivos, sociais e culturais.
Se, no final de 1953, tinha sido noticiado o atraso das obras no Rio, em março de 1954 começaram os boatos sobre a difícil conclusão das obras do Ginásio de Ibirapuera. A imprensa informou que o ritmo da construção do coliseu era lento, ao passo que a instalação da cobertura estava sendo especialmente difícil.122 122 Difícil (1954, p. 1). Segundo a reportagem, isso teria feito com que a Confederação Brasileira de Basquete, junto à Federação Paulista de Basquete, avaliasse mandar o Sul-Americano Feminino para outro local. Tal possibilidade fez com que Magalhães Padilha desmentisse esses boatos na imprensa nacional e estrangeira,123 123 Ibirapuera… (1954a, p. 7). assegurando que a conclusão das obras seria cumprida no prazo estipulado e definido com a Confederação Brasileira de Basquete.
No final do mês de maio, Teodoro Baiana de Carvalho, um dos engenheiros da Construtora Cavalcanti e Junqueira encarregado das obras do Ginásio do Ibirapuera, afirmou que no final de setembro estariam prontas as obras do estádio coberto, mesmo que houvesse atraso no pagamento por parte do governo do estado.124 124 Ibirapuera… (1954b, p. 9). Chama a atenção que, até esse momento, a imprensa carioca ainda considerasse que as obras do Ibirapuera estivessem bem mais adiantadas que as do Maracanazinho, paradas por falta de dinheiro.125 125 Ibid.
Talvez revisar o caso das relações entre a Federação Paulista de Remo e a Comissão do IV Centenário seja útil para compreender as dificuldades financeiras pelas quais passava a organização do calendário esportivo das comemorações dos 400 anos de São Paulo. Assim que foi constituída a Comissão e nomeado Magalhães Padilha como organizador dos eventos esportivos, em dezembro de 1951, várias federações pediram apoio para seus calendários do ano de 1954. Um dos casos mais interessantes foi o da Federação do Remo de São Paulo, que, em julho de 1952, propôs organizar o Campeonato Brasileiro de Remo e o III Campeonato Sul-Americano da modalidade. Para que isso fosse possível, a federação solicitou à Comissão que apoiasse um novo pedido à prefeitura para que se construísse, o mais rápido possível, a raia olímpica, projeto incluído dentro dos planos da Comissão de Melhoramentos do Rio Tietê.126 126 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952b). Essas regatas seriam realizadas no verão de 1954, junto a outras, como a Prova Fundação da Cidade de São Paulo, em 25 de janeiro, a Regata das Forças Armadas, em 28 de março, e a dos Trabalhadores Brasileiros, em 2 de maio. Embora o plano da Comissão de Melhoramentos do rio Tietê, de 1939, tivesse incluído esses equipamentos como parte dos planos de intervenção,127 127 Lucchese (2016). as obras foram executadas durante toda a década de 1940, talvez aguardando que os clubes da região desenvolvessem um projeto próprio. Se, em alguns casos, a Comissão do IV Centenário conseguiu pressionar o governo municipal para que fossem realizados investimentos e obras, isso não aconteceu no caso da raia do Tietê. Em 1953, logo após uma série de negociações fracassadas para que as regatas fossem realizadas em São Paulo, a CBD acabou levando os Campeonatos Brasileiro e Sul-Americano para a Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro,128 128 Confederação Brasileira de Desportos (1954). onde estava sendo construído um estádio para a sediar torneios internacionais.129 129 Aparentemente, as obras do estádio da Lagoa estavam em discussão, pelo menos, desde outubro de 1952. O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Benedicto de Barros, em parceria com o engenheiro calculista Antônio Arlindo Laviola e o advogado Carlos Osório de Almeida. Como afirma Lobo (2006), os três eram remadores. O estádio incluía, além das arquibancadas, a sede para a Federação de Remo, restaurante e 14 boxes para os clubes náuticos da cidade. O Campeonato Sul-Americano foi realizado na raia da Lagoa, mas o estádio não ficou pronto. O edifício começou a ser utilizado constantemente a partir de 1956, quando uma equipe de remo de Cambridge fez uma exibição para o público carioca. As imagens da imprensa mostram o edifício principal pronto e as arquibancadas ainda em construção. Cf. A guarnição … (1956, p. 18), O estádio… (1952, p. 2) e Pede… (1953, p. 7). O Sul-Americano, com a presença das embarcações uruguaias, chilenas e peruanas, foi realizado em maio de 1954130 130 Se sobró… (1954, p. 20-23). em águas cariocas, uma antecipação do que aconteceria em outubro, com o Campeonato Mundial de Basquete.
Nessa medida, se os pedidos de apoio feitos pelas federações em 1952 e 1953 tinham ampla aceitação dentro das divisões financeiras e executivas da Comissão, em 1954 quase todas as solicitações de patrocínio ou financiamento foram rejeitadas, alegando falta de verbas e calendários já fechados. Esse foi o caso da Federação de Remo que, em março de 1954, pediu à Comissão um auxílio para o pagamento de várias despesas relacionadas à realização das regatas “das Forças Armadas” e de “Fundação de São Paulo”, na represa Billings. Ainda que essas competições tivessem sido parte do programa oficial dos dias 23, 24 e 25 de janeiro, a Comissão negou o pedido devido à falta de recursos financeiros.131 131 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954d). Do mesmo modo, a Federação Paulista de Hóquei e Patinação solicitou, também em março de 1954, uma contribuição para participar, em maio, do X Campeonato Mundial de Barcelona, na Espanha. O que poderia ser visto como excesso injustificado, tinha de fato um motivo: a participação do Brasil na Copa era requisito para que três das principais equipes mundiais - Itália, Espanha e Portugal - participassem do Torneio Quadrangular do IV Centenário, que seria realizado em setembro, no Ginásio do Ibirapuera.132 132 Id., 1954e. Algumas semanas depois, a resposta foi a mesma que a dada à Federação de Remo: não existem verbas disponíveis, menos ainda para participação em eventos no exterior.133 133 Ibid.
Em setembro de 1954, outra instituição privada, o jornal Folha da Manhã, solicitou à Comissão apoio financeiro e logístico para a Primeira Volta do Atlântico, uma prova ciclística entre Porto Alegre e São Paulo que os organizadores queriam integrar ao programa esportivo do IV Centenário.134 134 Id., 1954i. Com equipes uruguaias, chilenas, venezuelanas e colombianas confirmadas, o percurso seria realizado entre os dias 12 e 30 de outubro. O jornal pediu à Comissão, em troca de organizar a última etapa da prova no interior do Parque Ibirapuera, um pagamento de 100 mil cruzeiros. Esse pagamento também daria direito à publicidade sobre a Feira do IV Centenário ao longo de toda prova. A resposta da Comissão foi negativa, tal como vinha fazendo, desde meados daquele ano, com a maioria dos pedidos. Por fim, a competição acabou sendo realizada, mas, como em outras atividades esportivas, sem respaldo financeiro dos organizadores das comemorações.135 135 Llegar… (1954, p. 26-27).
As distintas solicitações podem ser vistas como uma tentativa de diferentes instituições tirarem proveito e conseguirem financiar projetos diversos, muitas vezes relacionados apenas tangencialmente com as comemorações do IV Centenário. Por exemplo, foram vários pedidos de instituições culturais para reformar ou completar seus edifícios institucionais, caso da Sociedade de Cultura Artística e do Teatro Maria Della Costa.136 136 O projeto do teatro foi desenvolvido pelo arquiteto Carlos Lemos. Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953c) e Teatro… (1954, p. 23-25). A lista desse tipo de pedidos e solicitações das mais diversas organizações é longa, tendo sido elaborada durante todo o ano de 1954. Como alguns exemplos, podemos destacar: em abril de 1954, a Sociedade Hípica Paulista pediu um auxílio de 8 milhões de cruzeiros para reformar e construir novos edifícios em suas instalações no bairro do Brooklin (a título de comparação, o principal investimento das comemorações esportivas, o Ginásio do Ibirapuera, tinha 25 milhões como orçamento inicial para sua construção).137 137 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953a). Em troca, a Sociedade organizaria torneios internacionais de polo e hipismo.138 138 Id., 1954g. Por sua vez, em setembro, a Seção de São Paulo do Automóvel Club do Brasil solicitou a autorização para utilizar o Parque Ibirapuera para a realização das 100 Milhas do Ibirapuera, prova que seria realizada em um circuito no interior do parque, fechada ao público geral, com entrada exclusiva mediante a compra de ingresso.139 139 Id., 1954a. Da mesma forma, em novembro, a Federação Paulista de Xadrez solicitou apoio financeiro para organizar o Campeonato Brasileiro desse ano, e obteve como resposta o oferecimento de medalhas comemorativas para os participantes,140 140 Id., 1955a. uma prática recorrente da Comissão, feita para os participantes da Corrida de São Silvestre e do Campeonato Brasileiro de Voleibol.141 141 Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954k); Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954c). Inclusive, outras instituições, como a própria Federação Paulista de Hóquei e Patinação, solicitaram, em janeiro de 1955, financiamento de um outro torneio no Ginásio do Ibirapuera, quando a Comissão já tinha encerrado suas atividades.142 142 Id., 1955b. Fosse pelo alto valor das verbas solicitadas, pelo exagero dos pedidos ou pela precária condição financeira da Comissão, nos três casos as respostas foram negativas.
É importante lembrar que todos esses pedidos foram feitos quando as obras do Parque Ibirapuera e da Feira Internacional da Indústria, as principais atrações do IV Centenário durante o segundo semestre do ano, ainda estavam em andamento - o parque e a feira foram inaugurados no dia 21 de agosto. Alguns trabalhos têm avaliado que quase 80% do orçamento total da Comissão do IV Centenário foi destinado às obras de construção do parque e à habilitação dos pavilhões da Feira da Indústria.143 143 Gebauer, Lofego e Wulf (2004). Nesse contexto, não era estranho que os requerimentos de outras instituições fossem denegados. Essa informação é útil para analisar os atrasos dos pagamentos para a construtora do ginásio, assim como os problemas orçamentários para retomar os trabalhos após o grande incidente de setembro, narrado a seguir. Provavelmente, a crise no canteiro do ginásio e o perigo da não realização do Campeonato Mundial de Basquete em São Paulo tiveram relação com os fluxos orçamentários e os balanços financeiros da Comissão durante o segundo semestre de 1954.
A notícia dos atrasos na execução das obras do Ginásio do Ibirapuera fez com que, em junho de 1954, a CBB, pressionada pela Confederação Sul-Americana, procurasse um novo local para sediar o Sul-Americano feminino. A solução estava ao alcance das mãos: a organização escolheu o Ginásio do Pacaembu como local dos jogos. O Pacaembu, que já tinha sido sede em março do depreciado Sul-Americano de natação144 144 Uma nota do periódico chileno Estadio afirma que os jogos de polo aquático foram disputados na Piscina Coberta da Água Branca. Em sucessivas reportagens, o periódico assegurou que os atletas e nadadores chilenos se alojaram no prédio do complexo de Água Branca. Cf. 48 horas…, op. cit. e Torneo sin historia (1954, p. 20-21). - que não contou com a participação da equipe argentina -, e em abril, do Sul-Americano de atletismo, serviria novamente como sede do basquete. Dessa forma, em julho, foi organizado o Sul-Americano feminino de basquete no ginásio do Estádio Municipal, com a participação de quatro seleções (Bolívia, Chile, Paraguai e Peru), além da brasileira, em um torneio que só esgotou os ingressos para a final, entre a seleção local e a chilena.145 145 El título… (1954, p. 12-16). Entretanto, esse campeonato não foi o único evento das comemorações dos 400 anos de São Paulo que acabaria sendo transferido para o Estádio Municipal: isso também aconteceu com o Balé do IV Centenário que, em razão do atraso na reforma do Theatro Municipal de São Paulo, teve que procurar um novo local para apresentar suas peças durante a primeira quinzena de novembro de 1954.146 146 Guilherme de Almeida, presidente da Comissão do IV Centenário, solicitou ao secretário de Educação e Cultura da prefeitura, Valério Giuli, a cessão do Ginásio do Pacaembu por 20 dias. A mudança de local exigiu a adaptação dos cenários ao novo local, o que foi calculado no valor de 1 milhão de cruzeiros, além do pagamento de indenizações ao Sindicato dos Metalúrgicos e ao Centro de Educação Física, que já tinham alugado o ginásio para suas festas de final de ano. Curiosamente, o representante do Centro de Educação Física era Magalhães Padilha. O balé estreou no dia 6 de novembro de 1954, apresentando-se até o dia 20 daquele mês. A bailarina Vera Helena Andrade de Campos Maia, integrante do balé, afirma que vários dos ensaios da Companhia foram vistos pelos jogadores do Corinthians, concentrados nos alojamentos do estádio. Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954j) e Helena (2007).
Reportagem do periódico chileno Estadio sobre avanços da arquitetura esportiva em São Paulo.
A notícia das dificuldades de São Paulo para completar seu ginásio foi rapidamente divulgada pela imprensa nacional e internacional, questão descrita como complicada por alguns, mesmo com verbas disponíveis para concluir a edificação do prédio.147 147 Y va de empates… (1954, p. 14-15). No início de agosto, a notícia começou a ser difundida no Rio, apesar da imprensa internacional ainda hesitar sobre a realização do torneio em São Paulo, aguardando uma definição da CBB e da FIBA. Diversos informes dos avanços das obras do Ibirapuera foram divulgados por Magalhães Padilha, afirmando que o edifício seria entregue durante a primeira semana de outubro e estaria pronto para receber o Campeonato Mundial.148 148 Prossegue a CBB… (1954, p. 10). A confiança do diretor do DEESP era tal que, inclusive, ele detalhou como seriam os dias da seleção brasileira em São Paulo, que teria à sua disposição a Casa do Atleta do complexo da Água Branca.149 149 Ibid. A imprensa paulista também participou do clima de otimismo, informando os leitores sobre as caraterísticas do ginásio e das equipes participantes do Mundial150 150 II Campeonato… (1954b, p. 8). e convidando o público a imaginar como seria o campeonato dentro do Parque Ibirapuera, esse novo grande espaço público da cidade:
Podemos prever hoje, depois de libertar de nosso íntimo todas as apreensões, o sucesso que iremos presenciar dentro de dois meses. Chegamos mesmo em certos momentos a imaginar como será uma das noites festivas de outubro, quando, pela realização de jogos do Campeonato Mundial, receberá o Parque Ibirapuera, todo iluminado, verdadeira multidão de esportistas. […] Magnífico, sem dúvida alguma, o gesto do Governador do Estado de São Paulo, presenteando o povo de nossa metrópole com o grandioso monumento esportivo.151 151 II Campeonato… (1954a, p. 10).
Embora existisse esse clima de bons augúrios para a finalização das obras, de fato, elas estavam atrasadas e precisavam que nada extraordinário acontecesse no canteiro. Era tal o nível de pressão que o governador Lucas Nogueira Garcez precisou desmentir as suposições sobre tentativas de sabotagem das obras no canteiro do Ibirapuera.152 152 Não haverá… (1954, p. 13). Como se os atrasos e os boatos não fossem suficientes, no dia 10 de setembro aconteceu um dos fatos mais graves dentro da edificação do ginásio. Conforme afirma a crônica de A Noite, “no momento em que se pretendia colocar o anel de sustentação [da cobertura], ligando toda a armação de ferro, quebraram-se os parafusos de um dos guinchos, caindo o anel sobre as torres que não suportando o seu peso, de catorze toneladas, ruíram”.153 153 Ruíram… (1954, p. 8). Por sorte sem vítimas fatais, o acidente fez com que boa parte da imprensa considerasse quase impossível que o ginásio ficasse pronto para o dia 22 de outubro, data marcada para o início do Campeonato Mundial. A torre, transformada em uma pilha de ferros retorcidos, era símbolo do fracasso irremediável, ainda que as autoridades estaduais e um dos engenheiros da construtora declarassem que as obras seriam entregues entre os dias 15 e 20 de outubro.154 154 O Mundial… (1954, p. 10).
Construção da cobertura do Ginásio do Ibirapuera, São Paulo, c. jun./jul. 1954. De autoria de José Mascardi, a imagem foi reproduzida na revista francesa L’Architecture d’aujourd’hui, em um número especial sobre arquitetura esportiva, publicado em fevereiro de 1958.
No dia 22 de setembro de 1954, a CBB lançou sua última carta, solicitando um apoio extraordinário à Comissão, com o intuito de retomar as obras do Ginásio do Ibirapuera logo após o acidente que havia acontecido duas semanas antes.155 155 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954b). A CBB estava ciente de que as obras do Maracanazinho também estavam atrasadas e todo o Campeonato estava correndo sério risco de fracassar, pois a FIBA não aceitaria disputar o torneio em um ginásio de tamanho médio. Exatamente um mês antes do início dos jogos, o chefe da seção paulista da CBB escreveu para Guilherme de Almeida, presidente da Comissão após a saída de Ciccillo Matarazzo, pedindo-lhe ajuda financeira, uma vez que o governo de Café Filho se negou a entregar a última parcela dos recursos prometidos por Getúlio Vargas para o Campeonato Mundial. Sua argumentação era simples: o torneio fazia parte das comemorações e seu fracasso seria também um golpe ao prestígio internacional da cidade e da própria Comissão perante o mundo, que seguiria atento a competição. Imediatamente recebida a mensagem, o diretor geral da Comissão, Antônio Rodrigues Alves Netto, pediu o parecer de Magalhães Padilha. Assim como em outras ocasiões, o diretor do DEESP tomou partido das federações esportivas, nesse caso a CBB, solicitando à Comissão que considerasse apoiar um torneio pelo qual a cidade de São Paulo tinha brigado tanto. Seu argumento, que também foi o da chefia da CBB, apelou ao prestígio paulista e ao bom nome do Brasil como organizador de certames internacionais. Sem dizê-lo, sua missiva era ainda uma última tentativa de conseguir as verbas para os equipamentos do ginásio, que tinham sido rejeitadas pelo menos duas vezes durante os meses anteriores.
Nos dias seguintes, a CBB não obteve a resposta oficial aguardada. Os dias passavam e as notícias na imprensa, durante o mês de setembro, eram completamente desalentadoras para os interesses do basquete paulista.156 156 Esporte… (1954, p. 14) e O drama… (1954, p. 12). A possível postergação do Campeonato Mundial já circulava nas agências internacionais de notícias. O periódico esportivo chileno Estadio informava que o mais provável era o adiamento do torneio por um longo prazo, em razão da crise política brasileira após a morte do presidente Vargas, a chegada de Café Filho ao poder e o déficit de 20 milhões de cruzeiros necessários para terminar as obras dos dois grandes coliseus.157 157 Y va de empates…, op. cit. A imprensa chilena, tal como deve ter acontecido em outros países participantes do campeonato, perguntava pela preparação do time nacional e pelas dificuldades de marcar uma nova data para o torneio, considerando que em março de 1955 seriam disputados os II Jogos Pan-Americanos na Cidade do México. Sem datas no calendário do primeiro semestre, o Campeonato Mundial no Brasil teria que ser adiado quase um ano, um cenário que prejudicava a imagem do esporte brasileiro.
A alta possibilidade de fracasso mobilizou novas verbas no Rio de Janeiro, aprovadas pela Câmara Municipal do Distrito Federal, para a finalização das obras do Maracanazinho.158 158 Maracanã… (1954, p. 8). De alguma forma, isso faz pensar que, entre as autoridades cariocas, pode ter existido, desde o começo, a possiblidade de um cenário em que o Rio de Janeiro se tornasse a sede principal do Campeonato Mundial. Essa aparição de verbas extraordinárias não ocorreu em São Paulo, onde os pedidos de novos recursos não tiveram repercussão. Com a realidade do fracasso cada vez mais próxima, Mário Amancio Duarte, chefe da seção paulista da CBB, encaminhou um longo relatório à imprensa.159 159 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1954b. No dia 1 de outubro, quando vários jornais já noticiavam a realização do Campeonato, exclusivamente no Rio de Janeiro ele descarregou seus ressentimentos contra a Comissão do IV Centenário. Nesse documento, ele acusa a Comissão de total descaso, diferentemente do governo do estado de São Paulo, que garantiu o auxílio para financiar o V Campeonato Sul-Americano Feminino de Basquete, com a única condição que o torneio fosse realizado em São Paulo como parte das comemorações de 1954.
A Comissão teria negado continuamente os pedidos de apoio financeiro, inclusive os realizados por meio de Magalhães Padilha, o interlocutor válido entre o esporte paulista e os organizadores dos festejos do IV Centenário. Segundo Duarte, assim que o governo estadual soube que o Ginásio não ficaria pronto para o Sul-Americano Feminino, ofereceu ajuda para conseguir o ginásio do Estádio Municipal do Pacaembu, local que acabou sediando o torneio no mês de julho. Sabendo dos prejuízos financeiros que esse traslado acabou produzindo na CBB, afirmou Duarte, o basquete paulista continuou impulsionando a ideia do Campeonato Mundial no Ginásio do Ibirapuera, mesmo que fosse improvável que as obras estivessem prontas em outubro:
Deve ainda ser lembrado que em todos os programas oficiais dos festejos do IV Centenário consta da relação das aludidas festas do II Campeonato Mundial Masculino de Basketball. Prova evidente de que a Autarquia em apreço conhecia, sabia, apoiava, e anunciava o magno certame de cestobol Mundial. Apenas não se dignou tomar posição, cerrar fileiras ao lado daqueles que batalhavam, trabalhavam, batalham e trabalham, inclusive empenhando seus patrimônios particulares, para que o Brasil não se submeta no setor esportivo a uma vergonha internacional capaz de fazer corar a um monge de pedra. Gastando milhões de cruzeiros com o Festival Internacional de Cinema, que só foi presenciado pelas classes privilegiadas de fortuna; gastando outros tantos milhões de cruzeiros com um Balé que relativa repercussão terá, e que a Comissão não sabe onde poderá exibi-lo, assombra ver a sua negativa em negar a presença dos dirigentes paulistas em sua sede, em data muito muito anterior àquela em que diz ter tomado conhecimento do já tão falado, discutido, e agora lamentado II Campeonato Mundial Masculino de Basketball, já que o mesmo não será realizado em nossa capital.160 160 Ibid.
Existiu um forte questionamento do elitismo da Comissão por parte do principal dirigente do basquete paulista. De fato, é indiscutível que boa parte da programação e do financiamento estava relacionada com eventos tradicionalmente ligados ao consumo cultural das elites, ou, pelo menos à sociabilidade de alguns segmentos da elite branca e liberal paulistana. Porém, a crítica de Duarte à programação de peças de balé e do Festival de Cinema161 161 O Cruzeiro afirmava que o prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, tinha cedido o Ginásio do Pacaembu para “uma grande festa popular […], onde os artistas desfilarão para uma grande assistência de fãs”. Outra demonstração dos ares internacionais do IV Centenário era uma grande expectativa dos cineastas, atores e atrizes que participariam do Festival; em janeiro, a imprensa aguardava pela presença de Marlene Dietrich, Joan Crawford, Marilyn Monroe, Maria Félix, James Stewart e Ava Gardner. Nenhum deles acabou chegando a São Paulo, sendo o diretor Errol Flynn o mais conhecido das estrelas de Hollywood participantes. Cf. Encerramento… (1954, p. 110) e Primeiro… (1954, p. 58). são também representativas de uma visão existente no interior do campo esportivo, que valorizava o espetáculo esportivo como uma atividade de acesso pluriclassista. É obvio que sua crítica está atravessada, ainda, pelo prejuízo dos seus interesses como organizador de um grande evento que produziria importantes lucros para a Federação Paulista. Contudo, da mesma forma que se pode dizer que a Comissão tinha um perfil elitista na programação de boa parte da agenda das comemorações, é também inegável que, por meio da sua ação e em conjunto com a de outros agentes, foi possível que a cidade ganhasse um grande espaço público pluriclassista como o Parque Ibirapuera. Em alguns casos, a Comissão operou vetando o acesso de instituições da elite para auxílios financeiros - como a Sociedade Hípica Paulista e o Automóvel Clube do Brasil -, mas em outras ocasiões ela prestou cooperação econômica para algumas iniciativas populares, como foi o caso de um clube de futebol de várzea do bairro de Água Rasa, o Fla-Flu Futebol Club, que organizou torneios de futebol, shows artísticos e cinema ao ar livre em abril de 1954.162 162 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954f).
Dentro da Comissão, a politização popular também operou como um critério de exclusão. Foi o caso, por exemplo, da Federação da Juventude Paulista, uma organização esportivo-cultural do bairro industrial do Brás, que solicitou, em outubro de 1953, a incorporação de suas atividades comemorativas do dia 1º de maio ao calendário oficial dos festejos do IV Centenário. A resposta do diretor substituto de Cultura da Comissão, Acyr Teixeira, foi negativa, afirmando que “as festividades […], promovidas por uma ‘Federação’, com sindicatos e operários, correm elas perigo de fugir à simples intenção de festividades e lhe serem emprestadas intenções possivelmente políticas”.163 163 Id., 1954h. O esporte juvenil não deveria ser politizado nem instrumentalizado para agendas diferentes daquelas do espetáculo-entretenimento, do esporte e da educação física como campos de formação cívica. Não por acaso, a Comissão acolheu, sem discussões, a proposta da Federação Universitária Paulista de Esportes (FUPE) de incluir os XII Jogos Universitários Brasileiros de 1954 dentro do calendário comemorativo da fundação de São Paulo. Os jogos foram realizados em setembro daquele ano, com atividades no Estádio Municipal do Pacaembu, na Piscina Coberta da Água Branca e no ginásio do Clube de Regatas Tietê.164 164 Inauguram-se… (1954, p. 7).
“Maracanã a realidade. Ibirapuera o sonho desfeito” foi a manchete do dia 11 de outubro de 1954 do jornal carioca A Noite. Na reportagem, qualquer chance de organizar o Campeonato Mundial de Basquete foi abandonada. As dificuldades pelas quais tinha passado a construção do coliseu paulistano tornaram impossível cumprir os prazos requeridos pela Confederação Sul-Americana. Por sua parte, o jornal Mundo Esportivo, de São Paulo, não poupou críticas à organização das comemorações esportivas do IV Centenário, considerando a não organização do torneio como uma afronta ao orgulho paulistano:
Foi longa a história do II Campeonato Mundial de Bola ao Cesto. As perspectivas que para ele se abriam, aqui em São Paulo, eram as mais risonhas possíveis. Abriram-se manchetes. Empolgou-se o nosso público, a ansiedade crescia, as rendas estavam antecipadamente asseguradas. O sucesso estava garantido. No entanto, o Ibirapuera caminhava a passos de cágado. A hipótese de que o Ginásio fosse falhar, não ficando terminado, era continuamente afastada pelos responsáveis, que vira e mexe vinham a público, dizendo da certeza da apresentação na data necessária. Agora, tudo se esboroou. Não mais vamos ter esse grande acontecimento esportivo, digno das comemorações do IV Centenário. Faliram as promessas. O povo caiu desamparado na desilusão de mais um fracasso de homens que prometem com facilidade, não antevendo as dificuldades de cumprimento das promessas. Mas uma vez, o Maracanã passa a perna nos paulistas. Até quando continuará essa situação vexatória?165 165 Promessas e nada… (1954, p. 11).
Últimos trabalhos no canteiro de obras do Ginásio do Ibirapuera antes da inauguração, São Paulo, c. dez. 1956/jan. 1957.
O Campeonato Mundial de Basquete acabou sendo realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 22 de outubro e 5 de novembro. Com a participação de 12 seleções, a fase final foi disputada entre as equipes dos Estados Unidos, Brasil e Filipinas. O título acabou nas mãos dos norte-americanos, algo talvez esperado pelos especialistas. Provavelmente, esse resultado pouco importou para as autoridades do basquete e do esporte paulista, que devem ter seguido as partidas pelas reportagens dos jornais, transmissões radiofônicas e, talvez, pelos resumos televisivos. A festa esportiva paulista tinha perdido sua maior atração; enquanto isso, a finalização da construção do Ginásio do Ibirapuera deixou de ser prioritária.
Ginásio do Ibirapuera pronto para sua inauguração. São Paulo, 1957. De autoria de José Mascardi, a imagem foi reproduzida na revista Acrópole, em março de 1957, e em um número especial de L’Architecture d’aujourd’hui, publicado em fevereiro de 1958.
Entre 1955 e 1957, foram várias as reportagens publicadas sobre o estado das obras no canteiro do Ibirapuera, além de entrevistas com autoridades esportivas da cidade, em que estas afirmavam que seu maior anseio era ver o ginásio inaugurado. Isso só aconteceu em 25 de janeiro de 1957, quando, finalmente, ele foi inaugurado, ocasião da realização de um torneio de basquete entre as seleções masculinas do Brasil e da Argentina, além de um combinado dos melhores jogadores de São Paulo.166 166 Brasil… (1957, p. 8).
O Campeonato Mundial de Basquete não foi o único evento que fazia parte do calendário esportivo do IV Centenário que acabou sendo transferido para o Rio de Janeiro. Isso também aconteceu com o já mencionado Campeonato Sul-Americano de Remo e com o Sul-Americano de Esgrima, realizados em novembro de 1954 no ginásio do clube Fluminense, com a participação das equipes do Brasil, Colômbia, Chile e Uruguai.167 167 Se trajo… (1954, p. 10-11). O ciclismo poderia ter tido a mesma sorte ou ter sido definitivamente suspenso, o que de fato quase aconteceu.
Aparentemente, a ideia de financiar a construção de um velódromo moderno em São Paulo que servisse como local para a realização do Campeonato Pan-Americano de Ciclismo surgiu tarde, tendo em vista o tamanho do projeto e o prazo estipulado, pois o torneio estava agendado para finais de 1954. Somente no fim de julho de 1953 foi aberta a concorrência pública para a construção do Velódromo do Ibirapuera no interior do terreno pertencente ao DEESP, onde estava sendo construído o ginásio havia quatro meses.168 168 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953d). A decisão de localizar o velódromo no Ibirapuera apareceu em comunicações do DEESP com a Comissão em meados de 1951,169 169 Id., 1951. mas o projeto apresentado por Ícaro de Castro Mello para o ginásio, em 1952, incluía o Edifício das Federações e a Casa dos Atletas em vez do velódromo. Diante dessa dificuldade, dentro da Comissão do IV Centenário foi cogitada a possiblidade de construir o velódromo no antigo terreno do Hipódromo da Mooca.170 170 Id., 1952c. A ideia foi rapidamente descartada, enquanto o arquiteto fazia as adaptações necessárias no seu projeto para conseguir situar o velódromo na área esportiva do Ibirapuera. Para que isso fosse possível, Ícaro de Castro Mello modificou o projeto para o complexo esportivo da Água Branca, localizando lá os prédios das federações e os alojamentos dos atletas. A comunidade ciclista de São Paulo entendeu isso como um esforço do DEESP e especialmente de Sylvio Magalhães Padilha, o qual homenagearam em outubro de 1953 com a realização de uma prova ciclística com seu nome.171 171 Prova… (1953, p. 13).
Em agosto de 1953, a construtora Zarzur & Kogan foi escolhida para executar o projeto criado no interior do Departamento de Esportes.172 172 Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953f). Até agora não foi esclarecido, mas o plano finalmente executado teria sido o do arquiteto Oscar Arthur Morais Teixeira, que, pelo visto, também era funcionário do DEESP, em parceria com os engenheiros Henrique Angelo Mariotto e Yasuo Yamamoto, além do engenheiro Arthur Luiz Pitta.173 173 Velódromo… (1955, p. 14-15). A execução do projeto, de caráter urgente, tinha um prazo de 120 dias, pois a Comissão aguardava que estivesse pronto no início de 1954. O período foi insuficiente para a construtora: acusada de não cumprimento de contrato e deficiências técnicas no processo de edificação do velódromo (um relatório do Serviço de Engenharia da Comissão do IV Centenário, de agosto de 1954, afirmou que existiam graves problemas nas vigas de baldrame para as fundações dos muros sob a pista),174 174 Ibid. a construtora se escusou em razão de alguns custos extraordinários, um cálculo errado no orçamento inicial e demoras nos pagamentos por parte da Comissão. Tão atrasado como o ginásio, a conclusão do velódromo em finais de 1954 também parecia um assunto altamente complexo, com a vantagem de ser uma obra mais econômica e simples de finalizar.
O Velódromo do Ibirapuera foi inaugurado em novembro de 1954, com a realização do Campeonato Brasileiro de Ciclismo175 175 Cf. No velódromo (1954, p. 10) e Programada… (1954, p. 10). - em finais de outubro, os ciclistas paulistas já estavam realizando seus treinamentos lá.176 176 Treinam hoje… (1954, p. 13). Por sua vez, o Campeonato Sul-Americano de Ciclismo foi realizado nos primeiros dias de dezembro, com a participação de competidores uruguaios, colombianos, chilenos e brasileiros. Com pouco público nas arquibancadas - o correspondente da revista Estadio afirmou sarcasticamente que nem mesmo as famílias dos ciclistas brasileiros tinham acompanhado o campeonato177 177 Los uruguayos… (1954, p. 12-13). -, a competição tampouco teve muita atenção da imprensa local. A pista, de 500 metros de comprimento e 9 de largura, foi criticada por algumas questões do seu desenho, como pouca inclinação das curvas, o que ficou evidente alguns anos depois. Primeiro, com as reformas de 1958 para a realização do VIII Campeonato Americano de Ciclismo de Pista; e, logo depois, nos Jogos Pan-Americanos de 1963, quando o velódromo ficou desatualizado em relação às normas da UCI, que exigia pistas de 333 metros de comprimento. A reforma do edifício e sua mudança para um estádio atlético, projeto também do arquiteto Ícaro de Castro Mello de 1965,178 178 Velódromo do Ibirapuera (1965). foram a maior prova da rápida desatualização do projeto.179 179 No ano seguinte foi desenvolvida a reforma da cobertura do ginásio, mais uma obra de atualização do conjunto esportivo. A Companhia Brasileira de Alumínio encomendou para o fotógrafo Hans Günther Flieg uma série de imagens do canteiro de obras que dão conta desses melhoramentos. Cf. Cury (2017). O Velódromo do Ibirapuera foi transformado em pista atlética, enquanto a comunidade ciclista de São Paulo só ganharia um novo espaço em 1977, quando foi inaugurado o velódromo da Cidade Universitária, na USP. O complexo esportivo do Ibirapuera180 180 Em 1968, o conjunto foi nomeado Constâncio Vaz Guimarães, em homenagem ao atleta fundador da Federação Universitária Paulista de Esportes. foi complementado em 9 de julho de 1968, com a inauguração do conjunto aquático.181 181 O projeto foi realizado pelo arquiteto Nestor Lidenberg, responsável, entre outros, pelos estádios Walter Ribeiro, em São Bento, e Décio Vitta, em Americana, ambos no interior paulista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na contramão dos trabalhos que têm analisado as experiências bem-sucedidas de comemorações de 1954, esse artigo narrou um processo ineficaz desses festejos em relação ao cumprimento dos seus objetivos. Em termos gerais, o calendário esportivo do IV Centenário não cumpriu nem as promessas nem as expectativas que tinha proposto. Dos nove eventos oficiais que foram aprovados dentro da Comissão (Mundiais masculinos de Basquete e Voleibol, Pan-Americano de Ciclismo, Latino-Americano de Boxe, Sul-Americano de Atletismo, Natação, Esgrima e Tênis,182 182 Brasileiros e chilenos… (1954, p. 13). além do feminino de Basquete), só cinco deles foram realizados em São Paulo durante 1954. As competições de atletismo, natação, tênis e basquete feminino foram organizadas no complexo esportivo do Pacaembu, bem como o campeonato sul-americano de hóquei sobre patins,183 183 Cara… (1954, p. 7). mesmo sem o patrocínio da Comissão. O torneio latino-americano de boxe foi adiado para o começo de 1955 e, depois, definitivamente suspenso,184 184 Entre… (1955, p. 31). enquanto o campeonato mundial de voleibol não passou de uma simples ideia que nunca teve possibilidades reais de ser realizada. O campeonato mundial de basquete aconteceu no Maracanazinho, assim como o sul-americano de esgrima. Também poderíamos incorporar nessa lista as competições internacionais de remo, propostas pela Federação Paulista de Remo à Comissão, que finalmente foram realizadas na lagoa Rodrigo de Freitas, na Gávea, Rio de Janeiro. Somente o campeonato de ciclismo foi realizado em um dos novos edifícios esportivos da cidade - e com diversas dificuldades que fizeram com que o velódromo quase não estivesse pronto para as competições.
Antes que reproduzir o relato do sucesso dos festejos, esse artigo procurou mostrar o calendário esportivo do IV Centenário como uma experiência falida, em grande parte pela ineficácia da Comissão em gerenciar esse programa poliesportivo que exigia a construção de novos prédios. Das três obras que deviam ser executadas - ginásio, velódromo e edifício dos atletas -, somente a última conseguiu ser desenvolvida seguindo o calendário estabelecido no início. Coincidentemente, esse edifício foi o mais simples em sua execução, em grande parte porque já era um projeto do DEESP havia vários anos, o qual precisava, além dos alojamentos dos atletas, de um novo local para as sedes das federações esportivas do estado. No entanto, o Ginásio e o Velódromo do Ibirapuera dependeram, quase exclusivamente, do financiamento do Estado, sob responsabilidade da Comissão, que iniciou tardiamente as obras de construção desses edifícios. A aposta do esporte paulista foi arriscada, pois dependeu do orçamento de uma instituição que acabou orientando boa parte dos seus recursos para a realização das obras do Parque Ibirapuera. Como bem estudaram Cymbalista e Kuhn, em relação às comemorações religiosas do IV Centenário,185 185 Cymbalista e Kuhn (2019). as atividades que foram bem-sucedidas tiveram campanhas de apoio político e patrocínio financeiro promovidas pela sociedade civil, e, portanto, não apostaram exclusivamente no financiamento do Estado. Além disso, alguns desses projetos vinham sendo discutidos há décadas, como foi o caso da edificação da Catedral da Sé ou da reconstrução do Pátio do Colégio.
É possível pensar que, sem o contexto dos festejos do IV Centenário, teria sido difícil planejar a realização de um calendário de eventos esportivos dessa proporção na cidade ao longo de um ano. Porém, como mostramos no começo do texto, o esporte paulista passava por uma fase de acelerada internacionalização que mobilizou atletas, clubes e seleções das mais diversas modalidades esportivas, que viajavam para participar de competições. Da mesma forma, a cidade estava mais bem preparada do que outras metrópoles do continente para sediar grandes campeonatos, em razão do tamanho de sua indústria esportiva, o número de espectadores e torcedores de diferentes esportes, o crescimento da oferta privada de locais para a prática esportiva e o apoio do Estado à construção de complexos esportivos. São Paulo, Buenos Aires e Rio de Janeiro eram os grandes polos do esporte sul-americano, o que seria ratificado pelo apoio das federações internacionais, como a FIBA, e das confederações sul-americanas para organizar o calendário esportivo do IV Centenário. Ademais, a posição de Magalhães Padilha como coordenador do evento vaticinava o sucesso da atividade. O dirigente já era conhecido no continente e em outras latitudes, especialmente após exercer a função de chefe das delegações brasileiras nos Jogos Olímpicos de Londres, de 1948, e de Helsinki, de 1952, o que deve ter sido uma garantia para agentes e instituições internacionais. O apoio do DEESP e da CBD foi fundamental para que a CBB vencesse, em 1950, França, Estados Unidos, Uruguai e Chile na eleição para a sede do II Campeonato do Mundo de Basquete.
O modelo de administração das comemorações do IV Centenário, instituído pelo estado de São Paulo, criou uma autarquia, a Comissão do IV Centenário, que ficou encarregada por dezenas de eventos e atividades, incluindo o programa esportivo dos festejos dos 400 anos da cidade. Para organizar esse calendário, a Comissão convocou o líder do esporte paulista, Magalhães Padilha, que poderia facilitar as relações e negociações entre federações e clubes paulistas, comitês olímpicos e federações estrangeiras, poder público e imprensa. De provada experiência, a participação de Magalhães Padilha ajudaria a conseguir recursos, patrocínios e apoios públicos e privados, nacionais e internacionais. No papel, essa fórmula parecia lógica: Magalhães Padilha atuaria transitando entre diferentes âmbitos, aproveitando seu conhecimento das lógicas de financiamento e gerenciamento de projetos - afinal, ele tinha uma experiência de mais de 15 anos como diretor do DEESP. Porém, Magalhães Padilha não conseguiu ter o apoio da Comissão para cumprir o plano que propôs no final de 1951. Ainda que algumas das atividades do calendário tenham sido executadas - as que estavam planejadas para ser realizadas no Estádio Municipal do Pacaembu - e que dois dos edifícios projetados tenham sido inaugurados em 1954, o fato do Ginásio do Ibirapuera não ter ficado pronto para sediar o Campeonato Mundial de Basquete provavelmente foi considerado pelo próprio Magalhães Padilha como um fracasso.
A Comissão, preocupada especialmente com as outras obras do parque, dispôs a maior proporção do seu orçamento na construção dos edifícios do Ibirapuera, não abrindo mão da sua proposta de fazer das comemorações do IV Centenário uma oportunidade para projetar as narrativas da São Paulo industrial, moderna e vanguardista. Barone afirma que, na década de 1950, o Parque Ibirapuera
era proposto como lugar de vazão para uma ‘missão civilizatória’, herdeira do modernismo institucional paulistano da década de 1930, agora com feições voltadas para a massa urbana e para a construção de uma metrópole que tinha um futuro promissor.186 186 Barone, op. cit, p. 154.
Essa frase, centrada na continuidade de uma certa visão de mundo que entendia a promoção da cultura como um elemento essencial do desenvolvimento da sociedade paulista, nos leva a pensar na transformação das ideias que existiam dentro da intelectualidade paulistana em relação ao impulso do esporte e da atividade física.
Enquanto o DEESP dispôs de terrenos e elaborou os projetos dos complexos esportivos por meio do seu departamento de arquitetura, o financiamento das obras recaiu administrativamente sobre a Comissão, que atuou com um certo desdém quando foi necessário que arranjasse e liberasse verbas para ajudar a resolver os imprevistos no canteiro de obras do ginásio. De fato, a Comissão decidiu se omitir ou, pelo menos, não atuar com a velocidade necessária, provavelmente porque já não dispunha de verbas depois dos investimentos realizados no parque. Ainda assim, cabe se perguntar se aquilo não obedeceu também a uma suposição dentro da autarquia em relação a graus maiores de autonomia e capacidade financeira da indústria do espetáculo esportivo, que poderia ter contribuído para a finalização das obras.
Por outro lado, devemos considerar a crítica do diretor do basquete paulista à Comissão como parte das suspeitas (ou, pelo menos, da indiferença) geradas pelo programa cultural, que, por sua vez, foi produzido pelo segmento da elite industrial e artística que comandou a administração dos festejos. A carta do dirigente é um documento demonstrativo de uma fratura entre as instituições esportivas (especialmente o campo esportivo paulista) e esses segmentos da elite cultural, que não estava interessado ou deixou de se sentir responsável pelo impulso ao esporte como prática cívica e pedagógica.
Até agora não foram encontrados documentos dentro do Fundo da Comissão do IV Centenário que mostrem solicitações do DEESP para cofinanciar as obras. Tampouco foram descobertas informações que deem conta das prováveis tensões entre Magalhães Padilha e os membros da Comissão, assim como entre Magalhães Padilha e os representantes das federações esportivas paulistas interessadas no desenvolvimento do calendário esportivo pela cidade. Pouco conhecemos da importância que Guilherme de Almeida, presidente da Comissão em 1954, atribuía ao esporte. Todas essas pistas poderiam informar mais sobre os motivos extrafinanceiros que explicaram o fracasso do calendário esportivo, bem como revelar outras lógicas e interesses que operaram na realização das comemorações do IV Centenário.
Vale pensar que o fracasso organizativo do esporte no IV Centenário pode ter sido uma experiência valiosa para a coordenação dos Jogos Pan-Americanos de 1963, sediados na cidade. Alguns dos complexos esportivos analisados no artigo foram palco das competições, tais como o Ginásio e o Parque Ibirapuera, além do Estádio Municipal do Pacaembu e o Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi, no Bom Retiro, junto com outros construídos pelo poder público, mas agora sem a participação do DEESP, como foi o caso da Vila Panamericana e o Centro de Práticas Esportivas, ambos localizados no interior da Cidade Universitária da USP.
Por fim, devemos compreender tanto a crise do ginásio e do velódromo em 1954 quanto as atuais tentativas de concessão que ameaçam tirar a função social e esportiva do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães como parte das tensões, continuidades e fraturas do percurso que tem constituído o Parque Ibirapuera. A construção de um parque de escala metropolitana, acesso público e livre a pessoas de diferentes classes sociais que desfrutam do seu direito ao lazer ao ar livre, tem sido uma grande conquista da sociedade paulistana durante o último século. O ginásio e o velódromo primeiro, e logo depois o parque aquático são parte dessa ideia.
Compreender a história do ginásio e do complexo esportivo é também aprender sobre a história da arquitetura e do urbanismo brasileiro, assim como a história do direito ao lazer no Brasil, uma questão fundamental dentro das discussões sobre o que fazer deveria ser feito nas comemorações dos 400 da cidade de São Paulo. O Ibirapuera não era arte e indústria exclusivamente, mas também um local para a prática do esporte, o lazer e o espetáculo. Nesse sentido, o ginásio e o velódromo são tão constitutivos do parque como os pavilhões e a marquise. Desancorar o complexo esportivo da sua história é apagar uma das principais narrativas que justificaram a construção de um dos principais espaços públicos da cidade.
REFERÊNCIAS FONTES IMPRESSAS
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Ao Serviço de Esportes solicitando verificar as possibilidades de construção do ‘Velódromo’ no antigo Hipódromo da Moóca São Paulo: [s. n.], 1952c. Processo 451/52, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Apresenta proposta para o projeto da estrutura em concreto armado do Velódromo São Paulo: [s. n.], 1953f. Processo 2299/53, caixa 232. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Apresenta proposta do troféu confeccionado para a corrida de São Silvestre e solicita autorização para a confecção de mais nove São Paulo: [s. n.], 1954k. Processo 2974/54, caixa 229. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Apresenta relatórios do andamento dos serviços de construção do Ginásio de Esportes e do Alojamento de Atletas São Paulo: [s. n.], 1953e. Processo 2623/53, caixa 196. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Coloca à disposição desta Autarquia, o Teatro Cultura Artística e solicita um auxílio de Cr$ 4.000.000,00 a fim de atender às reformas necessárias para sua adaptação São Paulo: [s. n.], 1953c. Processo 2090/53, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Comunica a efetivação do Campeonato Brasileiro do Remo e o III Campeonato Sul-americano do Remo, em São Paulo, por ocasião das comemorações do IV Centenário e solicita providências junto à Prefeitura no sentido de ser construída a respectiva raia olímpica, onde deverão realizar-se essas competições São Paulo: [s. n.], 1952b. Processo 992/52, caixa 36. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Comunica que põe o seu terreno, situado no Parque Ibirapuera, à disposição desta Comissão, para ali ser construído o Ginásio São Paulo: [s. n.], 1952e. Processo 450/52, caixa 57. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha ofício da Federação da Juventude Paulista, sobre a sua participação nas comemorações do IV Centenário São Paulo: [s. n.], 1954h. Processo 2844/54, caixa 84. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha processo em que o Departamento de Esportes presente sugestões sobre o aproveitamento de terrenos situados no Ibirapuera São Paulo: [s. n.], 1951. Processo 24/51, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. H.L. Pach oferece seus préstamos profissionais no sentido de ser feita propaganda eficiente e lucrativa em Amsterdam (Holanda) do IV Centenário da Cidade, e apresenta forma de pagamento São Paulo: [s. n.], 1952g. Processo 927/52, caixa 358. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre a adaptação do Ginásio do Pacaembu para apresentação do Ballet do IV Centenário São Paulo: [s. n.], 1954j. Processo 4398/54, caixa 107. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre a inclusão de um carro de São Paulo, custeado por esta Autarquia, na caravana da I Volta do Atlântico São Paulo: [s. n.], 1954i. Processo 4474/54, caixa 84. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre a publicação, no Diário Oficial, do edital referente a concorrência pública para execução por empreitada, do Alojamento de Atletas, na Água Branca São Paulo: [s. n.], 1952i. Processo 977/52, caixa 359. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre edital de concorrência pública para execução por empreitada de preços unitários, sem reajustamento, do Velódromo São Paulo: [s. n.], 1953d. Processo 2255/53, caixa 176. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre o equipamento para o Ginásio de Esportes São Paulo: [s. n.], 1953g. Processo 2355/53, caixa 196. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre oferecimento, por parte desta Autarquia de medalhas comemorativas aos vencedores do Campeonato Brasileiro de Xadrez São Paulo: [s. n.], 1955a. Processo 5534/55, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre transferência das obras referentes ao Pavilhão das Indústrias, Palácio de Agricultura e Ginásio, para o controle do Estado São Paulo: [s. n.], 1953a. Processo 2492/53, caixa 52. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita autorização para contratar os serviços do engenheiro Paulo Franco Rocha, referente a execução de novos cálculos da estrutura de concreto armado do Alojamento de Atletas São Paulo: [s. n.], 1952h. Processo 973/52, caixa 358. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita auxílio financeiro destinado à participação do Brasil no X Campeonato Mundial de Hóquei que se realizará em Barcelona, Espanha São Paulo: [s. n.], 1954e. Processo 3150/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, patrocinar uma competição automobilística denominada 100 Milhas de Ibirapuera São Paulo: [s. n.], 1954a. Processo 4319/54, caixa 59. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, um auxílio financeiro para a realização do II Campeonato Mundial Masculino de Basketball São Paulo: [s. n.], 1954b. Processo 4400/54, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, medalhas de prata e bronze: Campeonato Brasileiro de Volleyball. São Paulo: [s. n.], 1954c. Processo 4450/54, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, auxílio financeiro para a realização de um torneio internacional de hóquei sobre patins São Paulo: [s. n.], 1955b. Processo 6024/55, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita do sr. Nicanor Teixeira de Miranda, aproveitando o ensejo de sua viagem à Europa, sem ônus para a Autarquia, tratar de assuntos que estão afetos ao Serviço de Comemorações Culturais São Paulo: [s. n.], 1952a. Processo 839/52, caixa 36. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita o pronunciamento desta Autarquia no sentido de serem elucidadas dúvidas referentes às construções já iniciadas no Parque Ibirapuera, local em que a Diretoria de Obras Públicas pretende levantar um dos pavilhões da Escola de Educação Física do Estado São Paulo: [s. n.], 1953b. Processo 1884/53, caixa 57. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita pagamento referente à primeira medição das obras do Alojamento de Atletas São Paulo: [s. n.], 1952f. Processo 1465/52, caixa 255. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita providências do Senhor Prefeito, no sentido de ser conseguida a mudança dos grupos conhecidos por ‘favelas’ existentes nos terrenos do Parque Ibirapuera, para a localização das construções dos edifícios destinados à Feira de 1954 São Paulo: [s. n.], 1952d. Processo 224/52, caixa 42. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita um auxílio de Cr$ 3.000,00 para fazer face às despesas oriundas do programa festivo que se realizará São Paulo: [s. n.], 1954f. Processo 3290/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita um auxílio de Cr$ 8.000.000,00 para a realização de seu programa às comemorações do IV Centenário São Paulo: [s. n.], 1954g. Processo 3300/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
- COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita uma verba para pagamento de várias despesas que foram realizadas durante as ‘Regatas das Forças Armadas’ e ‘Regata da Fundação da Cidade de São Paulo São Paulo: [s. n.], 1954d. Processo 3091/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).
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- QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Ufanismo paulista: vicissitudes de um imaginário. Revista USP, São Paulo, v. 13, p. 78-87, 1992.
- REIN, Raanan. Política, deporte y diplomacia cultural: la Nueva Argentina de Perón y los Juegos Panamericanos de 1951. Anuario del Instituto de Historia Argentina, La Plata, v. 17, n. 1, p. 1-16, 2017.
- RIBEIRÃO Preto apressa a construção do seu ginásio. Última Hora , Rio de Janeiro, p. 7, 21 jul. 1952.
- RIBEIRO, David William Aparecido. Uma exposição para o IV Centenário de São Paulo: um historiador português narra a “história bandeirante”. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 26, p. 1-65, 2018.
- ROZAS, Valentina. Ni tan elefante, ni tan blanco: arquitectura, urbanismo y política en la trayectoria del Estadio Nacional. Santiago: RIL, 2014.
- RUÍRAM as torres de Ibirapuera! A Noite , Rio de Janeiro, p. 8, 11 set. 1954.
- SANTORO, Paula. A relação da sala de cinema com o espaço urbano em São Paulo: do provinciano ao cosmopolita. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, 11., 2005, Salvador. Anais […]. Salvador: ANPUR, 2005. p. 1-26.
- SANTOS, João Manuel Casquinha Malaia; DRUMOND, Mauricio; MELO, Victor Andrade de. Celebrando a nação nos gramados: o Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1922. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 57, p. 151-174, 2012.
- SAÚDE de graça. Gazeta Esportiva Ilustrada , São Paulo, n. 20, p. 32-35, jun. 1954.
- ¡SE HACE el velódromo! El Gráfico , Buenos Aires, n. 1592, p. 22-23, 10 fev. 1950.
- SE SOBRÓ Brasil. Estadio , Santiago, n. 574, p. 20-23, 15 maio 1954.
- SE TRAJO un laurel. Estadio , Santiago, n. 605, p. 10-11, 18 dez. 1954.
- SENSACIONAL torneio de natação. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 13, 6 nov. 1953.
- SERÁ uma realidade a construção do Palácio dos Sports. Diário da Noite, São Paulo, p. 5, 4 fev. 1948.
- SODRE, João Clark de A. A casa bandeirista de Luís Saia no IV Centenário de São Paulo: restauração e preservação da identidade paulista. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 5., 2003, São Carlos. Anais […]. São Carlos: Escola de Engenharia, Universidade de São Paulo, 2003.
- TEATRO Maria Della Costa, em São Paulo. Habitat, São Paulo, n. 19, p. 23-25, nov./dez. 1954.
- TEMA obrigatório. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 11, 29 abr. 1952.
- TORNEO sin historia. Estadio , Santiago, n. 568, p. 20-21, 3 abril 1954.
- TREINAM hoje os pedalistas bandeirantes para a disputa do Campeonato Brasileiro de Ciclismo. Correio Paulistano , São Paulo, p. 13, 24 out. 1954.
- UM CAMPO oficial para a prática do Base-ball! A Gazeta Esportiva, São Paulo, p. 4, 23 jun. 1948.
- UM SUCESSO absoluto a competição internacional de natação. Sport Ilustrado, Rio de Janeiro, n. 815, p. 13, 19 nov. 1953.
- UMA PRAÇA de esportes no Parque ‘Pedro II’ para os certames mundiais do 4º centenário”. Jornal de Notícias, São Paulo, p. 7, 18 out. 1951.
- VAI SAIR o estádio tricolor. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 4, 10 out. 1952.
- VELÓDROMO de Ibirapuera. Habitat, São Paulo, n. 20, p. 14-15, 1955.
- Y VA DE EMPATES…Estadio , Santiago, n. 593, p. 14-15, 25 set. 1954.
-
2
Anelli (2020ANELLI, Renato. Pedido de Tombamento do Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães. Processo Condephaat n. 01238/2017. Minha Cidade-Vitruvius, São Paulo, v. 21, n. 244.03, nov. 2020.).
-
3
Santos, Drumond e Melo (2012SANTOS, João Manuel Casquinha Malaia; DRUMOND, Mauricio; MELO, Victor Andrade de. Celebrando a nação nos gramados: o Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1922. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 57, p. 151-174, 2012.).
-
4
Cf. Fraga (2009FRAGA, Gerson Wasen, “A derrota do Jeca” na imprensa brasileira: nacionalismo, civilização e futebol na Copa do Mundo de 1950. 2009. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.) e Lage e Couto (2016LAGE, Marcus Vinícius Costa; COUTO, Euclides de Freitas. Representações do nacionalismo em tempos de Copa do Mundo: um estudo sobre a “grande imprensa” mineira (1949-1950). Recorde: Revista de História do Esporte, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 1-17, 2016.).
-
5
Rein (2017REIN, Raanan. Política, deporte y diplomacia cultural: la Nueva Argentina de Perón y los Juegos Panamericanos de 1951. Anuario del Instituto de Historia Argentina, La Plata, v. 17, n. 1, p. 1-16, 2017.).
-
6
Gaffney (2008GAFFNEY, Christopher. Temples of the earthbound gods: stadiums in the cultural landscapes of Rio de Janeiro and Buenos Aires. Austin: University of Texas Press, 2008.).
-
7
Atique, Sousa e Gessi (2015ATIQUE, Fernando; SOUSA, Diogenes, GESSI, Hennan. Uma relação concreta: a prática do futebol em São Paulo e os estádios do Parque Antarctica e do Pacaembu. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 91-109, 2015.) e Mehrtens-Peixoto (2010MEHRTENS-PEIXOTO, Cristina. Urban space and national identity in Early Twentieth Century: São Paulo, Brazil: Crafting modernity. New York: Palsgrave MacMillan, 2010.).
-
8
Rozas (2014ROZAS, Valentina. Ni tan elefante, ni tan blanco: arquitectura, urbanismo y política en la trayectoria del Estadio Nacional. Santiago: RIL, 2014.).
-
9
Hora (2014HORA, Roy. Historia del turf argentino. Buenos Aires: Siglo XXI, 2014.).
-
10
Carelli e Bordón (2017CARELLI, Guido; BORDÓN, Juan Manuel. Luna Park: el estadio del pueblo: el ring del poder. Buenos Aires: Sudamericana, 2017.).
-
11
A Comissão… (1952A COMISSÃO do IV Centenário ao povo de São Paulo. Anhembi, São Paulo, n. 21, p. 534-535, ago. 1952., p. 534-535).
-
12
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1951COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha processo em que o Departamento de Esportes presente sugestões sobre o aproveitamento de terrenos situados no Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1951. Processo 24/51, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
-
13
Queiroz (1992QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Ufanismo paulista: vicissitudes de um imaginário. Revista USP, São Paulo, v. 13, p. 78-87, 1992.) e Marins (1999MARINS, Paulo César Garcez. O parque do Ibirapuera e a construção da identidade paulista. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material , São Paulo, v. 6, n. 1, p. 9-36, 1999.).
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14
Esse foi o caso do escritor norte-americano William Faulkner, que, em ocasião da sua participação no Congresso Internacional de Escritores, fez um passeio pelo triângulo do centro junto a um repórter da revista A Cigarra. Como vários estrangeiros que passavam pela cidade, ele perguntava se aquela riqueza era simplesmente resultado da atividade cafeeira, desconhecendo o peso do comércio e da indústria na economia paulista. Cf. Foto-reportagem… (1954FOTO-REPORTAGEM com William Faulkner. A Cigarra, São Paulo, v. 35, n. 11, p. 34-35, nov. 1954., p. 34-35).
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15
48 horas… (195448 HORAS en São Paulo. Estadio, Santiago, n. 567, p. 14-15, 27 mar. 1954., p. 14-15).
-
16
Fontes (2013FONTES, Paulo. Trabalhadores e associativismo urbano no governo Jânio Quadros em São Paulo (1953-1954). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 33, n. 66, p. 71-94, 2013.).
-
17
Id., 2008FONTES, Paulo. Um Nordeste em São Paulo: trabalhadores migrantes em São Miguel Paulista: 1945-66. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008..
-
18
Arruda (2001ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Metrópole e cultura: São Paulo no meio século XX. Bauru: Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2001.).
-
19
Pontes (2016PONTES, Heloisa. San Pablo: la ciudad en escena: teatro y culturas urbanas disidentes. In: GORELIK, Adrián; PEIXOTO, Fernanda (Ed.). Ciudades sudamericanas como arenas culturales. Buenos Aires: Siglo XXI , 2016. p. 366-383.).
-
20
Mello (2011MELLO, Joana. Os arquitetos estrangeiros e o mercado imobiliário através da experiência de Jacques Pilon. In: LANNA, Ana Lúcia Duarte; PEIXOTO, Fernanda Arêas; LIRA, José Tavares Correia de; SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de. (Ed.). São Paulo, os estrangeiros e a construção das cidades. São Paulo: Alameda, 2011. p. 245-260.).
-
21
Por exemplo, a aparição de uma tipologia como as quitinetes deu conta não só de algumas variações do valor da terra e das novas estratégias das incorporadoras, mas também da mudança da sociabilidade urbana produzida pela metropolização e modernização cultural de São Paulo. Esses processos tornaram possível a aparição, dentro do mercado habitacional paulistano, de pequenos apartamentos direcionados a solteiros ou casais que podiam prescindir de grandes cozinhas, salões de visita ou gabinetes, substituindo-as pelos bens e serviços que a cidade oferecia. Os edifícios de quitinetes começaram a ser cada vez mais comuns no centro de São Paulo, assim como outras tipologias, como os apartamentos duplex, que existiam como habitações para classes médias e altas no centro da cidade desde finais da década de 1930. Cf. Costa (2018COSTA, Sabrina Studart Fontenele. Apartamentos duplex: uma ideia moderna sobre o morar e a proposta de uma tipologia habitacional. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material , São Paulo, v. 26, p. 1-40, 2018.) e Mello (2013MELLO, Joana. Habitar a metrópole: os apartamentos quitinetes de Adolf Franz Heep. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material , São Paulo, v. 21, n. 1, p. 141-157, 2013.).
-
22
Apartamentos (1954APARTAMENTOS. Correio Paulistano , São Paulo, p. 20, 19 set. 1954., p. 20).
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23
Entregue… (1953ENTREGUE aos condôminos moderno edifício na rua Bento Freitas. Correio Paulistano , São Paulo, p. 5, 10 jun. 1953., p. 5).
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24
Algumas incorporadoras entenderam o IV Centenário como uma possibilidade de dotar seus projetos com uma certa aura comemorativa, pelo menos em termos publicitários. Foi o caso do Edifício Montreal, entregue em 1954, um projeto de Oscar Niemeyer construído pela Companhia Nacional de Investimentos, incorporadora presidida por Francisco Prestes Maia, a mesma responsável por outros projetos na região central da cidade, como na rua Bento Freitas ou na rua dos Andradas. Outras incorporadoras atuantes na região central, como a comercial e construtora Dácio A. de Moraes, especializada na construção em altura desde meados da década de 1930, diversificaram seu mercado e ofereceram novos projetos em diferentes zonas da região central, orientados a públicos variados. Cf. Futuro… (1949FUTURO edifício Othon. Acrópole, São Paulo, n. 134, p. 60-61, jun. 1949., p. 60-61), Lofego (2012LOFEGO, Silvio Luiz. IV Centenário da cidade de São Paulo: a construção do passado e do futuro nas comemorações de 1954. 2012. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.), Prédio… (1953PRÉDIO de apartamento a Avenida Ipiranga. Acrópole, São Paulo, n. 182, jun. 1953., p. 77) e Prédio… (1939PRÉDIO Ita, Rua Barão de Itapetininga. Acrópole, São Paulo, n. 18, p. 1, out. 1939., p. 1).
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25
Alguns desses prédios de salas de escritórios, como o Edifício Esplanada (1948) no Vale de Anhangabaú, inovaram no uso do concreto armado e na incorporação das grandes salas livres. No entanto, o centro tradicional também passava por um processo de verticalização comercial, com projetos como o Edifício Triângulo e os novos edifícios institucionais do Banco do Brasil e do Banco Cruzeiro do Sul. Cf.: Edifício… (1954EDIFÍCIO Banco Cruzeiro do Sul. Acrópole, São Paulo, n. 191, p. 519-521, ago. 1954., p. 519-521) e Fialho (2007FIALHO, Roberto Novelli. Edifícios de escritórios na cidade de São Paulo. 2007. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.).
-
26
Edifício… (1953EDIFÍCIO O Estado de São Paulo. Acrópole, São Paulo, n. 181, maio 1953., p. 461-464).
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27
Isso aconteceu com alguns projetos emblemáticos da época, como o edifício e a galeria California, na rua Sete de Abril (1951), projetado por Oscar Niemeyer e Carlos Lemos; o Edifício Eiffel (1953), na Praça da República, também de Niemeyer; e o Conjunto Nacional (1954), localizado na Avenida Paulista e projetado por David Libeskind.
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28
Esse foi o caso, por exemplo, dos cinemas Marrocos (1951), na rua Conselheiro Crispiano, localizada na Praça da República (1950); Oasis, na Praça Júlio Mesquita; Plaza, na Praça Marechal Deodoro; Paris, no Bom Retiro; e Monark, na Bela Vista - todos inaugurados em 1952. O Marrocos, como vários dos principais cinemas do centro, transformou-se em um novo local para a sociabilidade e lazer das elites econômicas e culturais da cidade, que tinham a oportunidade de desfrutar do bar e dos salões, antes, nos intervalos e após as sessões dos filmes. Esse cinema, ponto de encontro da intelectualidade da cidade, foi escolhido, nos festejos do IV Centenário, como a sede do Festival Internacional de Cinema. Cf. Baile… (1951BAILE das quatro artes nos Mares do Sul. Correio Paulistano , São Paulo, p. 3, 13 jan. 1951., p. 3); O novo… (1951O NOVO e majestoso Cine Marrocos será inaugurado dia 25 do corrente. Correio Paulistano , São Paulo, p. 17, 14 jan. 1951., p. 17).
-
29
Santoro (2005SANTORO, Paula. A relação da sala de cinema com o espaço urbano em São Paulo: do provinciano ao cosmopolita. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL, 11., 2005, Salvador. Anais […]. Salvador: ANPUR, 2005. p. 1-26.).
-
30
No início de 1950, o Masp organizou uma exposição sobre os trabalhos arquitetônicos e urbanísticos de Le Corbusier e Richard Neutra enquanto organizava sua própria Escola de Design Industrial. Cf. Leon (2014LEON, Ethel. IAC: primeira escola de design do Brasil. São Paulo: Blucher, 2014.).
-
31
Além de um dos maiores empresários da indústria paulista e latino-americana, Ciccillo tinha também uma extensa rede de contatos e relações no mundo artístico-cultural continental e europeu como colecionista, mecenas e fundador do Museu de Arte Moderna (1948), da Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949) de São Bernardo do Campo, que foi criada em pareceria com Franco Zampari, produtor teatral e empresário italiano radicado em São Paulo, e como fundador do Teatro Brasileiro de Comédia (1948) e da Bienal de São Paulo (1951).
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32
O projeto do teatro, feito pelo arquiteto Rino Levi, respondeu a um anseio que vinha sendo discutido desde meados da década de 1940.
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33
A I Bienal de São Paulo foi organizada na esplanada do Trianon, na Avenida Paulista. Dela participaram, entre outros, o suíço Siegfried Giedion, o japonês Junzo Sakakura e o mexicano Mario Pani. A participação de Giedion, histórico secretário-geral dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), pode ser entendida como uma dupla estratégia para dotar de prestígio a exposição e divulgar a produção brasileira dentro do cenário internacional. Cf. Oliveira (2005OLIVEIRA, Fabiano Lemes de. Siegfried Giedion e o caso brasileiro: uma aproximação historiográfica. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 6., 2005, Niterói, Rio de Janeiro. Anais […]. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2005. p. 1-19.).
-
34
A II Bienal teve como sede o Palácio dos Estados (atual Pavilhão das Culturas Brasileiras) e o Palácio das Nações (atual Museu Afro Brasil), e foi realizada entre meados de dezembro de 1953 e meados de janeiro de 1954.
-
35
Lofego (2012LOFEGO, Silvio Luiz. IV Centenário da cidade de São Paulo: a construção do passado e do futuro nas comemorações de 1954. 2012. Tese (Doutorado em História) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.).
-
36
São Paulo (1951aSÃO PAULO. Lei nº 4.052, de 30 de maio de 1951. Cria a comissão encarregada de promover os festejos comemorativos do IV Centenário da fundação da cidade de São Paulo. São Paulo: Câmara Municipal, [1951a]. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3VZrLJP . Acesso em: 14 dez. 2022.
https://bit.ly/3VZrLJP... ). -
37
Ibid., 1951bSÃO PAULO. Lei nº 4.166, de 29 de dezembro de 1951. Cria uma entidade autárquica denominada Comissão do IV Centenário da cidade de São Paulo, e dá outras providências. São Paulo: Câmara Municipal , [1951b]. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3j3Be4n . Acesso em: 14 dez. 2022.
https://bit.ly/3j3Be4n... . -
38
Marins (1999MARINS, Paulo César Garcez. O parque do Ibirapuera e a construção da identidade paulista. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material , São Paulo, v. 6, n. 1, p. 9-36, 1999., 2007MARINS, Paulo César Garcez. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes e a tradição da retratística monárquica européia. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, v. 44, p. 77-104, 2007.).
-
39
O filme “São Paulo, sinfonia da metrópole” (1929), dirigido por Adalberto Kemeny e Rodolfo Rex, é definido por alguns pesquisadores como uma propaganda do progresso paulista produzida antes da grande crise econômica mundial e política do Brasil. Cf. Peixoto e Bispo (2016PEIXOTO, Fernanda Arêas; BISPO, Alexandre Araújo. San Pablo: El edificio Martinelli y la euforia vertical (años 1930). In: GORELIK, Adrián; PEIXOTO, Fernanda (Ed.). Ciudades sudamericanas como arenas culturales. Buenos Aires: Siglo XXI , 2016. p. 174-189.).
-
40
Arruda, op. cit.
-
41
Makino (2003MAKINO, Miyoko. Ornamentação do Museu Paulista para o Primeiro Centenário: construção de identidade nacional na década de 1920. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material , São Paulo, v. 10-11, n. 1, p. 167-195, 2003.) e Marins (2007MARINS, Paulo César Garcez. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes e a tradição da retratística monárquica européia. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, v. 44, p. 77-104, 2007.).
-
42
Sodre (2003SODRE, João Clark de A. A casa bandeirista de Luís Saia no IV Centenário de São Paulo: restauração e preservação da identidade paulista. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 5., 2003, São Carlos. Anais […]. São Carlos: Escola de Engenharia, Universidade de São Paulo, 2003.).
-
43
Ribeiro, op. cit.
-
44
O interesse pela construção das pontes com o passado bandeirante fazia parte de um esforço de segmentos da intelectualidade paulista desde inícios do século XX. A chegada, em março de 1954, de Guilherme de Almeida à direção da Comissão do IV Centenário teria acentuado esse processo, com operações como a da Casa Bandeirante do Butantã. Cf. Sodre (2003SODRE, João Clark de A. A casa bandeirista de Luís Saia no IV Centenário de São Paulo: restauração e preservação da identidade paulista. In: SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 5., 2003, São Carlos. Anais […]. São Carlos: Escola de Engenharia, Universidade de São Paulo, 2003.).
-
45
Barone (2018BARONE, Ana Cláudia Castilho. Ibirapuera: Parque Metropolitano (1926-1954). São Paulo: Intermeios: Fapesp, 2018.).
-
46
Mesmo que instituído pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o IV Congresso de Arquitetos do Brasil foi organizado como parte das comemorações do IV Centenário. Marcadamente internacionalista em seus debates, o congresso teve a participação de Walter Gropius e Alvar Aalto, além de dezenas de outros arquitetos estrangeiros, a maioria da América do Sul. Em 1954 foram organizados, entre outros, o Congresso Brasileiro de Sociologia, os Internacionais de Americanistas, de Escritores e de Teatros, assim como o Panamericano de Puericultura e Pediatria. Cf. Dedecca (2012DEDECCA, Paula Gorenstein. Sociabilidade, crítica e posição: o meio arquitetônico, as revistas especializadas e o debate do moderno em São Paulo (1945-1965). 2012. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.).
-
47
Barone, op. cit.
-
48
Stocker das Neves criticou fortemente a estética do projeto de Niemeyer, assim como a programação da Bienal, à qual ele se referiu como uma “manifestação internacionalista de uma pseudo arte que ao contrário da arte pura, só produz galhofas, revolta, náuseas”, comentário que relembra suas críticas à Casa Modernista de Warchavchik, em 1930. Cf. Chagrin-Lá (1954CHAGRIN-LÁ. Correio Paulistano , São Paulo, p. 8, 14 jan. 1954., p. 8).
-
49
O termo “arena cultural” foi proposto por Richard Morse como ferramenta de análise das relações entre cidade e cultura na América Latina, assim como dos processos de modernização das grandes metrópoles da região. Sua atenção era direcionada às características da cidade que tinham modelado sua vida cultural, assim como os efeitos das representações da cidade sobre as formas de nomear, modelar e experimentar a realidade urbana. Cf. Morse (1985MORSE, Richard. Ciudades periféricas como arenas culturales. In: MORSE, Richard; Hardoy, Jorge Enrique (Comp.). Cultura urbana latino-americana. Buenos Aires: CLACSO, 1985. p. 39-62.) e Peixoto e Gorelik (2016PEIXOTO, Fernanda Arêas; GORELIK, Adrián. Introducción: cultura y perspectiva urbana. In: GORELIK, Adrián; PEIXOTO, Fernanda (Ed.). Ciudades sudamericanas como arenas culturales. Buenos Aires: Siglo XXI , 2016. p. 174-189.).
-
50
Cymbalista e Kuhn (2019CYMBALISTA, Renato; KUHN, João Carlos Santos. IV Centenário de São Paulo, festa religiosa. In: LANNA, Ana Lucia D.; SOUCHAUD, Sylvain; CYMBALISTA, Renato (Org.). Transições metropolitanas e centralidades nas metrópoles brasileiras no breve século XX. São Paulo: Annablume, 2019. p. 187-237.).
-
51
Cymbalista e Kuhn (2015CYMBALISTA, Renato; KUHN, João Carlos Santos. Rebuilding the Jesuit Church and College: The Power of Toponymy, Representations and Catholic Advocacy in Nineteenth-Twentieth-Century. In: MAGER, Tino (Ed.). Architecture RePerformed: The Politics of Reconstruction. Londres: Ashgate, 2015. p. 65-82.) e Kuhn (2018KUHN, João Carlos Santos. Resistências sagradas: Pátio de Colégio, secularização e reconstrução. São Paulo: Annablume , 2018.).
-
52
Barone, op. cit.
-
53
Cymbalista e Kuhn (2019CYMBALISTA, Renato; KUHN, João Carlos Santos. IV Centenário de São Paulo, festa religiosa. In: LANNA, Ana Lucia D.; SOUCHAUD, Sylvain; CYMBALISTA, Renato (Org.). Transições metropolitanas e centralidades nas metrópoles brasileiras no breve século XX. São Paulo: Annablume, 2019. p. 187-237.).
-
54
A corrida… (1953A CORRIDA de São Silvestre marca o início das comemorações esportivas do IV Centenário. Correio Paulistano, São Paulo, p. 12, 23 dez. 1953., p. 12).
-
55
Askwith (2016ASKWITH, Richard. Today we die a little! The inimitable Emil Zátopek, olympic legend to Cold War hero. Londres: Yellow Jersey Press, 2016.).
-
56
La XXIX Corrida… (1954LA XXIX CORRIDA de San Silvestre. Corrida espectacular. Estadio , Santiago, n. 557, p. 20-21, 16 jan. 1954., p. 20-21).
-
57
Nicolini (2015NICOLINI, Henrique. Zatopek na São Silvestre. Gazeta Esportiva , São Paulo, 18 maio 2015. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3W1MIn7 . Acesso em: 10 jul 2022.
https://bit.ly/3W1MIn7... ). -
58
Alves (2008ALVES, Vida. TV Tupi: uma linda história de amor. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008.).
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59
O biógrafo de Cicillo Matarazzo, Fernando Azevedo de Almeida, afirma que, no início da década de 1950, a linha aérea São Paulo-Rio de Janeiro estava classificada como a segunda no ranking mundial de movimento de passageiros, abaixo somente da rota Nova York-Washington. Cf. Almeida (1976ALMEIDA, Fernando de Azevedo. O Francisco Ciccillo. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1976.).
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60
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952gCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. H.L. Pach oferece seus préstamos profissionais no sentido de ser feita propaganda eficiente e lucrativa em Amsterdam (Holanda) do IV Centenário da Cidade, e apresenta forma de pagamento. São Paulo: [s. n.], 1952g. Processo 927/52, caixa 358. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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61
O sensacional… (1924O SENSACIONAL encontro de hoje no Parque Antarctica: Spalla vs. Benedicto. Correio Paulistano , São Paulo, p. 6, 11 maio 1924., p. 6).
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62
Após a II Guerra Mundial, a equipe olímpica japonesa foi impedida de participar dos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948. Alguns dos seus melhores esportistas, especificamente quatro nadadores, começaram, então, a viajar pelo mundo fazendo exibições. O time de natação, que contava com o Hironoshin Furuhashi como seu maior craque, participou do Campeonato Nacional dos Estados Unidos, em 1949, batendo vários recordes mundiais. Tal sucesso os levou a realizar uma turnê pela América do Sul, que incluiu uma longa visita ao Brasil, em março de 1950.
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63
Confederação Brasileira de Desportos (1950CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS. Campeonatos brasileiros de natação, saltos, water-polo e demonstrações dos nadadores japoneses: em 23, 24, 25 e 26 de março de 1950 na piscina do Estádio Municipal de Pacaembú. São Paulo: CBD, 1950. Programa oficial.).
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64
Segundo o jornalista Henrique Nicolini (2013NICOLINI, Henrique. Declaração de amor ao Pacaembu. Gazeta Esportiva, São Paulo, 14 jun. 2013. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3FDSMgm . Acesso em: 20 jul. 2022.
https://bit.ly/3FDSMgm... ), naquele momento repórter da Gazeta, foi a primeira vez que o hino nacional japonês foi tocado após quase uma década de perseguição política. -
65
Chegaram… (1951CHEGARAM os tenistas japoneses. Folha da Manhã, São Paulo, p. 7, 10 abr. 1951., p. 7).
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66
Esperam-se… (1951ESPERAM-SE ótimos resultados técnicos na competição internacional do DEESP. Folha da Manhã , São Paulo, p. 7, 15 jun. 1951., p. 7).
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67
A morte… (1951A MORTE entre os punhos do campeão. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 104-110, 20 nov. 1951., p. 104-110) e Os 3 reis… (1951OS 3 REIS amarelos. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 23, n. 47, p. 76-82, 8 set. 1951., p. 76-82).
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68
Punhos… (1950PUNHOS que emocionaram o mundo. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 32, n. 31, p. 94-98, 20 maio 1950., p. 94-98) e Joe Louis… (1950JOE LOUIS en Brasil. El Gráfico , Buenos Aires, n. 1607, p. 26-27, 26 maio 1950., p. 26-27).
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69
Em uma viagem de Nicanor Miranda à Europa, Ciccillo Matarazzo o incumbe da missão de contratar um coreógrafo para a constituição do Balé do IV Centenário. Nessa viagem, teria sido contatado o húngaro Aurélio Milloss, naquele momento maître de balé da Scala de Milão. Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952aCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita do sr. Nicanor Teixeira de Miranda, aproveitando o ensejo de sua viagem à Europa, sem ônus para a Autarquia, tratar de assuntos que estão afetos ao Serviço de Comemorações Culturais. São Paulo: [s. n.], 1952a. Processo 839/52, caixa 36. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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70
Grandes vultos… (1947GRANDES vultos do esporte brasileiro. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 8, 4 jul. 1947., p. 8).
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71
Magalhães Padilha foi, junto com o capitão Homero de Almeida Magalhães, diretor da Escola Nacional de Educação Física do Rio de Janeiro e um dos organizadores do I Congresso Pan-Americano de Educação Física, organizado em Buenos Aires, em 1941. Cf. Ata… (1941ATA da reunião preparatória do Primeiro Congresso Panamericano de Educação Física. Boletim de Educação Física, Rio de Janeiro, n. 2, p. 51-55, set. 1941., p. 51-55).
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72
Cenário da… (1949CENÁRIO da ‘Copa do Mundo’. O Globo Esportivo, Rio de Janeiro, p. 2, 28 out. 1949., p. 2).
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73
Tema… (1952TEMA obrigatório. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 11, 29 abr. 1952., p. 11).
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74
Vai sair… (1952VAI SAIR o estádio tricolor. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 4, 10 out. 1952., p. 4).
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75
Estádio… (1954ESTÁDIO de São Paulo F.C.: 150 mil pessoas. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 26, n. 26, p. 36-37, 10 abr. 1954., p. 36-37).
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76
Maior… (1954MAIOR que o Pacaembu o futuro Estádio da Cidade Universitária. A Gazeta , São Paulo, p. 14, 26 nov. 1954., p. 14).
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77
A cidade… (1954A CIDADE de São Paulo e suas adjacências. A Gazeta, São Paulo, p. 8, 5 abr. 1954., p. 8).
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78
O ginásio municipal de Jundiaí foi edificado nos primeiros anos da década de 1950 e financiado com verbas municipais. Com uma capacidade para 15 mil pessoas, foi destacado na imprensa pela sua cúpula de concreto armado, projeto do arquiteto e ex-prefeito da cidade Vasco Antonio Venchiarutti, e construído pela Companhia Construtora Nacional S.A. Cf. Escola… (1953ESCOLA de saúde e disciplina. Gazeta Esportiva Ilustrada, São Paulo, n. 4, p. 54, out. 1953., p. 54).
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79
Ribeirão… (1952RIBEIRÃO Preto apressa a construção do seu ginásio. Última Hora , Rio de Janeiro, p. 7, 21 jul. 1952., p. 7).
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80
Será… (1948SERÁ uma realidade a construção do Palácio dos Sports. Diário da Noite, São Paulo, p. 5, 4 fev. 1948., p. 7).
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81
Chegarão… (1950CHEGARÃO ao Brasil nos primeiros dias de março os famosos japoneses ‘devoradores de recordes’. Folha de Manhã, São Paulo, p. 3, 8 fev. 1950., p. 3).
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82
No fim deste (1949NO FIM DESTE ano São Paulo terá uma piscina de água quente. Folha da Noite, São Paulo, p. 18, 18 jul. 1949., p. 18).
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83
A natação brasileira… (1947A NATAÇÃO brasileira se apresenta para o grande duelo com a Argentina. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 13, 3 jan. 1947., p. 13).
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84
No fim deste, op. cit.
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85
Cf. 32 anos… (194632 ANOS de lutas e de glórias. Mundo Esportivo, São Paulo, p. 5, 30 ago. 1946., p. 5), Medeiros (2021MEDEIROS, Daniele Cristina Carqueijeiro de. Entre esportes, divertimentos e competições: a cultura física nos rios Tietê e Pinheiros (São Paulo, 1899-1949). 2021. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.), O Brasil… (1946O BRASIL se orgulhará do majestoso conjunto de piscinas do Corinthians. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 8-9, 29 nov. 1946., p. 8-9) e O Paulistano… (1947O PAULISTANO foi vencido pelo tempo. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 8-9, 21 fev. 1947., p. 8-9).
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86
Cf. A gloriosa… (1953A GLORIOSA campanha do Juventus na Europa teve decisiva cooperação dos irmãos Nobis. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 10, 7 jul. 1953., p. 10), Fala… (1953FALA Giuliano sobre o Palmeiras. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 7, 16 jun. 1953., p. 7).
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87
Cf. Azes da natação… (1951AZES da natação mundial na inauguração da piscina coberta. Última Hora, Rio de Janeiro, p. 9, 19 jun. 1951., p. 9) e No fim deste, op. cit.
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88
Sensacional… (1953SENSACIONAL torneio de natação. Mundo Esportivo , São Paulo, p. 13, 6 nov. 1953., p. 13) e Um sucesso… (1953UM SUCESSO absoluto a competição internacional de natação. Sport Ilustrado, Rio de Janeiro, n. 815, p. 13, 19 nov. 1953., p. 13).
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89
Piscina… (1950PISCINA coberta Adhemar de Barros. Acrópole, São Paulo, n. 143, p. 269-272, mar. 1950., p. 269-272).
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90
Um campo… (1948UM CAMPO oficial para a prática do Base-ball! A Gazeta Esportiva, São Paulo, p. 4, 23 jun. 1948., p. 4).
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91
A inauguração só aconteceu 10 anos após seu primeiro anúncio e teve a presença dos príncipes do Japão, Takahito e Yuriko Mikasa, que visitavam Brasil na ocasião das comemorações dos 50 anos da imigração japonesa. Cf. Os príncipes… (1958OS PRÍNCIPES Mikasa cumpriram ontem movimentado programa. Folha da Manhã , São Paulo, p. 5, 22 jun. 1958., p. 5).
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92
Em pleno… (1954EM PLENO desenvolvimento o programa de arte da Secretaria do governo. Correio Paulistano , São Paulo, p. 6, 1 jul. 1954., p. 6).
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93
Quarto… (1954QUARTO Centenário de São Paulo: Obras comemorativas. Arquitetura e Engenharia, Belo Horizonte, n. 24, p. 22-31, jan./fev. 1954., p. 22-31).
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94
Ginásio de Ibirapuera (1952GINÁSIO de Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1952. Projeto 028/52, caixa 2. Acervo Profissional Ícaro de Castro Mello; Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo.).
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95
Cf. Movilización en el… (1951MOVILIZACIÓN en el Velódromo. El Gráfico , Buenos Aires, n. 1644, p. 4-7, 9 fev. 1951., p. 4-7) e Se hace… (1950¡SE HACE el velódromo! El Gráfico , Buenos Aires, n. 1592, p. 22-23, 10 fev. 1950., p. 22-23).
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96
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952iCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre a publicação, no Diário Oficial, do edital referente a concorrência pública para execução por empreitada, do Alojamento de Atletas, na Água Branca. São Paulo: [s. n.], 1952i. Processo 977/52, caixa 359. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
-
97
Ibid., 1952fCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita pagamento referente à primeira medição das obras do Alojamento de Atletas. São Paulo: [s. n.], 1952f. Processo 1465/52, caixa 255. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
-
98
Id., 1953eCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Apresenta relatórios do andamento dos serviços de construção do Ginásio de Esportes e do Alojamento de Atletas. São Paulo: [s. n.], 1953e. Processo 2623/53, caixa 196. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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99
O correspondente chileno do periódico Estadio assinalou que os pavilhões de alojamento da Vila da Água Branca eram, inclusive, melhores que os dos Jogos Olímpicos de Helsinki. Cf. Clima… (1954CLIMA y aspectos del S.A. de atletismo de São Paulo. Estadio , Santiago, n. 571, p. 12-13, 24 abr. 1954., p. 12-13).
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100
Em São Paulo… (1954EM SÃO PAULO os craques brasileiros. Folha da Manhã , São Paulo, p. 7, 28 abr. 1954., p. 7).
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101
Uma praça… (1951UMA PRAÇA de esportes no Parque ‘Pedro II’ para os certames mundiais do 4º centenário”. Jornal de Notícias, São Paulo, p. 7, 18 out. 1951., p. 7).
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102
Em São Paulo… (1951EM SÃO PAULO o segundo ginásio do mundo. Última Hora , Rio de Janeiro, p. 6, 30 ago. 1951., p. 6).
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103
Pugilismo (1955PUGILISMO. Anuário de Esporte Ilustrado , Rio de Janeiro, n. 6, p. 86, 1955., p. 86).
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104
Carelli e Bordón, op. cit.
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105
Quarto…, op. cit.
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106
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952eCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Comunica que põe o seu terreno, situado no Parque Ibirapuera, à disposição desta Comissão, para ali ser construído o Ginásio. São Paulo: [s. n.], 1952e. Processo 450/52, caixa 57. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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107
Id., 1951COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha processo em que o Departamento de Esportes presente sugestões sobre o aproveitamento de terrenos situados no Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1951. Processo 24/51, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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108
Id., 1952dCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita providências do Senhor Prefeito, no sentido de ser conseguida a mudança dos grupos conhecidos por ‘favelas’ existentes nos terrenos do Parque Ibirapuera, para a localização das construções dos edifícios destinados à Feira de 1954. São Paulo: [s. n.], 1952d. Processo 224/52, caixa 42. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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109
Id., 1953.
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110
Ginásio… (1952GINÁSIO de basquete para 35.029 pessoas. A Gazeta Esportiva, São Paulo, p. 10, 9 maio 1952., p. 10).
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111
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952hCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita autorização para contratar os serviços do engenheiro Paulo Franco Rocha, referente a execução de novos cálculos da estrutura de concreto armado do Alojamento de Atletas. São Paulo: [s. n.], 1952h. Processo 973/52, caixa 358. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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112
Ibid.
-
113
Id., 1951COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha processo em que o Departamento de Esportes presente sugestões sobre o aproveitamento de terrenos situados no Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1951. Processo 24/51, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)., p. 273-277.
-
114
Escreve… (1948ESCREVE o leitor: carta de Ícaro de Castro Mello a Antônio Accioly Neto, diretor. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 20, n. 20, p. 6, 6 mar. 1948., p. 6).
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115
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953bCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita o pronunciamento desta Autarquia no sentido de serem elucidadas dúvidas referentes às construções já iniciadas no Parque Ibirapuera, local em que a Diretoria de Obras Públicas pretende levantar um dos pavilhões da Escola de Educação Física do Estado. São Paulo: [s. n.], 1953b. Processo 1884/53, caixa 57. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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116
É possível que existisse um conflito entre a Escola de Educação Física e o DEESP, uma vez que esta instituição também tinha projetos no Estádio Municipal do Pacaembu, como era o caso do Centro de Educação Física. Em funcionamento desde 1942, o Centro oferecia aulas de diferentes modalidades à população da cidade. Cf. Saúde… (1954SAÚDE de graça. Gazeta Esportiva Ilustrada , São Paulo, n. 20, p. 32-35, jun. 1954., p. 32-35).
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117
Fue una campaña (1950FUE UNA CAMPAÑA de campeonas. El Gráfico, Buenos Aires, n. 1602, p. 58, 20 abr. 1950., p. 58).
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118
Brillante… (1953BRILLANTE, magnífica. Estadio , Santiago, n. 513, p. 3, 14 mar. 1953., p. 3).
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119
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953gCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre o equipamento para o Ginásio de Esportes. São Paulo: [s. n.], 1953g. Processo 2355/53, caixa 196. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
-
120
Periga… (1953PERIGA o Mundial de Basquete. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 26, n. 11, p. 68, 26 dez. 1953., p. 68).
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121
Daqui… (1954DAQUI a pouco, nem mais a C.B.D. acreditará no Ginásio do Maracanã. Última Hora , Rio de Janeiro, p. 9, 25 fev. 1954., p. 9).
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122
Difícil (1954DIFÍCIL a conclusão do ginásio de Ibirapuera para o próximo sul-americano de basquetebol. A Noite , Rio de Janeiro, p. 1, 11 mar 1954., p. 1).
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123
Ibirapuera… (1954aIBIRAPUERA ficará pronto para os certames internacionais. A Noite , Rio de Janeiro, p. 7, 22 mar. 1954a., p. 7).
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124
Ibirapuera… (1954bIBIRAPUERA garantirá. A Noite , Rio de Janeiro, p. 9, 21 maio 1954b., p. 9).
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125
Ibid.
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126
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1952bCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Comunica a efetivação do Campeonato Brasileiro do Remo e o III Campeonato Sul-americano do Remo, em São Paulo, por ocasião das comemorações do IV Centenário e solicita providências junto à Prefeitura no sentido de ser construída a respectiva raia olímpica, onde deverão realizar-se essas competições. São Paulo: [s. n.], 1952b. Processo 992/52, caixa 36. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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127
Lucchese (2016LUCCHESE, Maria Cecília. João Florence de Ulhôa Cintra: influências, amizades e profissão. Risco, São Carlos, v. 14, n. 1, p. 99-105, 2016.).
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128
Confederação Brasileira de Desportos (1954CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS. Programa oficial do Campeonato Brasileiro de Remo a realizar-se na Lagoa Rodrigo de Freitas no dia 17 de Janeiro de 1954. Rio de Janeiro: Gráfica Milone, 1954.).
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129
Aparentemente, as obras do estádio da Lagoa estavam em discussão, pelo menos, desde outubro de 1952. O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Benedicto de Barros, em parceria com o engenheiro calculista Antônio Arlindo Laviola e o advogado Carlos Osório de Almeida. Como afirma Lobo (2006LOBO, Maria da Silveira. A morte dos pilotis do Estádio de Remo da Lagoa e o declínio do espaço público. Minha Cidade, Rio de Janeiro, ano 7, ago. 2006. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3W4TjNo . Acesso em: 2 ago. 2022.
https://bit.ly/3W4TjNo... ), os três eram remadores. O estádio incluía, além das arquibancadas, a sede para a Federação de Remo, restaurante e 14 boxes para os clubes náuticos da cidade. O Campeonato Sul-Americano foi realizado na raia da Lagoa, mas o estádio não ficou pronto. O edifício começou a ser utilizado constantemente a partir de 1956, quando uma equipe de remo de Cambridge fez uma exibição para o público carioca. As imagens da imprensa mostram o edifício principal pronto e as arquibancadas ainda em construção. Cf. A guarnição … (1956A GUARNIÇÃO de Cambridge ainda continua suscitando temas sobre o remo. A Noite, Rio de Janeiro, p. 18, 1 ago. 1956., p. 18), O estádio… (1952O ESTÁDIO de remo. A Noite , Rio de Janeiro, p. 2, 30 out. 1952., p. 2) e Pede… (1953PEDE a comissão: cinco milhões de cruzeiros para ativar as obras do estádio de remo na lagoa Rodrigo de Freitas. A Noite , Rio de Janeiro, p. 7, 24 ago. 1953., p. 7). -
130
Se sobró… (1954SE SOBRÓ Brasil. Estadio , Santiago, n. 574, p. 20-23, 15 maio 1954., p. 20-23).
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131
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954dCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita uma verba para pagamento de várias despesas que foram realizadas durante as ‘Regatas das Forças Armadas’ e ‘Regata da Fundação da Cidade de São Paulo. São Paulo: [s. n.], 1954d. Processo 3091/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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132
Id., 1954eCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita auxílio financeiro destinado à participação do Brasil no X Campeonato Mundial de Hóquei que se realizará em Barcelona, Espanha. São Paulo: [s. n.], 1954e. Processo 3150/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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133
Ibid.
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134
Id., 1954iCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre a inclusão de um carro de São Paulo, custeado por esta Autarquia, na caravana da I Volta do Atlântico. São Paulo: [s. n.], 1954i. Processo 4474/54, caixa 84. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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135
Llegar… (1954LLEGAR ya era una hazaña. Estadio , Santiago, n. 600, p. 26-27, 13 nov. 1954., p. 26-27).
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136
O projeto do teatro foi desenvolvido pelo arquiteto Carlos Lemos. Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953cCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Coloca à disposição desta Autarquia, o Teatro Cultura Artística e solicita um auxílio de Cr$ 4.000.000,00 a fim de atender às reformas necessárias para sua adaptação. São Paulo: [s. n.], 1953c. Processo 2090/53, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).) e Teatro… (1954TEATRO Maria Della Costa, em São Paulo. Habitat, São Paulo, n. 19, p. 23-25, nov./dez. 1954., p. 23-25).
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137
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953aCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre transferência das obras referentes ao Pavilhão das Indústrias, Palácio de Agricultura e Ginásio, para o controle do Estado. São Paulo: [s. n.], 1953a. Processo 2492/53, caixa 52. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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138
Id., 1954gCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita um auxílio de Cr$ 8.000.000,00 para a realização de seu programa às comemorações do IV Centenário. São Paulo: [s. n.], 1954g. Processo 3300/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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139
Id., 1954aCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, patrocinar uma competição automobilística denominada 100 Milhas de Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1954a. Processo 4319/54, caixa 59. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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140
Id., 1955aCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre oferecimento, por parte desta Autarquia de medalhas comemorativas aos vencedores do Campeonato Brasileiro de Xadrez. São Paulo: [s. n.], 1955a. Processo 5534/55, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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141
Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954kCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Apresenta proposta do troféu confeccionado para a corrida de São Silvestre e solicita autorização para a confecção de mais nove. São Paulo: [s. n.], 1954k. Processo 2974/54, caixa 229. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).); Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954cCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, medalhas de prata e bronze: Campeonato Brasileiro de Volleyball. São Paulo: [s. n.], 1954c. Processo 4450/54, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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142
Id., 1955bCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, auxílio financeiro para a realização de um torneio internacional de hóquei sobre patins. São Paulo: [s. n.], 1955b. Processo 6024/55, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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143
Gebauer, Lofego e Wulf (2004GEBAUER, Günter; LOFEGO, Silvio Luiz; WULF, Christoph. Mimese na cultura: agir social, rituais e jogos, produções estéticas. São Paulo: Annablume , 2004.).
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144
Uma nota do periódico chileno Estadio afirma que os jogos de polo aquático foram disputados na Piscina Coberta da Água Branca. Em sucessivas reportagens, o periódico assegurou que os atletas e nadadores chilenos se alojaram no prédio do complexo de Água Branca. Cf. 48 horas…, op. cit. e Torneo sin historia (1954TORNEO sin historia. Estadio , Santiago, n. 568, p. 20-21, 3 abril 1954., p. 20-21).
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145
El título… (1954EL TÍTULO quedó em casa. Estadio , Santiago, n. 585, p. 12-16, 31 jul. 1954., p. 12-16).
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146
Guilherme de Almeida, presidente da Comissão do IV Centenário, solicitou ao secretário de Educação e Cultura da prefeitura, Valério Giuli, a cessão do Ginásio do Pacaembu por 20 dias. A mudança de local exigiu a adaptação dos cenários ao novo local, o que foi calculado no valor de 1 milhão de cruzeiros, além do pagamento de indenizações ao Sindicato dos Metalúrgicos e ao Centro de Educação Física, que já tinham alugado o ginásio para suas festas de final de ano. Curiosamente, o representante do Centro de Educação Física era Magalhães Padilha. O balé estreou no dia 6 de novembro de 1954, apresentando-se até o dia 20 daquele mês. A bailarina Vera Helena Andrade de Campos Maia, integrante do balé, afirma que vários dos ensaios da Companhia foram vistos pelos jogadores do Corinthians, concentrados nos alojamentos do estádio. Cf. Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954jCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre a adaptação do Ginásio do Pacaembu para apresentação do Ballet do IV Centenário. São Paulo: [s. n.], 1954j. Processo 4398/54, caixa 107. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).) e Helena (2007HELENA, Vera. História: apaixonada pelo balé. Museu da Pessoa, São Paulo, 2007. Disponível em: Disponível em: https://bit.ly/3Y5mLF4 . Acesso em: 1 ago. 2022.
https://bit.ly/3Y5mLF4... ). -
147
Y va de empates… (1954Y VA DE EMPATES…Estadio , Santiago, n. 593, p. 14-15, 25 set. 1954., p. 14-15).
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148
Prossegue a CBB… (1954PROSSEGUE a CBB na organização do II Campeonato Mundial de Cestobol. Correio Paulistano , São Paulo, p. 10, 1 ago. 1954., p. 10).
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149
Ibid.
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150
II Campeonato… (1954bII CAMPEONATO Mundial Masculino de bola ao cesto. Correio Paulistano , São Paulo, p. 8, 11 ago. 1954b., p. 8).
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151
II Campeonato… (1954aII CAMPEONATO Mundial Masculino de basquetbol. Correio Paulistano , São Paulo, p. 10, 12 ago. 1954a., p. 10).
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152
Não haverá… (1954NÃO HAVERÁ sabotagem no Ginásio de Ibirapuera. Correio Paulistano , São Paulo, p. 13, 7 set. 1954., p. 13).
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153
Ruíram… (1954RUÍRAM as torres de Ibirapuera! A Noite , Rio de Janeiro, p. 8, 11 set. 1954., p. 8).
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154
O Mundial… (1954O MUNDIAL de basquete será realizado. Correio Paulistano , São Paulo, p. 10, 12 set. 1954., p. 10).
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155
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954bCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, um auxílio financeiro para a realização do II Campeonato Mundial Masculino de Basketball. São Paulo: [s. n.], 1954b. Processo 4400/54, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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156
Esporte… (1954ESPORTE por esporte. Esporte Ilustrado, Rio de Janeiro, n. 859, p. 14, 23 set. 1954., p. 14) e O drama… (1954O DRAMA do II Mundial de Basquete. Correio Paulistano , São Paulo, p. 12, 30 set. 1954., p. 12).
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157
Y va de empates…, op. cit.
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158
Maracanã… (1954MARACANÃ, a realidade: Ibirapuera, o sonho desfeito. A Noite , Rio de Janeiro, p. 8, 11 out. 1954., p. 8).
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159
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1954bCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita desta Autarquia, um auxílio financeiro para a realização do II Campeonato Mundial Masculino de Basketball. São Paulo: [s. n.], 1954b. Processo 4400/54, caixa 73. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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160
Ibid.
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161
O Cruzeiro afirmava que o prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, tinha cedido o Ginásio do Pacaembu para “uma grande festa popular […], onde os artistas desfilarão para uma grande assistência de fãs”. Outra demonstração dos ares internacionais do IV Centenário era uma grande expectativa dos cineastas, atores e atrizes que participariam do Festival; em janeiro, a imprensa aguardava pela presença de Marlene Dietrich, Joan Crawford, Marilyn Monroe, Maria Félix, James Stewart e Ava Gardner. Nenhum deles acabou chegando a São Paulo, sendo o diretor Errol Flynn o mais conhecido das estrelas de Hollywood participantes. Cf. Encerramento… (1954ENCERRAMENTO do Festival-Pandemônio. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 26, n. 22, p. 110, 13 mar. 1954., p. 110) e Primeiro… (1954PRIMEIRO Festival Internacional de Cinema no Brasil. O Cruzeiro , Rio de Janeiro, v. 26, n. 15, p. 58, 23 jan. 1954., p. 58).
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162
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954fCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Solicita um auxílio de Cr$ 3.000,00 para fazer face às despesas oriundas do programa festivo que se realizará. São Paulo: [s. n.], 1954f. Processo 3290/54, caixa 80. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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163
Id., 1954hCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha ofício da Federação da Juventude Paulista, sobre a sua participação nas comemorações do IV Centenário. São Paulo: [s. n.], 1954h. Processo 2844/54, caixa 84. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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164
Inauguram-se… (1954INAUGURAM-SE hoje à tarde os XII Jogos Universitários Brasileiros. Folha da Manhã , São Paulo, p. 7, 12 set. 1954., p. 7).
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165
Promessas e nada… (1954PROMESSAS e nada mais! Mundo Esportivo , São Paulo, p. 11, 1 out. 1954., p. 11).
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166
Brasil… (1957BRASIL × Argentina a sensação em São Paulo. A Noite , Rio de Janeiro, p. 8, 25 jan. 1957., p. 8).
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167
Se trajo… (1954SE TRAJO un laurel. Estadio , Santiago, n. 605, p. 10-11, 18 dez. 1954., p. 10-11).
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168
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953dCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Sobre edital de concorrência pública para execução por empreitada de preços unitários, sem reajustamento, do Velódromo. São Paulo: [s. n.], 1953d. Processo 2255/53, caixa 176. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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169
Id., 1951COMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Encaminha processo em que o Departamento de Esportes presente sugestões sobre o aproveitamento de terrenos situados no Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1951. Processo 24/51, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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170
Id., 1952cCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Ao Serviço de Esportes solicitando verificar as possibilidades de construção do ‘Velódromo’ no antigo Hipódromo da Moóca. São Paulo: [s. n.], 1952c. Processo 451/52, caixa 38. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP)..
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171
Prova… (1953PROVA ciclistica em homenagem ao major Silvio Magalhães Padilha. Correio Paulistano , São Paulo, p. 13, 4 out. 1953., p. 13).
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172
Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo (1953fCOMISSÃO DO IV CENTENÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO. Apresenta proposta para o projeto da estrutura em concreto armado do Velódromo. São Paulo: [s. n.], 1953f. Processo 2299/53, caixa 232. Fundo Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo; Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHMSP).).
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173
Velódromo… (1955VELÓDROMO de Ibirapuera. Habitat, São Paulo, n. 20, p. 14-15, 1955., p. 14-15).
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174
Ibid.
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175
Cf. No velódromo (1954NO VELÓDROMO de Ibirapuera, inicia-se sábado a disputa do Campeonato Brasileiro de Ciclismo. Correio Paulistano , São Paulo, p. 10, 4 nov. 1954., p. 10) e Programada… (1954PROGRAMADA a disputa do campeonato brasileiro de ciclismo. Correio Paulistano , São Paulo, p. 10, 28 out. 1954., p. 10).
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176
Treinam hoje… (1954TREINAM hoje os pedalistas bandeirantes para a disputa do Campeonato Brasileiro de Ciclismo. Correio Paulistano , São Paulo, p. 13, 24 out. 1954., p. 13).
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177
Los uruguayos… (1954LOS URUGUAYOS amos de la pista. Estadio , Santiago, n. 605, p. 12-13, 18 dez. 1954., p. 12-13).
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178
Velódromo do Ibirapuera (1965VELÓDROMO do Ibirapuera. São Paulo: [s. n.], 1965. Projeto 156/65, caixa 10. Acervo Profissional Ícaro de Castro Mello, Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo.).
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179
No ano seguinte foi desenvolvida a reforma da cobertura do ginásio, mais uma obra de atualização do conjunto esportivo. A Companhia Brasileira de Alumínio encomendou para o fotógrafo Hans Günther Flieg uma série de imagens do canteiro de obras que dão conta desses melhoramentos. Cf. Cury (2017CURY, Laura de Souza. Imagens do parque Ibirapuera: materialização do futuro. Urbana: Revista Eletrônica do Centro Interdisciplinar de Estudos sobre a Cidade, v. 9, n. 2, p. 390-419, 2017.).
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180
Em 1968, o conjunto foi nomeado Constâncio Vaz Guimarães, em homenagem ao atleta fundador da Federação Universitária Paulista de Esportes.
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181
O projeto foi realizado pelo arquiteto Nestor Lidenberg, responsável, entre outros, pelos estádios Walter Ribeiro, em São Bento, e Décio Vitta, em Americana, ambos no interior paulista.
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182
Brasileiros e chilenos… (1954BRASILEIROS e chilenos decidirão os títulos. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, p. 1, 15 out. 1954., p. 13).
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183
Cara… (1954CARA y sello. Estadio , Santiago, n. 597, p. 7, 23 out. 1954., p. 7).
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184
Entre… (1955ENTRE finta y golpe. Estadio , Santiago, n. 613, p. 31, 13 fev. 1955., p. 31).
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185
Cymbalista e Kuhn (2019CYMBALISTA, Renato; KUHN, João Carlos Santos. IV Centenário de São Paulo, festa religiosa. In: LANNA, Ana Lucia D.; SOUCHAUD, Sylvain; CYMBALISTA, Renato (Org.). Transições metropolitanas e centralidades nas metrópoles brasileiras no breve século XX. São Paulo: Annablume, 2019. p. 187-237.).
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186
Barone, op. cit, p. 154.
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ERRATA
No artigo “Ibirapuera, o sonho desfeito”: o Ginásio, o Velódromo e o fracasso do calendário esportivo das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo (1954)”, com número DOI <https://doi.org/10.1590/1982-02672023v31e3>, publicado no periódico Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, vol. 31, 2023, p. 1-62Na página 1Onde se lia:RODRIGO MILLAN VALDES1Universidad Diego Portales/Santiago, ChileLeia-se:Rodrigo MILLAN VALDES1Universidad Diego Portales/Santiago, Chile
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
03 Mar 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
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Recebido
08 Ago 2022 -
Aceito
29 Nov 2022