RESUMO
A década de 1980 viu o termo “patrimônio” ganhar o cotidiano e os dias em meio à porosidade das conjunturas vividas entre a ditadura civil-militar e o processo da redemocratização brasileira. Nos estudos sobre a história do patrimônio cultural no Brasil, o marco de 1980 é igualmente significativo para a compreensão de itinerários que estavam se processando por meio de debates, projetos e ações com ressonâncias múltiplas nos novos domínios da cultura. No Ceará, a experiência do Centro de Referência Cultural do Estado (Ceres) (1975-1990) coloca em perspectiva o mapeamento e o registro audiovisual da memória da cultura tradicional popular, sintoma do papel que o folclore e o artesanato passam a ocupar como vetores de uma cultura do Nordeste e de uma identidade cearense. Inserida no processo de reconfiguração do campo do patrimônio cultural, a “dinamização da cultura” vai ser operada em correspondência com os anseios de desenvolvimento local representados pela emergência de uma política de turismo. Neste artigo, objetivamos compreender percursos que demarcam esse campo, notando como a tríade cultura, patrimônio e turismo passou a funcionar como marcador das singularidades regionais, visando garantir o lugar do Ceará nas representações do patrimônio do Nordeste por meio da fabricação do popular.
PALAVRAS-CHAVE:
Cultura; Patrimônio; Turismo; Popular; Ceará