RESUMO
Códices iluminados medievais de coleções públicas são apresentados na perspectiva do colecionismo próprio à era moderna a partir de uma abordagem material baseada na análise de catálogos descritivos de diversas bibliotecas nacionais, em especial o catálogo elaborado pelo bibliotecário Frei João de Santa Ana entre 1809 e 1821 para o acervo da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra, em Portugal.
O interesse do artigo é refletir sobre a transferência de propriedade dos livros de devoção privada, de uso reservado e individualizado, e sua presença em bibliotecas reais e as consequentes transformações na forma material e nas apropriações simbólicas e funcionais dadas a esses objetos.
Para tanto, é apresentado um breve exame sobre as práticas de produção, uso, circulação, colecionismo e preservação de livros iluminados em geral, por meio do estudo de casos emblemáticos sobre circulação e transformação material. Quanto à produção, fórmulas de representação pictórica propagadas pelos ateliers da região da península itálica, dos Andes, de Flandres e da França são, por um lado, classificadas comparativamente e identificadas em códices específicos. Por outro lado, as a alterações impostas aos códices para atender ao gosto dos novos proprietários são usadas como indícios materiais que revelam práticas de colecionismo e preservação.
Palavras-chave:
Colecionismo; Preservação; Bibliotecas reais; Códices iluminados; Cultura escrita