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Agnosia, apraxia, aphasia: Their value in cerebral localization. J. M. Nielsen

ANÁLISES DE LIVROS

Agnosia, apraxia, aphasia. Their value in cerebral localization. J. M. Nielsen. Um volume com 292 páginas e 59 ilustrações, 2.a edição. Paul B. Hoeber, New York, 1946.

Este livro pode ser incluído entre as mais valiosas contribuições para o esclarecimento de complexos problemas neuropsicológicos. Torna-se cada vez mais evidente a proximidade entre as afasias, as apraxias e as agnosias, de tal forma que muitas vezes ficamos na dúvida se determinado quadro deverá ser rotulado entre as agnosias ou as afasias, enquanto que outras vezes encontramos sérias dificuldades para distinguir uma afasia de uma apraxia. Nielsen realiza grande esforço de síntese, procurando firmar com clareza e precisão os caracteres que identificam as agnosias, as apraxias e as afasias, bem como os subgrupos em que estas entidades são divididas, visando restabelecer a noção de que estes distúrbios têm grande valor como elemento localizador. Para isto, estuda o assunto sob todos seus prismas, encarando os aspectos psicológico, fisiológico e patológico, relacionando os conhecimentos oriundos do exame clínico com os achados anátomo-patológicos.

Após breve introdução histórica, Nielsen expõe seu conceito sobre a eugnosia, eupraxia e eufasia e estabelece o valor da expressão "centro cerebral", definindo-o como área cortical cuja remoção funcional determina uma síndrome deficitária específica que pode ser reconhecida clinicamente. Um centro desta natureza não é uma área funcionando independentemente, destinada exclusivamente à execução de uma função, mas uma área essencial para o desempenho normal de determinada função. Não é mais possível crer que processos complexos como os que intervêm na palavra resultem da ligação pura e simples entre dois centros bem localizados. O que se passa na realidade é que grandes áreas corticais enviam impulsos para um determinado centro e dele recebem impulsos em sentido inverso. Quando são lesadas estas áreas, novas vias podem entrar em ação, sendo, então, a linguagem alterada e não suprimida. Agnosias e afasias são tipos especiais de amnésias devidas a lesões focais cerebrais. A falta de reconhecimento de uma cousa como objeto é rotulada como agnosia e a falta do conhecimento de seu significado simbólico como afasia. O A. chama, ainda, a atenção para o conceito estabelecido por Jackson sobre o valor do hemisfério não dominante na elaboração da linguagem. Nos capítulos seguintes, estuda os conceitos de agnosia, apraxia e afasia, sempre com o mesmo espírito de exposição de dados psicológicos, fisiológicos, anatômicos e anátomo-clínicos. Há, também, um capítulo dedicado ao estudo do esquema corporal e seus distúrbios. Critica os autores que se referem às agnosias, interpretando-as como resultantes de distúrbios do reconhecimento através dos órgãos dos sentidos; no nível primário de identificação, onde se formam as agnosias, não se pode falar de órgãos, mas sim de um órgão dos sentidos; tudo que passar disto deve ser relacionado com a identificação secundária, que ultrapassa o campo das agnosias. Critica, também, o fato de se incluir a surdez verbal entre as afasias; para o A., este distúrbio da percepção deve ser incluído entre as agnosias, devendo mesmo ser denominado agnosia verbal acústica subcortical; a lesão que a determina deve interromper as vias de ligação entre as áreas auditivas primárias e o centro de Wernicke do hemisfério dominante. Capítulo de grande interesse prático é aquele em que o A. expõe o método de exame, permitindo, por meio de simples provas ou questões, um diagnóstico preciso da forma clínica em estudo. Em seguida, são expostas e analisadas 140 observações, algumas pessoais, outras colhidas entre as publicadas na literatura.

A. B. LEFÈVRE

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1946
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