Acessibilidade / Reportar erro

Cisticercose do sistema nervoso central: II. Cisticercose raquídea

O comprometimento do canal raquídeo na neurocisticercose é pouco frequente variando de 1,6 a 20% em relação ao encefálico. No canal raquídeo os cisticercos localizam-se predominantemente no espaço subaracnóideo. As manifestações clínicas da cisticercose raquídea mais frequentes são sinais e sintomas de compressão da medula e/ ou da cauda equina, que podem ser causadas por compressão direta por cisticercos e por reação inflamatória à distância, ou por degeneração da medula por paquimeningite ou por insuficiência circulatória. O diagnóstico da cisticercose raquídea é baseado no antecedente de cisticercose encefálica e nos exames neurorradiológicos (mielografia e mielotomografía) que mostram sinais de aracnoidite e imagens de cistos no espaço subaracnóideo e, ocasionalmente, sinais de lesões intramedulares. Entretanto, estas lesões não são específicas e a confirmação do diagnóstico depende da positividade de reações imunológicas no LCR ou da observação cirúrgica. Neste estudo foram analisadas retrospectivamente as evoluções clínicas de 10 pacientes com cisticercose raquídea observados entre 182 pacientes que necessitaram de tratamento cirúrgico devido à cisticercose do SNC. As manifestações clínicas em todos os casos foram sinais de compressão medular ou da cauda equina. Oito pacientes apresentaram sinais prévios de cisticercose encefálica. Os exames neurorradiológicos mostraram sinais de aracnoidite em 4 pacientes, imagens de cistos no espaço subracnóideo em 5 e sinais de aracnoidite e imagens de cistos em um. Os 6 pacientes que apresentaram cistos raquídeos foram submetidos a exérese de cistos e 2 pacientes com bloqueio total do canal raquídeo foram submetidos a cirurgia para esclarecimento diagnóstico. Os 2 pacientes restantes, com aracnoidite e bloqueio do canal raquídeo, foram tratados clinicamente. Os 6 pacientes submetidos a exérese de cistos apresentaram melhora transitória pós-operatória, mas 4 deles desenvolveram aracnoidite e tiveram recidiva dos sinais clínicos; os outros 2 permanecem bem. Os 2 pacientes não operados não tiveram melhora clínica. Dois pacientes morreram tardiamente devido a complicações da cisticercose encefálica. Basedos na experiência adquirida no tratamento destes pacientes, indicamos cirurgia para os pacientes que apresentam cistos livres no espaço subaracnóideo no canal raquídeo. Para os pacientes que apresentam aracnoidite, a cirurgia é indicada somente quando há dúvida diagnostica. Os pacientes com cisticercos intramedulares também devem ser tratados cirurgicamente.

cisticercose raquídea; diagnóstico; tratamento


Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista.arquivos@abneuro.org