Acessibilidade / Reportar erro

Prevalência de cefaléia como sintoma em um setor urbano de Salvador, Bahia

Prevalence of headache as a symptom in the urban area of Salvador, Bahia, Brazil

Resumos

A prevalência da queixa de cefaléia foi estudada a partir de base de dados gerada por inquérito epidemiológico sobre transtornos neuropsiquiátricos em amostra da população adulta (N=1511) residente em um setor urbano de Salvador, Bahia. A prevalência global de queixas cefaléicas situa-se em 14,8%, significantemente mais elevada entre indivíduos do gênero feminino, mais velhos, menos escolarizados, migrantes, sem ocupação, com baixo nível socioeconómico e casados/amasiados. A análise estratificada mostrou que idade e gênero afetam a associação entre cefaléia e situação conjugal, inserção produtiva e renda per capita. No caso da variável «diagnóstico psiquiátrico», observa-se aumento do efeito correspondente sobre a prevalência de cefaléia, com uma estimativa de risco relativo da ordem de 4,2, a níveis altamente significantes. Os resultados são comparados à literatura internacional, ressaltando-se taxas de prevalência bastante mais reduzidas e padrões de fatores de risco distintos dos encontrados em outros contextos socioculturais.

cefaléia; neuroepidemiologia; prevalência


The prevalence of headache was studied as part of an epidemiologic survey of neuropsychiatric disorders carried out with an adult sample (N=1,511) of an urban area of Salvador City, Bahia, Brazil. The overall prevalence of headache complaints was 14.8%, significantly higher among the eldest, female, less educated, migrants, unemployed, low SES and married/divorced. Stratified analysis for age and gender as confounders erased out the effect of marital status and socio-economic status indicators. The presence of psychiatric disorders was strongly, significantly associated with the prevalence of headache (odds ratio of 4.2). These results are compared to the international literature, emphasizing the extremely lower rates found as well as the profiles of risk factors completely distinct from those reported in other sociocultural realities.

headache; neuroepidemiology; prevalence


Sérgio Borges BastosI; Naomar de Almeida-FilhoII; Vilma Sousa SantanaIII

IMestre em Saúde Comunitária, Pesquisador do Programa de Estudos Epidemiológicos e Sociais DMP/FM/UFBA

IIPh.D. em Epidemiologia, Chefe do DMP/FM/UFBA, Pesquisador I-A do CNPq (Proc. 301.434/ 81.6

IIIPH.D. em Epidemiologia, Professor Adjunto do DMP/FM/UFBA

RESUMO

A prevalência da queixa de cefaléia foi estudada a partir de base de dados gerada por inquérito epidemiológico sobre transtornos neuropsiquiátricos em amostra da população adulta (N=1511) residente em um setor urbano de Salvador, Bahia. A prevalência global de queixas cefaléicas situa-se em 14,8%, significantemente mais elevada entre indivíduos do gênero feminino, mais velhos, menos escolarizados, migrantes, sem ocupação, com baixo nível socioeconómico e casados/amasiados. A análise estratificada mostrou que idade e gênero afetam a associação entre cefaléia e situação conjugal, inserção produtiva e renda per capita. No caso da variável «diagnóstico psiquiátrico», observa-se aumento do efeito correspondente sobre a prevalência de cefaléia, com uma estimativa de risco relativo da ordem de 4,2, a níveis altamente significantes. Os resultados são comparados à literatura internacional, ressaltando-se taxas de prevalência bastante mais reduzidas e padrões de fatores de risco distintos dos encontrados em outros contextos socioculturais.

Palavras-chave: cefaléia, neuroepidemiologia, prevalência.

SUMMARY

The prevalence of headache was studied as part of an epidemiologic survey of neuropsychiatric disorders carried out with an adult sample (N=1,511) of an urban area of Salvador City, Bahia, Brazil. The overall prevalence of headache complaints was 14.8%, significantly higher among the eldest, female, less educated, migrants, unemployed, low SES and married/divorced. Stratified analysis for age and gender as confounders erased out the effect of marital status and socio-economic status indicators. The presence of psychiatric disorders was strongly, significantly associated with the prevalence of headache (odds ratio of 4.2). These results are compared to the international literature, emphasizing the extremely lower rates found as well as the profiles of risk factors completely distinct from those reported in other sociocultural realities.

Key words: headache, neuroepidemiology, prevalence.

Full text available only in PDF format.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Aceite: 4-janeiro-1993.

Dr. Naomar de Almeida Filho — Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina, UFBA - Rua Padre Feijó 29, 4º andar - 40110-170 Salvador BA - Brasil.

Trabalho realizado pelo Departamento de Medicina Preventiva (DMP) da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com recursos do CNPq-Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Proc. 402084/89.6)

  • 1. Abramson JH, Hopp C, Epstein LM. Migraine and non-migrainous headaches: a community survey in Jerusalem. J Epidemiol Comm Hlth 1980, 34:188-193.
  • 2. Almeida-Filho N, Coutinho E, Mari JJ, França J, Fernandes J, Andreoli S, Busnello E. Estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em regiões metropolitanas brasileiras: análise de fatores de risco. I Congresso Ibero-Americano de Epidemiologia, Resumos, Granada, outubro/1992.
  • 3. Cassei J. Psychosocial processes and stress: a theoretical formulation. Int J Hlth Serv 1974, 4:471-482.
  • 4. Cheng XM, Ziegler D, Li SC, Dai QS, Chandra V, Schoenberg BS. A prevalence survey of incapacitating headache» in the People's Republic of China. Neurology 1986, 36:831-834.
  • 5. Deschmuck SV, Meyer JS. Cyclic changes in platelet dynamics land the pathogenesis and prophylaxis of migraine. Headache 1977, 17:108-118.
  • 6. Escobar J. Cross cultural aspects of the somatization trait. Hosp Commun Psychiatry 1987, 38:174-180.
  • 7. Escobar J, Canino G. Unexplained physical complaints: psychopathology and epidemiological correlates. Br J Psychiatry 1989, 155:24-47.
  • 8. Greene R. Menstrual headache. Rev Clin Stud Headache 1967, 1:62-73.
  • 9. Kleintoaum D, Kupper L, Morgenstern H. Epidemiologic research: principles and quantitative methods. New York: Lifetime Learning, 1982.
  • 10. Levyman C, Zukerman E, Hannuch SMM, Carvalho DS. Fisiopatologia da enxaqueca: pa-pel desempenhado pelas plaquetas. Rev Bras Neurol 1986, 22:93-98.
  • 11. Melzack R. The puzzle of pain, New York: Basic Books, 1973.
  • 12. Mezzich JE, Ahn C, Fabrega HJr, Pilkonis PA. Patterns of psychiatric comorbidity in a large population presenting for care. In: Maser JD, Cloninger CR, eds. Comorbidity in anxiety and mood disorders. Washington: American Psychiatric Press, 1990, p 189-204.
  • 13. Mezzich JE, Raab E. Depressive symptomatology across the Americas. Arch Gen Psychiatry 1980, 37:818-823.
  • 14. Nikiforow R, Hokkanen E. An epidemiological study of headache in an urban and a rural population in Northern Finland. Headache 1980, 18:188-193.
  • 15. Osuntokun BO, Schoenberg BS, Nottidgei V, Adeuja AO, Kale O, Adeueta A, Badermosi O, Bolis CL. Migraine headache in a rural community in Nigeria: results of a pilot study. Neuroepidemiology 1982, 1:31-39.
  • 16. Osuntokun BO, Adeuja A, Schoenberg BS, Badermosi O, Nottidge VA, Olomide AO, Ige O, Yaria F, Bolis CL. Neurological disorders in Nigerian Africans: a community-based study. Acta Neurol Scand 1987, 75:13-21.
  • 17. Paulin J, Waal-Manning HJ, Simpson FO, Knight RG. The prevalence of headache in a small New Zealand town. Headache 1985, 25:147-151.
  • 18. Santana V. Estudo epidemiológico das doenças mentais em um bairro de Salvador: nordeste de Amaralina. Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Série Estudos em Saúde 2, 1982.
  • 19. Sillanp A, Piekkala P. Prevalence of migraine and other headaches in early puberty. Scand J Prim Hlth Oare 1984, 2:27-32.
  • 20. Silva WF. Cefaléias: incidência das diversas modalidades clínicas. Neurobiologia 1985, 48:317-324.
  • 21. Sourkes TL. Pathways of stress in the central nervous system. Progr Neuropsychopharm Biol Psychiatry 1983, 7:389-411.
  • 22. Waters WE. Community studies of the prevalence of headache. Headache 1970, 9:178-186.
  • 23. Waters WE, Campbell MJ, Elwood PC. Migraine, headache and survival in women. Br Med J 1983, 287:1442-1443.
  • 24. Waters WE, O'Connor PJ. Epidemiology of headache and migraine in women. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1971, 34:148-153.
  • 25. Waters WE, O'Connor PJ. Prevalence of migraine, J Neurol Neurosurg Psychiatry 1975, 38:613-616.
  • Prevalência de cefaléia como sintoma em um setor urbano de Salvador, Bahia

    Prevalence of headache as a symptom in the urban area of Salvador, Bahia, Brazil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      19 Jan 2011
    • Data do Fascículo
      Set 1993
    Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO R. Vergueiro, 1353 sl.1404 - Ed. Top Towers Offices Torre Norte, 04101-000 São Paulo SP Brazil, Tel.: +55 11 5084-9463 | +55 11 5083-3876 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: revista.arquivos@abneuro.org