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Sinugrafia direta via seio sagital superior na criança. Contribuição para sua interpretação

Contribution to direct sinugraphy in children injecting opaque medium into the superior sagital sinus

Este trabalho, sugerido pela freqüência dos quadros clínicos atribuíveis a oclusão dêste ou daquele seio da dura-mater, tem por escopo o estudo radiológico dos seios durais mediante injeção de substância radiopaca diretamente no seio sagital superior. Dado o grande número de variações anatômicas dêsses canais venosos, a parte central dêste trabalho é representada pelo estudo de 50 casos de crianças cujos quadros clínicos nada apresentavam atribuível a qualquer afecção sinusal. Cinco casos patológicos incluídos também no material desta tese são utilizados apenas para maior objetivação do conceito de normalidade. Esta modalidade de exame não permite o estudo de todo o sistema sinusal, o que limita, até certo ponto, as indicações da sinugrafia direta. As conclusões a que chegamos pela análise de nosso material são as seguintes: 1. A sinugrafia direta, pela introdução de contraste no seio sagital superior, tem indicação nos casos em que se pretende o exame dos seios confluenciais, excetuado o seio reto. 2. A técnica do exame é fácil, permitindo, se necessário, sua repetição imediata. 3. O exame foi bem tolerado e inócuo em todos os 50 casos utilizados para a elaboração dêste trabalho. 4. Das variações do confluente dos seios descritas pelos anatomistas, apenas três são passíveis de identificação radiológica: tipo reservatório comum, tipo plexiforme (com seio sagital superior bifurcado) e tipo occipital. As variações tipo ipsilateral (com circulação cruzada) e plexiforme (com seio reto bifurcado), não são passíveis de identificação radiológica por este método. 5. Radiològicamente, são mais freqüentes as variações tipo reservatório comum e plexiforme (com seio sagital superior bifurcado). O tipo occipital é menos encontrado. A maior freqüência da confluência sinusal de tipo reservatório comum, em contraste com os achados anatômicos, decorre do fato de estarem incluídos nessa variação os tipos ipsilateral (com circulação cruzada) e plexiforme (com seio reto bifurcado). 6. São raros os casos de derivações unilaterais do fluxo venoso intracraniano, através do confluente dos seios. 7. Nossos achados radiológicos não assinalam predominância da drenagem venosa intracraniana por um dos seios transversos. 8. A sinugrafia direta via seio sagital superior, pela direção do fluxo venoso, permite o diagnóstico de oclusões orgânicas situadas: a) no seio sagital superior, a jusante do local da puncão; b) na origem de um dos seios transversos ao nível do confluente, sòmente quando existir seio sagital superior bifurcado ou canal de circulação cruzada; c) nos seios transversos. 9. Êste método não permite o diagnóstico: a) das oclusões incompletas dos canais venosos durais; b) da oclusão de um dos seios transversos em sua origem, na ausência de um seio sagital superior bifurcado ou de um canal de circulação cruzada, pois não seria possível diferençá-los das variações do tipo unilateral ou ipsilateral sem circulação cruzada. 10. A manobra de oclusão digital da veia jugular interna tem valor relevante quando não fôr visibilizado um dos seios transversos; sòmente essa manobra permite decidir entre um bloqueio orgânico e um bloqueio aparente, devido a circunstâncias ocasionais.


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