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A conformação do encéfalo é um fator importante na distribuição da lesão axonal difusa no acidente de trânsito fatal

OBJETIVO: Foram estudadas as lesões encefálicas de 120 vítimas fatais de acidentes de trânsito, selecionadas aleatoriamente, com a finalidade de determinar a freqüência e distribuição topográfica da lesão axonal difusa (LAD) em relação com as estruturas encefálicas da linha média. MÉTODO: A identificação dos axônios foi efetuada com antisoro anti-proteínas do neurofilamento 70-, 160- e 210-kD obtido em camundongo. RESULTADOS: A LAD foi observada em 96 (80%) dos encéfalos examinados, tendo sido classificada em Grau 1 em 21,9%, Grau 2 em 51% e Grau 3 em 27,1% dos pacientes. A despeito da distribuição difusa que é característica da LAD, a lesão afetou preferencialmente as formações inter-hemisféricas (corpo caloso e fórnix) e a porção rostral do tronco encefálico, usualmente em um dos lados da linha média. CONCLUSÃO: As formações inter-hemisféricas e a porção rostral do tronco encefálico funcionam, do ponto de vista mecânico, como estruturas de fixação dos hemisférios cerebrais durante a aceleração rotacional da cabeça. Sabe-se que a movimentação dos hemisférios cerebrais é retardada nas áreas de fixação, gerando aí maior estresse, particularmente no lado submetido ao maior deslocamento. O frequente envolvimento pela LAD das estruturas encefálicas centro-mediais profundas, usualmente em um dos lados da linha média, favorece o mecanismo acima proposto.

lesão axonal difusa; trauma crânio-encefálico; acidente de trânsito; biomecânica


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