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Animus e anima: Emma Jung

ANÁLISES DE LIVROS

ANIMUS E ANIMA. EMMA JUNG (Tradutor. Dante Pignatari). Um volume (13x20 cm) com 112 páginas. São Paulo: Editora Cultrix, 1991.

Emma Jung (1880-1955) foi esposa do psiquiatra Carl Gustav Jung (1875-1961) durante mais de 50 anos e, também durante muitos anos, foi um dos diretores do Carl Gustav Jung Institute de Zurique, onde deu palestras e trabalhou como psicoterapeuta e supervisora. Dois importantes trabalhos dela (de 1931 e 1955) estão juntos neste livro; o livro foi publicado em alemão em 1967 e só agora em português.

Na psicologia de Jung, o animus e a anima são forças mentais que, entre outras atividades, formam laços entre (1) o inconsciente coletivo, que está presente desde o nascer e que é genéticamente (biologicamente) determinado, e (2) o inconsciente pessoal, que é o produto de todas as experiências de uma pessoa na sua subsequente vida emocional e interpessoal. O animus e a anima também têm funções importantes na identificação sexual de uma pessoa e na formação de relacionamentos com pessoas do sexo oposto. Na terminologia de Jung, eles são tipos especiais de arquétipos.

Nos últimos vinte anos, mundialmente, as teorias e técnicas de psicoterapia de C. G. Jung estão atraindo uma atenção sempre crescente. Jung não está sofrendo o declínio progressivo de interesse que outros escritores de psiquiatria psicológica, como Freud e os diversos pós-Freudianos, estão sofrendo. É provável que em grande parte a persistência, e até o aumento, da influência de Jung se deva ao fato de que a psicologia de Jung combina bem com pontos de vista religiosos. Só Junbg, entre os grandes pioneiros em psicologia e psiquiatria no século 20, tem esta qualidade. Jung assim tem, e sempre teve, uma audiência ampla, especialmente entre pessoas que têm interesse em assuntos espirituais. Para satisfazer o crescente interesse em Jung no Brasil, a Editora Cultrix, além deste volume, publicou nos anos recentes mais de vinte outras obras clássicas da literatura Junguiana.

É claro que muitos psiquiatras e psicólogos não podem aceitar as teorias básicas de Jung. Eles não podem concordar com as teses Junguianas que (1) a saúde mental completa exige um desenvolvimento amplo das forças (arquétipos) que têm potencialidades para expressão religiosa, e que existem desde o nascer no inconsciente coletivo em cada pessoa, e (2) uma das funções fundamentais da psicoterapia é ajudar esse desenvolvimento espiritual.

Todavia, é desejável que psiquiatras e outros profissionais no campo da saúde mental fiquem atualizados sobre correntes importantes nos diversos ramos da nossa profissão, e este livro de Emma Jung trata de um aspecto significante no sistema psicológico Junguiano. Leitores que aceitam, ou estão dispostos a aceitar, os pontos de vista e Jung vão achar este livro bastante interessante, mas leitores que não podem aceitar as teorias de Jung provavelmente vão achar muitas partes dele muito especulativas.

A. H. Chapman; Luiz Rogério Sena Pereira

Hospital Samur, Caixa Postal 98, 45100-000 Vitória da Conquista BA

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Nov 2010
  • Data do Fascículo
    Jun 1997
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