Resumo
Antecedentes
Neurologia é uma especialidade de alta demanda com grandes filas de espera. Algumas doenças necessitam de rapidez na tomada de decisões. A telemedicina permite que pacientes neurológicos tenham acesso mais rápido à avaliação especializada. Na telerregulação, um ramo da telemedicina, o especialista avalia os dados coletados pelo generalista e otimiza a triagem.
Objetivo
Avaliar a eficácia da telerregulação assíncrona, usada para referenciar pacientes da atenção primária à neurologia, na cidade de Curitiba, no sul do Brasil.
Métodos
Análise retrospectiva de todos os pacientes referenciados da atenção primária para a especialidade de neurologia, no período entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, em Curitiba, Brasil. Para cada pedido de avaliação do médico generalista, 5 neurologistas experientes tiveram acesso completo ao prontuário para a tomada de decisão. As variáveis analisadas foram: razões para o referenciamento, decisão do especialista, diagnóstico final, indicação de exame complementar e necessidade de acompanhamento com a especialidade.
Resultados
Durante o período de estudo, 1.035 telerregulações foram realizadas. Cefaleia (30.43%), epilepsia (19.03%) e demência (15.85%) compreenderam aproximadamente dois terços de todos os pedidos de consulta; para um terço dos casos, o especialista indicou exame complementar. Mais de 70% dos pacientes não necessitaram de consulta presencial com neurologista.
Conclusões
A telerregulação assíncrona diminuiu de forma importante a necessidade de avaliação presencial pelo neurologista em 70% dos casos. Através da tecnologia, é possível conseguir melhor integração entre atenção primária e serviços especializados. Ainda são necessários mais estudos para explorar as janelas de oportunidade para a teleneurologia no Brasil.
Palavras-chave
Neurologia; Telemedicina; Atenção Primária à Saúde; Telerregulação