RESUMO
Introdução:
Aproximadamente 2/3 dos pacientes com a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) apresentam alguma doença infecciosa precedente. Recentemente, uma epidemia de infecção por o vírus Zika resultou em surto de SGB na América Latina, principalmente no Brasil, concomitante à circulação contínua de sorotipos do vírus da Dengue. No entanto, não há estudo sobre a infecção por citomegalovírus (CMV) como fator de risco para SGB no Brasil.
Objetivos:
Neste estudo, relatamos uma série de casos de SGB com o intuito de determinar a prevalência de CMV e as características associadas à infecção.
Métodos:
Foi estudada uma coorte de 111 casos de SGB diagnosticados entre 2011 e 2017 na cidade de Natal, capital do estudo do Rio Grande do Norte, nordeste do Brasil. A presença de anticorpos IgM CMV foi determinada por eletroquimiluminescência. A análise foi realizada considerando o status de infecção por CMV e os achados clínicos.
Resultados:
Foi observada uma soroprevalência de 15,3% (n = 17) para o CMV. Os casos de CMV eram mais jovens (26 vs. 40, p = 0,016), sem história de infecção gastrointestinal (p = 0,762) ou respiratória superior (0,779) ou perda sensorial (p = 0,03). Apresentaram-se mais frequentemente como uma variante sensitiva-motora clássica da SGB (p = 0,02) e subtipo desmielinizante nos estudos eletrofisiológicos (p <0,001).
Conclusão:
No Brasil, o perfil clínico-epidemiológico do SGB associado à infecção por CMV é semelhante ao descrito em outros países. O melhor entendimento das relações entre processos infecciosos e SGB é um componente-chave de uma agenda de pesquisa e estratégia de assistência para iniciativas globais de saúde em neuropatia periférica.
Palavras-chave:
Infecção por citomegalovírus; Síndrome de Guillain Barré; Epidemiologia; Brasil