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Análises de livros

ANÁLISES DE LIVROS

CHILDHOOD EPILEPSIES AND BRAIN DEVELOPMENT. ASTRID NEHLIG, JACQUES MOTTE, SOlOMON L. MOSHÉ, PERRINE PLOUIN (eds). Um volume (17,5x24,5 cm) encadernado, com 311 páginas. ISBN 0 86196 578 7. London, 1999: John Libbey & Co Ltd (13 Smiths Yard, Summerley Street, London SW18 4HR, England).

Entre 3 e 5 de abril de 1997, foi realizado, em Obernai (Alsácia), um encontro internacional de pesquisadores das áreas básicas e de clínicos envolvidos no diagnóstico, tratamento e pesquisa em epilepsias da infância, com o objetivo de discutir, de modo integrado, aspectos de fisiopatologia e de problemas que surgem no atendimento de crianças com epilepsia. O livro foi um dos resultados desse encontro de especialistas mundialmente conhecidos e conta com 26 capítulos agrupados em 7 partes.

A 1ª parte trata de desenvolvimento cerebral, mudanças na excitabilidade com a idade e do papel dos neurotransmissores. Contém capítulos dedicados a genes reguladores do desenvolvimento neural (Boncinelli et al., Itália), glutamato decarboxilase e desenvolvimento do hipocampo (Houser et al., USA), plasticidade, crises precoces e epilepsia crônica (Pierson & Swann, USA) e a mecanismos ligados à idade envolvidos no controle de crises (Velísková, USA).

Na 2ª parte, Misson et al. apresentam os vários tipos de distúrbios da migração neuronal e suas relações com epilepsia, enquanto Luhmann et al. (Alemanha) e Chevassus-au-Louis et al. (França) discutem modelos experimentais, estruturais e funcionais, de distúrbios de migração em ratos.

O 3º módulo é um painel das relações entre desenvolvimento e síndromes específicas ligadas à idade - espasmos da infância (Dulac et al., France), síndrome de Lennox-Gastaut (Dravet, França), Landau-Kleffner (Maquet et al., Bélgica) ¾, assim como das repercussões cognitivas ou comportamentais da epilepsia na infância (Deonna, Suiça; Medtz-Lutz & Massa, France).

A 4ª parte discute os modelos experimentais, não genéticos, de epilepsias e cérebros imaturos (Baram & Hatalski, USA; Mares, Republica Checa; Jensen, USA).

O 5º módulo, o mais extenso do livro, aborda as consequências das crises para o cérebro maduro ou imaturo, em estudos experimentais ou neuropatológicos de pacientes ((Coulter, USA; Sankar, USA; Cavalheiro, Brasil; Nehlig et al., França; Wasterlain et al., USA; Sperber et al., USA; Holmes et al., França; Mathern et al., USA).

Na 6ª parte são discutidas as consequências do uso de drogas antiepilépticas para o cérebro em desenvolvimento, tanto do ponto de vista experimental (Vasconcelos et al., França) quanto clínico (Billard, França).

No final é feita uma avaliação global da temática em estudo, incluindo a indicação de caminhos para futuras pesquisas (Moshé, USA).

Trata-se de um livro de grande importância pela sua abordagem integrada, experimental e clínica, e por procurar respostas para questões de enorme relevância, como por exemplo: 1. as consequências das crises são dependentes da idade? da origem das crises? do tipo ou duração das crises?; 2. quais as consequências do tratamento crônico para um cérebro em desenvolvimento? 3. porque o cérebro imaturo é mais susceptível a crises em resposta a estímulos ambientais?

O livro deve ser recomendado aos pesquisadores de áreas básicas interessados em epilepsia e aos epileptólogos clínicos.

LINEU CORRÊA FONSECA

BENIGN CHILDHOOD PARTIAL SEIZURES AND RELATED EPILEPTIC SYNDROMES. C. P. PANAYIOTOPOULOS. Um volume (17x24 cm) encadernado com 406 páginas. ISBN 0 86196 577 9. London, 1999: John Libbey & Co Ltd (13 Smiths Yard, Summerley Street, London SW18 4HR, England).

Esta obra prima de livro é uma das mais recentes e completas revisões sobre as crises parciais benignas da infância (CPBI), com 837 referências, incluindo algumas de Arq Neuropsiquiatr, como uma nossa (Silva DF et al., 1995, ref. 728), outra de Paola L et al. (1990, ref. 211), entre outras. Panayiotopoulos, autor de elevadíssimo prestígio e respeito internacional, faz uma análise minuciosa, atualizada e altamente didática das CPBI. Aborda os aspectos históricos, clínicos, fisiopatológicos, epidemiológicos, eletrográficos e propõe novos conceitos para as CPBI. Além disso, este livro trata-se de um verdadeiro atlas de EEG, devido à riqueza de suas belas figuras eletrográficas.

A Parte I, com três capítulos, aborda os aspectos gerais das epilepsias. O Capítulo 1 versa sobre o diagnóstico das epilepsias; nele, o autor realça a importância da abordagem sindrômica das epilepsias. O Capítulo 2 relata a importância do EEG no diagnóstico das síndromes epilépticas e traz um modelo de laudo incluindo três tópicos: conclusão, a opinião pessoal e um comentário final. No Capítulo 3 são discutidos os aspectos clínicos, nomenclatura e o EEG das CPBI, com destaque para a rolândica, a síndrome de Panayiotopoulos e a de Gastaut (epilepsia occipital benigna da infância). Neste capítulo, brilhantemente, o autor sugere a hipótese de um conceito unificado para as CPBI.

A epilepsia rolândica (Capítulo 4), o foco centro-temporal e outros achados no EEG de crianças com crises rolândicas (Capítulo 5) fazem parte da Parte II. Estes dois capítulos são constituídos de 30 páginas e são excelentes, sendo o primeiro em relação aos aspectos clínicos e de tratamento, enquanto o outro aborda os diferentes aspectos do EEG como o dipolo, diferentes topografias, crises, foco rolândico em crianças normais, entre outros.

A Parte III é a maior (Capítulos 6 a 13), com 178 páginas, com destaque para os diferentes tipos de crises parciais occipitais, como os vômitos e a cefaléia ictal (Capítulo 6), e as síndromes das epilepsias occipitais (Capítulo 7). Os Capítulos 8 e 9 apresentam a síndrome de Panayiotopoulos e a síndrome da epilepsia occipital benigna da infância tipo Gastaut, respectivamente. O foco occipital, paroxismos occipitais e outros achados no EEG de crianças com ou sem epilepsia occipital são discutidos no Capítuo 10. Os aspectos históricos e uma brilhante revisão da literatura sobre as epilepsias occipitais fazem parte do Capítulo 11. Os aspectos gerais das epilepsias reflexas são apresentados no Capítulo 12A, enquanto as crises occipitais fotossensíveis constituem o Capítulo 12B. A experiência pessoal do autor em relação às epilepsias occipitais consta do Capítulo 13, com destaque para o diagnóstico diferencial entre a síndrome de Panayiotopoulos e a de Gastaut.

Os estudiosos das cefaléias deveriam ler a excelente revisão da Parte IV, que consideramos simplesmente fascinante. Uma cuidadosa abordagem crítica e muito bem colocada por Panayiotopoulos, tenta esclarecer toda a polêmica gerada ao longo dos anos a respeito da associação entre a enxaqueca e as epilepsias occipitais. No Capítulo 14, o autor discute o diagnóstico diferencial entre as epilepsias occipitais e a enxaqueca com aura, aura enxaquecosa sem cefaléia e a enxaqueca basilar. O Capítulo 15 é uma revisão da enxaqueca basilar.

Os outros tipos de CPBI, como a epilepsia parcial benigna com sintomas afetivos, a epilepsia com pontas parietais, as CPBI com pontas da linha média e as de localização frontal, são discutidos no Capítulo 16 da Parte V. No Capítulo 17 são abordadas a síndrome de Landau-Kleffner, a epilepsia com ponta-onda contínua do sono lento, a epilepsia rolândica autossômica dominante com dispraxia da fala e a epilepsia parcial benigna atípica da infância.

O autor conclui, no Capítulo 18, baseado em dados clínicos e eletrográficos, claramente demonstrados em sua revisão, que todas estas síndromes epilépticas acima citadas, estão correlacionadas entre si, devido a um distúrbio funcional comum da maturação cortical, geneticamente determinado e reversível. Panayiotopoulos propõe um conceito unificado das CPBI e sugere chamá-las de "síndrome da susceptibilidade epiléptica da infância". Finalizando o livro, descreve as características clínicas, eletrográficas, os sintomas neuropsicológicos e da linguística, a fisiopatologia, o tratamento e os aspectos atuais e do futuro desta síndrome.

Em suma, trata-se de um brilhante e precioso livro, com análises bem detalhadas, extremamente didático, atualizado, com excelente revisão da literatura, repleto de figuras de EEG, esclarecedor de antigas polêmicas e com novos conceitos em relação às síndromes epilépticas. Esta fascinante obra é leitura obrigatória para todos os profissionais, sobretudo epileptólogos e eletrencefalografistas, que desejam se atualizar e esclarecer dúvidas dentro deste fantástico mundo das CPBI.

MÁRCIA MARQUES DE LIMA

DÉLRIO FAÇANHA SILVA

BETRAYAL TRAUMA: THE LOGIC OF FORGETTING CHILDHOOD ABUSE. JENNIFER J. FREYD. Um volume (15x23 cm) com 232 páginas. ISBN 0-674-06806-8. Cambridge, 1996: Harvard University Press (79 Garden Street, Cambridge MA 01238 USA).

A tese básica deste livro é: quando uma criança sofre abuso sexual por um dos seus pais ou por uma outra pessoa de quem ela é emocionalmente dependente, a criança tem uma tendência forte de não lembrar do abuso sexual para manter intacto e viável o seu relacionamento interpessoal com essa pessoa, com quem ela tem que conviver. Por exemplo, se uma menina com seis anos sofre abuso sexual pelo seu pai, ela vai ter uma tendência de não se lembrar disto, porque necessita de conviver com ele e uma revelação do que aconteceu tornaria essa convivência impossível ou ao menos muito perturbada para a família toda. A criança, seja uma menina ou um menino, precisa esquecer o ocorrido para "sobreviver emocionalmente". A autora, que é uma professora de psicologia na Universidade de Oregon nos Estados Unidos, apresenta de uma maneira sistemática e compreensiva muitos estudos que apoiam ou negam sua tese. Ao nosso ver, a evidência é sugestiva, mas precisa de mais pesquisas para provar ou desaprovar esta tese, e até a autora, com certas hesitações, concorda com isto.

Nos últimos quinze anos, o assunto do abuso sexual em crianças atraiu muita atenção por parte de alguns grupos de psicólogos clínicos e psiquiatras. Os jornais, revistas e canais de televisão nos Estados Unidos, e em alguns outros países, deram ainda mais atenção a este assunto, às vezes com toques de sensacionalismo. Em oposição a este movimento, as associações de "False Memory Syndrome" (síndrome de falsa memória), ou FMS, entraram em debate contra os defensores da posição de que o abuso sexual é comum e frequentemente causa desordens psiquiátricas mais tarde na vida. Um lado exige mais transparência de um problema comum, e o outro responde que isto seria transparência de alguma coisa que não existe.

Alguns processos nos tribunais americanos, que atraíram muita atenção na televisão e nos jornais, resultaram no castigo (cadeia ou multa) dos infratores, às vezes décadas depois do citado abuso sexual. Outros processos, relativos a pais que disseram que eles foram falsamente acusados e sofreram ostracismo social e muita dor emocional devido a tais acusações, conseguiram indenizações vultuosas dos seus acusadores. Em todos os dois casos, o sofrimento emocional de todas as pessoas envolvidas foi grande.

As opiniões desta autora são claramente expressadas: (1) Abuso sexual é comum. (2) Crianças abusadas, frequentemente, não lembram do seu trauma ou lembram somente muitos anos depois, devido aos fatores esboçados acima nesta análise. (3) Abuso sexual em muitos casos produz transtornos de personalidade, ou neuroses, ou outras desordens psiquiátricas. (4) Devido aos primeiros três fatores, este assunto merece uma consideração ampla do público, como uma contribuição à saúde pública do ponto de vista psiquiátrico.

Este é um livro erudito sobre um assunto controverso. A autora escreve bem. Somente de vez em quando é difícil acompanhá-la neste labirinto clínico, moral e legal.

A. H. CHAPMAN

DJALMA VIEIRA E SILVA

SLEEP MEDICINE PEARLS. RICHARD B. BERRY. Volume 10 da série The Pearl Series. Um volume (17,5 x 22,5 cm) com 276 páginas. Philadelphia, 1999: Hanley & Belfuss Inc. (210 S. 13th Street, Philadelphia PA 19107 USA).

O interesse principal deste livro, que acaba de ser lançado, é ser composto só de relatos de casos clínicos. São mais de cem casos, com descrição breve, mas consistente, trazendo ao neurologista uma revisão de tópicos principais da Medicina do Sono. A maneira dinâmica de descrever os casos, e as questões clínicas propostas como desafio, seguram o leitor.

Sem dúvida o livro foi planejado como uma forma rápida de atualização, visando aos inúmeros exames de Residência Médica nos quais se aplica esta sistemática de caso clínico acompanhado de testes de múltipla escolha. Cada caso clínico é apresentado, com questões, seguidas das respostas e breve discussão pertinente. Os casos são divididos em treze partes, correspondentes a grupos de patologias, havendo ao início de cada qual um texto resumido de recapitulação.

Três apêndices e um glossário completam esta publicação. No primeiro, está a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono, em sua última versão de 1997, de uso obrigatório para todos cujos pacientes têm comprometimento do sono. O apêndice seguinte traz as características básicas dos estágios do sono como detectados em polissonografia. O último apêndice mostra duas tabelas de lembrete rápido aos estudantes, com as principais causas de insônia e de sonolência excessiva diurna. A diferenciação ocorrida requer e justifica o glossário incluso, útil aos principiantes neste assunto, mas interessante mesmo aos neurologistas mais experientes, pois a nomenclatura tem mudado e vale a pena estar em dia.

RUBENS REIMÃO

LA PET / HAM LA PARAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL O MIELOPATÍA ASOCIADA CON EL HTLV-I. VLADIMIR ZANINOVIC, CARLOS MAURÍCIO DE CASTRO-COSTA, editores. ISBN 958-96531-0-3. Um volume (17x24 cm) encadernado com 139 páginas. Bogotá, 1998: Colciencias (Transversal 9-A 133-28, Bogotá, Colombia).

Uma colaboração Colômbia-Brasil é sempre benvinda ao mercado editorial latino-americano. Zaninovic e Castro-Costa a reunem experiência de pesquisadores colombianos, brasileiros, argentinos, chilenos belgas, americanos e japoneses para discutir aspectos relacionados à doença ou síndrome da PET/HAM em um livro constituído de 14 capítulos.

O livro começa com uma excelente revisão sobre mielopatias virais e não virais escrita por Carton, da Universidade de Louvain, Bélgica. Segue-se capítulo sobre a epidemiologia do HTLV-I na América do Sul.

Aspectos diagnósticos laboratoriais e do líquido cefalorraqueano são abordados respectivamente por Andrade-Serpa e Puccioni-Sohler. Esta última revisa aspectos da imunidade celular e humoral observados no estudo do LCR na PET/HAM em artigo já publicado em Arquivos de Neuro-Psiquiatria.

Zaninovic apresenta excelente revisão sobre controvérsias sobre o vírus HTLV-I e a PET/HAM. Osame e colaboradores apresentam peculiaridades da PET/HAM no Japão. Dangond, da Universidade de Harvard, apresenta aspectos essenciais da imunologia da PET/HAM e Castro-Costa, da Universidade Federal do Ceará, aspectos da fisiopatologia da PET/HAM.

Ao final do livro são apresentados aspectos terapêuticos essenciais, por Araújo, da Fiocruz, e da espasticidade, por Zaninovic.

É um livro recomendado para os estudiosos dos retrovírus, sobretudo aqueles que vivenciam em seus países o problema da PET/HAM. Consiste, como prefaciam seus editores, da experiência conjunta de um grupo que se dedica há mais de 20 anos ao estudo das mielopatias associadas com retrovírus HTLV-I.

JOSÉ ANTONIO LIVRAMENTO

TRATAMIENTO DE LA NEUROCISTICERCOSIS. CLEMENTE ROBLES. ISBN 968-36-5814-8. Um volume (16x23 cm) em brochura, com 110 páginas. México DF, 1997: Facultad de Medicina, Universidad Autónoma de México (Ciudad Universitaria, 04510, México DF, México).

O Professor Clemente Robles é um dos pioneiros do tratamento da neurocisticercose utilizando o parasiticida denominado praziquantel. Este fato lhe permite escrever com toda a propriedade sobre o tema. Esta monografia é o resultado de suas reflexões a propósito do tema, e retrato de sua experiência na matéria.

Para atingir sua finalidade, analisa outros aspectos da neurocisticercose, baseado principalmente na sólida experiência da escola de neuroparasitologia do México. Esses capítulos são: a cisticercose como problema de saúde pública, antecedentes, etiopatogenia, diagnóstico, profilaxia e controvérsias, além do tratamento. Seguem-se a eles, Documentos e Ilustrações. Referências bibliográficas e Agradecimento encerram a monografia.

O capítulo Tratamento traz a análise de quatro modalidades de conduta: cirúrgica, farmacológica, cortisona, medicamentos associados. O tratamento farmacológico é particularmente dedicado ao primeiro parasiticida utilizado com sucesso no tratamento da neurocisticercose, o praziquantel (pirazinoisoquinoleína). Complementando os dados, em Documentos encontram-se valiosos subsídios relacionados ao uso que Robles fez ¾ pioneiramente ¾ do praziquantel em pacientes com neurocisticercose, a partir de 1979 e baseando-se nos resultados observados em suínos por Chavarria.

Jesus Kumate Rodríguez, no Prólogo, chama a atenção para a imerecida irrelevância dada à contribuição pioneira do mestre Clemente Robles ao tratamento medicamentoso da neurocisticercose. Como ele, e creio que como de todos os estudiosos do assunto no Brasil, lamento o fato, na certeza de traga o tempo uma a análise acurada do tema e, com ela, o reconhecimento ao mérito de Clemente Robles.

ANTONIO SPINA-FRANÇA

O GUIA PRÁTICO DA NEUROLOGIA. CHARLES ANDRÉ. Um volume (21 x 27,5 cm) em brochura, com 193 páginas. Rio de Janeiro, 1999: Guanabara Koogan Editora (Travessa do Ouvidor 11, 20040-040 Rio de Janeiro RJ).

A neurologia brasileira se enriquece com este que se denomina "o guia prático". É um resumo dos aspectos e condutas da neurologia quotidiana de consultório e de hospital. A nosso ver, deveria ser adotado nos programas de Residência em Neurologia, em Clínica Médica, e no Internato, e estar presente nas estantes de todos os departamentos de Neurologia.

O autor, Charles André, neurologista reconhecido em nosso país principalmente por sua dedicação e pesquisas em doenças cerebrovasculares, é Professor Adjunto de Neurologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua vivência diária do ensino da neurologia, notou a carência de um tomo breve e claro da neurologia prática, acessível aos ambulatórios e enfermarias. Sua iniciativa e esforço de depuração deram origem a esta obra magnífica.

Ponto forte desta publicação são os quadros diagnósticos e de terapêutica, fornecendo aspectos diferenciais didáticos e detalhes preciosos do tratamento, incluindo doses e vias de administração cuidadosamente compostos. Os primeiros capítulos descrevem o exame clínico, colocado em tom otimista como "Exame neurológico? Nada mais fácil". A seguir vêm os exames complementares, incluindo os mais recentes integrantes da prática diária, como potenciais evocados, polissonografia e ressonância magnética. Seguem-se os textos sobre síndromes corticais e subcorticais, cefaléia, lesões vasculares, tumores, trauma, emergências e doenças críticas, distúrbios extrapiramidais, doenças desmielinizantes, epilepsia, distúrbios do sono, infecções, HIV-AIDS, doenças da medula, nervos periféricos, nervos cranianos, músculo, gravidez e depressão. Com certeza, um livro para ser carregado na bolsa de cada Residente.

RUBENS REIMÃO

NEUROLOGIA ¾ PINGOS & RESPINGOS: MAIS DE 1000 QUESTÕES COMENTADAS. PÉRICLES DE A. MARANHÃO FILHO, ÁLVARO DE LIMA COSTA. Um volume (16x28 cm) em brochura, com 361 páginas. ISBN 85-7309-354-4. Rio de Janeiro, 1999: Livraria e Editora Revinter Ltda. (Rua do Matoso 170, 20270-130 Rio de Janeiro RJ. Fax 21 502 6830)

Mais de mil perguntas e suas respostas acerca da neurologia constituem o conteúdo deste livro, como consta do título. Deixa de ser dito que as perguntas são claras e as respostas, precisas e preciosas.

Dois amantes da neurologia expõem seus conhecimentos utilizando o método pergunta-resposta. Tornam eles fácil, assim, a aquisição do conhecimento e, ao mesmo tempo o dirimir dúvidas que eventualmente acompanham esse mesmo conhecimento. São eles Péricles de Andrade Maranhão Filho, Professor Adjunto de Neurologia da Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Álvaro José de Lima Costa, senhor de verve e verbo, Professor de Neurologia dessa mesma Faculdade e por três vezes Livre-Docente de Neurologia: pela UFRJ, pelas Universidades Federais de Minas Gerais e do Paraná. Esses títulos universitários dos autores bastariam para respaldar o livro, mas não foi só isso e nem são esses títulos o principal motivo; o fiel do respaldo, na realidade, vem da vivência neurológica dos dois autores, no assistir pacientes, no ensinar e, mais ainda, no amar a nossa especialidade, a Neurologia. A tudo isso se soma o domínio que têm da matéria médica, grandemente enriquecido por outro domínio, o do vernáculo.

São 22 os capítulos nos quais o conteúdo está distribuído, numa ordenação didática. O médico, o diagnóstico e histórias da neurologia (e outras) abrem a série de capítulos. Seguem-se aqueles de neuroanatomia, fisiologia e semiologia, antes dos assuntos de clínica. Estes abrangem, sucessivamente: doenças musculares e da junção neuromuscular, nervos periféricos, algias, distúrbios do movimento, alterações do desenvolvimento, doenças heredodegenerativas, doenças vasculares, doenças desmielinizantes, doenças infectoparasitárias, neuroncologia, epilepsias, cefaléia, complicações neurológicas de doenças sistêmicas, álcool/sexo/sono/fadiga/pânico, demência, miscelânea. Encerra esta mostra de saber e de didática um índice remissivo lógico, de primeira qualidade.

Sérgio Augusto Pereira Novis, Professor Titular de Neurologia da UFRJ, conclui o Prefácio do livro nestes termos: "Assim, prezados leitores, termino estas notas bem imaginando os inúmeros momentos de deleite que terão ao lerem essas páginas, ao corrido ou ao acaso, como o livro permite, por várias horas, ou num par de minutos. ". A essa sentença tão carregada de sabedoria, permito-me acrescentar uma recomendação: a de que cada leitor dedique ao livro muitas horas de seu labor do adquirir conhecimento, pela qualidade da informação nele contida sobre neurologia e sobre a ciência e a arte de ser neurologista.

ANTONIO SPINA-FRANÇA

SPIKE: ATLAS INTERATIVO DE ELETRENCEFALOGRAFIA. RENATO ANGHINAH, PAULO A. M. KANDA. Edição em CD-Rom. São Paulo, 1999: EMSA Equip. Médicos S/A. (a/c Dr. Renato Anghinah, Rua Itacolomi 333 / 83, 01239-020 São Paulo SP. Fone 11 258 8370)

Em CD-Rom aparece este atlas de EEG, que é interativo. Há 1175 telas comentadas, com diversos grafoelementos normais e patológicos. Vinte exames interativos permitem reformatação de montagem, velocidade do papel e amplitude.

Configuração mínima: Pentium 100 MHz, 8 MBb Memória RAM, leitor CD-ROM 2x, Windows 95/96/NT.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Abr 2000
  • Data do Fascículo
    Dez 1999
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