RESUMO
Antecedentes:
O comprometimento do sistema nervoso central (SNC) pode ocorrer em pacientes com COVID-19. O papel do exame do LCR nesses casos ainda não foi precisamente estabelecido.
Objetivo:
Foi realizada uma revisão sistemática dos achados do LCR em pacientes com COVID-19 e comprometimento do SNC.
Métodos:
Os parâmetros do LCR, incluindo análises citológicas e bioquímicas, RT-PCR para o SARS-CoV-2, além de outros marcadores liquóricos, foram registrados e analisados em pacientes com as seguintes síndromes: acidente vascular cerebral, encefalopatia, encefalite, síndromes inflamatórias, crises epilépticas, cefaleia e meningite.
Resultados:
Aumento de leucócitos e/ou aumento da concentração de proteína foram encontradas em 52,7% dos pacientes com encefalite, 29,4% dos pacientes com encefalopatia e 46,7% dos pacientes com outras síndromes inflamatórias (P<0,05). A RT-PCR em LCR para identificação SARS-CoV-2 foi positiva em 17,35% dos pacientes com encefalite e menos de 3,5% dos pacientes com encefalopatia ou síndromes inflamatórias (P<0,05). A produção intratecal de imunoglobulinas foi encontrada em apenas 8% dos casos. Mais de 85% dos pacientes apresentavam aumento de citocinas e quimiocinas no LCR. Foi identificado aumento do neurofilamento de cadeia leve (NfL) em 71% e da proteína Tau em 36% dos casos.
Conclusão:
Alterações inflamatórias leves e inespecíficas foram frequentes em pacientes com manifestações neurológicas do SNC associadas à COVID-19. O aumento de biomarcadores de neurodegeneração sugere a possibilidade de dano neuronal, com consequências de longo prazo ainda desconhecidas.
Palavras-chave:
COVID-19; Líquido cefalorraquidiano; Encefalite; Reação em Cadeia da Polimerase; Cefaleia