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Por que os anticorpos monoclonais anti-CGRP ainda não são a primeira linha de tratamento preventivo da migrânea?

RESUMO

A migrânea é uma condição prevalente e motivo de grande incapacidade, influenciada por fatores de risco modificáveis e não-modificáveis. Comorbidades e doenças psiquiátricas são prevalentes em doentes com migrânea e devem ser levadas em consideração na escolha do tratamento profilático com medicações orais. Os anticorpos monoclonais anti-CGRP possuem melhor perfil de tolerabilidade, baseando-se nos baixos indicadores de desistência devido a efeitos colaterais em ensaios clínicos. O termo “tratamento de primeira linha” é muito utilizado em algumas especialidades médicas que adotam protocolos de tratamento padronizados e pode não ser adequado à migrânea. Quanto à eficácia, os anticorpos monoclonais não possuem desempenho muito superior que os medicamentos profiláticos orais atuais no tocante à redução de dias de migrânea por mês, quando comparados ao placebo. Os anticorpos monoclonais anti-CGRP são recentes no mercado, o que leva a suspeitas quanto à sua segurança a longo prazo. Apenas a vigilância de efeitos adversos confirmará se o bloqueio da via do CGRP não leva à suscetibilidade de efeitos colaterais graves, ao menos em subpopulações específicas. O CGRP pode ter um papel na regulação do fluxo sanguíneo uteroplacentário, bem como no relaxamento do miométrio e do útero e controle da pressão arterial, levando à possibilidade de que o seu bloqueio poderia causar complicações durante a gestação. Guidelines recentes recomendam o início do tratamento preventivo da migrânea com drogas orais. Tanto a precocidade quanto os elevados custos são a razão porque os guidelines orientam a prescrição de anticorpos monoclonais após falha a pelo menos duas medicações orais.

Palavras-chave:
Anticorpos Monoclonais; Custos e Análise de Custo; Eficácia; Cefaleia; Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde; Transtornos de Enxaqueca; Preparações Farmacêuticas; Prescrições; Segurança; Vigilância; Terapêutica

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