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Influência do tratamento na incapacidade da esclerose múltipla: estudo aberto, retrospectivo e não randomizado em longo prazo

A eficácia das medicações imunossupressivas (IMS) e imunomoduladoras (IMM) na esclerose múltipla (MS) tem sido relatada em diversos estudos. Essas medicações podem reduzir o número de surtos e de lesões observadas nos estudos de ressonância magnética. Entretanto, o efeito dessas medicações na progressão da incapacidade em período acima de quatro anos é raramente estudado. OBJETIVO: Estudar a incapacidade associada à MS em longo prazo e analisar os benefícios dos diferentes tipos de tratamento na progressão da doença. MÉTODO: Estudo aberto e retrospectivo da progressão da incapacidade utilizando a escala expandida do grau de incapacidade (EDSS) e o escore da gravidade da esclerose múltipla (MSSS) em 155 casos de MS, sendo 76% do sexo feminino, idade média no início da doença 30,21±9,70 anos e período médio de seguimento 115,39±77,08, mediana 92 (3 a 447) meses. Os casos foram submetidos a 277 tipos diferentes de tratamentos: 62 casos não usaram IMS ou IMM, somente corticosteróides (SYT); 53 com azatioprina (AZA); 53 com interferon-β (IFNβ)-1b 250 µg (BET); 55 com IFNβ-1a 22 µg (R22); 19 com IFNβ-1a 30 µg (AVO); 15 com IFNβ-1a 44 µg (R44); 15 com acetato de glatiramer (COP) 20 mg, e 5 casos com mitoxantrone (MIT). RESULTADOS: A mediana do EDSS do grupo foi 2,0 (0 a 5,5, média total do grupo foi 1,89±1,52) no início de cada tratamento e 2,50 (0 a 9, média de 3,06±2,18) no fim. A mediana inicial da MSSS foi 3,34 (0,25 a 9,50, média 3,94±2,91) e a final 3,90 (0,05 a 9,88, média 4,02±2,78). O EDSS entre o início e o fim do tratamento do grupo mostrou progressão estatisticamente significante e também para os subgrupos SYT, AZA, BET e R22. Não foi encontrada diferença estatística no MSSS entre o início e fim do tratamento no grupo total ou nos subgrupos. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre a variação inicial e final do EDSS e MSSS entre os diversos subgrupos de tratamento. CONCLUSÃO: Nesta série, não foi encontrada diferença estatística na progressão da incapacidade em longo prazo entre os IMS e IMM, bem como nos casos tratados unicamente com corticosteróides.

esclerose múltipla; terapêutica imunomoduladora; terapêutica imunossupressiva; EDSS; incapacidade na esclerose múltipla; tratamento da esclerose múltipla


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