Redatores médicos

Resumos

Maybe the scientific disclosure is one of the most important steps to the technological advance. It's through detailed diagnoses and the organization and disclosure of health information that science advances presenting new therapeutical and preventive perspectives. Our paper aims the disclosure of accurate and clear information that can be used as important tools by health professionals. The initiative of the Orthopedics and Traumatology Department is to support the scientific papers, and their full development from the project to the ending, going through the bibliographic review, standardization, methodology and fitting the papers into the conditions of each magazine.

Medical writers; Methodology; Research

ARTIGO ORIGINAL

Redatores médicos

Maria Luiza Lotumulo Amatuzzi^I; Maria Fazanelli Crestana^II; Marco Martins Amatuzzi^III; Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho^III

^IBibliotecária – mestranda da Faculdade de Medicina da USP

^IIBibliotecária – doutoranda da Faculdade de Saúde Pública da USP

^IIIProfessor Titular do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP

^{Endereço para correspondência}

RESUMO

Talvez a divulgação científica seja um dos passos mais importantes para o avanço tecnológico. É através de diagnósticos detalhados e da organização e divulgação de informações sobre a saúde que a ciência consegue avançar trazendo novas perspectivas terapêuticas e preventivas.

Nosso trabalho busca exatamente a divulgação de informações precisas e claras que sirvam de instrumento para os profissionais de saúde. A iniciativa de Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade de São Paulo é fornecer esse suporte aos trabalhos científicos através do desenvolvimento de projetos desde o início, passando pela revisão bibliográfica, padronização, metodologia e adequação dos trabalhos às publicações.

Descritores: Redatores médicos; Metodologia; Pesquisa.

INTRODUÇÃO

No cenário da globalização e do desenvolvimento da ciência e tecnologia que propicia novos métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos com as implicações daí decorrentes como a necessidade de organização e divulgação da informação em saúde, o Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, idealizou e implantou um projeto com ações orientadas pela ampliação do conceito do fazer científico baseado nas modernas noções de metodologia.

Um Hospital Público como é o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP, que tem função de ensino em todos os níveis, atendimento à população desde os casos primários até o atendimento terciário, e ainda preocupação com serviços à comunidade, tem dificuldade em controlar e orientar sua produção científica oriunda das linhas de pesquisa e muito mais dificuldade em levar para a prática efetiva um projeto que, depois de vencidas todas as etapas previstas, colocá-lo publicado nos meios de divulgação cumprindo assim sua tarefa de divulgar para a comunidade os resultados obtidos.

Na análise documental, tanto da idéia inovadora em termos de Brasil para a implantação deste Projeto, como aqueles referentes ao seu desenvolvimento, execução e resultados, serão analisados, bem como os propósitos e prática do Grupo de Redatores Médicos, na divulgação desta idéia na área da Saúde.

Todos os professores universitários reconhecem o fato que existem profissionais com perfil eminentemente assistencial e por isso, com grande experiência clínica representada pela sua atividade dedicado às enfermarias e ambulatório, com um expressivo banco de dados. Toda esta experiência será perdida se o profissional não registrá-la em publicação especializada de impacto para que possa ser transmitida às futuras gerações.

A iniciativa do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da USP é no sentido de dar suporte aos trabalhos científicos, quanto à sua completa elaboração desde o projeto até sua finalização, passando pela revisão bibliográfica, padronização, metodologia e adequando os trabalhos às condições de cada Revista.

Este Grupo leva em conta que cada membro do Corpo Clínico tem a sua própria linha de pesquisa, a sua própria redação, e todas as suas atribuições de ensino e assistenciais, e ainda considera o seu dia a dia com todos os seus afazeres, suas atribuições e a falta de tempo ou de perfil para redigir trabalhos científicos.

HISTÓRICO

A European Medical Writers Association (EMWA)⁽²⁾, fundada em 1989 partiu de um pequeno grupo de biomédicos e comunicadores, com formação superior, industriais e jornalistas com o objetivo de prover um forum para promover normas de excelência em escritos médicos através da Europa. Inicialmente o treinamento formal foi providenciado pela filiação à Associação Americana de Escritores Médicos (AMWA)⁽¹⁾ e em 1999 a EMWA estabeleceu seu próprio comitê educacional que desenvolveu um programa para certificar seus membros, que hoje são mais de 300 oriundos de 26 países e que trabalham em casa, na Industria Farmacêutica, Companhias de Comunicação Médica, Institutos de Pesquisa e no Jornalismo Científico.

Segundo a AMWA o sucesso dos Redatores Médicos advém dos seguintes parâmetros:

1 - Conhecimento médico ou aptidão para o entendimento da linguagem,

2 - Habilidade para escrever para profissionais da saúde e não para acadêmicos de letras.

3 - Formação em ciências, farmácia, medicina ou jornalismo ou o próprio curso de Redatores Médicos,

4 - Estágio sob supervisão.

Um exemplo da atuação profissional dos Redatores Médicos é o da enfermeira Laura Quigley^(3,4,5) mestre em Ciências e Redatora Médica, do Grupo do Rush-Presbyterian-St. Luke's Medical Center, Chicago, Illinois, que além das funções de manter um Banco de Dados no serviço, prepara artigos e os publica com todo o grupo.

Van Trigt et al.⁽⁸⁾ comentam, como Redatores Médicos buscam nas fontes as idéias para informação na área médica comparando-os aos jornalistas, e enfatizam a importância deste profissional.

Redmond⁽⁷⁾ destaca a necessidade que têm as enfermeiras em se preparar para escrever artigos científicos no grupo que atuam, mesmo que seja para facilitar o processo de escrita dos redatores menos experientes.

McDonald⁽⁶⁾ analisa a necessidade de se desenvolver técnicas para treinamento de Redatores Médicos na Austrália e Nova Zelândia, especializados na área da Psiquiatria.

As Associações de Redatores Médicos, tanto a Americana quanto a Européia, divulgam este mercado de trabalho como sendo muito rentável e promissor, e ainda com a vantagem de se poder trabalhar em casa ou em qualquer lugar do mundo, pois com o acesso à Internet, já não existe barreira na comunicação.

METODOLOGIA

A solicitação de seus serviços passa por uma secretaria que encaminha os protocolos aos diversos setores de produção, como à bibliotecária para a checagem do que existe na literatura sobre o assunto, ao especialista em metodologia para análise e classificação do trabalho, ao estatístico para a conferência do cálculo do "n" e para, calculando as probabilidades validar as eventuais conclusões face aos números do material, e, por fim aos redatores propriamente ditos, especialistas na escrita de um protocolo bem desenvolvido, colocando no papel o pensamento dos pesquisadores ou conferí-los, passando para a linguagem científica ou mais acessível, nos casos de artigos didáticos e das campanhas de esclarecimento à população. Completado o protocolo e uma vez aprovado pela Comissão Científica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia e pela Comissão de Análise de Projetos de Pesquisa - CAPpesq, o trabalho passa a ser desenvolvido pelos autores obedecendo as diversas Linhas de Pesquisa da Instituição.

Uma vez concluído o trabalho dentro do prazo pré-estipulado, seus autores podem ainda usar a Sessão dos Redatores Médicos, para a verificação da qualidade e para a redação final. São os redatores, que adequam o trabalho científico às exigências das revistas em que se pretende publicar, inclusive fazendo a versão para a língua original do periódico selecionado.

Desta equipe fazem parte também, para a análise inicial do projeto os Assistentes Sociais, incumbidos de preparar o material a ser estudado; se a pesquisa é feita com pacientes que na linguagem metodológica são chamados de sujeitos, então selecionando os sujeitos levando-se em conta a possibilidade de retorno dentro do seguimento programado e das condições individuais exigidas pelo próprio protocolo; enfermeiros, participantes ativos do projeto, quer seja científico, didático ou cultural; médicos que dão sua contribuição semanal ao grupo, conferindo textos ou orientando quem quer escrevê-los. Estes médicos são geralmente ex-colegas da Instituição ou pessoal atuante no atendimento hospitalar que, por terem aptidão, dedicam algumas horas ao grupo de Redatores Médicos, escrevendo ou conferindo textos. Alguns são aposentados do Hospital das Clínicas e até pertencem à Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, SOBRAMES, Regional de S.Paulo. Todos eles são coordenados por uma docente, formada pela Faculdade de Educação da USP, especializada em línguas e na linguagem médica, e especialmente contratada pelo Centro de Estudos "Godoy Moreira", como o é também o Prof. Liberato Di Dio, anatomista e ex-professor da USP, e de diversas Instituições Universitárias Americanas.

Quadro

RESULTADOS

Os resultados são avaliados e descritos a partir das atividades previstas e executadas pelo Grupo, e de acordo com os objetivos iniciais do projeto. Serão descritos as ações e os produtos em que participou na elaboração ou redação final, incluindo-se as versões. São apresentadas também as atividades didáticas e de serviço de extensão à comunidade.

Os trabalhos prontos revistos, (12) na realidade foram adaptações aos critérios das revistas às quais eram direcionados.

O grande trabalho dos Redatores Médicos foi referente aos capítulos dos livros que estão sendo escritos pelo Departamento de Ortopedia e Traumatologia. Sua função foi a uniformização da linguagem entre os capítulos, conferindo aos tratados, uma padronização.

Por solicitação da Comissão Científica e devido à dificuldade dos mestres e doutores em resumir suas teses para publicação, os Redatores puderam fazê-los em número de 15, cumprindo assim uma exigência da Coordenadoria de Aprimoramento Pessoal de Ensino Superior – CAPES.

As revisões ortográficas e as versões representaram 12 ítens, que somente poderiam ter sido feito por especialistas.

No item orientação de teses, em numero de 18, foram feitas entrevistas com especialistas, sempre com a presença do orientador.

Todos os trabalhos que tiveram origem na sessão são acompanhados de tempos em tempos, de acordo com o cronograma.

COMENTÁRIOS

Há mais de dois anos em funcionamento, o denominado Grupo de Redatores Médicos, ligado à Comissão Científica do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP é um suporte autêntico para o Corpo Clínico e todos os profissionais da saúde que lá trabalham, assessorando-os nas suas necessidades em quaisquer escritos relacionados com as ciências da saúde, em todas as suas etapas, que vão do projeto em si, passando pela revisão bibliográfica e pela metodologia, culminando com a revisão literária e a versão para a língua inglesa.

Nosso grupo criado pelo Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP pretende ser o primeiro no Brasil a formar Redatores Médicos e dar apoio a grupos de profissionais da saúde na sua tarefa de transmitir seus conhecimentos, à semelhança de grupos que existem na Europa e nos Estados Unidos.

As bibliotecárias que atuam na FMUSP podem ser consideradas profissionais da área de saúde. Habituadas a dar suporte técnico na elaboração dos trabalhos científicos, têm grande interesse no desenvolvimento desta profissão que desponta no nosso país, e, pela sua própria formação se sentem aptas a abraçar esta idéia junto aos demais profissionais. Por estas considerações a iniciativa da Comissão Cientifica do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP, e o apoio irrestrito dos seus professores titulares, nos estimularam a escrever, já como redatoras médicas em formação, este trabalho conjunto.

Trabalho recebido em 31/07/03

Aprovado em 24/12/03

Trabalho realizado no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - SP

• ¹
  Associação Americana de Redatores Médicos. Disponível em: <http://www.amwa.org>. Acesso em: 23 jun. 2003.
• ²
  Associação Européia de Redatores Médicos. Disponível em: <http://www.emwa.org>. Acesso em: 23 jun. 2003.
• 3. Bellabarba C, Berger RA, Bentley CD et al. Cementless acetabular reconstruction after acetabular fracture. J Bone Joint Surg Am 83:868-869, 2001.
• 4. Berger RA, Quigley LR, Jacobs JJ et al. The fate of stable cemented acetabular components retained during revision of femoral component of a total hip arthroplasty. J Bone Joint Surg Am 81:1682-1683, 1999.
• 5. Jacobs JJ, Rosenberg AG, Galante JO et al. Letters to the editor. J Bone Joint Surg Am 84:143-144, 2002.
• 6. McDonald J. Clinical supervision: a review of underlying concepts and developments. Aust N Z J Psychiatry 36:92-98, 2002.
• 7. Redmond MC. Simplifying the writing process for the novice writer. J Perianesth Nurs 17:310-317, 2002.
• 8. Van Trigt AM, de Jong-van den Berg LT, Haaijer-Ruskamp FM et al. Journalists and their sources of ideas and information on medicine. Soc Sci Med 38:637-643, 1994.

E

ndereço para correspondência

Rua Ovídio Pires de Campos, 333

CEP 05403-010 - São Paulo - SP

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  24 Jun 2004
• Data do Fascículo
  Mar 2004

Histórico

• Recebido
  31 Jul 2003
• Aceito
  24 Dez 2003