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Avaliação do teor de Atenolol em comprimidos divididos com faca caseira e aparelho cortador

Evaluación de la proporción de Atenolol en comprimidos divididos con cuchillo casero y con cortador

Resumos

OBJETIVO: Avaliar se o teor de Atenolol em fragmentos de comprimidos nas dosagens de 100 mg, 50 mg e 25 mg partidos em duas e quatro partes com auxílio de faca caseira e de aparelho cortador de comprimidos é diferente em função do modo como a divisão é realizada. MÉTODOS: Os comprimidos íntegros foram divididos com faca caseira e com aparelho cortador de comprimidos, e os teores de Atenolol foram determinados em todos os fragmentos. RESULTADOS: Não houve diferença significativa entre os teores obtidos, após divisão dos comprimidos com faca caseira ou com aparelho cortador, apesar da divisão levar a acentuada dispersão dos teores entre os fragmentos, na divisão em metade, a dispersão dos resultados deu-se entre 7,8% e 12,1%, e quando divididos em quatro partes, foi entre 9,2% e 21,1%, indicando a possibilidade de comprometer a eficácia do tratamento dos pacientes independente de como a divisão foi feita. CONCLUSÃO: Os resultados indicaram a ocorrência de dispersão maior do que a estabelecida para garantir uniformidade da dose recebida a cada administração do medicamento independente da forma de realizar a divisão, seja por meio de faca caseira ou com aparelho cortador de comprimidos.

Atenolol; Comprimidos; Equipamentos e provisões; Atenção farmacêutica; Tecnologia farmacêutica


OBJETIVO: Evaluar si la proporción de Atenolol en fragmentos de comprimidos en las dosis de 100 mg, 50 mg y 25 mg partidos en dos y cuatro partes con la ayuda de un cuchillo casero y de un cortador de comprimidos es diferente en función al modo cómo se realiza la división. MÉTODOS: Los comprimidos enteros fueron divididos con un cuchillo casero y con un cortador de comprimidos, siendo determinadas las proporciones de Atenolol en todos los fragmentos. RESULTADOS: No hubo diferencia significativa entre las proporciones obtenidas, después de la división de los comprimidos tanto con cuchillo casero como con el cortador. A pesar de que la división lleve una acentuada dispersión de las proporciones entre los fragmentos, en la división por la mitad, la dispersión de los resultados se dió entre 7,8% y 12,1%, y cuando fueron divididos en cuatro partes, fue entre 9,2% y 21,1%, indicando la posibilidad de comprometer la eficacia del tratamiento de los pacientes independiente de cómo haya sido realizada la división. CONCLUSIÓN: Los resultados indicaron la ocurrencia de mayor dispersión de la establecida para garantizar la uniformidad de la dosis recibida en cada administración del medicamento independiente de la forma de realizar la división, sea por medio de un cuchillo casero o un cortador de comprimidos.

Atenolol; Comprimidos; Equipos y suministros; Atención farmacéutica; Tecnologia farmaceutica


OBJECTIVE: To evaluate whether the content of Atenolol on fragments of tablets in dosages of 100 mg, 50 mg and 25 mg broken into four parts with the aid of homemade knife and cutter unit tablets is different, depending on how the division is performed. METHODS: The intact tablets were divided with a knife and with a homemade pill cutter device, and the concentrations of Atenolol were determined in all fragments. RESULTS: No significant difference existed between the levels of Atenolol obtained after splitting the tablets with the homemade knife or the pill cutter device, although the division led to severe levels of dispersal among fragments. When divided in half, the dispersion of results was between 7% and 12.1%, and when divided into four parts, it was between 9.2% and 21.1%, indicating the possibility of compromising the effectiveness of treating patients regardless of how the division was made. CONCLUSION: The results indicated a greater dispersion than would be acceptable to guarantee a uniform dose received at each drug administration, regardless of the way the division was performed, either by phone or homemade knife cutter pills.

Atenolol; Tablets; Equipment and supplies; Pharmaceutical care


ARTIGO ORIGINAL

Avaliação do teor de Atenolol em comprimidos divididos com faca caseira e aparelho cortador* * Trabalho realizado no Laboratório do Serviço de Medicamentos do Instituto Adolfo Lutz - São Paulo (SP), Brasil.

Mariangela Tirico Auricchio; Helena Miyoco Yano; Ana Paula Santos; Adriana Bugno

Serviço de Medicamentos, Instituto Adolfo Lutz, São Paulo(SP), Brasil

Autor Correspondente Autor Correspondente: Mariangela Tirico Auricchio Av. Dr. Arnaldo, 355 - Cerqueira César São Paulo - SP - Brasil Cep: 01246-902 E-mail: mauricch@ial.sp.gov.br

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar se o teor de Atenolol em fragmentos de comprimidos nas dosagens de 100 mg, 50 mg e 25 mg partidos em duas e quatro partes com auxílio de faca caseira e de aparelho cortador de comprimidos é diferente em função do modo como a divisão é realizada.

MÉTODOS: Os comprimidos íntegros foram divididos com faca caseira e com aparelho cortador de comprimidos, e os teores de Atenolol foram determinados em todos os fragmentos.

RESULTADOS: Não houve diferença significativa entre os teores obtidos, após divisão dos comprimidos com faca caseira ou com aparelho cortador, apesar da divisão levar a acentuada dispersão dos teores entre os fragmentos, na divisão em metade, a dispersão dos resultados deu-se entre 7,8% e 12,1%, e quando divididos em quatro partes, foi entre 9,2% e 21,1%, indicando a possibilidade de comprometer a eficácia do tratamento dos pacientes independente de como a divisão foi feita.

CONCLUSÃO: Os resultados indicaram a ocorrência de dispersão maior do que a estabelecida para garantir uniformidade da dose recebida a cada administração do medicamento independente da forma de realizar a divisão, seja por meio de faca caseira ou com aparelho cortador de comprimidos.

Descritores: Atenolol/análise; Comprimidos/administração & dosagem; Equipamentos e provisões; Atenção farmacêutica; Tecnologia farmacêutica/instrumentação

INTRODUÇÃO

A divisão de comprimidos vem sendo prática utilizada há muitos anos, já em 1984, Autores(1) estudaram 100 comprimidos de cada uma das 14 marcas de antihipertensivos comercializadas à época e obtiveram boa divisibilidade, apenas para duas marcas. Inicialmente, a divisão de comprimidos foi justificada, para ajustar a dose ao paciente, nos casos em que a dosagem requerida não estava disponível comercialmente(2), ou quando o paciente necessitava de dose diferenciada, como nos casos de início de tratamento(3). Atualmente, tem sido muito praticada, particularmente, nos Estados Unidos da América e no Canadá, como estratégia de diminuição dos custos com medicação por parte dos planos de saúde, que determinam aos médicos a prescrição do medicamento em sua forma de apresentação de maior dosagem do fármaco, para que seja dividido e utilizado pelo paciente(4-16).

Pesquisadores(17-19) demonstraram que a divisão de comprimidos também é hábito nos serviços de saúde da Alemanha, determinado, tanto pelo preço da medicação como pela dose oferecida na formulação e ocorre independente da existência de sulco no comprimido e do fabricante recomendar ou não a divisão; Autores(20) relatam que 30% dos comprimidos dispensados em cinco farmácias comunitárias na Holanda foram utilizados divididos, por iniciativa do paciente, quer para ingerir dose menor ou para facilitar a deglutição e que 11% dos comprimidos divididos sequer tinham sulcos.

O aspecto econômico sempre tem lugar quando a questão do acesso aos medicamentos é citada, tanto que os planos de saúde nos Estados Unidos da América tem se recusado a pagar por medicamentos em dosagens menores de fármaco, quando estes apresentam doses maiores comercializadas. Entretanto, muitos autores alegam que a redução de custo baseada na estratégia de divisão de comprimidos não é tão efetiva nem deve ser o foco central da questão(21-24) pois, ao tratar indiscriminadamente a todos os pacientes deixa-se de levar em conta as limitações naturais de certos grupos, como os idosos que, muitas vezes, exibem deficiências visuais e motoras que comprometem a habilidade em proceder à divisão dos comprimidos. Autores(11) demonstraram, em estudo com 94 voluntários sadios que realizaram a divisão de comprimidos de hidroclorotiazida de 25 mg, que 41,3% obtiveram metades com desvios do peso em mais de 10% e que 12,4% dos voluntários desviaram em mais de 20%. Os aspectos relativos às características dos diferentes medicamentos também têm sido analisados pelos pesquisadores, os quais indicam que não devem ser divididos comprimidos sem sulcos ou marcas, aqueles destinados à liberação modificada ou programada, os de revestimento entérico, os que apresentam fármacos de janela terapêutica estreita, comprimidos revestidos com filmes, associações de fármacos e cápsulas(25-28).

Ao ser partido o comprimido, torna-se real a possibilidade de incorporação de umidade e exposição à luz, fatores que aceleram a degradação e a oxidação dos componentes da formulação e podem modificar a solubilidade do fármaco, além de aumentar a friabilidade (facilidade da perda do pó do comprimido) e fragmentação das metades, sendo por isso consideradas extemporâneas(24), uma vez que o fabricante realiza os estudos de estabilidade no comprimido íntegro. Em alguns casos, a metade não consumida deve ser desprezada, como a dipirona, em que o processo de degradação inicia-se imediatamente após a partição do comprimido. Estudos para avaliar a "quebrabilidade" dos comprimidos sulcados com vistas a produzir metade ou fragmentos de maior uniformidade do teor(29-31), demonstraram que na validação dos processos de fabricação, a dureza dos comprimidos foi o parâmetro discriminativo no controle da compressão para aumentar a uniformidade tanto do comprimido íntegro como dos fragmentos.

O fármaco Atenolol é um antagonista seletivo de receptores B1 - adrenérgicos, utilizado no tratamento da hipertensão, em uma dose diária de 50 miligramas ao início do tratamento; tem absorção incompleta, embora a maior parte da porção absorvida efetivamente atinge a circulação sistêmica, é excretado quase que completamente na forma não modificada pela urina e exiba meia-vida entre cinco e oito horas. Quando a resposta terapêutica obtida não é satisfatória, a dose é aumentada para 100 miligramas(32). No Brasil, são registradas formas de apresentação com doses de 25 mg, 50 mg e 100 mg, comercializadas, como medicamentos de referência, genéricos e similares, sendo também disponibilizadas aospacientes do Sistema Único de Saúde.

O objetivo deste estudo foi avaliar os teores individuais da substância ativa (Atenolol) nos fragmentos obtidos, após a divisão dos comprimidos de Atenolol, nas dosagens de 100 mg, 50 mg e 25 mg, em material fornecido por um dos vários fabricantes no mercado brasileiro de medicamentos, empregando-se a faca caseira e aparelho cortador de comprimidos disponível em farmácias. Para a avaliação, adotou-se livremente o critério de aceitação estabelecido na Farmacopeia Brasileira(33) para determinação da Uniformidade de Dosagem de comprimidos íntegros quanto ao desvio-padrão relativo entre as medições.

MÉTODOS

Amostra

Neste estudo, foram empregados comprimidos redondos, de cor branca e sulcados, nas doses posológicas de 25 mg, 50 mg e 100 mg de Atenolol. As amostras foram provenientes de um dos fabricantes disponíveis no mercado nacional de medicamentos.

Divisão dos comprimidos

Para a divisão dos comprimidos, foi empregada faca caseira, com a intenção de simular as condições, nas quais este procedimento é mais comumente realizado pelo paciente ou seu cuidador e também foi utilizado o cortador de comprimidos adquirido em farmácia.

Dez comprimidos de cada dose (100 mg, 50 mg e 25mg) foram divididos ao meio com o auxílio de faca caseira, obtendo-se 20 fragmentos para cada dose. A mesma operação foi realizada, em mais 10 comprimidos de cada dose, com aparelho cortador de comprimidos, obtendo-se, portanto, 20 fragmentos para cada dose.

Em seguida, 10 comprimidos nas doses de 100 mg e 50 mg foram divididos em quatro partes com auxílio de faca caseira, obtendo-se 40 fragmentos para cada dose. A mesma operação foi realizada, em outros 10 comprimidos nas doses de 100 mg e 50 mg, com aparelho cortador de comprimidos obtendo-se, portanto, 40 fragmentos para cada dose.

Todos os procedimentos de divisão dos comprimidos foram realizados por técnico do laboratório, sob a supervisão de farmacêutica.

Determinação do teor de Atenolol

O doseamento de Atenolol foi realizado por espectrofotometria de absorção no ultravioleta, segundo a Farmacopeia Brasileira, 4ª edição(34), utilizando livremente o critério de aceitação para comprimidos íntegros, do ensaio de Uniformidade de Dosagem, no qual o maior valor do Desvio Padrão Relativo (DPR) entre as medições não deve exceder 7,8%.

Preparação das amostras

Cada fragmento do comprimido foi dissolvido em Metanol grau UV/HPLC-Espectroscópico VETEC® e aquecido a 60ºC por 10 minutos, com agitação ocasional. Após o período de aquecimento, procedeuse à agitação mecânica por 15 minutos e, em seguida, foi preparada solução em concentração de 0,01% (p/ v) em metanol.

O mesmo procedimento foi executado com dez comprimidos íntegros de cada dose (100 mg, 50 mg e 25mg), a fim de garantir que estavam de acordo com o teor declarado para cada uma das doses posologicas indicadas nos rótulos.

Curva analítica do Atenolol

A partir da Substância Química de Referência Atenolol FB, da Farmacopeia Brasileira (lote 1.028) foi preparada solução na concentração de 0,2 mg/mL em metanol. A partir desta solução, foram preparadas soluções metanólicas com concentrações de 40 g/mL, 60 g/mL, 80 g/mL, 100 g/mL, 120 g/mL, 140 g/mL e 160 g/mL.

Análise espectrofotométrica

Foram obtidas medidas de absorbância, para cada uma das soluções de padrão de Atenolol e das soluções das amostras, espectrofotômetro HP® modelo UV8453 acoplado a computador e impressora, em comprimento de onda de 275 nm, utilizando cubeta de quartzo de 1 cm de caminho óptico. A partir destas leituras, foi calculada a quantidade de Atenolol (C14H22N2O3) nos comprimidos íntegros e fragmentos.

RESULTADOS

Os resultados foram sumarizados em Figuras (1 e 2 ) e Tabela (1). A Figura 1 refere-se a dados analíticos dos teores, mostrando que a metodologia analítica empregada atendeu aos critérios de boas práticas de laboratório, foi obtida com base nas soluções metanólicas do padrão de Atenolol, por análise de regressão linear, realizada com a aplicação de ferramentas de análise de dados do Excell®, sendo verificado o coeficiente de correlação de 0,9993 (p<0,01).


A Figura 2 especificamente, possibilita visualização dos efeitos observados no conjunto dos comprimidos estudados em relação à faixa de valores aceitos de dispersão dos teores do fármaco nos fragmentos e os valores obtidos na prática.da curva.

A Tabela 1 mostra os desvios-padrão segundo dosagem do fármaco Atenolol nos comprimidos íntegros e nos fragmentos de comprimidos segundo ao modo de obtenção da divisão (faca caseira ou aparelho cortador de comprimidos)de diferentes dosagens do fármaco, evidenciando que ocorre desvios acima dos limites considerados seguros para manutenção da constância de dose recebida a cada administração do fármaco.

DISCUSSÃO

Este estudo não encontrou diferença significativa entre efetuar a divisão dos comprimidos com faca caseira ou com aparelho cortador para as doses de 100 mg (p = 0,123), 50 mg (p = 0,194) e 25 mg (p =1,17), divididas em metades. Quando os comprimidos de 100 mg e 50 mg foram divididos em quatro partes, também não houve diferença significativa (p= 0,164 e 0,39, respectivamente) na divisão feita com faca caseira ou aparelho cortador.

Embora nestes comprimidos não tenha sido verificada diferença significativa entre as quantidades de princípios ativos nos fragmentos obtidos após a divisão ao meio com faca caseira ou aparelho cortador nas condições em que foi feita em laboratório, conforme os dados da Tabela 1, a divisão ao meio mostrou menos dispersão dos tores nos fragmentos em relação à divisão em quatro partes. Tanto o uso de faca caseira como o aparelho cortador de comprimidos forneceram fragmentos com quantidades de princípio ativo acima do limite de variação preconizado (7,8%) pela Farmacopeia Brasileira, para garantir o não comprometimento da dose recebida a cada administração do medicamento, quando comparados aos teores obtidos nos comprimidos íntegros. Na representação gráfica da dispersão dos resultados obtidos neste estudo (Figura 2 ), observa-se que boa parte dos teores permanece na zona crítica de variação de ± 15% (85 a 115%), que corresponde à região ainda aceitável de variação da dose. Entretanto, verificam-se pontos fora desta faixa de aceitação, nos quais o paciente irá receber dose de medicação fora do limite aceitável, havendo, portanto, o risco do comprometimento da eficácia do tratamento.

Neste estudo, não foi feita avaliação dos fragmentos remanescentes para utilização posterior, entretanto a preocupação deve ser maior com estes fragmentos do que com os que são utilizados imediatamente, após a divisão, pois aqueles estão sujeitos à exposição de seu conteúdo a fatores que afetam a estabilidade/degradação do fármaco, como luz, umidade, calor e também à perda de massa resultante da divisão em si que pode ser exacerbada pelo atrito dos fragmentos em maior ou menor grau, conforme as condições nas quais os mesmos estarão armazenados até a próxima ingestão.

Outro aspecto que não pôde ser avaliado neste estudo, mas, que é decisivo para o êxito da divisão e deve ser levado em consideração, é a habilidade do paciente para efetuar adequadamente a divisão, particularmente, em se tratando de paciente idoso, com eventuais problemas motores e/ou visuais, conforme já relataram outros estudos aqui assinalados. Também é importante ter em mente que o idoso ainda pode utilizar vários medicamentos concomitantemente e, por esta razão, o correto entendimento sobre qual medicamento deve ser dividido é fundamental, para que não ocorram erros na utilização com consequências adversas para o paciente. Neste estudo, também foi constatado que, embora as divisões tenham sido feitas em condições controladas no laboratório, ao utilizar o aparelho cortador, houve o risco de ferimento por corte para o operador, indicando que seu manuseio requer atenção e habilidade na operação de colocar o comprimido e/ou fazer a limpeza interna do aparelho, já que a lâmina é bastante afiada; por esta razão a escolha deste aparelho para dividir os comprimidos precisa ser avaliada com critério.

CONCLUSÃO

Não sabemos em que extensão se dá a indicação e o uso de comprimidos divididos no Brasil pois os estudos nesta área são ainda restritos, quando se consultam as bases de dados. Os resultados obtidos neste estudo indicaram a ocorrência de dispersão maior do que a estabelecida para garantir a uniformidade da dose recebida a cada administração do medicamento independente da forma de realizar a divisão, seja por meio de faca caseira ou com aparelho cortador de comprimidos.

Entretanto, sempre que esta prática for indicada pelo prescritor, o paciente deverá ter perfeita compreensão do processo de divisão dos comprimidos, tarefa importante da Atenção Farmacêutica, para que o tratamento não sejaprejudicado. É conveniente considerar alguns aspectos que possam estar envolvidos na prática de divisão de comprimidos, como por exemplo, a falta de formas comercializadas na dose pretendida para o paciente; comprimidos com substância ativa com baixo índice terapêutico - no qual a divisão pode ser perigosa em razão da toxicidade intrínseca destes fármacos; a ausência de sulco nos comprimidos deve ser encarada como uma sinalização do fabricante de que não devem ser divididos; assim como não devem ser divididos os comprimidos de liberação programada e os revestidos. Da mesma forma, as instruções sobre como armazenar os fragmentos que serão utilizados posteriormente não devem ser esquecidas pela Atenção Farmacêutica, considerando que o fabricante efetua os estudos de estabilidade somente para o comprimido íntegro, e estas porções do comprimidos são aquelas que estarão mais sujeitas a atritos e degradações pela exposição da massa do comprimido

Artigo recebido em 20/08/2009 e aprovado em 15/08/2010

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  • Autor Correspondente:
    Mariangela Tirico Auricchio
    Av. Dr. Arnaldo, 355 - Cerqueira César
    São Paulo - SP - Brasil Cep: 01246-902
    E-mail:
  • *
    Trabalho realizado no Laboratório do Serviço de Medicamentos do Instituto Adolfo Lutz - São Paulo (SP), Brasil.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Mar 2011
    • Data do Fascículo
      2011

    Histórico

    • Aceito
      15 Ago 2010
    • Recebido
      20 Ago 2009
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