Open-access Conocimientos de agentes comunitarios de salud sobre personas con discapacidad visual

ape Acta Paulista de Enfermagem Acta Paul Enferm 0103-2100 1982-0194 Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo Resumen Objetivo Evaluar los conocimientos de agentes comunitarios de salud sobre personas con discapacidad visual antes y después de una capacitación acerca del tema. Métodos Estudio descriptivo y longitudinal, llevado a cabo en tres Unidades Básicas de Salud en un municipio del interior del estado de Ceará, entre los meses de diciembre de 2019 y mayo de 2020. Participaron 13 agentes comunitarios de salud que trabajaban en las instituciones mencionadas. Los datos obtenidos tras la aplicación del cuestionario fueron analizados con el programa Statistical Package for the Social Sciences y Epi-Info. Resultados Los agentes comunitarios de salud eran mayormente mujeres entre 41 y 50 años de edad (46,15 %) y casados (69,23 %). Más de la mitad de los participantes estudiaron solamente hasta la educación secundaria (61,54 %) y el mismo número participó en un curso técnico para agentes comunitarios de salud. Con relación al tiempo de trabajo como agentes comunitarios de salud, pocos ejercían esa función hace más de 20 años (38,46 %) y aproximadamente la mitad trabajaba en la zona rural (53,85 %). Se observó el aprendizaje luego de la capacitación, pues hubo un incremento de respuestas correctas sobre términos comunes del tema, dado que los participantes del estudio comenzaron a comprender los conceptos sobre personas con discapacidad, inclusión y accesibilidad. Fue posible verificar que ningún participante había sido capacitado sobre el tema, por lo que la capacitación ofrecida por este estudio resultó relevante. Conclusión Luego de realizar la capacitación, fue posible observar un aumento en el número de respuestas correctas, sensibilización y concientización sobre la importancia de la temática, ya que en sus áreas de actuación había personas con discapacidad. Introdução Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, 2,2 bilhões de pessoas no mundo apresentavam comprometimento visual. Destas, 1 bilhão têm deficiência visual que poderia ter sido evitada ou ainda não foi tratada.(1) No Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018, o percentual de pessoas com deficiência visual conforme o novo critério é de 3,4% (6.485.671).(2) Dessa forma, é essencial promover a qualidade de vida e trabalhar a prevenção de comorbidades das pessoas com deficiência, dentre elas a visual, a fim de minimizar futuros agravos à saúde. Para isso, é importante capacitar os profissionais de saúde que lidam direta e indiretamente com essa clientela. É importante ressaltar que um dos direitos da pessoa com deficiência resguardados na Constituição Federal de 1988 é a saúde. Assim, a capacitação dos agentes comunitários de saúde pode garantir a redução do risco de doença e de outros agravos assegurados por meio de políticas sociais e econômicas,(3)já que esses profissionais lidam diretamente com a assistência da população geral e de pessoa com deficiência, identificando suas demandas e necessidades como uma de suas atividades. Como particularidade de seu trabalho, o agente comunitário de saúde realiza atividades de avaliação diagnóstica, busca de situações de risco e encaminhamento desses casos à equipe de saúde, além de orientar as famílias e auxiliar na implantação das ações de saúde locais, nas Unidades Básicas de Saúde, e nacionais, na alimentação dos sistemas de informação do Ministério da Saúde.(4) Em estudo voltado às perspectivas dos agentes comunitários de saúde sobre a atenção à saúde das pessoas com deficiência da zona rural, observou a existência de barreiras e vulnerabilidades relacionadas à identificação e ao conhecimento dos direitos dessas pessoas assegurados nas leis vigentes no país. Além disso, observou também, nas falas dos agentes comunitários de saúde, a necessidade de uma formação mais ampla, já que atuam como elo principal entre a equipe de saúde e a população residente de suas áreas. Em alguns casos, eles são inclusive procurados para a execução de funções que não compreendem suas habilidades, o que justifica a importância da realização de outros estudos voltados à temática.(5) Assim, a capacitação dos agentes comunitários de saúde para lidar com as pessoas com deficiência beneficia toda a população que reside em sua área de trabalho, pois ocorre aperfeiçoamento na assistência direcionada, sendo esta capaz de proporcionar qualidade de vida e cuidados mais efetivos. Para isso, é fundamental proporcionar conhecimentos e expandir habilidades e atitudes desses profissionais, visando facilitar a identificação e a inserção das pessoas com deficiência na rotina dos serviços de saúde.(4,6) Nessa perspectiva, surgiu a indagação: Qual o conhecimento dos agentes comunitários de saúde sobre a temática da pessoa com deficiência, acessibilidade e inclusão? O presente estudo objetivou avaliar o conhecimento de agentes comunitários de saúde sobre pessoas com deficiência visual antes e após capacitação sobre a temática. Métodos Estudo descritivo e longitudinal desenvolvido em três Unidades Básicas de Saúde do interior do estado do Ceará. As unidades foram selecionadas por possuírem um quantitativo superior de pessoas com deficiência na área. Os dados foram obtidos de dezembro de 2019 a maio de 2020, e a coleta aconteceu por meio do preenchimento de formulário para obtenção de dados. Participaram 13 agentes comunitários de saúde, que correspondem ao quantitativo total apresentado pelas unidades selecionadas para o estudo. Foram incluídos agentes comunitários de saúde lotados na área que compõe as Unidade Básicas de Saúde participantes da pesquisa. Agentes comunitários de saúde que estavam de férias e sob Licença-Saúde no período da coleta não fizeram parte do estudo. Todos os agentes das unidades que compuseram a pesquisa foram convidados e participaram da atividade. A coleta foi constituída por quatro etapas. A primeira diz respeito à busca e à seleção do material para utilização na capacitação de agentes comunitários de saúde sobre pessoa com deficiência. O material foi selecionado a partir do Manual sobre Acessibilidade e Inclusão do Aluno com Deficiência no Ensino Básico,(7) que contém tópicos voltados às perspectivas histórica e cultural da pessoa com deficiência, à acessibilidade e à inclusão. Nessa fase, também foram selecionados as Unidades Básicas e os agentes comunitários de saúde para convite. A segunda etapa consistiu na apresentação do projeto para a Coordenação de Saúde do município. Após agendamento, em data programada e sala reservada, foram explicados os objetivos e as atividades que seriam realizadas aos agentes comunitários de saúde, concretizado o convite para participação da capacitação e do estudo. Na terceira etapa, após o aceite e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aplicou-se formulário já validado em estudo anterior, adaptado para o público,(8) denominado “pré-teste”, utilizado para avaliar o conhecimento prévio dos agentes comunitários de saúde sobre a temática. O formulário apresentou questões objetivas e subjetivas sobre pessoas com deficiência (treinamento, relacionamento, comunicação e assistência) e foi utilizado no pré e no pós-teste. Ainda nessa etapa, em sala reservada na própria Unidade Básica de Saúde, foi realizada capacitação com todos os agentes por meio de aula expositiva. A capacitação contou com carga horária de 40 horas, sendo 4 horas teóricas (referente à exposição oral do conteúdo e ao momento para esclarecimentos e discussão) e 36 horas práticas (momento de visita nas residências das pessoas com deficiência visual). Ainda, foi preenchida uma ficha de cadastro a fim de conseguir os dados do perfil sociodemográfico desses agentes comunitários de saúde. A última etapa correspondeu à aplicação do questionário, chamado “pós-teste”, que consistia no mesmo questionário do pré-teste, com o mesmo número de questões. Essa etapa aconteceu por meio de ligações telefônicas, devido à situação presente de pandemia do novo coronavírus 2019 (Covid-19), e teve o propósito de comparar e avaliar o conhecimento adquirido pelos agentes comunitários de saúde após a realização da atividade. Recomenda-se que o pós-teste seja realizado pelo menos 1 dia após a intervenção; no caso do presente estudo, ele foi aplicado após 3 meses.(9) Os dados foram processados e analisados pelo programa Statistical Package for the Social Sciences, versão 20.0, o qual apresentou em tabelas a análise dos dados do pré e pós-teste por meio do teste do qui-quadrado de McNemar. Para obtenção do intervalo de confiança dos dados descritivos, foi utilizado o programa Epi-Info, versão 7.2. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da instituição de ensino superior relacionada, com parecer No 3.999.424. Resultados Participaram do estudo 13 agentes comunitários de saúde, sendo a maioria do sexo feminino (12; 92,31%), metade entre 41 e 50 anos (6; 46,15%), boa parte casada (9; 69,23%), e pouco mais da metade tinha estudado apenas até o ensino médio. O mesmo número participou de curso técnico para agentes comunitários de saúde (8; 61,54%). Referindo-se ao tempo de trabalho como agentes comunitários de saúde, pouco menos da metade exercia essa função há mais de 20 anos (5; 38,46%) e aproximadamente metade trabalhava na zona rural (7; 53,85%). Ainda, a maioria dos participantes afirmou que o treinamento era relevante e, após a capacitação, acreditavam ser primordial abordar com maior frequência essa temática (11; 84,6%). Voltando-se para os dados levantados sobre a atuação junto à pessoa com deficiência, quase todos disseram já ter prestado assistência ao público-alvo deste estudo (12; 92,31%). Mais da metade afirmou ter adaptado o atendimento para melhor atendê-los (7; 53,85%), embora não tenha sido possível inferir se essa adaptação foi correta e adequada. Os dados da pesquisa mostraram que boa parte dos agentes afirmou não existir acessibilidade em sua área de trabalho e indicaram ainda que não existiam condições de acesso às pessoas com deficiência (10; 76,92%). A tabela 1 descreve a análise do conhecimento desses profissionais no pré e pós-teste sobre os conceitos comuns a temática. Tabela 1 Pré e Pós-teste para análise do conhecimento dos agentes comunitários de saúde sobre pessoas com deficiência Itens Pré-teste Pós-teste p-value* Erro Acerto Erro Acerto Qual o conceito de pessoa com deficiência? 12(92,3) 1(7,7) 9(69,2) 4(30,8) 0,250 Qual o conceito de acessibilidade? 5(38,5) 8(61,5) 2(15,4) 11(84,6) 0,250 Qual o conceito de inclusão? 7(53,8) 6(46,2) 1(7,7) 12(92,3) 0,031 Resultados expressos por n (%); *Teste Estatístico: Qui-quadrado de McNemar Destacam-se a conversão positiva, referente ao quantitativo de acertos, quanto à temática da inclusão (p=0,031), passando de seis para 12 respostas corretas, e a melhoria dos resultados quanto à discussão sobre pessoa com deficiência (p=0,250) e acessibilidade (p=0,250), mesmo na ausência de significância expressa. Observou-se que 12 agentes desconheciam, por ocasião do pré-teste, o conceito de pessoas com deficiência. No pós-teste, o conhecimento foi adquirido, pois, após a capacitação, o número de acertos cresceu de um para quatro (30,8%). Quanto ao conceito de acessibilidade (p=0,250), três (60,0%) dos cinco agentes que afirmaram desconhecer o termo a princípio passaram a expressar apropriadamente a alternativa correta na aplicação do pós-teste, totalizando 11 (84,6%) respostas adequadas sobre o assunto. Ao perguntar sobre o que entendiam por inclusão, seis (85,7%) ampliaram seu conhecimento, pois, após a capacitação, 12 (92,3%) apresentaram respostas adequadas. Esse item apresentou diferença estatística significativa, com valor de p de 0,031. A tabela 2 revela, por meio do teste do qui-quadrado de McNemar, o conhecimento dos agentes comunitários de saúde antes e após capacitação. Tabela 2 Conhecimento dos agentes comunitários de saúde sobre pessoa com deficiência visual Itens Pré-teste Pós-teste p-value* Erro Acerto Erro Erro Acerto O deficiente visual se comunica por meio da escrita? 4(30,8) 9(69,2) 2(15,4) 11(84,6) 0,625 Quais as tecnologias utilizadas para o cego se orientarem enquanto anda na rua? 2(15,4) 11(84,6) 13(100,0) † Como o cego pode obter informações? 2(15,4) 11(84,6) 2(15,4) 11(84,6) 1,000 Qual o sinal que permite o cego atravessar a faixa de pedestres com segurança, sem necessitar da ajuda de outras pessoas? 2(15,4) 11(84,6) 2(15,4) 11(84,6) 1,000 Resultados expressos por n (%); *Teste estatístico do qui-quadrado de McNemar; † não houve viabilidade de processamento, por perda do pressuposto (tabela PxP) Dentre os participantes, quatro (30,8%) inicialmente erraram o questionamento sobre a forma de comunicação das pessoas com deficiência visual, mas responderam oportunamente após a capacitação, agregando conhecimento, e, assim, no pós-teste, foram obtidas 11 (84,6%) respostas adequadas (p=0,625). Discussão Conforme dados sobre o perfil sociodemográfico dos agentes comunitários de saúde, o maior número de participantes é do sexo feminino. Esse aspecto significativo caracteriza a maioria das equipes de saúde. A imagem da mulher como agente comunitário de saúde se apresenta associada ao ato de cuidar, orientar, zelar pelo bem-estar físico e social de toda família. Por esse motivo, a profissão do agente comunitário de saúde acaba por ser vista como uma profissão feminina.(10) Antes da capacitação, três dos agentes desconheciam o conceito de pessoas com deficiência. Ao verificar os dados obtidos no pós-teste, esses três agentes que tinham errado tal questão compreenderam o conceito corretamente. Assim, os profissionais possivelmente tinham conhecimento sobre a temática, a partir de fontes externas (televisão, rádio, comunicação com outras pessoas e etc.), pois nenhum possuía capacitação sobre o tópico. O conceito de pessoas com deficiência passou por algumas mudanças ao longo dos anos e ainda permanece em transformação. Entretanto, de acordo com a lei 13.146/15, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, pode-se definir pessoas com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.(11) Nesse contexto, a partir de estudo realizado com a própria população em questão sobre a construção do conceito de deficiência, pode-se afirmar que as pessoas com deficiência auditiva aceitam a denominação surdo, já as que têm limitação visual aceitam o termo pessoas com deficiência visual e/ou cego e aqueles com limitação motora negaram a expressão pessoas com deficiência física e cadeirante.(12) As pessoas com deficiência estão inseridas no processo de trabalho do agente comunitário de saúde, visto que eles são responsáveis pelo cadastro das famílias, mas constatou-se que esse processo não considera as particularidades e as definições de cada tipo de deficiência.(5) Justifica-se, então, a realização de capacitações voltadas às especificidades de cada deficiência, promovendo educação continuada desses profissionais.(5) Acerca da acessibilidade, oito agentes responderam adequadamente sobre o conceito desse termo no pré-teste. Após capacitação, 11 dos agentes acertaram tal conceito, ou seja, com a persistência de apenas dois dos participantes em condição de desacerto sobre a temática (os mesmos que erraram antes permaneceram no erro depois da capacitação). Ainda no pós-teste, dez dos profissionais asseguraram que não existe condições de acesso às pessoas com deficiência em suas áreas de trabalho, desde a residência até o percurso da unidade de saúde. De acordo com a Norma Brasileira Técnica 9050/20, a acessibilidade é conceituada como a possibilidade e a condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos.(13) Foi possível evidenciar, em estudo sobre pessoas com deficiência realizado no Maciço de Baturité, região próxima da capital Fortaleza, que o acesso ao interior do prédio das unidades de saúde se dava por escadas, rampas e piso inacessíveis, além de portas parcialmente acessíveis em relação à largura e à ausência de obstáculos físicos.(14) Sendo o agentes comunitários de saúde o principal elo em âmbito nacional de comunicação entre a população e os serviços de saúde, a aquisição de conhecimentos sobre acessibilidade dos espaços físicos das unidades colabora no processo de acolhimento dos usuários e fornece subsídios para que essa população disponha dos cuidados essenciais e necessários para melhoria na qualidade de vida e redução de riscos.(15) No que concerne a indagação sobre o conceito de inclusão, metade detém conhecimento sobre o assunto. No pré-teste, sobre o entendimento por inclusão, seis participantes responderam satisfatoriamente. Quanto ao pós-teste, seis dos participantes que tinham errado passaram a acertar. É importante lembrar que a inclusão preconiza que família e sociedade se adaptem às necessidades das pessoas com deficiência, possibilitando acesso aos mais diversos serviços públicos, com o propósito de efetivar igualdade de oportunidades para todos.(6)Assim, pode-se afirmar que os agentes comunitários de saúde entenderam o conceito de inclusão. O estudo possibilitou observar que os agentes não tiveram treinamento prévio sobre pessoas com deficiência, apesar de 12 deles afirmarem desempenhar assistência a essas pessoas. Faz-se relevante a capacitação concedida neste estudo. Assim, 11 dos participantes afirmaram que o treinamento é relevante e, após a capacitação, acreditaram ser primordial abordar essa temática com maior frequência. Ao se analisarem os itens relacionados exclusivamente à pessoa com deficiência visual, percebe-se que houve aprendizagem, no que concerne à orientação do cego na rua e à forma de obtenção de informações, uma vez que há número maior de acertos no pós-teste, se comparado ao pré-teste. É importante salientar que a aprendizagem em específico sobre a pessoa com deficiência visual não foi tão relevante, presumindo, portanto, conhecimento prévio de fontes diversas, uma vez que os agentes comunitários de saúde confirmaram nunca terem tido capacitação sobre a temática. Em comparação com a abordagem sobre a temática geral de pessoa com deficiência, a capacitação/aprendizagem foi mais efetiva sobre o conceito, a classificação, a inclusão, a acessibilidade e a tecnologia assistiva. A maioria dos participantes acertou sobre a forma de escrita usada pelo deficiente visual no pré-teste, aumentando o número de acertos no pós-teste. É ainda correto dizer que os agentes conheciam e ampliaram seu conhecimento sobre o braile ser a forma de comunicação escrita usada pelo deficiente visual, mas houve quem afirmasse que se tratava de uma escrita em relevo. O braile é um sistema de leitura e escrita tátil desenvolvido para cegos, o qual representa os elementos da linguagem por meio de pontos.(16)Na ausência da visão, a captação de informações deve acontecer por meio de outra via sensorial. Das quais principalmente tato e audição.(17) No que concerne ao modo como o cego pode obter informações, dois participantes que antes erraram mostraram resposta adequada no pós-teste, ao afirmarem que gravações em áudio (livro falado), utilização de ledor (pessoa que lê para o cego) e softwares sintetizadores de voz são recursos que ajudam e facilitam a rotina dessa clientela. Tais recursos são chamados de tecnologias assistivas, conhecidas como todo arsenal de recursos e serviços que contribuem para adequar ou ampliar habilidades funcionais das pessoas com deficiência, promovendo maior segurança, independência, autonomia e inclusão.(18) No que se refere às pessoas com deficiência visual, o uso de tecnologias assistivas pode promover melhor qualidade de vida. Estudo que aborda a conscientização e as barreiras de acesso às tecnologias assistivas por jovens com deficiência visual na Índia mostra que é de suma importância que instituições e profissionais de saúde obtenham conhecimentos e tracem estratégias para implementação das tecnologias assistivas em seu processo assistencial, visto que elas promoveriam inclusão e independências das pessoas com deficiência, possibilitando empoderamento e autonomia em seu processo assistencial.(19) Quanto aos questionamentos sobre como o cego pode obter informações e sobre o sinal que permite ao cego atravessar a faixa de pedestres com segurança sem necessitar de ajuda de outras pessoas (sinal sonoro), dois agentes tinham uma resposta ineficaz no pré-teste e apresentaram o mesmo equívoco no pós-teste. Com isso, faz-se necessária a realização de novas intervenções educativas que propiciem conhecimento aos agentes comunitários de saúde para que possam compreender aspectos relacionados às pessoas com deficiência visual, a fim de sanar futuras complicações e potenciais riscos à saúde. Os enfermeiros podem agir como importantes mediadores desse processo. O presente estudo trouxe aprendizagem e conhecimento para os profissionais da saúde. Após capacitação, foi perceptível um acréscimo de respostas adequadas sobre termos comuns à temática (pessoa com deficiência, inclusão, tecnologia assistiva, acessibilidade, orientação do cego na rua e forma de obtenção de informações). Tal conhecimento auxiliará esses profissionais a terem um olhar sensível e efetivar suas ações/atividades sobre as demandas desse público, incentivando outros profissionais sobre as mesmas questões. Como limitações do estudo, citam-se o número reduzido de participantes e a necessidade de ajustes no instrumento já validado e utilizado no estudo, uma vez que os agentes comunitários de saúde ficaram confusos ao responderem alguns itens. Como possibilidades futuras, podem ser também realizadas pesquisas concernentes ao conhecimento desses profissionais sobre outras deficiências, no intuito de propor estratégias futuras e capacitação para atuarem de forma segura e eficaz com o maior número de pessoas com deficiência. Além disso, deve ser possível avaliar o processo de capacitação com os agentes comunitários de saúde como forma de apoiar a identificação e a necessidades de aprimoramento. Conclusão Houve aquisição de conhecimento dos agentes comunitários de saúde após a capacitação proposta. São necessárias novas intervenções educativas que propiciem conhecimento aos agentes comunitários de saúde, para que possam compreender aspectos relacionados a esse público e adequar as práticas de assistência para uma atuação de qualidade. Mesmo com a constatação do aprendizado, fazem-se necessários a continuidade de atividades educativas e o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à educação permanente do agente comunitário de saúde. Nessa perspectiva, o enfermeiro é essencial, pois se mostra como facilitador apto a proporcionar e ampliar o conhecimento em saúde. Apesar de estarem regulamentados por políticas públicas vigentes no nosso país, os direitos das pessoas com deficiência não são garantidos, principalmente no atual contexto de desmonte das políticas sociais. Na maioria das vezes, é fruto da mobilização da sociedade civil. Com isso, o empoderamento e a disseminação de informações sobre o público, voltados a todos os profissionais de saúde, incluindo os agentes comunitários de saúde, apresentam relevância significativa na efetivação das legislações em vigor. Referências 1 1. World Health Organization (WHO). World report on vision. Geneva: WHO; 2019 [cited 2020 Sep 15]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/world-report-on-vision World Health Organization (WHO) World report on vision Geneva WHO 2019 cited 2020 Sep 15 https://www.who.int/publications/i/item/world-report-on-vision 2 2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nota técnica 01/2018: Releitura dos dados de pessoas com deficiência no Censo Demográfico 2010 à luz das recomendações do Grupo de Washington. Rio de Janeiro: IBGE; 2018 [citado 2021 Fev 15]. 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Senjam SS Foster A Bascaran C Vashist P Awareness, utilization and barriers in acessing assistive tecnology among young patients attending a low vision rehabilitation clinic of a tertiary eye care centre in Delhi Indian J Ophthalmol 2019 67 1548 1554 Original Article Knowledge of community health agents about visually impaired people 0000-0001-9091-0478 Oliveira Paula Marciana Pinheiro de 1 0000-0003-1974-2090 Medeiros Antonia Ellen Jardani de Souza 1 0000-0002-8386-6103 Luzia Francisco Jardsom Moura 1 0000-0001-7782-1649 Silva Gisele Mendes da 1 0000-0002-9527-8341 Bezerra Jallyne Colares 1 0000-0002-1195-2264 Beserra Gilmara de Lucena 2 0000-0003-0007-6681 Costa Edmara Chaves 1 0000-0002-8718-4783 Grimaldi Monaliza Ribeiro Mariano 1 1 Brazil Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Redenção, CE, Brazil. 2 Brazil Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brazil. Corresponding author. Paula Marciana Pinheiro de Oliveira. E-mail: paulapinheiro@unilab.edu.br Associate Editor (Peer review process): Paula Hino. (https://orcid.org/0000-0002-1408-196X). Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Collaborations Oliveira PMP, Medeiros Aejs, Luzia FJM, Silva GM, Bezerra JC, Beserra GL, Costa EC and Grimaldi MRM declare that they contributed to the design of the project, analysis and interpretation of the data; writing of the article, relevant critical review of the intellectual content and approval of the final version for publication. Conflicts of interest: none to declare. Abstract Objective Evaluate community health agents’ knowledge about visually impaired people before and after training on the topic. Methods Descriptive and longitudinal study, developed in three primary health care services in a city in the interior of Ceará, between December 2019 and May 2020. The participants were 13 community health agents who worked at these institutions. The data obtained by applying the questionnaire were analyzed using Statistical Package for the Social Sciences and Epi-Info. Results most community health agents were women between 41 and 50 years of age (46.15%) and married (69.23%). More than half of the participants had only obtained a high school degree (61.54%), and the same number had taken a technical course for community health agents. As for their length of experience as community health agents, few had been working in this function for more than 20 years (38.46%) and about half worked in rural areas (53.85%). Learning was observed after the training, as the number of correct answers on common terms related to the topic increased, considering that the research participants began to understand the concepts of disabled people, inclusion and accessibility. It could be observed that none of the participants had been trained on the subject, showing the relevance of the training offered in this study. Conclusion After the training, an increase in the number of correct answers could be observed, as well as increased awareness about the importance of the topic, as there were people with disabilities in their activity areas. Community health workers Professional training Visually impaired persons Health promotion Introduction According to data from the World Health Organization (WHO), in 2019, 2.2 billion people worldwide had a visual impairment. One billion of these have a visual impairment that could have been prevented or has not yet been treated.(1)In Brazil, according to data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics, in 2018, the percentage of people with visual impairment according to the new criterion is 3.4% (6,485,671).(2) Thus, it is essential to promote the quality of life and work to prevent comorbidities in disabled people, including visually disabled people, in order to minimize future health problems. Therefore, it is important to train the health professionals who deal with these clients direct and indirectly. It is important to highlight that one of the rights of disabled people safeguarded in the Federal Constitution of 1988 is health. Thus, the training of community health agents can guarantee the reduction of the risk of disease and other problems ensured through social and economic policies,(3)as these professionals deal directly with care for the general population and for disabled people with disabilities, identifying their demands and needs as one of their activities. As a particularity of their work, community health agents carry out diagnostic evaluation, search for risk situations and referral of these cases to the health team, in addition to advising families and assisting in the implementation of local health actions, in the primary health care units, and national, in feeding the information systems of the Brazilian Federal Health Department.(4) In a study focused on the perspectives of community health agents regarding the health care of people with disabilities in rural areas, the existence of barriers and vulnerabilities related to the identification and knowledge of the rights of these people assured in the laws in force in Brazil was identified. In addition, in the community health agents’ statements, the need for broader training was also observed, considering that they act as the main link between the health team and the population living in their areas. In some cases, they are even called upon to perform functions their skills do not cover, which justifies the importance of other studies focused on the theme.(5) Thus, the training of community health agents to deal with disabled people with disabilities benefits the entire population living in their area of work, because the targeted care improves, which is able to provide quality of life and more effective care. Therefore, it is essential to provide knowledge and expand these professionals’ skills and attitudes, in order to facilitate the identification and insertion of people with disabilities in the health service routine.(4,6) In this perspective, the following inquiry arose: What is the knowledge of community health agents on the subject of people with disabilities, accessibility and inclusion? This study aimed to evaluate community health agents’ knowledge about visually impaired people before and after training on the topic. Methods Descriptive and longitudinal study developed at three primary health care services in the interior of the state of Ceará, Brazil. The services were selected because a larger number of disabled people lived in the area. The data were obtained from December 2019 until May 2020, and data collection took place by completing a form. Thirteen community health agents participated, that is, the total number the services selected for the study presented. Community health agents were included who worked in the area that makes up the primary health care services participating in the research. Community health agents who were on vacation and on health leave during the collection period did not take part in the study. All agents working in the services that composed the survey were invited and participated in the activity. The data collection consisted of four stages. The first concerns the search and selection of material for use in the training of community health agents about disabled people. The material was selected from the Manual on Accessibility and Inclusion of Disabled Students in Basic Education,(7)which contains topics focused on the historical and cultural perspectives of disabled people, accessibility and inclusion. In this stage, the Primary Health Care Services and community health agents who would receive an invitation were also selected The second stage consisted in the presentation of the project to the city’s Health Coordination department. After an appointment had been made on a preset date and in a private room, the objectives of the research and the activities the community health agents would engage in were expressed. Then, they were invited to participate in the training and the study. In the third stage, after the acceptance and signing of the Informed Consent Form, a form that had been validated in a previous study was applied, adapted to the public(8)and called “pre-test”, aiming to evaluate the community health agents’ prior knowledge on the subject. The form presented objective and subjective questions about disabled people (training, relationship, communication and assistance) and was used in the pre-and post-test. In the same stage, all agents received training during a lecture held in a private room at the Primary Health Care Service. The hour load of the training was 40 hours, including four hours of theory (lecture on the contents, time for questions and discussion) and 36 hours of practice (home visit to visually disabled people). In addition, a registration form was completed to collect these community health agents’ sociodemographic profile data. The final stage was the application of the questionnaire, called post-test, when the same questionnaire as in the pre-test was applied, with the same number of questions. This stage was executed through telephone calls, due to the current situation of the coronavirus pandemic (Covid-19), and was intended to compare and assess the knowledge the community health agents had gained after the activity. The post-test should be applied at least one day after the intervention; in this study, it was applied three months later.(9) The data was processed and analyzed in Statistical Package for the Social Sciences, version 20.0, which presented the analysis of pre-and post-test data in tables through the McNemar chi-square test. To obtain the confidence interval of the descriptive data, Epi-Info version 7.2 was used. Approval for the project was obtained from the Research Ethics Committee of the higher education institution where the research was carried out, under opinion no 3.999.424. Results The study participants were 13 community health agents, mostly women (12; 92.31%), half between 41 and 50 years of age (6; 46.15%), mostly married (9; 69.23%), and little more than half only held a secondary education degree. The same number participated in a technical course for community health agents (8; 61.54%). As for their length of experience as community health agents, few had been working in this function for more than 20 years (38.46%) and about half worked in rural areas (53.85%). Furthermore, most of the participants stated that the training was relevant and, after the training, they believed it was essential to address this topic more often (11; 84.6%). Focusing on the data surveyed about their activities with disabled people, almost all agents said they had already provided care to the target audience of this study (12; 92.31%). More than half said they had adapted the care to better assist them (7; 53.85%), although no inferences were possible as to the correctness and fitness of this adaptation. The survey data showed that most of the agents stated that there was no accessibility in their work area and also indicated that there were no access conditions for disabled people (10; 76.92%). Table 1 describes the analysis of these professionals’ knowledge in the pre-and post-test on the common concepts of this topic. Table 1 Pre-and post-test for analysis of the community health agents’ knowledge about people with disabilities Items Pre-test Post-test p-value* Error Correct answer Error Correct answer What is the concept of a disabled person? 12(92.3) 1(7.7) 9(69.2) 4(30.8) 0.250 What is the concept of accessibility? 5(38.5) 8(61.5) 2(15.4) 11(84.6) 0.250 What is the concept of inclusion? 7(53.8) 6(46.2) 1(7.7) 12(92.3) 0.031 Results expressed by n (%); * statistical test: McNemar Chi-square We highlight the positive change in the number of correct answers regarding the topic of inclusion (p=0.031), from six to 12 correct answers, and the improved results of the discussion about disabled people (p=0.250) and accessibility (p=0.250), even without clear significance. In the pre-test, 12 agents were not familiar with the concept of disabled people. In the post-test, the knowledge was gained as, after the training, the number of correct answers increased from one to four (30.8%). Regarding the concept of accessibility (p=0.250), three (60.0%) of the five agents who stated that they did not know the term at first appropriately expressed the correct alternative in the application of the post-test, totaling 11 (84.6%) correct answers on the topic. When asked about what they considered to be inclusion, six (85.7%) had expanded their knowledge as, after the training, 12 (92.3%) presented correct answers. This item showed a significant statistical difference, with a p-value of 0.031. Based on McNemar’s chi-squared test,Table 2 displays the community health agents’ knowledge before and after the training. Table 2 Knowledge of community health agents about visually impaired people Items Error Pre-test Post-test p-value* Correct answer Error Error Correct answer Does the visually impaired communicate through writing? 4(30.8) 9(69.2) 2(15.4) 11(84.6) 0.625 What technologies are used for the blind to orient themselves while walking on the street? 2(15.4) 11(84.6) 13(100.0) † How can the blind get information? 2(15.4) 11(84.6) 2(15.4) 11(84.6) 1.000 What sign allows the blind to cross the pedestrian lane safely, without needing the help of others? 2(15.4) 11(84.6) 2(15.4) 11(84.6) 1.000 Results expressed by n (%); *McNemar chi-square statistical test; † processing not feasible due to loss of assumption (PXP table) Among the participants, four (30.8%) initially got the question about how visually disabled people communicate wrong, but gave a correct answer after the training, adding knowledge. Thus, 11 (84.6%) correct answers were obtained (p=0.625) in the post-test. Discussion According to data on the community health agents’ sociodemographic profile, most participants are female. This significant aspect characterizes most of the health teams. The image of women as community health agents is associated with the act of caring, guiding, and watching over the physical and social well-being of every family. Therefore, the profession of community health agent ends up being considered a female profession.(10) Before the training, three of the agents were unaware of the concept of disabled people. The post-test data showed that the three agents who had wrongly answered this question understood the concept correctly. Hence, the professionals’ knowledge on the theme may have come from external sources (television, radio, communication with other people, etc.), as none of them had been trained on the topic. The concept of disabled people has undergone some changes over the years and is still changing. According to law 13.146/15, however, known as the Statute of Disabled People, disabled people can be defined as “people with long-term physical, mental, intellectual or sensory impairment that, when interacting with one or more barriers, can obstruct their full and effective participation in society under the same conditions as other people”.(11) In this context, based on a study conducted with the population in question on the construction of the concept of disability, it can be argued that hearing-impaired people accept the designation deaf and visually-disabled people accept the term people with visual impairment and/or blind, while those with motor disabilities dismissed the expression people with physical disability and wheelchair users.(12) Disabled people are part of the community health agents’ work process, as the latter are responsible for registering the families. This process does not consider the particularities and definitions of each type of impairment though.(5) This justifies training on the specificities of each impairment, promoting continuing education for these professionals.(5) Regarding accessibility, eight agents gave correct answers on the concept of this term in the pre-test. After the training, 11 of the agents gave correct answers on this concept, that is, only two participants got the questions on this topic wrong (the same agents who gave wrong answers in the pre-test continued to do so in the post-test). In the post-test, ten professionals argued that there are no access conditions for disabled people in their work areas, ranging from their homes to the route to the health service. According to the Brazilian Technical Standard 9050/20, the concept of accessibility is the possibility and condition to reach the service, the perception and understanding for the safe and autonomous use of buildings, space, furniture, urban equipment and elements.(13) In a study on disabled people undertaken in Maciço de Baturité, a region close to the state capital Fortaleza, it could be evidenced that the access to the health service building involved inaccessible stairs, ramps and floors, besides partially accessible doors in terms of width and the absence of physical obstacles.(14) Considering that community health agents serve as the main communication link between the population and the health services in Brazil, gaining knowledge on the accessibility of the health service facilities contributes to the user welcoming process and helps to grant this population essential and necessary care to improve their quality of life and reduce risks.(15) With regard to the question about the concept of inclusion, half of the participants have knowledge about the subject. In the pre-test, on understanding by inclusion, six participants gave a satisfactory answer regarding their understanding of inclusion. In the post-test, six of the participants who had given a wrong answer responded correctly. It is important to recall that inclusion advocates that family and society adapt to the needs of disabled people, enabling access to a wide range of public services to achieve equal opportunities for all.(6)Thus, one may affirm that the community health agents understood the concept of inclusion. The study revealed that the agents had no background training on disabled people, although 12 of them affirmed that they provide care to these people. The training provided in this study is relevant. Thus, 11 participants argued that the training is relevant and, after the training, they believed it is essential to address this topic more often. When the items exclusively related to visually disabled people are analyzed, learning was perceived with regard to blind people’s orientation in the streets and the way information is obtained, in view of a larger number of correct answers in the post-test when compared to the pre-test. It is important to highlight that learning specifically about visually disabled people was not that relevant, therefore presuming background knowledge from different sources, as the community health agents claimed that they had not received any training on the topic. When compared to the discussion on the general topic of disabled people, training/learning on the concept, classification, inclusion, accessibility and assistive technology was more effective. Most participants correctly answered the pre-test question on how visually disabled people write, a number that increased in the post-test. Furthermore, the agents knew and expanded their knowledge on Braille as the written communication form visually disabled people use, although some agents claimed that this was writing in relief. Braille is a tactile reading and writing system developed for blind people, which represents the elements of language by means of dots.(16) Without sight, information capturing takes place through another sensory pathway, mainly touch and hearing.(17) Regarding how blind people can get information, two participants who gave wrong answers in the pre-test showed correct answers in the post-test, affirming that audio recordings (spoken books), the use of readers (people who read to blind people) and voice synthesizer software are resources that help and facilitate these clients’ routine. Such resources are called assistive technologies, known as the full range of resources and services that contribute to adapting or expanding disabled people’s functional skills, promoting their safety, independence, autonomy and inclusion.(18) With regard to visually disabled people, the use of assistive technologies can promote a better quality of life. A study on awareness-raising and barriers to get access to assistive technologies for visually impaired youth in India shows that it is paramount for health institutions and professionals to gain knowledge and outline strategies to implement assistive technologies in their care process, as these would promote inclusion and independence for disabled people, enhancing their empowerment and autonomy in care.(19) As for the questions about how blind people can get information and about the signal that allows them to use the pedestrian crossing safely without needing help from others (beep), two agents gave an ineffective response in the pre-test and continued to do so in the post-test. Thus, new educational interventions are needed to further the community health agents’ knowledge to enable them to understand aspects of visually disabled people, with a view to tacking future complications and potential health risks. Nurses can serve as important mediators in this process. This study granted the health professionals learning and knowledge. After training, the increased number of correct answers on common terms in the topic stood out (disabled person, inclusion, assistive technology, accessibility, orientation of blind people in the streets and how to get information). This knowledge will help these professionals to have a sensitive look and act on this public’s demands, encouraging other professionals on the same issues. Study limitations include the small number of participants and the need for adjustments to the previously validated tool used in the study, as the community health agents were confused when answering some items. In the future, research on these professionals’ knowledge of other disabilities is also possible, aiming to propose future strategies and training with a view to safe and effective actions involving as many disabled people as possible. Furthermore, assessments of the community health agents’ training process should be possible to support the identification and development needs. Conclusion The community health agents gained knowledge through the proposed training. New educational interventions are needed that enhance the community health agents’ knowledge, so that they can understand aspects related to this public and adapt the care practices towards high-quality care. Although learning was observed, the educational activities need to be pursued and public policies need to be developed for the continuing education of community health agents. In this perspective, nurses are essential because they act as facilitators who are able to provide and expand health knowledge. Although regulated by public policies in force in Brazil, the rights of disabled people are not guaranteed, mainly in the current context of dismantling social policies. In most cases, it results from the civil society’s mobilization. Thus, the empowerment and dissemination of information about the public, aimed at all health professionals, including community health agents, are of significant relevance in the implementation of the legislation in force.
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