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Internacionalização do saber- fazer da Enfermagem

EDITORIAL

Internacionalização do saber- fazer da Enfermagem

Este editorial foi redigido a partir da resposta às seguintes questões que fizemos a diversos profissionais da Enfermagem: 1.Qual a importância da internacionalização para o saber-fazer Enfermagem? 2.O que dificulta a internacionalização? 3.Quais os caminhos para a internacionalização?

Desta forma, primeiramente agradecemos o pronto retorno dos Professores Doutores Alacoque Lorenzini Erdmann, Helen M. Castillo, Lorita Marlena Freitag Pagliuca, Maria Helena Palucci Marziale, Maria Márcia Bachion, Paulino Artur F. de Sousa. Suas respostas propiciaram nossas reflexões que, agora, compartilhamos com todos os enfermeiros, destacando dessas entrevistas as colocações que julgamos prioritárias para um editorial.

A maioria dos entrevistados apontou que a profissão Enfermagem, pelo fato de estar inserida num mundo cada vez mais interdependente cuja tendência é a globalização, tem tido uma intervenção mais ativa, interdependente, autônoma e pró-ativa em relação à divulgação do seu conhecimento. A noção de globalização implica em uma ação de projeção de dentro para fora, que remete para uma capacidade bem sucedida de mobilizar e fazer valer os recursos nacionais em contextos e territórios internacionais, ou seja, de ampliar o espaço de referência dos enfermeiros. No que se refere à enfermagem brasileira, um impulso adicional para a busca da internacionalização deve ser creditado ao processo de avaliação dos programas de pós-graduação, que atribuiu um peso importante a esse movimento por parte dos programas.

A internacionalização do saber-fazer Enfermagem propicia um fluxo profícuo entre os países, de saberes e fazeres, que favorece o compartilhamento de idéias e práticas, de modo a ampliar os horizontes da Enfermagem, funcionando como um sistema aberto, mais capaz de responder às demandas internas e externas da profissão.

A maior parte dos entrevistados apontou o processo de divulgação universal do conhecimento produzido pelos enfermeiros brasileiros como imprescindível à internacionalização do saber-fazer da Enfermagem, o que advém, basicamente, de publicações em periódicos brasileiros indexados em bases de dados que permitem o acesso internacional ou, por publicações de autores nacionais em periódicos estrangeiros também inseridos em base de dados de ampla divulgação.

As dificuldades para mobilizar esse processo, apontadas pelos entrevistados, incluem aspectos de diferentes naturezas, desde a seleção de temas que estejam vinculados a demandas contemporâneas e integrados à profissão de enfermagem para além dos seus limites geográficos, tornando-se mais atrativos para os editores de periódicos estrangeiros, passando pela realização de estudos com delineamentos metodológicos de rigor inquestionável e que ultrapassem a fase diagnóstica; até a restrição em ler e escrever na língua inglesa. Por outro lado, os depoentes refletem sobre a escassez de centros que desenvolvam estratégias para promover a internacionalização do saber-fazer Enfermagem e, também, sobre a inexistência de mecanismos para compartilhá-las aberta e amplamente com os demais colegas.

Assim, a internacionalização constitui-se num grande desafio para a Enfermagem, pois temos que lidar equilibradamente com a noção de validação externa do que produzimos e a necessidade dos enfermeiros acompanharem o desenvolvimento técnico/científico para o pleno exercício de uma profissão que preconiza a capacidade de atender as necessidades das mais diversas pessoas, nas mais diferentes esferas e nos mais diferentes contextos.

Dentre as estratégias para superar os desafios atuais, os entrevistados recomendam os intercâmbios e parcerias mais efetivos entre os pesquisadores nacionais e internacionais, socializando oportunidades e divulgando o impacto dos resultados obtidos. Neste sentido, os autores nacionais precisam empenhar-se em aprofundar a análise e discussão dos resultados de suas pesquisas, assim como explicitar as implicações destes resultados nas diferentes conjunturas, de modo a que nossos produtos sejam mais atrativos para inserção internacional, o que não implica na falta de sensibilidade social para problemas que nos são peculiares.

As estratégias que apontaram para vencer essas barreiras abrangem a mobilização dos enfermeiros nos mais diferentes aspectos, os quais enumeramos a seguir:

1) incremento da comunicação pessoa-pessoa, por meio da troca de e-mails com enfermeiros de outros países (este é o principal motivo pelo qual os endereços eletrônicos dos autores constam dos artigos);

2) maiores investimentos na infra-estrutura e profissionalização do trabalho realizado pelos editores e equipe técnica, incluindo sua capacitação e valorização, bem como, a dos avaliadores, pesquisadores, autores, num processo de retro-alimentação permanente;

3) incremento e valorização da participação de estudantes de todos os níveis em projetos de pesquisa e extensão, e incentivo à prática do consumo da literatura científica sem limite de idiomas, desde o início de sua formação, e;

4) adoção de políticas que dinamizem as oportunidades de intercâmbio internacional, pelos órgãos/representantes/instituições.

A nosso ver, o desafio está colocado e os enfermeiros e suas lideranças precisam pactuar estratégias que visem equacionar os interesses regionais e as políticas de caráter inovador em prol de contribuições significativas para o mundo.

Profª Drª Alba Lúcia Bottura Leite de Barros

Editor Chefe da Acta Paulista de Endemagem

Profª Drª Maria Clara Cassuli Matheus

Editor Científica da Acta Paulista de Enfermagem

Profª Drª Maria Gaby Rivero de Gutiérrez

Professor Associado do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Abr 2008
  • Data do Fascículo
    Mar 2008
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