Resumo:
O presente trabalho possui dois objetivos: apresentar uma fonte recente sobre o orfismo e traduzir o texto grego para a língua portuguesa. O Palimpsesto Sin. ar. NF 66 mostra dois relatos míticos que envolvem o jovem deus Dioniso, a tentativa de retirá-lo do trono de Zeus, e um diálogo raro entre Afrodite e Perséfone. As condições do documento original e as pistas em seu conteúdo sugerem origem antiga e relevância para o campo dos estudos órficos.
Palavras-chave:
Palimpsesto; Orfismo; Dioniso
Abstract:
This work has two objectives: to present a recent source on Orphism and to translate the Greek text into Portuguese. The Palimpsest Sin. ar. NF 66 shows two mythical narratives involving the young god Dionysus, the attempt to remove him from Zeus' throne, and a rare dialogue between Aphrodite and Persephone. The condition of the original document and clues in its content suggest ancient origins and relevance to the field of Orphic studies.
Keywords:
Palimpsest; Orphism; Dionysus
Apresentação
O palimpsesto sinaítico é um documento relativamente novo com primeira aparição pública em 2021. Desde então surgiram vários estudos sobre ele, seja interpretando-o (a maioria deles), apresentando-o, como fez Abrach (2024), seja reconstruindo-o parcialmente como fez Kayachev (2022). Alguns especialistas, no entanto, empreenderam a empresa completa, isto é, editaram o documento em sua integralidade, o que inclui a decisão sobre como juntar os fólios restaurados e traduzi-los. A seguir são listadas as principais edições do palimpsesto e suas características, com a indicação de qual delas foi escolhida para a presente tradução em língua portuguesa.
A primeira edição (editio princeps), de 2021, está a cargo de Giulia Rosseto. Nela estão descritas as condições materiais do documento, a história de seu achado e do processo de restauração, de suas características filológicas e da impactante hipótese de transmissão direta das Rapsódias.
A segunda vem assinada por Rossetto et al. (2022) com os resultados do primeiro workshop1 internacional de especialistas a respeito do documento. Assim, a publicação traz não somente uma reunião de hipóteses complementares, como também uma nova organização dos versos e renovado esforço conjunto para preenchimento das lacunas. Esta versão é a edição com maior aceitação atualmente pela comunidade científica e base da presente tradução.
A terceira, também de 2022, é assinada por Giovan Battista D’Alessio, apresentando particular empresa na reorganização das imagens cedidas pelo Projeto Palimpsestos do Sinai. O comentário linha a linha do texto possui a qualidade de expor o leque de leituras possíveis de cada verso do palimpsesto - mesmo as hipóteses menos críveis - esboçar outras maneiras de arranjar os fragmentos.
A quarta versão do texto é a edição conjunta de Rosseto e D’Alessio preparada em julho de 2024 para o livro Discovering Dionysos in the Hexameters of Sinai Palimpsest Ar NF 66: New Mysteries of the Ancient Orphica?, a ser publicado em breve pela De Gruyter.
A quinta versão do texto foi publicada em abril de 2025 e vem assinada por Alberto Bernabé, que trabalhou a partir da quarta versão com acréscimos pessoais.2 Eu a utilizo aqui para esta tradução ao português e dela reproduzo a correção ao texto grego e o uso de itálico para indicar as adições. Todavia, para não sobrecarregar a tradução, suprimi o aparato crítico com as variantes de leitura, assim como os paralelos do palimpsesto com outras fontes do orfismo. O leitor interessado neste conteúdo deve consultar o trabalho de Bernabé (2025).
História do palimpsesto
Há alguns anos o Monastério de Santa Catarina localizado no Monte Sinai, Egito, recebeu o projeto Palimpsestos do Monte Sinai.3 Uma das pesquisadoras, Giulia Rossetto, teve autorização do responsável pela Biblioteca do Monastério, Justin Sinaites, para publicar em 2021 duas folhas escritas de ambos os lados, totalizando quatro páginas. Este material, depois de estudado por ela, foi editado e resultou nos quatro fólios e dois fragmentos reunidos sob o nome de Palimpsesto sinaítico ar. NF 66.
Distinguem-se dois textos sobrepostos no material original. O texto em primeiro plano está em árabe e copta. Ele conta trechos de Vidas árabes cuja redação remonta ao século X da EC. O texto em segundo plano contém linhas em aramaico cristão-palestino e grego. Esse “subtexto” foi a redação anterior do palimpsesto cujas letras foram lavadas e apagadas para a redação das Vidas árabes no século X. As linhas em aramaico foram identificadas como relatos do Antigo Testamento copiadas entre os séculos VII e VIII da EC. Parte das linhas em grego também foi identificado como sendo do mesmo período, porém, seu conteúdo é de natureza gramatical. Restaram, então, os fólios e fragmentos cujas linhas em grego trazem um texto poético em versos hexâmetros até então inéditos para os pesquisadores modernos. Este é, propriamente, o palimpsesto sinaítico do qual tratamos aqui.
Resumo do palimpsesto
O fólio (a) traz a rememoração de Perséfone para Afrodite sobre a profecia feita por Noite a Zeus em uma caverna no Monte Ida, quando Dioniso atingiria a mocidade e teria um filho chamado de Hermes ctônico. Quando termina o discurso direto, Perséfone se levanta de seu trono, caminha até um ponto interno de sua residência, e traz Dioniso para Afrodite, depositando-o em seu colo. Dioniso aqui estaria próximo da adolescência.
O fólio (b) é a continuação do anterior. Enquanto segura o jovem em seu colo e o acaricia, o mima e o alimenta, Afrodite conta como esteve cuidando maternalmente dele em uma gruta quando ainda bebê; porém, por ocasião de uma rápida ida ao Olimpo, percebe a gruta vazia ao voltar. O bebê - que já deveria ter crescido e se tornado "menino imortal" - saiu sozinho e deixou a gruta em direção ao Hades, pois ali cumpriria a profecia de Noite. Afrodite, ao retornar do Olimpo, é tomada de pânico e parte em busca de Dioniso por todos os lugares possíveis e, não o encontrando, procura-o no mundo dos mortos.
O fólio (c) e (d) trazem conteúdos diferentes dos anteriores.4 Em (c) é descrito uma espécie de dança ritual em volta do trono de Zeus onde está sentado Dioniso, chamado de Vinho. Os integrantes do rito são devotos do deus (coribantes) e, inesperadamente, um deles (Acmón) posiciona-se diante do trono e ergue um machado disposto a golpear Dioniso. Outro participante, Cirbas, intervêm em defesa do deus, e um terceiro se apresenta para lutar. A cena é chocante e perigosa para o menino imortal sentado no trono. O ponto da discórdia é, exatamente, o direito ao assento real.
O fólio (d) descreve aquela que parece a continuação da tentativa de assassinato e destronamento de Dioniso. Agora são outros personagens que estão em volta do trono - os Gigantes - identificados com os Titãs. Os Gigantes mudam a estratégia e passam a utilizar subterfúgios para atrair a criança para fora do trono, de presentes a palavras mentirosas, ao que são ignorados pelo pequeno. Em seguida oferecem para a criança coisas ainda mais maravilhosas como brinquedos e palavras gentis. O fólio termina sem uma conclusão da cena.
Interpretação do palimpsesto
A questão da antiguidade do texto grego é fundamental para a compreensão dos versos em hexâmetro. Rossetto (2021) identificou que os fólios são grandes, medindo 30 x 25 cm e contendo margem superior de 4 cm e laterais de 3 e 5 cm em branco. Tais características se repetem nas edições luxuosas dos séculos V e VI da EC, como o Gênesis de Viena e a Ilíada Ambrosiana. Cada fólio contém 30 linhas, sendo cada verso hexâmetro correspondente a uma linha. O autor do texto grego chega a reduzir o tamanho das últimas letras de cada linha para não ultrapassar este limite. As laterais em branco são reservadas para anotações dos estudiosos. Tais características físicas sugerem que o palimpsesto remonte no mínimo ao quinto ou sexto século da EC.
Em relação ao estilo das letras, o padrão dominante é o alexandrino maiúsculo, com inclinação constante em 75º, muito difundido nos círculos egípcios do quinto ao sétimo século. Isso delimita que o provável local de redação do palimpsesto tenha sido na Palestina, Síria ou, o que seria o mais provável, em Alexandria no Egito.
Todavia, a métrica dos versos gregos não é condizente com a métrica produzida após a reforma de Nono de Panópolis, o que indica que sua redação não pode ter sido posterior ao séc. V da EC. Ou seja, o códice e a edição luxuosa, da qual o palimpsesto é um resquício material em transmissão direta, foram montados e redigidos no séc. V ou VI, mas a origem dos versos grafados ali é mais antiga.
Quão antigo é o texto grego, afinal? Na editio princeps Rossetto levanta a hipótese de que o palimpsesto sinaítico seja o início do livro 23 de uma versão do perdido poema épico chamado Hieros Logos em 24 Rapsódias. Seus argumentos são vários e serão aqui sumarizados. Diz ela - e é possível de confirmar visualmente na fotografia do palimpsesto em seu artigo - que na margem superior do fólio número 2 existe a letra grega psi (Ψ). Essa letra, se lida como número, representa o valor 700, que é muito alto para ser de um capítulo, livro ou fólio. Porém, se lida pelo sistema de numeração alfabética que os filólogos alexandrinos utilizavam para marcar a Ilíada e a Odisséia, psi representa 23. Cito Rossetto (2021, p. 42):
A evidência papirológica mostra que o uso de títulos iniciais como este se tornou consistente na poesia hexâmetra desde o século III-IV EC, quando os livros em forma de códice ganharam popularidade.
Pela hipótese de Rossetto, as Rapsódias seriam a obra maior da qual uma parte (o livro 23) corresponderia ao palimpsesto sinaítico. Tal hipótese se apoia numa informação da Suda segundo a qual um homem chamado Teogneto, o Tessálio, teria reunido durante o período helenístico um conjunto de poemas antigos em 24 rapsódias. O local mais provável para tal trabalho seria, novamente, Alexandria. A viabilidade da hipótese de Rossetto depende de o quanto os poemas órficos eram conhecidos ou circulavam em Alexandria durante o período helenístico. Em relação a isso, Rossetto cita o trabalho de Herrero de Jáuregui (2010), que investigou a difusão do orfismo no período cristão, mais especificamente na antiguidade tardia. Para tal autor, a difusão do orfismo no Egito na provável época de reunião das rapsódias é atestada por um édito do soberano Ptolomeu IV Filópator, que assumiu o trono cerca de 224 aEC. Cito Rossetto (2021, p. 43):
O decreto de Filópator visava controlar as atividades dos sacerdotes itinerantes que celebravam ritos em honra de Dioniso e unificar a doutrina dos mistérios báquicos. Todos os sacerdotes deviam ser inscritos no registro oficial, declarar de quem receberam os instrumentos sagrados (τὰ ἱερά) até três gerações, e entregar os discursos sagrados (ἱεροί λόγοι), selados, escrevendo cada um o seu nome.
A reunião de tal material dificilmente teria passado despercebido aos estudiosos alexandrinos e, se colocarmos em contraste com o Papiro de Gurob - um inquestionável hieros logos - cuja datação precede em muito pouco o decreto de Ptolomeu, é plausível concluir com Rossetto que o palimpsesto sinaítico derive das Rapsódias e tenha sido composto no período helenístico tendo como base material mais antigo. Cito novamente Rossetto (2021, p. 44):
Após o período helenístico, não há mais provas de que os textos órficos - e em particular as Rapsódias - estivessem disponíveis no Egito até o século II-III EC, graças a uma fonte principal: o Protréptico de Clemente de Alexandria. No entanto, é apenas nos séculos V e VI, com os neoplatonistas - que também estavam ativos em Alexandria - que podemos obter uma maior quantidade de informação sobre as Rapsódias. Este é o mesmo período em que os fólios do Sinai foram copiados.
A hipótese de Rossetto, evidentemente, provocou vivo debate entre os especialistas, afinal, seria a primeira ocorrência de tradição direta das Rapsódias. Na edição coletiva de 2022, derivada do workshop, a hipótese de Rossetto recebeu máxima atenção dos colegas especialistas. Em relação à letra psi como marca do livro 23 trouxeram a seguinte questão: se o palimpsesto sinaítico corresponde ao penúltimo livro de uma coletânea tão extensa, por que acontecimentos referentes à juventude de Dioniso foram postos tão próximos do final da obra?
De acordo com Bernabé (Rosseto et al. 2022), tal posição dos versos não seria estranha. Na coletânea que organizou dos fragmentos órficos (Orphicorum Fragmenta, 2004-2005), Bernabé identificou que os fragmentos das rapsódias vão numerados de 90 a 359, sendo os eventos relativos a Dioniso listados entre 296 a 317, ou seja, próximos ao final. Além disso, se as Rapsódias possuíram 24 livros, os dois últimos poderiam dizer respeito à morte de Dioniso, à origem dos seres humanos e à doutrina da reencarnação e da salvação - temas preferidos dos neoplatonistas.
Para Agosti (Rosseto et al. 2022) os hexâmetros poderiam fazer parte de uma narrativa completamente diferente e conter uma seção relativa a Dioniso, pouco tendo a ver com as Rapsódias.
De consenso geral no grupo tem-se que o local de transcrição do códice seja a Alexandria do séc. V EC., onde teria sido manuseada por mãos neoplatônicas. O contexto histórico e geográfico seria corroborado pela prática comum, extensível também aos orficistas, de reescrever e retrabalhar material antigo. Lido por este ângulo, um dos especialistas do grupo, Magnelli (Rosseto et al. 2022) pontuou que os versos sinaíticos cometem uma série de violações métricas pelas leis helenísticas ou imperiais do hexâmetro. Tal estilo métrico joga a redação do texto para uma data não posterior ao século IV aEC, sendo essa a data mais antiga à qual, até o momento, pode-se retroceder a origem dos versos hexâmetros.
Outros estudiosos como Lefteratou e Edmonds propuseram que os hexâmetros poderiam fazer parte de uma antologia de peças diferentes, à maneira dos Oráculos Sibilinos. Para Edmonds (2022), a obra antiga à qual o palimpsesto se vincula com maior probabilidade não são as Rapsódias, mas os Hinos Órficos. Sua análise compara vários pontos nos quais o palimpsesto sinaítico reverbera os hinos como, por exemplo, a sobreposição de Dioniso e Adônis, o compartilhamento de características de um por outro - como o gênero fluído, mormente associado a Adônis, no palimpsesto atribuído a Dioniso - assim como a repetição de mitemas espalhados por várias fontes antigas (Afrodite como a deusa errante, a criança divina profetizada, o ritual em volta do trono).
Todos estes elementos, segundo Edmonds, lançam luz ao fato de que o palimpsesto provavelmente remonta a um cenário neoplatônico, mas que talvez seja preciso admitir que a poesia órfica era mais variada e multifacetada do que se pensava. Para ele, enquanto é temerário pensar que as Rapsódias contenham um arco narrativo unificado ao longo de todos os capítulos, os Hinos possuem uma série de contatos com temas do palimpsesto que soam familiares.
As novidades trazidas pelo palimpsesto sinaítico suscitam várias novas perguntas como, por exemplo, em relação a uma das cenas narradas, a saber, o trecho onde Afrodite descreve a busca por uma criança ao redor do mundo. Trata-se de versão inédita da cena, pois usualmente Afrodite é associada ao menino Adônis. No entanto, Dioniso é constantemente mencionado na cena. O que isso indica?
Para Bernabé (Rosseto et al. 2022), Afrodite está recordando de sua história com Adônis. Santamaría (Rosseto et al. 2022) entende que o mito de Adônis está sendo utilizado como modelo literário para a narrativa dionisíaca. Diferentes de ambos, D’Alessio (2024) desenvolve extensamente a hipótese de que Adônis foi tematicamente assimilado no período neoplatônico como uma das imagens (εἴδωλα) de Dioniso, estando ele intrinsicamente ligado aos cultos báquicos tardios.
Ainda sobre essa questão, o ponto que chama a atenção é Perséfone e Afrodite estarem frente a frente, pois esta é uma cena mitológica rara. A criança Dioniso/Adônis é procurada por Afrodite por todos os cantos do mundo, inclusive no mundo subterrâneo. Tal é a descrição do segundo fólio, onde Afrodite acaba por se encontrar com a rainha subterrânea. Para atender ao desejo de Afrodite, Perséfone se levanta do trono, vai até um espaço interno da Mansão dos Mortos e traz a criança belíssima, muito jovem, chorando com a força de um deus. A criança é Dioniso e entre os epítetos usados estão Bromio, termo mormente referido a Baco; Eirafiotes, tal como no Hino a Dioniso (HH 1, 2), e Ericipeu, como nas Rapsódias (OF 139). O jovem Dioniso é posto por Perséfone no colo, mais especificamente nos joelhos de Afrodite, uma imagem que lembra as representações das deusas curótrofas, isto é, cuidadoras das crianças. Os mimos e carinhos que Afrodite dispensa à criança denotam o contexto maternal. No final do fólio (b) Dioniso é chamado de 'touro nascido três vezes'. Tal tratamento se entende por várias passagens das Rapsódias (OF 283, 325, 328) onde Dioniso inicialmente nasce em Creta, filho de Zeus e Perséfone sendo, porém, despedaçado pelos Titãs. Os restos de Dioniso são sepultados, mas seu coração é salvo por Atena. Zeus, sendo pai, conserva este coração em gesso e o dá para comer a Sêmele. Ela engravida de Dioniso, mas tem sua gestão interrompida ao morrer. Zeus o salva costurando-o à coxa e terminando a gestação. Dioniso, portanto, nasce três vezes de duas mães e um pai-mãe.
Considerações finais
Como se nota, a interpretação do palimpsesto é uma tarefa em construção. Os pontos de interseção com a tradição órfica são muitos, ora remetendo às Rapsódias, ora aos Hinos Órficos, ora ao que já se sabia sobre o orfismo em época imperial, ora à antiguidade grega. Os vários pontos obscuros levantados pelo documento vão aos poucos sendo esclarecidos. Por exemplo, no fólio (c), o conflito entre os coribantes Acmón, Cirbas e Proteus não faz sentido à primeira vista, uma vez que é suposto serem todos adoradores de Dioniso. Todavia, há fontes antigas que sugerem uma cisão entre os coribantes, entre os quais dois de seus membros compartilham da intenção de destronar Dioniso, como apresenta Santamaría (2025).
E com certeza a novidade simbólica seja a presença literal dos Gigantes (Γιγάντες) no verso 10 do fólio (d), em volta do trono de Dioniso. Dentro da narrativa hesiódica, os Titãs foram derrotados por Zeus e aprisionados no Tártaro. Dentro da narrativa órfica, os Gigantes ou Titãs são as personagens que buscam comandar o Olimpo destronando o sucessor de Zeus, Dioniso. Tal intento é corroborado pelo ciúme de Hera (citada no verso 15 do fólio d), pois Dioniso é filho de Zeus com Perséfone. O ato violento se cumpre com o despedaçamento de Dioniso, mas os Titãs são fulminados pelo raio de Zeus. Como resultado da cena nasce a humanidade, marcada por uma mescla da natureza dionisíaca com outra titânica.
O assassinato de Dioniso pelos Titãs é um dos relatos fundamentais da escatologia órfica, cujo propósito é de libertação da alma por purificação, isto é, de expurgação do elemento titânico que prende a alma aos ciclos de encarnação. Porém, até o palimpsesto sinaítico, não havia uma fonte atestando a presença dos Gigantes em volta do trono de Dioniso, isto é, na cena em que ocorre o ataque ao deus. Os fragmentos órficos conhecidos até então permitiam induzir a presença dos Titãs próximos a Dioniso, mas nenhum tinha se conservado íntegro, e os críticos a tal leitura não hesitaram em acusar de “invenção” o mito fundador da escatologia órfica.
Assim, a novidade do palimpsesto sinaítico se transforma em um forte argumento a favor da leitura do orfismo como um movimento literário e religioso, cuja origem remonta por volta do séc. VI aEC, dotado de textos sagrados paralelos à religião oficial (hesiódica). E, ao longo do tempo em que se transformou de uma religião de mistérios a uma poesia hínica ritualística (do período arcaico ao helenismo tardio), o orfismo dialogou com o pitagorismo, os mistérios báquicos, a magia, e com formas de convívio social minoritárias do mundo antigo como sectários, ascetas, místicos e líderes cultistas. Além disso, o fato dos neoplatônicos terem se interessado por textos órficos, aponta como viram o orfismo como uma das fontes de seu patrono intelectual, Platão, e da importância deste movimento literário e religioso como uma das bases do que entendiam ser a verdadeira Filosofia.
O leitor brasileiro e lusófono tem em mãos um texto cativante cuja interpretação ainda está em construção, mas do qual a comunidade de estudiosos reconhece como inequívocos os sinais de sua importância para o campo dos estudos órficos.
Tradução
<“αὐτὰρ ἐπὴν λ̣άχνη σ̣κ̣ι̣[άσ ̣ι] γ̣̣ένυ̣ν [ἱ]μ̣ερόε̣σσαν
εὐνῆι ̣ ̣ ̣ ̣π̣ ̣ε̣ ̣ν̣[ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ] ̣ κ̣εν ἄμφω
τεκνώσα̣ι ̣ ̣ [ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣] ακ̣αιο̣ν̣ ̣ ̣ [ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣] ̣ ̣ [ ̣ ̣ ] ̣ ̣ς̣
Ἑρμείην̣ χθ̣ό̣νιον μά̣καρ[ες θεοὶ αἰὲν ἐόντες] 5
θνητοί τ’ ἄνθ̣ρ̣ω̣π̣[οι· τ]ά̣δε γὰρ π ̣ [ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣] γέ̣νο̣ν[το
ἐ̣ξ̣ ἀρχῆς πα̣ρὰ π̣α̣[τρὸς ἐ]ν̣ ἀθανάτοισι[ν ἄνα]κ̣το̣ς
Νυκτὸς τ’ ἀμ̣[βροσίης· τ]ά ῥά οἱ ̣ ̣ ̣ [ ̣ ] θεσπεσίη Νὺξ
Ζηνὶ κελαινεφ[έϊ Κρήτ]ηι̣ ἐ̣νὶ π[αιπαλο]έσσηι
ἔχρησ’ Ἰδαίοισιν ἐ̣ν̣ [ἠερο]ε̣ιδ̣έσι̣ν̣ ἄ̣ν̣[τ]ροις. 10
βουλὰς ̣ ἀρχεγό̣ν̣ο̣[υς ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣ο̣ὐ]δ’̣ ἐπ̣έ̣κευθεν”.
ὧς φάτο Φερσεφό̣νη καὶ ἀπὸ θρόνου ὦρτο φαεινοῦ,
σ̣ε̣ύ̣ατό τ̣’ εἰς ἀ̣δ̣ύ̣τ̣ο̣ι̣ο̣ μυχὸν κ̣ρ̣υφίοιο μελ[ά]θρου οἰκίας̣
ἐκ δ’ εἷ̣λ̣εν Δ̣ι̣ό̣ν̣υ̣σον ἐρίβρομον Εἰραφιώτην,
εἴκελον α̣ὐ̣γ̣ῆ̣ι̣[σι]ν̣ Mηνὸς περιτελλομένοιο, 15
εἵμασί τε στ[ίλβ]ọντα καὶ ἱμερτοῖς στεφάνοισ̣ι̣ν̣,
πα̣ῖ̣δ’ ἐν χ̣ε̣ρσὶ[ν] ἔ̣χ̣ο̣υ̣σ̣α̣ ν̣έον περικαλλὲς ἄγ̣α̣λ̣μ̣α̣,
αἰνὸ̣ν̣ καρποφόρων Χαρίτων ἄπο κάλλος ἔχ[οντα.
καί̣ ῥ’ ἐπὶ γ̣ο[ύ]νασ̣ι̣ θ̣ῆ̣κ̣ε̣ φιλ̣ομμε̣ι̣δοῦς Ἀφροδ̣[ίτης,
καί μιν φωνήσ[ασ’(α) 20
“ἀφρογ̣ενὲς Κυθέ[ρεια
οὗτός τοι παῖς ̣ ̣ ̣ ̣ [
τὸν δὲ φέρουσ̣α̣ ̣ ̣ ̣ ̣ [ ”.
ὧς φάτο Φερσ̣ε̣φ̣ό̣ν̣[η
ὡς ἴδε παῖδα ̣ [ 25
καί ῥα μι̣ν̣ ̣ ̣ ̣ ̣ [
“ὦ Ζεῦ ̣ ̣ φω̣ [
“Pois quando o buço sombrear sua face encantadora
para a união [, até ] que ambos
concebam um filho ... e o chamarão todos
Hermes ctônico: [os deuses] venturosos [sempre existentes 5
e os homens mortais. Com efeito tais coisas foram reveladas...
desde o princípio por seu pai, o rei entre os imortais,
e por Noite imortal; coisas que, para ele [ ], a profética Noite
a Zeus de nuvens escuras, em Creta escarpada
vaticinou nas grutas tenebrosas de Ida. 10
(Seguindo) os desígnios primitivos e (não os) escondeu..."
Assim disse Perséfone e de seu trono reluzente levantou-se,
apressou-se para o mais recôndito cômodo de seu santuário, sua oculta morada
e de lá trouxe Dioniso, o Eirafiote, de potente bramido
tal como o brilho da lua percorrendo o arco celeste 15
que por seus trajes e adornadas coroas reluzia.
E segurando em suas mãos o tenro jovem, lindo presente,
da tremenda beleza das frutíferas Graças dotado,
o pôs nos joelhos de Afrodite, a amante do sorriso.
E lhe [disse aladas palavras]: 20
“Citereia, nascida da espuma
este menino
levando-o... ”
Assim disse Perséfone e se alegrou a soberana Cípria
tão logo viu o jovem 25
E Afrodite tomou a palavra e disse
"Zeus,..."
ἔτρεφον, ἀμβ[ροσί]οις δ’ ἐπεκόσμεον εἵ̣μ̣α̣σ̣ι καλοῖς
νήπι ̣ ̣ ̣ [ ]ι̣θ̣εν, ἀτὰρ μέγαν̣ ὁπ̣π̣ό̣τ̣’ Ὄλυμπον
ἐξι̣[κ]ό̣μ̣η̣[ν ] κατὰ̣ π̣έ̣τ̣ρινον ἄντρον
τη]ν̣ί̣κα δὴ [ ] ̣ ών Νύ[ση]ς ἕδ[ο]ς ἁ̣β̣ρ̣οκόμοιο 5
ὥστε τις εὔπ̣[τε]ρ̣̣ος ὄρνις ἀγα̣[λλ]ό̣μ̣ενος λίπες εὐνήν,
πάμπαν ἄϊστ̣ος ἄπ[υσ]τος ἐμοὶ ̣[ ] ̣τ̣’ ἔθη̣κας
σῶι δὲ πόθωι χ[θόνα] π̣ᾶσαν [ἐπέδραμο]ν αἰθέρα θ’ ἁγνὸν
πόντον τ’ ἠδ[‘ Ἀχ]έροντος [ὑπὸ χ]θονὶ χεῦμα κελαινόν,
θυμὸν ἀκηχεμέ̣ν̣η ῥιπῆι π̣υ̣ρὸ̣ς̣ ἀ̣λγινόεντος. 10
ἔ̣τλην δ’ ε̣ἰ̣ς Ἀΐδαο δόμους σκοτ[ίο]υς καταβῆναι
Ἠελίου προλιποῦσα φάος λαμπράν τε Σελήνην,
οὐράνιόν τε πόλον διὰ σὸν πόθον ἄ̣μ̣βροτε κοῦρε”.
ὧς φάτο Κύπρις ἄνασσα, φίλον δ’ ἅ̣[μ̣]α̣ π̣ολ[λά]κ̣ι παῖδα
ἀ̣σπα̣σίως ἀγάπαζε χέρας περὶ γυῖα [β]α̣λο̣ῦσα, 15
καὶ τρέφεν ἠδ’ ἀτίταλλεν ἐν ἀγκα[λί]δεσσιν ἔχουσα.
μίμνε δ’ ἄρ εἰν Ἀΐδαο δόμοις ὑπὸ κεύθεσι γαίης
ξ̣[ὺν τ]α̣ύ̣ρωι τριγόνωι πολυω̣ν̣ύ̣μ̣ωι Ἠρικεπαίωι
Ἀμ]φ̣ι̣ε̣τ̣[εῖ ] εζ̣ [ ] ̣ ̣ ̣ [ ] ̣̣ ̣ ν̣ ἵκηται
] Φερσεφονείης 20
] σι ̣ εὐ̣α̣έ̣α μητρὸς
ἠε]ρ̣οει̣διέ̣α χῶρον
] ̣[ ̣ ̣ ̣ ̣]ον ἄνθος
-τ]ρ̣ι̣χι λάχνηι
] β̣ουλήν 25
] //ου/̣ / Διονύσωι
“outrora na sombria gruta de Nisa de muita hera
criei, e adornei com belas vestes imortais
ainda pequeno, a muito tempo, mas quando ao grande Olimpo
me dirigi, permaneceste sozinho na rochosa gruta
e logo após teres abandonado a casa de Nisa de abundante folhagem 5
como um pássaro de asas em riste, orgulhoso, saíste do ninho,
sem ser visto ou notado por ninguém, me fizeste sofrer.
Por causa do desejo a ti vaguei por toda a terra e puro éter
e mar e pela tenebrosa correnteza do Aqueronte abaixo do chão,
com o coração aflito pelo assalto de desoladora ardência 10
e ousei descer até a mansão sombria do Hades
após dar as costas para a luz do sol, a fulgente lua
e a cúpula celeste, por causa do desejo a ti, menino imortal."
Assim disse a soberana Cípria enquanto repetidamente ao amado menino
carinhosamente acariciava, passando suas mãos em volta de seus membros, 15
o alimentava e o mimava, porquanto nos braços o segurava.
Mantinha-se, portanto, na casa de Hades, debaixo das cavidades da terra,
com o touro nascido três vezes, de muitos nomes, Ericipeu
a quem honram anualmente ... chegue
de Perséfone 20
... para a bem ventilada ... da mãe
pela tenebrosa região
... a flor
o belo buço
propósito 25
a Dioniso
τ̣ὸ̣ν̣ δὲ κ̣αλύψαν̣τ̣ε̣ς νυ̣μφή̣ϊον ὕ̣μ̣νον ἄ̣[ειδον
κύκλωι δ’ ἀμφὶ θρόνον π ̣ ̣[ ̣ ̣ ̣ ̣ ̣]π̣άντες[ἐδίνευν
ἧ̣χί περ Oἶνος ἐφῆστο τετιμ[ένος] ἐ̣κ̣ Δι̣ὸς αἴσης̣.
ἀλλ’ ὅτε δὴ τά γε πάντ̣α διαμπερέως ἐτέλεσσαν, 5
ἄψ δ̣’ ἀ̣πὸ πάν̣τ̣ε̣ς ἕλοντ’ ὄσσ̣ων κ̣εφα̣λῆς̣ τε̣ κά̣λυμ̣μα.
καὶ τότε δ̣ὴ τ̣ομὸν εἷλ̣[εν] ἑὸν πέλ̣εκυν τολυπεύων
Ἄκμων, παι̣δὶ̣ δ’ ἔναντα κατε̣στ̣άθ̣η̣, ε̣ἷ̣λ̣ε̣ δὲ θά̣μβ̣ος̣
ἀ̣θαν̣άτ̣ους̣, ὡς̣ ε̣ἶδ[ο]ν ἀνώϊστ’ ἔργα τελ̣οῦντα.
αὐτὰρ ἔπειτ’ ἐ̣ς̣ κρᾶτα θενεῖ̣ν μέσον ἤθελεν Ọἴνου 10
πάντα φόβον προϊείς, ε̣[ἴ] πως̣ προλ̣ί̣ποι̣ Διὸς ἕδρη̣[ν,
Κύρβας τ’ ἀντήμυνεν, ἐ̣γ̣είνετο δ’ ἔργ’ ὑπ̣έροπ̣[λα˙
Πρωτεὺς δ’ εἰσήϊξ’ ἅρπην μετὰ χ̣ερσὶ τιτ[αίνων,
φάσγ̣ανα δ’ ἄλλοθεν ἄλλος̣ ἔ̣χεν̣ περὶ̣ δ[
ὡς δ’ οὐδ̣’ ὣ̣ς̣ ἀ̣πέλειπε Διὸς [θρόνον 15
κι̣σ̣σ̣ο[ῦ] δ’ ε̣ὐπλέκτοι̣ο ̣[
γυμνοῦν̣τε̣ς̣ κ̣εφα̣[λ
καὶ τότε δὴ Πρωτεὺ̣[ς
ἐ̣ν̣ δεπ[
terríveis… escondido as mantiveram enquanto oravam...
Depois de cobri-lo, cantavam um hino de núpcias
e em círculo se posicionaram ao redor do trono,
aquele no qual Vinho estava sentado, honorável por autoridade de Zeus.
E tão logo tudo se completou, 5
retiraram de seus olhos e cabeça o véu.
Foi então que empunhou seu afiado machado, brandindo-o,
Acmón, posicionando-se de frente ao menino e o espanto tomou conta
dos imortais, quando viram as impensadas ações que ocorriam.
Em seguida no meio da cabeça de Vinho queria golpear 10
todo seu medo de lado, caso saísse do assento de Zeus.
Mas Cirbas o confrontou, e se deram ações desrespeitosas,
quando Proteus se apresentou, com uma foice na mão brandindo
e as espadas eles tinham um de um lado, um de outro, próximo a Vinho
Mas como nem assim deixava Vinho o trono de Zeus 15
de hera entrelaçada ...
descobrindo-se a cabeça ...
e então Proteus
e em ...
ἐκ θ]ρ̣όνου ἀν[σ]τ̣ῆναι, πατρ̣ὸς δ’ ἐφράσσατο βουλά[ς,
ἅς οἱ] τὸ πρῶτ̣[ον δι]επέφραδε μητίετα Ζεύς,
ὁππότ’ ἀπ’ Ὠκεα̣ν[οῖο] ῥοῆς εἰς οὐρανὸν ἦγεν.
ὣς δ’ οὐ πεῖθον παῖδα Διὸς καὶ Φερσεφονείης 5
δώροις παντοίοις, ὁπόσα τρέφει ε̣ὐ̣[ρ]ε̣ῖα χθών,
οὐδ’ ἁπάτηις δολίηισι παρ̣α̣[ι]φασίηισί τε μύθων
ἐκ θρόνου ἀνστῆναι βασιληΐου, αὐτίκ’ ἄρ οἵ γε
κόσμησαν κεφαλὴν στεφάνο̣ις̣ ἀνθῶν ἐ̣ρο̣έ̣ντων
παιδὸς Ζηνὸς ἄνακτος ἐριγδούπο̣ι̣ο Γιγάντες, 10
κ̣ύ̣κλωι δ’ ἐστιχόωντο παραιφασίηισί τε μύθων
μει]λιχίηις καὶ πᾶσιν ἀθύρμασι νηπιάχοισι
δώροισί]ν̣ τ’ ἀγανοῖσι παραιπιθέμεν μεμαῶτες.
]ọισιν Ἀμαλκείδης ἐγεγώνει
]π̣ρομολὼν λ̣ε̣υ̣κ̣ω̣λένωι Ἥρηι 15
]υ̣ θρόνου ἐξανέγειρ[ε
ἐνὶ ]φ̣ρεσὶ πευκαλίμ̣ηισι
]μάτοιο γένοιτο̣
de se levantar do trono, e de seu pai ponderou os planos,
aqueles que lhe foram dados no princípio pelo prudente Zeus
quando da torrente de Oceano ao céu o levou.
Porém como fracassavam em convencer ao filho de Zeus e Perséfone 5
com presentes de todos os tipos, tantos quantos brotam da vasta terra,
nem com artimanhas mentirosas nem com discursos convincentes
para que saísse do trono real, em seguida
enfeitaram com coroas de flores encantadoras a cabeça
do filho de Zeus, o soberano de abrupto trovejar; os Gigantes 10
em volta dele marchavam e com a sedução das palavras
doces como o mel e com todos os brinquedos infantis
e mimos agradáveis, ávidos para convencê-lo,
de repente, entre os primeiros/eles Amalcides vociferou
? saindo ... para a de níveos braços, Hera, 15
do trono precioso/alto / de seu pai se ergueu
com afiado entendimento
sobre a força do fogo tenaz acabaria.
Bibliografia
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O título do workshop foi “The Erased Greek Hexameters of Sin. ar. NF 66: Content and Context”, e ocorreu em 9 de setembro de 2021.
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2
Ela foi gentilmente cedida a mim por Marco Antonio Santamaría por e-mail semanas antes do lançamento, a quem sou especialmente grato pelo fraterno apoio e revisão deste artigo. Também sou grato a Vicente Azevedo de Arruda Sampaio por seus comentários filológicos certeiros. Qualquer erro ou imprecisão do texto grego e português deve ser creditado a mim.
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O Projeto Palimpsestos do Sinai é uma colaboração entre o Mosteiro de Santa Catarina do Sinai e a Biblioteca Eletrônica de Manuscritos Antigos, generosamente financiada pela Arcadia - uma fundação familiar de caridade - por um período de cinco anos. O site do projeto disponibiliza muitas informações acerca da iniciativa, inclusive imagens dos textos: http://sinaipalimpsests.org/. Acesso em 23/04/2025.
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Nesta versão ao português optei por manter os fólios (a) e (b) antes dos dois seguintes, embora seja possível intercambiar esta ordem para a precedência de (c) e (d) sem prejuízo do conteúdo.
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Disponilidade de Dados
Não aplicável.
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PITT, R. C. (2025). Palimpsesto Sin. ar. NF 66: Apresentação e Tradução. Archai 35, e03519.
Editado por
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Editora:
Beatriz de Paoli
Disponibilidade de dados
Não aplicável.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
20 Out 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
20 Jan 2025 -
Aceito
15 Jun 2025
