Apresento uma avaliação crítica da pesquisa com moscas-das-frutas na América Latina baseada na noção de que muitos mitos e mal-entendidos são transmitidos a estudantes, jovens pesquisadores ou administrações oficiais. Pondero que depois de um esclarecedor início de século, durante o qual muitas descobertas significativas foram feitas sobre a história natural desses insetos, pouco progresso tem sido observado em muitas áreas de pesquisas e manejo de moscas-das-frutas na América Latina durante os últimos 50 anos. Isso tem sido causado em parte pela escassez de estudos sob condições naturais, bem com pela abordagem reducionista utilizada no estudo desses insetos maravilhosos, considerando as espécies individualmente, ou apenas as espécies-praga. Para interromper esse círculo vicioso, proponho que demos mais atenção à história natural das espécies, independente de sua importância econômica, ampliemos o escopo e o período de tempo de nossos estudos, fortaleçamos os fundamentos teóricos e ecológicos das pesquisas com moscas-das-frutas na América Latina e enfatizemos o enfoque comparativo sempre que possível. Apresento vários mitos sobre moscas-das-frutas (p.ex., o status de certos frutos como hospedeiros de moscas-das-frutas e de certas espécies como pragas), reviso o estado-de-arte de muitas áreas das pesquisas com moscas-das-frutas na América Latina e discuto algumas possibilidades para futuros estudos. Concluo propondo que no limiar do novo milênio, o tempo parece apropriado para seguir aqueles primeiros pioneiros e novamente impulsionar nosso entendimento da biologia, ecologia e comportamento da moscas-das-frutas. Para alcançar isso, necessitamos gerar novos paradigmas e promover o pensamento criativo entre nossos estudantes.
Insecta; Anastrepha; Toxotrypana