Resumo
Este artigo analisa a institucionalização do discurso do desenvolvimento sustentável (DS) há mais de três décadas e seus desdobramentos enquanto articulação simbólica que agencia a subjetividade e práticas sociais neste século. Contemplando uma abordagem interdisciplinar, concentra-se em um debate entre a psicanálise, atenta às formas de manifestação do mal-estar, e às ideias de sociedade de risco e modernização reflexiva, da teoria social do risco. A análise do discurso sobre DS permite enquadrá-lo enquanto estratégia narcísica de enfrentamento da crise ambiental. Tal estratégia estrutura-se namanutenção da existência, ao mesmo tempo que coloca em disputa um processo constante de definição sobre qual modo de vida as populações devem viver e como as condutas humanas devem se guiar. Com um discurso de negação da finitude, apoiado na necessidade de eficiência e desenvolvimento tecnológico para evitar o fim dos recursos, essa estratégia narcísica pode, em última instância, deixar lastros de esgotamento ambiental e humano.
Palavras-chave:
Narcisismo; sobrevivência; risco; reflexividade; desenvolvimento sustentável