Resumo
Este estudo buscou compreender as representações sociais sobre saúde, alimentação e ambiente entre os estudantes indígenas do Instituto Insikiran, analisando como essas representações influenciam suas práticas e percepções cotidianas. Adotou-se uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, com a realização de entrevistas semiestruturadas com 22 estudantes. Os dados foram analisados sob duas vertentes: a organização de variáveis qualitativas em planilhas Excel e IBM® SPSS®, e a análise lexical no software IRaMuTeQ. A amostra foi majoritariamente feminina, com idades entre 21 e 30 anos, predominando a etnia Macuxi. Os resultados evidenciaram a importância do conhecimento tradicional e ambiental, os efeitos socioambientais na alimentação, a diversidade alimentar, as percepções sobre saúde e alimentos, bem como a relevância do ambiente e da organização alimentar em eventos socioculturais. O estudo reforça a importância de abordagens de saúde culturalmente adaptadas, destacando a interconexão entre saúde, alimentação e meio ambiente no contexto indígena.
Palavras-chave:
Diversidade Alimentar; Conhecimento Tradicional; Percepções Holísticas; Educação Indígena; Interculturalidade
Abstract
This study aimed to understand the social representations of health, food, and the environment among Indigenous students at the Insikiran Institute, analyzing how these representations influence their everyday practices and perceptions. A qualitative, exploratory, and descriptive approach was adopted, involving semi-structured interviews with 22 students. Data were analyzed in two dimensions: the organization of qualitative variables in Excel spreadsheets and IBM® SPSS®, and lexical analysis using the IRaMuTeQ software. The sample was predominantly female, aged between 21 and 30 years, with a majority identifying as Macuxi. The results highlighted the importance of traditional and environmental knowledge, the socio-environmental effects on diet, food diversity, perceptions of health and food, as well as the relevance of the environment and food organization in sociocultural events. The study reinforces the importance of culturally adapted health approaches, emphasizing the interconnection between health, food, and the environment in Indigenous contexts.
Keywords:
Food Diversity; Traditional Knowledge; Holistic Perceptions; Indigenous Education; Interculturality
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo comprender las representaciones sociales sobre la salud, la alimentación y el medio ambiente entre estudiantes indígenas del Instituto Insikiran, analizando cómo estas representaciones influyen en sus prácticas y percepciones cotidianas. Se adoptó un enfoque cualitativo, exploratorio y descriptivo, mediante entrevistas semiestructuradas realizadas con 22 estudiantes. Los datos fueron analizados en dos dimensiones: la organización de variables cualitativas en hojas de cálculo de Excel e IBM® SPSS®, y el análisis léxico con el software IRaMuTeQ. La muestra fue mayoritariamente femenina, con edades entre 21 y 30 años, predominando la etnia Macuxi. Los resultados destacaron la importancia del conocimiento tradicional y ambiental, los efectos socioambientales sobre la alimentación, la diversidad alimentaria, las percepciones sobre la salud y los alimentos, así como la relevancia del entorno y la organización alimentaria en eventos socioculturales. El estudio refuerza la importancia de enfoques de salud culturalmente adaptados, subrayando la interconexión entre salud, alimentación y medio ambiente en el contexto indígena.
Palabras-clave:
Diversidad Alimentaria; Conocimiento Tradicional; Percepciones Holísticas; Educación Indígena; Interculturalidad
Introdução
Este estudo explora as representações sociais de saúde, alimentação e ambiente entre estudantes do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, empregando a Teoria das Representações Sociais (JODELET, 2005; MOSCOVICI, 1978; 2011; BERTONI; GALINKIN, 2017) para entender como essas representações orientam os indivíduos e facilitam a comunicação na sociedade. A saúde é entendida como um conceito que transcende o bem-estar físico, mental e social, sendo influenciada por dimensões sociais, culturais, econômicas, políticas e religiosas (MACHADO et al., 2021).
A alimentação, que engloba fatores econômicos, sociais e culturais, é fundamental para a identidade cultural e a coesão social (DUARTE; BRISOLA; RODRIGUES, 2021). No contexto indígena, a diversidade cultural e a adoção de novas práticas alimentares são consideradas essenciais (BANIWA, 2012; LEITE, 2007; 2012).
Natureza, meio ambiente e ambiente são conceitos distintos, mas inter-relacionados. O ambiente inclui o meio ambiente e aspectos sociais, culturais, econômicos e tecnológicos que afetam a vida dos seres vivos (DULLEY, 2004). A investigação sobre o ambiente por meio das representações sociais possibilita a compreensão dos conhecimentos que um segmento específico da população tem sobre a condição do planeta e os recursos naturais.
Segundo Moscovici (1978; 2011), as representações sociais (RS) são essenciais para a estabilização do conhecimento, oferecendo uma base epistêmica que transforma o desconhecido em conhecido por meio dos processos de objetivação e ancoragem. A objetivação transforma abstrações em realidades tangíveis, facilitando o manejo cognitivo e a reinterpretação de significados complexos em formas concretas. Paralelamente, a ancoragem associa novas ideias ao conhecimento preexistente, simplificando e familiarizando o novo, enquanto promove a assimilação de conceitos em contextos familiares. Esses processos, moldados por dinâmicas socioculturais, não só estruturam o conhecimento, mas também evidenciam como ele é adquirido, compreendido e mantido nas comunidades.
As RS que são construídas para lidar com situações novas, influenciam comportamentos individuais e coletivos (POLLI; CAMARGO, 2015; BERTONI; GALINKIN, 2017). No contexto indígena, essas representações são especialmente relevantes, pois estão ligadas às cosmovisões, crenças e práticas tradicionais (SILVA, 2019; CORREIA; MAIA, 2021; CARIOCA et al., 2021; SILVA; RIBEIRO, NAZARENO, 2021; SILVA, 2022). Entretanto, existem lacunas na compreensão dessas representações entre os estudantes indígenas do ensino superior.
Esta pesquisa preenche uma lacuna na literatura, adotando uma metodologia exploratória-descritiva com abordagem qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas para analisar as percepções dos estudantes. A análise dos dados foi realizada com o software IRaMuTeQ, destacando os mundos lexicais mais frequentes e fornecendo subsídios para a interpretação qualitativa (SOUZA et al., 2018; CAMARGO; JUSTO, 2021).
O trabalho é relevante por esclarecer as representações sociais de estudantes indígenas sobre saúde, alimentação e ambiente, contribuindo para práticas sustentáveis e para a preservação cultural, além de oferecer reflexões para políticas e práticas educacionais e de saúde voltadas às necessidades indígenas.
Este estudo investigou as representações sociais sobre saúde, alimentação e ambiente entre os estudantes indígenas do Instituto Insikiran, e como essas representações influenciam suas práticas e percepções cotidianas. O objetivo principal foi descrever os sentidos e significados elaborados pelos estudantes sobre saúde, alimentação e ambiente, buscando compreender como essas percepções influenciam suas práticas cotidianas.
Materiais e Métodos
Este estudo adotou uma abordagem exploratória-descritiva e qualitativa (GIL, 2018; MEDEIROS, 2023). Foi realizado no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista-Roraima, entre 20/06/2022 e 30/01/2024. A aprovação ética foi obtida da Plataforma Brasil do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFRR e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, com o parecer positivo número 5.460.390 e CAAE: 55309321.6.0000.5302.
Os participantes deste estudo foram selecionados por amostragem por conveniência, de forma similar ao método de Pancieri et al. (2018). O recrutamento foi realizado por meio de contatos iniciais nas áreas comuns do Insikiran e comunicação prévia por e-mail ou WhatsApp, utilizados para agendar as entrevistas.
O estudo envolveu 22 estudantes indígenas de três cursos de graduação: Licenciatura Intercultural (CLI), Bacharelado em Gestão Territorial Indígena (CGTI) e Bacharelado em Gestão em Saúde Coletiva Indígena (CGSCI). Os critérios de inclusão foram fluência em português, idade acima de 18 anos e consentimento voluntário. As entrevistas foram realizadas individualmente em uma sala privada no Instituto Insikiran, gravadas com permissão dos participantes, e cada um recebeu um código numérico sequencial para garantir anonimato.
Os dados foram organizados em planilhas no Excel e analisados estatisticamente no software IBM® SPSS® (versão 24). Os resultados foram estratificados por sexo, idade, faixa etária, etnia, curso e período de estudo, sendo expressos em medidas de tendência central (média, mediana e moda) e desvio-padrão. As frequências absoluta e relativa foram usadas para apresentar as variáveis categóricas (VIEIRA, 2022). O estudo coletou respostas dos estudantes às perguntas estruturadas do roteiro das entrevistas, abordando saúde, alimentação e ambiente por meio de 20 questões pré-definidas.
As questões da pesquisa buscavam entender as percepções dos estudantes sobre saúde, alimentação e ambiente, e como esses aspectos estão interligados em suas vidas. As entrevistas, com duração média de 80 minutos, permitiram esclarecer dúvidas e garantir a compreensão das questões discutidas.
Para análise dos dados qualitativos, foi utilizado o software IRaMuTeQ - uma ferramenta robusta para manuseio de grandes volumes de texto e realização de diversas técnicas analíticas, incluindo Análise Lexicográfica Clássica, Classificação Hierárquica Descendente (CHD), Análise Fatorial de Correspondência, Análise de Similitude e Nuvem de Palavras (SOUZA et al., 2018; CAMARGO; JUSTO, 2021).
O IRaMuTeQ versão 0.7 foi usado para analisar as respostas das entrevistas, identificando padrões e temas recorrentes, o que permitiu uma compreensão aprofundada das RS no grupo estudado (GÓES et al., 2021; CAMARGO; JUSTO, 2021). Duas análises principais foram realizadas: a Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e a análise de similitude. A CHD agrupa palavras ativas de um texto em classes lexicais, baseando-se em frequência e posição, para destacar relações entre grupos e identificar padrões e categorias de significado (MENDES et al., 2019; CAMARGO; JUSTO, 2021).
A análise de similitude, baseada na teoria dos grafos, gera um grafo que mostra as conexões entre as palavras de um corpus, permitindo deduzir a estrutura do texto e os temas relevantes a partir da coocorrência das palavras (SALVIATI, 2017; COSTA et al., 2018; CAMARGO; JUSTO, 2021; MAHEMA, 2022; ). Essa análise proporciona uma representação visual das relações entre os elementos do modelo matemático, complementando a CHD.
Resultados
A maioria dos participantes da pesquisa era do sexo feminino (77,27%) e tinha entre 21 e 30 anos (81,82%), com destaque para a idade de 26 anos (31,82%). A Tabela 1 mostra a distribuição dos participantes por sexo, idade, etnia, curso e período de estudo, oferecendo uma visão geral das características demográficas e acadêmicas dos estudantes indígenas entrevistados.
A análise demográfica dos participantes revelou que a maioria tinha entre 21 e 30 anos (77,27%), sendo menos representados na faixa de 41 a 50 anos (9,09%). Os Macuxi foram a etnia mais representada (54,55%), seguidos pelos Wapichana (40,91%) e Wai-Wai (4,55%). O curso de Gestão em Saúde Coletiva Indígena (CGSCI) teve a maior adesão (81,82%), enquanto os cursos de Licenciatura Intercultural (CLI) e Gestão Territorial Indígena (CGTI) tiveram cada um 9,09% de adesão. A maioria dos participantes estava no 9º período ou mais (45,45%), seguida pelos intervalos de 3º a 5º período (36,36%) e 6º a 8º período (18,18%).
A análise CHD dos 22 textos identificou 2.138 formas distintas em 19.739 ocorrências, distribuídas em 585 segmentos de texto. Destes, 459 segmentos (78,46%) foram classificados em 6 classes diferentes. Em média, cada segmento continha cerca de 33,74 formas, indicando a densidade lexical. A Figura 1 mostra a eficácia do método em agrupar os segmentos de texto em seis classes lexicais, com 378 segmentos (88,11% do total) classificados de acordo com suas afinidades semânticas ou estruturais.
Dendrograma das seis classes lexicais obtidas a partir da CHD das Representações Sociais sobre Saúde, Alimentação e Ambiente
Na Figura 1 acima, apresenta as seis classes lexicais, cada uma representada por uma cor diferente, com as porcentagens indicando a proporção de segmentos de texto classificados em cada categoria. Essa análise possibilitou a identificação clara de padrões, agrupando temas com base na frequência e na relação entre as palavras nos textos.
A Figura 2 apresenta uma representação gráfica das seis classes lexicais identificadas, refletindo os significados atribuídos pelos participantes às representações sociais. Palavras-chave foram selecionadas com base em sua importância, indicada por percentuais e valores de qui-quadrado (X²). Esse método proporcionou um entendimento aprofundado dos temas e conceitos discutidos, destacando a diversidade e riqueza das representações sociais sobre saúde, alimentação e ambiente.
A Classe 1, denominada Fortalecimento do Conhecimento Tradicional e Ambiental, corresponde a 14,6% dos segmentos de texto e foca na transmissão de conhecimentos tradicionais, valores culturais, interculturalidade, proteção de terras e conservação ambiental, destacando a importância da educação formal na preservação dessas práticas. Os segmentos de texto a seguir ilustram essa classe:
Sim, o que aprendi na universidade pode ajudar a fortalecer meus conhecimentos tradicionais. Ao unir o aprendizado acadêmico com nosso conhecimento tradicional, ganhamos mais força para preservar e proteger nossas terras (N04, sexo feminino, 26 anos, Wapichana, CGSCI).
Aprendi muito na universidade isso fortalecer meus conhecimentos tradicionais, como outras línguas e culturas, e a compreender a diversidade entre etnias. A preservação e transmissão de conhecimentos tradicionais ocorrem principalmente por meio da aprendizagem prática (N09, sexo masculino, 26 anos, Macuxi, CLI).
A Classe Lexical 1 enfatiza a integração do aprendizado acadêmico com o conhecimento tradicional para fortalecer a proteção das terras, destaca a importância da aprendizagem prática na preservação e transmissão de conhecimentos e práticas tradicionais, e ressalta o compartilhamento de conhecimentos sobre sustentabilidade com a comunidade. Essa classe sublinha a valorização do conhecimento tradicional e os benefícios da educação acadêmica para fortalecer a identidade cultural e a sustentabilidade ambiental.
A Classe 2, Efeitos Socioambientais relacionados à Alimentação, representa 16,6% dos segmentos de texto e aborda as implicações das práticas alimentares na sociedade e no meio ambiente. Os participantes destacam a influência do clima na agricultura, a importância da conscientização sobre o manejo de resíduos e os desafios do acúmulo de lixo, além das práticas de queimadas e limpeza comunitária, ressaltando o efeito das atividades humanas no ambiente, especialmente na produção e consumo de alimentos. Pode-se observar pelos discursos abaixo:
Em 2022, nós sofremos grandes perdas ao plantar esperando a chegada da chuva, que, infelizmente, não ocorreu, foi um período de verão prolongado, perdemos a produção de milho e feijão, perdemos a plantação. Mas, temos ainda a plantação de batata, abóbora no nosso quintal que se salvou, porque vamos molhando, e dá para consumir ainda. Essas atividades, para mim, são positivas para o ambiente. (N01, sexo feminino, 26 anos, Macuxi, CGSCI).
No que diz respeito à questão ambiental, nossa principal preocupação é com a poluição e o acúmulo de lixo, incluindo questões como queimadas e desmatamento, que afetam negativamente o meio ambiente. (N21, sexo masculino, 24 anos, Macuxi, CGSCI).
A Classe Lexical 2 enfatiza a relação entre práticas alimentares e seus efeitos no meio ambiente e na sociedade, destacando a complexidade das interações entre o ambiente e as práticas sociais.
A Classe 3, denominada Diversidade na Alimentação Cotidiana, representa 19,4% do corpus e destaca a variedade na dieta dos participantes. Ela ressalta o equilíbrio entre a alimentação tradicional indígena e a inclusão de alimentos processados e industrializados, exemplificado por itens como frango, carne, feijão, arroz, pão, peixe e farinha. Os segmentos de texto a seguir ilustram essa diversidade:
Na comunidade indígena, consumimos mais peixes, galinhas caipiras, caça, frutas, vinhos de buriti, macaxeira cozida, batata doce, jerimum e mingaus de milho, carimã e goma de tapioca. Na cidade, os principais alimentos que consumo em casa são feijão, arroz, carnes, peixes, pão, manteiga e leite. (N14, sexo feminino, 50 anos, Wapichana, CGSCI).
Os principais alimentos que consumo em casa na comunidade são peixe, galinha caipira, caça, farinha, tapioca, cebola, pimenta e alguns tipos de alimentos processados. Os principais alimentos que consumo em casa na cidade são peixe, carne vermelha, arroz, feijão, farinha, café, pão, leite. (N22, sexo masculino, 33 anos, Macuxi, CGTI).
A Classe Lexical 3 destaca a diversidade dos padrões alimentares, mostrando a coexistência de práticas tradicionais, como o consumo de peixes e caças, com produtos industrializados, como arroz, pão e leite. Ressalta ainda a variedade de ingredientes na dieta indígena, incluindo proteínas animais, vegetais e produtos de mandioca, refletindo a complexidade do consumo alimentar e a adaptação a novos hábitos.
A Classe 4, chamada Percepções sobre Saúde e Alimentos, representa 13,9% dos segmentos de texto e trata das concepções de saúde, função dos alimentos e importância dos alimentos tradicionais. Termos como banana, mandioca, milho, peixe, mingau e outros destacam a conexão entre saúde - abrangendo bem-estar físico, mental e social - e a alimentação, seja ela tradicional ou cotidiana. Os seguintes segmentos de texto ilustram essas percepções:
Saúde é quando a pessoa está bem fisicamente e mentalmente, tem seu emprego e alimento, tem suas necessidades básicas satisfeitas para viver, ter uma educação de qualidade para os filhos. Alimento é tudo que pode fazer bem para meu corpo, para que eu fique bem fisicamente. Alimentos tradicionais são o peixe, a pimenta que faz a damorida, e a farinha que eu consumo todo dia em todas as refeições. (N02, sexo feminino, 26 anos, Macuxi, CGSCI).
Saúde é o meu bem estar físico e psicológico. Bem estar é ter uma boa moradia, educação de qualidade, alimentos saudáveis, água limpa e tratada, saneamento básico e emprego para custear meu modo de vida. Alimentos são itens como carne, peixe, frutas, legumes que servem para alimentar, matar a fome e nutrir o ser humano. Alimentos tradicionais são mingau de milho, mingau de arroz, peixe frito, damorida, farinha, macaxeira, batata doce e frutas como melancia, buriti, tucumã, manga e caju.” (N15, sexo feminino, 50 anos, Wapichana, CGSCI).
A Classe Lexical 4 aborda as representações sociais dos participantes sobre saúde, oferecendo uma visão holística que inclui bem-estar físico, mental, emocional, segurança alimentar e qualidade de vida. A alimentação é destacada como essencial para a saúde, com foco nos alimentos tradicionais indígenas, valorizados por seus aspectos nutricionais e culturais. Essa classe ressalta a complexidade das concepções de saúde e a importância dos alimentos tradicionais para o bem-estar e a vida cotidiana dos participantes.
A Classe 5, chamada Sentidos sobre Ambiente, Meio Ambiente e Recursos Naturais, compreende 17% dos segmentos de texto e enfoca as interações entre sociedade, alimentação e conservação ambiental. Palavras como natureza, recursos naturais, animal, árvore, água e rio refletem as percepções e valores dos participantes em relação ao ambiente natural e sua importância para a conservação e preservação, conforme expressados nos seguintes segmentos de texto:
Ambiente é a comunidade indígena onde vivo, enquanto o meio ambiente é o planeta Terra e tudo ao redor, incluindo elementos naturais e a interação entre eles. Os recursos naturais são a água, solo, árvores, plantas e animais. Conservação ambiental significa preservar a natureza em seu estado original, sem interferência humana, enquanto preservação ambiental é manter o ambiente exatamente como sempre foi, sem alterações (N06, sexo feminino, 23 anos, Wapichana, CGSCI).
Ambiente refere-se ao espaço onde vivemos, incluindo nossas casas e locais de trabalho. O meio ambiente é mais amplo, englobando a natureza e o ecossistema ao nosso redor. Recursos naturais, como árvores, água e terra, são elementos essenciais do meio ambiente, utilizados em nossos territórios. A conservação ambiental foca na manutenção e proteção do meio ambiente, enquanto a preservação ambiental visa manter os espaços naturais limpos, intactos e livres de poluição (N11, sexo feminino, 23 anos, Wapichana, CGSCI).
A Classe Lexical 5 aborda as percepções e valores dos estudantes indígenas relacionados à conservação do ambiente natural, destacando sua ênfase na sustentabilidade e preservação da biodiversidade. Os relatos evidenciam uma visão ampla do ambiente, da esfera local à global, e ressaltam a interconexão entre seres humanos e ecossistemas, bem como a importância do respeito e do equilíbrio ecológico. Essa classe enfatiza a relevância de uma convivência harmoniosa com a natureza.
A Classe 6, chamada Organização da Alimentação em Eventos Socioculturais, representa 18,5% dos segmentos de texto e enfatiza a relevância da comida nas práticas sociais e culturais indígenas. Palavras como evento, festa, alho, sal e pimenta do reino ilustram a conexão entre alimentação e atividades comunitárias, destacando o papel da comida na celebração de eventos, como ilustrado nos seguintes segmentos de texto:
O tuxaua convoca, os homens abatem um boi, as mulheres preparam os alimentos, e a comunidade toda participa do almoço, que inclui caldo, damorida e churrasco. Em festas, além do almoço comunitário, há barracas de venda de alimentos. A comida é considerada essencial em reuniões ou eventos, sendo uma tradição preparar pratos como churrasco ou galinhada (N03, sexo feminino, 35 anos, Wapichana, CGSCI).
A organização da alimentação nas festas ou eventos é coletiva: os homens preparam o local e abatem o boi, enquanto as mulheres cozinham. Cada família contribui com alimentos ou dinheiro. Além disso, há venda de comidas como damorida, suco, paçoca com banana e churrasquinho (N13, sexo feminino, 23 anos, Macuxi, CGSCI).
A Classe Lexical 6 ressalta a importância da comida nas práticas sociais e culturais indígenas, enfatizando seu papel como elemento de conexão social, tradição e hospitalidade em eventos e festividades. A alimentação é multifuncional, sendo essencial para a celebração coletiva, construção de identidades e fortalecimento dos laços comunitários.
Além da análise lexical, foi feita uma análise de similitude, com frequência de palavras variando entre 293 e 3 ocorrências. A Figura 3 mostra um mapa de similitude ajustado para clareza, destacando palavras com frequência entre 98 e 50 ocorrências. Essa análise ajuda a visualizar as relações entre palavras e a entender a estrutura dos dados textuais.
No mapa de similitude, palavras com maiores coocorrências foram identificadas como centrais nas representações sociais sobre saúde, alimentação e ambiente. As palavras mais relevantes são meio ambiente, alimentação, comer, arroz, feijão, frango, evento, pimenta, carne, saúde, indígena, consumo, cidade, conhecimento e tradicional, destacadas no gráfico em negrito e bordas pretas, indicando sua centralidade. A proximidade das palavras sugere um contexto ou tema comum, ajudando a identificar a estrutura das representações sociais. A análise revelou a interconexão entre temas centrais, destacando a importância desses termos na compreensão das percepções dos participantes sobre os tópicos do estudo.
Discussão
O estudo indicou uma predominância de participantes do sexo feminino, sugerindo maior acesso das mulheres ao ensino superior indígena. A faixa etária mais comum foi de 21 a 30 anos, mostrando um perfil jovem de estudantes. O curso de Gestão em Saúde Coletiva Indígena foi o mais representativo, com a maioria dos participantes no 9º período ou além, apontando para uma possível retenção no curso. Isso ressalta a importância de investigar os índices de retenção e evasão acadêmica nesse contexto.
Estudos anteriores, como os de Aleluia et al. (2023) e Gomes et al. (2020), encontraram um perfil semelhante em cursos de enfermagem, com predominância de mulheres e jovens, corroborando os resultados deste estudo. Bergamaschi, Doebber e Brito (2018) observaram um aumento na procura de vagas em processos seletivos por povos indígenas, com mais mulheres participando e preferência por cursos nas áreas de Ciências da Saúde, Educação, Direito e Ciências da Terra.
As etnias Macuxi, Wapichana e Wai-Wai foram as mais representadas no estudo. Os Macuxi são a etnia mais numerosa em Roraima, distribuídos em 22 terras indígenas (LISBOA, 2017). Já os Wapichana, assim como os Macuxi, são conhecidos pela participação em organizações sociais que defendem seus direitos e a preservação de sua cultura nas instituições de ensino superior (SILVA, 2019).
Roraima tem uma expressiva população indígena, que representa 15,29% do total estadual, cerca de 97.320 indivíduos (IBGE, 2023). Além dos Macuxi, Taurepang, Sapará, Ingarikó, Patamona e Wai-Wai, da família linguística Karib, e os Wapichana, da família Aruak, há também os Yanomami, Ye’kuana e Sanumá com presença significativa no estado (ALVES et al., 2019; IBGE, 2023 ).
A diversidade dos povos indígenas é essencial para a sociedade, e a proteção de seus conhecimentos tradicionais é fundamental, conforme estabelecido por legislações e convenções, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 2023), a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2011) e a Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 2016a). Essa proteção, que se estende do ensino básico ao superior, está intrinsecamente ligada aos direitos humanos. Portanto, promover a diversidade cultural indígena no sistema educacional é crucial para construir uma sociedade mais justa, inclusiva e diversificada (NODER et al., 2019; SILVA; RIBEIRO; NAZARENO, 2020; NASCIMENTO et al., 2021; SIMÃO, 2022 ; ; ).
Os universitários indígenas possuem concepções holísticas de saúde, considerando o bem-estar físico, social, mental e emocional, e relacionam essas percepções com práticas alimentares e alimentos tradicionais. Amorim, Coelho e Rocha (2021) analisaram as concepções de saúde e doença de estudantes em um curso de saúde na Universidade Federal da Bahia, constatando percepções amplas e multifatoriais, que são inseparáveis dos contextos socioculturais, políticos, econômicos e ambientais.
A pesquisa de Machado et al. (2021) salienta a complexidade do conceito de saúde, abrangendo dimensões físicas, emocionais, sociais e espirituais. Destaca também a relevância de nutrição adequada, estabilidade econômica e infraestrutura sanitária para o bem-estar socioeconômico e para a saúde. Os resultados sugerem que as condições socioeconômicas são mais determinantes para as disparidades de saúde do que os fatores biológicos, ressaltando a importância de políticas públicas que assegurem acesso a alimentação saudável e serviços básicos.
A alimentação dos povos indígenas varia conforme suas tradições, região e recursos naturais disponíveis. Geralmente, homens caçam, pescam e derrubam árvores, enquanto mulheres cuidam das crianças e do plantio, colheita e preparo dos alimentos (LEITE, 2007; 2012; BRASIL, 2016b; GARNELO; SAMPAIO; PONTES, 2019 ). As práticas alimentares indígenas estão profundamente ligadas às identidades coletivas, ancestralidade, território e ao tempo, sendo vital para interações pessoais, reciprocidade, memórias e narrativas de organização política e resistência (LEITE, 2007; 2012 ).
O estudo revelou uma transição nos hábitos alimentares de estudantes indígenas, que agora integram alimentos tradicionais com processados e industrializados. Essa mudança reflete novas preferências alimentares e culturais, além de preocupações com sustentabilidade e impacto socioambiental.
A interação com a sociedade não indígena, mudanças climáticas, agronegócio, agrotóxicos, garimpo ilegal e alimentos processados têm levado a um menor consumo de alimentos tradicionais indígenas. Essas alterações podem impactar negativamente a saúde humana e ambiental dos territórios indígenas a médio e longo prazo (COIMBRA JR, 2014; ALVES; RAMIRES, 2020; BERNAL et al., 2020; LIMA; CORRÊA; GUGELMIN, 2022; MOLINA et al., 2023; STOLZ; SILVA; COSTA, 2024).
Os povos indígenas adotam práticas de manejo de resíduos sólidos que mesclam conhecimentos científicos e tradicionais, visando a conscientização sobre o descarte adequado em suas comunidades. Essas iniciativas sublinham a necessidade de mais estudos, políticas públicas e educação ambiental para mitigar impactos ambientais, protegendo a saúde e a cultura indígena (CORNÉLIO et al., 2019; LIMA et al., 2023 ).
Diversos estudos ressaltam a importância de preservar os direitos de comunidades indígenas e tradicionais em questões ambientais ( ; TEIXEIRA, 2016; FLORIT, 2019; SILVA, 2022; VIEIRA; MENDES; ALMEIDA, 2023). Essas comunidades são afetadas pela degradação ambiental e seus conhecimentos ancestrais são vitais para a gestão sustentável dos recursos. Seus direitos são frequentemente desconsiderados, resultando em conflitos e perda de saberes tradicionais. Para solucionar essa questão, é essencial fortalecer a proteção jurídica dessas comunidades, reconhecer seus direitos originários e integrar seus conhecimentos nas decisões ambientais.
Conclusões
O estudo abordou a interação entre tradição e modernidade nas percepções indígenas, destacando a relevância da saúde, alimentação e meio ambiente na vida indígena contemporânea. Ressaltou a importância de fortalecer o conhecimento tradicional e ambiental, valorizando o legado cultural e integrando saberes tradicionais e acadêmicos, com ênfase no papel das universidades nessa integração. Também destacou a necessidade de conscientização sobre os impactos ambientais das práticas alimentares e a adoção de estratégias sustentáveis para a gestão de resíduos sólidos.
A diversidade alimentar dos estudantes indígenas demonstra a riqueza e adaptação cultural de sua alimentação, mas também aponta para o risco de doenças crônicas. As percepções sobre saúde e alimentação revelam uma visão holística, com ênfase em alimentos tradicionais.
A relação com o ambiente é marcada pelo respeito, sublinhando a importância da conservação e preservação para a sustentabilidade. Além disso, a organização alimentar em eventos socioculturais enfatiza o papel central da comida nas celebrações e na coesão comunitária. O estudo destaca que saúde, alimentação e ambiente são aspectos fundamentais e interligados no modo de vida indígena, essenciais para a preservação de suas práticas culturais.
O estudo ressalta a importância de políticas públicas e programas educacionais adaptados culturalmente para promover e proteger a sustentabilidade e autonomia das comunidades indígenas. Destacou-se o entendimento profundo dos estudantes sobre a interconexão entre saúde, alimentação e ambiente, enfatizando sua relevância para a preservação das práticas culturais e bem viver indígena. Apesar de limitações como a falta de uma amostra equitativa, a pesquisa explorou os significados das representações sociais, sugerindo a necessidade de futuros estudos com amostragens mais abrangentes ou metodologias mistas para aprimorar o entendimento dessas representações.
Agradecimentos
Agradecemos aos estudantes indígenas do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima por compartilharem generosamente suas experiências, saberes e percepções, fundamentais para a realização deste estudo. Estendemos nossa gratidão às lideranças indígenas e aos profissionais envolvidos na formação em Saúde Coletiva Indígena, que cotidianamente fortalecem a luta por uma educação superior intercultural. Agradecemos também à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais (PRONAT/UFRR) pelo apoio institucional à pesquisa, bem como à nossa orientadora e coorientadora, cuja escuta atenta e compromisso ético contribuíram decisivamente para a construção deste trabalho.
Referências bibliográficas
- ALELUIA, E. S.; NASCIMENTO, L. R.; BOMFIM, V. V. B. S.; ARAÚJO, S. C.; CARVALHO, D. J. M. de. Profile of nursing students at a private higher education institution in Salvador, Bahia. Research, Society and Development, 12(7), e0112734858, 1-9, 2023.
- ALVES, S. C.; RAMIRES, M. Teko Arandu: The relationship between culture and eating habits of the Guarani Mbyá from the Ribeirão Silveira Indigenous Village in Bertioga - SP. Revista Abordagens, João Pessoa, 2(1), 40-57, January-June, 2020.
- ALVES, A. P. B.; ALMEIDA, S. L.; BARRETO, H. C. S.; FERNANDES, Y. M.; CUNHA, R. M.; ALVES, P. V. B.; ALVES, P. T. B. Most prevalent diseases and health conditions in an Indigenous community in Boa Vista-RR: An experience report. Revista Eletrônica Acervo Saúde, (26), e673, July 18, 2019.
- AMORIM, L. O. A. B.; COELHO, M. T. Á. D.; ROCHA, M. N. D. Health and illness: students’ conceptions. In: AMORIM, L. O. A. B.; ABREU, M. A. G. M.; COELHO, M. T. Á. D. (Eds.). Health in higher education: what do students and teachers have to say? Salvador: EDUFBA, pp. 25-38, 2021.
- BANIWA, T. T. Health and nutrition in rural and urban areas: an Indigenous testimony. In: GARNELO, L.; PONTES, A. L. (Eds.), Indigenous Health: an introduction to the topic (pp. 184-205). Brasília: MEC-SECADI, 2012.
-
BERGAMASCHI, M. A.; DOEBBER, M. B.; BRITO, P. O. Indigenous students in Brazilian universities: a study of access and retention policies. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 99(251), 37-53, Jan./Apr. 2018. Available at: https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.99i251.3337 Accessed on: April 18, 2024.
» https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.99i251.3337 - BERNAL, N.; GAIVIZZO, L.; RODRIGUES-FILHO, S.; SAITO, C.; SILVA, R.; MICHELS, A.; ALMEIDA, A. C. Climate challenges for Indigenous peoples: socioecological vulnerability in the Sub-Middle São Francisco River Basin region, Brazil. Revista Vínculos, 17(1), 42-59, January-June, 2020.
- BERTONI, L. M.; GALINKIN, A. L. Theory and methods in social representations. In: MORORÓ, L. P.; COUTO, M. E. S.; ASSIS, R. A. M. (Eds.), Theoretical and methodological notes on research in education: conceptions and trajectories [online] (pp. 101-122). Ilhéus, BA: EDITUS, 2017.
- BRAZIL. Constitution of the Federative Republic of Brazil: constitutional text promulgated on October 5, 1988, with amendments established by Constitutional Revision Amendments Nos. 1 to 6/94. Brasília, DF: Federal Senate, Technical Publications Coordination, 2016a. 496 p.
- BRAZIL. Ministry of Health. Secretariat for the Management of Labor and Education in Health. Department of Health Education Management. Training Program for Indigenous Health Agents (AIS) and Indigenous Sanitation Agents (AISAN). Thematic Area III - AIS. Actions for the Prevention of Illnesses and Diseases and the Recovery of Indigenous Peoples’ Health. Brasília: Ministry of Health, 2016b. 78 p.
-
CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. Tutorial for the use of the IRaMuTeQ software. Laboratory of Social Psychology of Communication and Cognition - UFSC. Brazil. Florianópolis, November 22, 2021. Available at: http://www.iramuteq.org/documentation/fichiers/Tutorial%20IRaMuTeQ%20em%20portugues_22.11.2021.pdf Accessed on: February 28, 2024.
» http://www.iramuteq.org/documentation/fichiers/Tutorial%20IRaMuTeQ%20em%20portugues_22.11.2021.pdf - CARIOCA, A. T.; ALVES, A. P. B.; ALMEIDA, S. L.; ARGENTA, L. B.; BARRETO, H. C. S.; FREITAS, M. A. B. Perceptions of Type 2 Diabetes Mellitus in the Jabuti Bonfim Indigenous Community - RR: An experience report. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 13(2), e6000, 2021.
- COSTA, F. G., COUTINHO, M. P. L., CIPRIANO, J. P. S., ARAÚJO, J. M. G., CARVALHO, A. F., & PATRÍCIO, J. M. Social Representations of Diabetes Mellitus and Its Treatment: A Psychosociological Study. Revista de Psicologia da IMED, Passo Fundo, 10(2), 36-53, July-December, 2018.
- CORNÉLIO, I.; MOURA, G. S.; STOFEL, J.; MUELBERT, B. Study of household solid waste in the Rio das Cobras Indigenous Land in the municipality of Nova Laranjeira, PR. Interações (Campo Grande), 20(2), 575-584, April 2019.
- CORREIA, S. B.; MAIA, L. M. Social Representations of “Being Indigenous”: an analysis from the non-Indigenous perspective. Psicologia: Ciência e Profissão, 41, e221380, 2021.
- COIMBRA JUNIOR, C. E. A Health and Indigenous peoples in Brazil: reflections based on the First National Survey on Indigenous Health and Nutrition. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 30(4), 855-859, April 2014.
- DUARTE, M. B. do C., BRISOLA, E. M. A., & RODRIGUES, A. M. Homeless population: social representations of eating and food. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, 12(2), 57-74, August 2021.
- DULLEY, R. D. Concepts of nature, environment, natural surroundings, environmental resources, and natural resources. Agricultura (São Paulo), 51(2), 15-26, July-December 2004.
-
FLORIT, L. F. From environmental conflicts to socio-environmental ethics: a perspective based on traditional peoples and communities. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 52, 261-283, December 2019. Available at: https://doi.org/10.5380/dma.v52i0.59663 Accessed on: March 12, 2024.
» https://doi.org/10.5380/dma.v52i0.59663 - GARNELO, L.; SAMPAIO, S. S.; PONTES, A. L. Differentiated Care: The Technical Training of Indigenous Health Agents of the Upper Rio Negro [online]. Rio de Janeiro: FIOCRUZ Publishing House, 2019, 163 pages.
- GIL, A. C. How to Design Research Projects (6th ed., 2nd reprint). São Paulo: Atlas, 2018, 173 pages.
- GÓES, F. G. B.; SANTOS, A. S. T.; CAMPOS, B. L.; SILVA, A. C. S. S.; SILVA, L. F.; FRANÇA, L. C. M. Use of IRAMUTEQ Software in Qualitative Research: An Experience Report. Revista de Enfermagem UFSM, Santa Maria, 11, 1-22, 2021.
- GOMES, A. N. H.; CASTRO, N. R. S.; ARAÚJO, C. S.; SILVA, N. C.; ALMEIDA, G. S.; FONSECA, J. R. F Choosing Nursing as a Professional Path. Research, Society and Development, 9(7), 1-15, 2020.
-
IBGE - Brazilian Institute of Geography and Statistics. 2022. Demographic Census - Indigenous Peoples: First Results of the Universe. Rio de Janeiro: IBGE, 2023, p. 193. Available at: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/bibliotecacatalogo?view=detalhes&id=2102018 Accessed on: November 2, 2023.
» https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/bibliotecacatalogo?view=detalhes&id=2102018 - JODELET, D. Experience and Social Representations. In: MENIN, M. S. S., & SHIMIZU, A. M. (Eds.), Experience and Social Representation: Theoretical and Methodological Issues (pp. 23-56). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
- LEITE, M. S. Sociodiversity, food, and Indigenous nutrition. In: BARROS, D. C., SILVA, D. O.; GUGELMIN, S. Â. (Eds.). Food and Nutritional Surveillance for Indigenous Health [online], Vol. 1 (pp. 180-210). Rio de Janeiro: FIOCRUZ Publishing House, 2007.
- LEITE, M. S. Nutrition and food in Indigenous health: notes on their importance and current situation. In: GARNELO, L.; PONTES, A. L. (Eds.). Indigenous Health: An Introduction to the Topic (pp. 156-183). Brasília: MEC-SECADI, 2012.
- LIMA, A. A.; RIBEIRO, F. D.; SILVA, M. R. C.; SANTOS, D. A. V.; MELO, M. M. Solid Waste Disposal in Indigenous Lands and Environmental Education: the strategies of the Gavião people in dealing with garbage in the Amazon. Revista Brasileira de Educação Ambiental, São Paulo, 18(5), 431-444, 2023.
- LIMA, F. A. N. S.; CORRÊA, M. L. M.; GUGELMIN, S. A. Indigenous territories and the socio-environmental determination of health: discussing pesticide exposure. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, 46(special issue 2), 28-44, June 2022.
-
LISBOA, J. F. K. Schooling and Indigenous Intellectuals: from formation to emancipation. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, 11(2), 20-51, 2017. Available at: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/15937/14226 Accessed on: April 18, 2024.
» https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/15937/14226 - MACHADO, L. V.; VITALI, M. M.; CASTRO, A.; TOMASI, C. D.; SORATTO, J. Social representations of health among university students. Saúde e Pesquisa, 14(1), 37-49, 2021.
-
MAHEMA, K. M. Textual Data Analysis in Urban Mobility and Transportation Research Using IRaMuTeQ. 2022. Available at: http://www.iramuteq.org/documentation/fichiers/Guide_IRaMuTeQ_Masinda.pdf Accessed on: February 19, 2024.
» http://www.iramuteq.org/documentation/fichiers/Guide_IRaMuTeQ_Masinda.pdf - MENDES, A.; TONIN, F. S.; BUZZI, M. F.; PONTAROLO, R.; FERNANDES-LLIMOZ, F. Mapping pharmacy journals: a lexicographic analysis. Research in Social and Administrative Pharmacy, 15(2), 1464-1471, 2019.
- MEDEIROS, J. B. Scientific Writing: Practice of Note-Taking, Summaries, and Reviews (13th ed., 3rd reprint). São Paulo: Atlas, 2023. 336 p.
- MOLINA, A. A.; FERREIRA, M. J.; SURUÍ, L. O.; NORDER, L. A. C.; NETO, E. M. C.; CLEMENT, C. R. Amazonian Invertebrates in the Traditional Diet of the Paiter Suruí in Southeastern Brazil. Human Ecology, 51, 209-219, 2023.
- MOSCOVICI, S. Social Representations: Investigations in Social Psychology (7th ed.). Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
- MOSCOVICI, S. Social Representation and Psychoanalysis. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
- NASCIMENTO, C. A. R., SOUZA, É. S., PEREIRA, L. B., & SIMAS, H. C. P. Indigenous Higher Education from an Intercultural Perspective. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, 10(2), e59110212979, 2021.
-
ILO. International Labour Organization. Convention No. 169 on Indigenous and Tribal Peoples and Resolution concerning ILO Action. Brasília: ILO, 2011. 1 vol. Available at: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf Accessed on: January 2, 2024.
» http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf - PANCIERI, A. P. P.; FUCO, S. B. F.; RAMOS, B. I. A.; BRAGA, E. M. B. Meanings of flower therapy for anxiety in individuals with overweight or obesity. Revista Brasileira de Enfermagem, 71, 2310-2315, 2018.
- POLLI, G. M.; CAMARGO, B. V. Social Representations of the Environment and Water. Psicologia: Ciência e Profissão, 35(4), 1310-1326, October 2015.
- SALVIATI, M. E. IRaMuTeQ Application Manual, UNB Planaltina. Retrieved in November, 20, 1-93, 2017.
- SANTOS, R. V.; PONTES, A. L.; COIMBRA JR, C. E. A. A “total social fact”: COVID-19 and Indigenous peoples in Brazil. Cadernos de Saúde Pública [online], 36(10), e00268220, 2020.
- SILVA, N. C. S. Understanding the history and way of life of Indigenous peoples in Roraima: Macuxi and Wapichana ethnic groups. Revista Eletrônica Casa de Makunaima, 2(3), 91-103, 2019.
- SILVA, B. T. Traditional Peoples and Communities: some considerations on political and ecological processes. Em Sociedade: Journal of the Department of Social Sciences - PUC Minas, 4(1), 7-31, 2022.
- SILVA, M. M.; RIBEIRO, J. P. M.; NAZARENO, E. Indigenous peoples and cultural, economic, and political relations: reflections on critical interculturality and decoloniality. Tellus, 20(43), 33-58, 2021.
-
SIMÃO, I. T. Legal aspects and Indigenous school education in Brazil. Revista Científica FESA, 1(19), 58-70, 2022. Available at: https://revistafesa.com/index.php/fesa/article/view/205 Accessed on: February 1, 2024.
» https://revistafesa.com/index.php/fesa/article/view/205 - SOUZA, M. A. R.; WALL, M. L.; THULER, A. C. M. C.; LOWEN, I. M. V.; PERES, A. M. The use of IRAMUTEQ software in data analysis for qualitative research. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 52, e03353, 2018.
- STOLZ, S.; SILVA, B. M.; COSTA, R. I. The erasure of Indigenous food culture and the systematic necropolitics against the Yanomami. Políticas Culturais em Revista, 16(2), 59-76, 2024.
- TEIXEIRA, G. F. M. Protection of Indigenous and Traditional Peoples in Environmental Matters: A Bridge to Strengthening the Inter-American Human Rights System. Revista Videre, 7(14), 25-37, 2016.
- VIEIRA, F. A.; MENDES, L. A.; ALMEIDA, L. S. Indigenous Peoples and the Environment: A Relationship Between Prejudice and National Interest. Revista Desenvolvimento Social, 29(2), 78-93, 2023.
- VIEIRA, S. Introduction to Biostatistics (6th ed., reprint). Rio de Janeiro: GEN - Grupo Editorial Nacional S.A., published under the Guanabara Koogan Ltda. imprint, 2022. 296 pages.
-
Declaração de disponibilidade de dados:
Os dados subjacentes ao estudo consistem em transcrições integrais de entrevistas qualitativas e notas de campo com estudantes indígenas. Por conterem informações potencialmente identificáveis e contextuais de participantes pertencentes a povos indígenas, os dados integrais não podem ser tornados públicos. Trechos desidentificados e dados agregados constam do próprio artigo; conjuntos desidentificados poderão ser disponibilizados mediante solicitação fundamentada ao(à) autor(a) correspondente, condicionados à assinatura de termo de uso, aprovação de emenda ética e anuência institucional/lideranças quando aplicável. A restrição decorre de compromissos éticos assumidos com os(as) participantes e dos procedimentos aprovados pelo CEP/CONEP, visando resguardar confidencialidade, privacidade e a proteção de conhecimentos e contextos socioculturais (CAAE 55309321.6.0000.5302; Parecer 5.460.390).
Disponibilidade de dados
Os dados subjacentes ao estudo consistem em transcrições integrais de entrevistas qualitativas e notas de campo com estudantes indígenas. Por conterem informações potencialmente identificáveis e contextuais de participantes pertencentes a povos indígenas, os dados integrais não podem ser tornados públicos. Trechos desidentificados e dados agregados constam do próprio artigo; conjuntos desidentificados poderão ser disponibilizados mediante solicitação fundamentada ao(à) autor(a) correspondente, condicionados à assinatura de termo de uso, aprovação de emenda ética e anuência institucional/lideranças quando aplicável. A restrição decorre de compromissos éticos assumidos com os(as) participantes e dos procedimentos aprovados pelo CEP/CONEP, visando resguardar confidencialidade, privacidade e a proteção de conhecimentos e contextos socioculturais (CAAE 55309321.6.0000.5302; Parecer 5.460.390).
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
17 Nov 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
18 Abr 2024 -
Aceito
28 Jan 2025




Fonte: Iramuteq 08/03/2024
Fonte: Elaborada pelos autores. .Legenda: UCE representa unidades de contexto elementar, que são fragmentos de texto analisados. SUR indica o total de unidades de contexto no corpus de dados. Assim, “87uce/459sur” significa que 87 unidades de contexto elementar foram analisadas de um total de 459 unidades no corpus. Essa análise é usada para interpretar padrões ou temas em dados textuais.
Fonte: Iramuteq 08/03/2024