Resumo
A percepção de riscos representa um dos pilares da gestão das águas. Este texto se propõe a refletir sobre os sentidos do risco nas experiências de vida dos pescadores do Baixo São Francisco, em um cenário de crescente degradação ambiental. A abordagem e o método utilizados são de inspiração fenomenológica, cujo objeto são os sentidos atribuídos à experiência vivida. Os pescadores foram entrevistados nos municípios de Piaçabuçu, em Alagoas, e Canindé de São Francisco e Propriá, em Sergipe. Três estruturas essenciais foram reveladas: descrença generalizada; potencialização do sentido dos riscos devido à transposição das águas do rio; associação entre morte do “Velho Chico” e morte cultural das comunidades ribeirinhas, bem como de suas estruturas sociais e econômicas. Nesse cenário, os pescadores se colocam como vigilantes do rio, defensores desse patrimônio ambiental e imaterial.
Palavras-chave:
Riscos; Rio São Francisco; Pescadores