Resumo
o estudo descritivo de análise documental teve como objetivo analisar as intencionalidades dos mestrados profissionais em ensino na saúde da área de ensino da CAPES para a formação e o trabalho interprofissional no contexto brasileiro. A pesquisa envolveu 20 relatórios do Coleta CAPES dos mestrados profissionais da área de ensino das cinco regiões geográficas do Brasil referentes à Avaliação Quadrienal 2017– 2020. A análise qualitativa dos relatórios foi realizada por meio do rastreio de termos relacionados ao objeto de estudo e análise de conteúdo dos documentos. Os relatórios expressam as características peculiares dos programas e as intencionalidades para a formação profissional, o desenvolvimento da pesquisa e de produtos educacionais com objetos que emergem do cotidiano do trabalho, direcionados aos princípios e diretrizes do sistema de saúde brasileiro; reconhecem a importância da formação problematizadora, crítica e reflexiva; e utilizam diferentes metodologias ativas e interativas com potencial para fortalecer o trabalho integrado entre diferentes categorias profissionais. Os relatórios apresentam intenções para a formação e o trabalho colaborativo, embora se veja a necessidade de os programas explicitarem as estratégias utilizadas para o desenvolvimento do trabalho em equipe e da colaboração interprofissional.
Palavras-chave:
ensino; saúde; mestrado profissional; educação interprofissional
Abstract
the descriptive study of documentary analysis aimed to analyze the intentions of professional master’s degrees in health education in the CAPES teaching area for training and interprofessional work in the Brazilian context. The research involved 20 CAPES Collection reports from professional master’s programs in the teaching area of the five geographic regions of Brazil referring to the 2017–2020 Quadrennial Assessment. The qualitative analysis of the reports was carried out by tracking terms related to the object of study and analyzing the content of the documents. The reports express the peculiar characteristics of the programs and the intentions for professional training, the development of research and educational products with objects that emerge from daily work, directed to the Brazilian healthcare system principles and guidelines; they recognize the importance of problem-solving, critical and reflective training; and they use different active and interactive methodologies with the potential to strengthen integrated work among different professional categories. The reports present intentions for training and collaborative work, although there is a need for programs to explain the strategies used to develop teamwork and interprofessional collaboration.
Keywords:
education; health; professional master’s degree; interprofessional education
Resumen
el estudio descriptivo de análisis documental tuvo como objetivo analizar las intenciones de los profesionales de maestría en educación para la salud en el área de enseñanza de la CAPES para la formación y el trabajo interprofesional en el contexto brasileño. La investigación involucró 20 informes de Colección CAPES de maestrías profesionales en el área de enseñanza de las cinco regiones geográficas de Brasil referentes a la Evaluación Cuatrienal 2017–2020. Análisis cualitativo de los informes se realizó cribando términos relacionados con el objeto de estudio y analizando el contenido de los documentos. Los informes expresan las características peculiares de los programas y las intenciones para la formación profesional, el desarrollo de productos de investigación y educación con objetos que emergen del trabajo cotidiano, orientados a los principios y directrices del sistema de salud brasileño; reconocen la importancia de la formación problematizadora, crítica y reflexiva; y utilizan diferentes metodologías activas e interactivas con el potencial de fortalecer el trabajo integrado entre diferentes categorías profesionales. Las informes presentan intenciones de formación y trabajo colaborativo, aunque se necesitan programas que expliquen las estrategias utilizadas para desarrollar el trabajo en equipo y la colaboración interprofesional.
Palavras clave:
enseñanza de la salud; maestría profesional; educación interprofesional
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o levantamento dos dados sobre os Programas de Pós-Graduação (PPGs) Stricto Sensu é realizado pelos sistemas de informação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Desde 2013, esse processo ocorre via Plataforma Sucupira, cujo objetivo é fornecer subsídios para a avaliação da qualidade dos PPGs. Na Plataforma Sucupira, as informações são inseridas pelos coordenadores, secretários e/ou docentes dos programas, devendo retratar a imagem da estrutura e composição dos cursos.
O conjunto de informações coletadas sobre os PPGs reúne dados sobre sua localização, vinculação com instituição de ensino superior e outras características que revelam a sua identidade. Esses dados compõem um relatório organizado em conformidade com a estrutura da ficha de avaliação dos programas profissionais adotada para o referido quadriênio (2017–2020). A ficha de avaliação é composta de acordo com três quesitos, como programa, formação e impactos na sociedade, com diversos itens que subsidiam a análise e a avaliação da qualidade dos PPGs (Brasil, 2020).
Na área de ensino, a qualidade dos programas pode ser avaliada pela produção e difusão do conhecimento produzido, assim como pela formação dos recursos humanos, com base no potencial de: difusão do conhecimento produzido pelo PPG em termos de alcance geográfico; qualificação do conhecimento produzido em termos de sua publicação ou apresentação pública; inovação dos conhecimentos produzidos em termos de suas características sociais e culturais, visando tanto à produção científica como ao desenvolvimento de produtos, por meio da realização de pesquisas e produtos educacionais que integrem os saberes inerentes ao mundo do trabalho e ao conhecimento sistematizado, além de seu impacto na sociedade e formação de recursos humanos em termos de abrangência loco-regional e da qualidade de sua inserção profissional (Brasil, 2023).
Conforme descrito por Rôças, Moreira e Pereira (2018, p. 61), a pós-graduação na modalidade profissional necessita estabelecer uma interlocução com os diversos setores da sociedade, “extrapolando os muros da academia e promovendo transferência de tecnologia científica, educacional e/ou cultural”, ancoradas na pesquisa aplicada e na ampliação dos conhecimentos teórico-conceituais e metodológicos de cada área de conhecimento.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010), integrar instituições de ensino e serviços de saúde é uma ação essencial para superar os desafios existentes em relação à educação permanente de profissionais de saúde, de modo que esses trabalhadores incorporem os princípios e diretrizes do sistema de saúde e os pressupostos globais para melhoria da assistência às demandas das populações.
O mestrado profissional (MP) é uma modalidade de pós-graduação stricto sensu criada pela Portaria n.º 80 da CAPES (Neves, 1998) para atender às necessidades de profissionais que, inseridos no mundo do trabalho, necessitam aprimorar sua qualificação profissional e buscar inovações em sua área, mediante o estudo de técnicas, processos ou temáticas que atendam às demandas de sua realidade, sem necessariamente se afastar das suas atividades laborais (CAPES, 2019; Brasil, 2009).
Os mestrados profissionais em ensino na saúde (MPES) surgiram para qualificar o sistema de saúde, por meio do empoderamento científico de suas equipes de trabalho. Esse espaço de formação em saúde configura-se um locus privilegiado de estudos e produção de conhecimentos científicos, educacionais e tecnológicos (Mamede; Abbad, 2018).
A Estratégia Global de Recursos Humanos para a Saúde 2030 (WHO, 2016) identificou a formação da força de trabalho em saúde como um desafio importante para o fortalecimento dos sistemas de saúde. Nesse contexto, torna-se necessário que a formação profissional fortaleça a prestação de cuidados de saúde com foco na expansão do acesso e da qualidade dos serviços (McPake et al., 2016).
Essas estratégias globais podem levar a melhorias na qualidade de vida das populações em articulação com as metas relacionadas à saúde. O Plano Estratégico da Organização Pan-Americana de Saúde, para 2020–2025, visa catalisar esforços para reduzir as iniquidades e identificar ações específicas para enfrentar as desigualdades na saúde, por meio de quatro temas transversais centrais para abordar os determinantes da saúde: a equidade; o gênero; a etnia; e os direitos humanos globais (OPAS, 2020).
O modelo atual de formação profissional na saúde, caracterizado pela forte divisão do trabalho e centrado no saber técnico do profissional, ainda evidencia uma formação com ênfase nas competências específicas de cada categoria, repercutindo no desenvolvimento de um perfil uniprofissional que se mostra fragmentado e incompatível com o enfrentamento das demandas crescentes e complexas da saúde, presentes atualmente. Esse modelo de formação e de trabalho leva a prejuízos para a qualidade do cuidado e para a resolutividade das necessidades de saúde (Freire Filho et al., 2018; Peduzzi et al., 2020).
Tompsen et al., (2018) apontam que a complexidade das demandas de saúde e da organização dos serviços indica uma tendência crescente da necessidade de substituir a atuação isolada e independente dos profissionais pelo trabalho colaborativo em equipe.
A formação de profissionais para a integralidade do cuidado representa uma estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentar o desafio de otimizar seus recursos em uma proposta inovadora e corajosa de um sistema universal e equânime. Esses processos formativos devem considerar o acelerado ritmo de evolução do conhecimento, as mudanças do método de trabalho em saúde e as transformações decorrentes de aspectos demográficos e epidemiológicos, na perspectiva de formar profissionais críticos e reflexivos, com conhecimentos, habilidades e atitudes que os tornem aptos a atuar em um sistema de saúde qualificado e integrado (Vilela; Batista, 2015).
Nesse sentido, percebe-se um ponto de encontro entre a proposta formativa dos MPES e as demandas do SUS.
Conforme descrito por Ogata et al., (2021), o processo de fortalecimento do SUS é marcado por políticas de reorientação da formação e do trabalho em saúde que, historicamente, buscam enfrentar os entraves que comprometem a operacionalização do sistema segundo seus princípios. Nesse movimento, destacam-se a educação permanente em saúde, que constitui a política do SUS para a formação dos trabalhadores do setor, e a educação interprofissional (EIP), sendo uma abordagem de educação e formação profissional que, na última década, impulsionou-se no Brasil.
A EIP é definida como a ocasião em que atores de diferentes profissões da área da saúde aprendem em conjunto, interativamente, com o propósito explícito de fortalecer a colaboração e melhorar a qualidade dos serviços ofertados (Reeves et al., 2013).
Para a OMS (2010, p. 7), “um profissional de saúde, colaborativo e preparado para a prática, é aquele que aprendeu como trabalhar em uma equipe interprofissional e tem competência para este fim”.
A EIP tem sido amplamente defendida no mundo, uma vez que fornece um referencial teórico-conceitual e metodológico capaz de desenvolver competências para o trabalho colaborativo, com implicações positivas na oferta de serviços de saúde re-solutivos, seguros e de qualidade (Reeves et al., 2013).
A interprofissionalidade refere-se às intervenções interprofissionais na formação e/ou no local de trabalho, em que membros de diferentes profissões estão estudando ou trabalhando juntos, de modo interativo e colaborativo, para construir sistemas de saúde centrados no paciente e cuidados de saúde de qualidade, seguros e sustentáveis (Xyrichis, 2020).
Embora seja uma temática relativamente nova no contexto brasileiro, a EIP se mostra uma abordagem promissora e vigorosa para a formação em saúde e a transformação das práticas profissionais.
Prevedello, Góes e Cyrino (2022) afirmam que a aprendizagem de graduandos, mediada pela interprofissionalidade, facilita o desenvolvimento de competências requeridas, de modo a atender às Diretrizes Curriculares Nacionais e às necessidades do SUS, apesar dos diversos desafios enfrentados pelos estudantes, formadores e gestores. Essas iniciativas formativas mostram que a EIP é um caminho para aprimorar o cuidado em saúde, ao promover oportunidades para que estudantes, durante a graduação, desenvolvam competências para trabalho em equipe, prática colaborativa e integralidade do cuidado.
Apesar de resultados positivos da EIP na graduação brasileira, observa-se que as intencionalidades e os efeitos da formação ancorada nos princípios e pressupostos da interprofissionalidade ainda precisam ser melhor explorados na pós-graduação stricto sensu.
Os MPES têm um caráter interdisciplinar, e podem se constituir em espaços potentes para a formação interprofissional, na perspectiva de construir processos formativos pautados no fortalecimento do trabalho em equipe e da prática colaborativa. Além de ser uma estratégia no contexto do processo de reorientação da formação profissional em saúde, os MPES visam preparar profissionais qualificados para a integralidade do cuidado, promovendo transformações nos cenários do trabalho em saúde e atuando como docentes formais ou preceptores do serviço.
Assim, consideram-se os MPES como um locus privilegiado de educação permanente, estudo, pesquisa e desenvolvimento de competências para a formação profissional e o aprimoramento das práticas profissionais, de modo a impulsionar transformações nos cenários do trabalho em saúde.
Diante dessa contextualização, este estudo foi guiado pela seguinte pergunta: quais as intencionalidades dos MPES para a adoção dos pressupostos teóricos-concei-tuais e metodológicos da interprofissionalidade na formação e no trabalho em saúde? O estudo teve como objetivo analisar as intencionalidades dos MPES para a formação e o trabalho interprofissional no contexto brasileiro.
2 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de estudo qualitativo, descritivo de análise documental, uma vez que o foco de análise incide sobre os conteúdos dos relatórios do Coleta CAPES, referentes à Avaliação Quadrienal 2017–2020, produzidos pelos MPES das cinco regiões geográficas do Brasil.
Para McCulloch (2004), a análise documental implica atenção às minúcias que compõem o todo do documento, valendo-se de interpretação dos registros e, também, conotações além do texto, mas que têm relação com os conteúdos. Os documentos devem ser considerados mediante a ligação texto-contexto.
A pesquisa descritiva visa à apresentação das características de determinado fe-nômeno e ao estabelecimento de relações entre variáveis. Essa metodologia busca uma compreensão profunda e fundamentada da temática em análise (Thomas; Nelson; Silverman, 2015).
A abordagem qualitativa se mostra relevante, pois valoriza as reflexões, percepções e impressões dos pesquisadores no processo de interpretação.
A pesquisa foi realizada no contexto dos MPES, credenciados e avaliados pela CAPES, com ciclo avaliativo completo e notas iguais ou superiores a três, distribuídos pelas cinco regiões geográficas do Brasil. Assim, 20 PPGs atenderam ao critério de inclusão, e estão assim distribuídos: Norte = 2; Nordeste = 6; Centro-Oeste = 2; Sudeste = 9; e Sul = 1.
Foram objeto das análises os 20 relatórios do Coleta CAPES, referentes ao período de 2017 a 2020, encaminhados pelos coordenadores dos MPES, obtidos pelo acesso público da Plataforma Sucupira-Coleta de Informações em 2023.
Um conjunto de termos foi organizado e utilizado para rastrear os relatórios dos PPGs em busca de dados que sinalizassem as intencionalidades para a adoção dos pressupostos teórico-conceituais e metodológicos da educação e do trabalho inter-profissional na formação de futuros mestres.
Os termos “interdisciplinar/interdisciplinaridade”, “multidisciplinar”, “interprofis-sional”, “multiprofissional”, “prática colaborativa”, “trabalho em equipe”, “SUS”, “educação permanente”, “integralidade no cuidado”, “formação profissional” e “competên-cia(s)” foram explorados.
Utilizando-se os documentos salvos em formato “PDF” e o comando “CTRL F”, cada termo foi rastreado em busca da frequência em que foram mencionados. Além disso, procedeu-se à identificação e seleção dos trechos dos documentos, com a especificação da página de localização, os quais foram copiados e colados em uma planilha eletrônica. Em posse dos dados coletados para os 20 relatórios, deu-se início à análise dos conteúdos na modalidade temática (Minayo, 2008).
Para subsidiar a análise qualitativa, os trechos dos conteúdos foram lidos e relidos na perspectiva de destacar aqueles que estabeleciam relação direta com o objeto em estudo e que apresentassem aspectos relevantes para a compreensão do fenô-meno. Os trechos dos documentos foram organizados em categorias temáticas que emergiram das análises.
O material foi trabalhado em três etapas: pré-análise; exploração do material; e tratamento dos resultados e interpretação. A análise de conteúdo permite a classificação dos componentes do significado da mensagem, ocupando-se de uma descrição objetiva, sistemática e qualitativa do conteúdo extraído e sua respectiva interpretação (Minayo, 2008).
Para garantir a confidencialidade, os relatórios dos PPGs foram identificados por combinações alfanuméricas (ex: PPG1, PPG2, e assim sucessivamente, até PPG20). Os dados de caracterização dos MPES foram utilizados apenas para contabilizar a sua distribuição geográfica no país.
A presente pesquisa é parte de projeto maior que seguiu todos os preceitos éticos relacionados à Resolução n.º 466/12, sob apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da [identificação removida para efeito da submissão], Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) n.º 32429320.7.0000.5505 e Parecer n.º 4.197.726.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Assim, 20 MPES atenderam aos critérios de inclusão, e os respectivos relatórios, referentea à Avaliação do Quadriênio 2017–2020, foram extraídos da Plataforma Sucupira por meio do acesso público.
Os relatórios do Coleta CAPES estão distribuídos entre diferentes instituições de ensino superior, sendo: 30% (N=6) em instituições públicas federais; 20% (N=4) em públicas estaduais; 5% (N=1) em instituições públicas municipais; e 45% (N=9) em centros universitários, faculdades e universidades privadas.
A Tabela 1 apresenta os indicadores dos termos rastreados nos relatórios dos MPES.
Indicadores dos termos rastreados nos relatórios do Coleta CAPES referentes à Avaliação Quadrienal 2017–2020, mestrados profissionais em ensino na saúde. São Paulo, SP, Brasil, 2024
Para melhor visualização dos indicadores apresentados na Tabela 1, calculou-se o valor total para cada termo identificado nos relatórios. A Figura 1 ilustra os números totais para cada termo localizado.
Intencionalidades dos mestrados profissionais em ensino na saúde para a formação e o trabalho interprofissional. São Paulo, SP, Brasil, 2024
Observa-se que as maiores frequências estão relacionadas aos termos “SUS” (419), “educação permanente” (285), “competências” (285), “interdisciplinar/interdisciplinaridade” (268), “multiprofissional” (138), “interprofissional” (126) e “formação profissional” (115).
Os relatórios refletem teoricamente as intencionalidades formativas dos MPES, incorporando temáticas relevantes relacionadas às políticas indutoras da formação e do trabalho em saúde. Entretanto, percebeu-se uma falta de clareza e objetividade em relação à descrição das estratégias e ações implementadas na trajetória formativa que sinalizassem para as potencialidades, os desafios e as possibilidades da adoção e fortalecimento dos pressupostos da interprofissionalidade nos PPGs.
Para N. Batista e S. Batista (2016), a formação em saúde é mais do que um conjunto de competências a serem desenvolvidas, constituindo experiências significativas nas quais se valorizam as trocas, a partilha de saberes, o diálogo, o respeito, a ética e a valorização do outro como parceiro legítimo na construção de conhecimentos que se organizam de diversos modos, na perspectiva de atender às características formativas do modelo profissional desejado.
A análise qualitativa dos conteúdos expressos nos relatórios é apresentada em categorias temáticas que emergiram das interpretações e trechos dos documentos que ilustram as características identificadas. Seis categorias emergiram das análises:
-
a) Transformação das práticas profissionais no contexto do Sistema Único de Saúde;
-
b) Mestrado profissional como espaço de educação permanente;
-
c) Estratégias de formação para o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe;
-
d) Aspectos da formação interdisciplinar na pós-graduação;
-
e) Elementos da interprofissionalidade na formação para o trabalho em saúde;
-
f) Formação para a docência, pesquisa e trabalho em saúde.
A primeira categoria, “transformação das práticas profissionais no contexto do SUS”, mostra as intencionalidades dos MPES com a formação de profissionais comprometidos e preparados para atender às crescentes e complexas necessidades de saúde da população brasileira. Os trechos dos documentos ilustram estas características:
Os objetivos nucleares do programa são pesquisar e produzir conhecimentos científicos que contribuam para o crescimento do campo temático ensino em ciências da saúde, bem como, a partir destes conhecimentos, desenvolver intervenções que induzam avanços e transformações nas práticas pesquisadas, além de propiciar uma qualificação técnica, criativa e potencialmente transformadora de professores e técnicos de nível superior para o ensino nessa área (PPG17, p. 20).
O programa se propõe a formar profissionais para a produção de conhecimentos científicos, o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias e o exercício da docência em saúde comprometida com o fortalecimento do SUS, mediante o aprofundamento das bases teórico-metodológicas das ciências humanas, sociais e biológicas que fundamentam o campo multidisciplinar, estando esta formação orientada para o campo de atuação profissional (PPG19, p. 2).
O objetivo do programa é formar profissionais com capacidade técnico-cien-tífica para atuar e produzir conhecimento como formadores na confluência da universidade e dos serviços de saúde, […] atuando em ações ligadas ao ensino da saúde, assegurando uma integração entre universidade e serviços de saúde nos níveis de complexidade do SUS na atenção primária, secundária e terciária da saúde (PPG11, p. 16).
O programa se propõe a formar um profissional apto a implantar estratégias orientadas para a integração entre ensino e serviço no âmbito do SUS, qualificando simultaneamente o cuidado e a formação (PPG20, p. 4).
Os MPES entrelaçam o ensino, a pesquisa e o produto educacional para produzir conhecimentos sistematizados e implementar mudanças nos cenários da formação e do trabalho em saúde. Percebe-se que os MPES ancoram-se nas premissas apontadas por Britto (2022), no sentido de conhecer ao agir, conhecer para agir e agir para transformar.
A segunda categoria, “Mestrado profissional como espaço de educação permanente”, ilustra as oportunidades e a importância da formação pós-graduada como um diferencial para potencializar a atuação e as iniciativas dos profissionais no binômio saúde-educação.
[...] a formação no PPG visa ao desenvolvimento de protagonistas do ensino que possam contribuir para a transformação da educação em um processo de perene garantia da liberdade e consolidação de autonomia [...] nossos egressos retornam para seus ambientes de trabalho com uma visão diferenciada do ensino, suas potencialidades, fragilidades e aplicabilidade em diferentes contextos socioeconômicos e culturais (PPG2, p. 60).
[Estágio de docência] permite ao discente refletir acerca dos desafios presentes no ensino na saúde e na educação permanente realizada dentro e fora dos serviços de saúde. Outra necessidade percebida foi a de ampliar os espaços de realização dos estágios como forma de ressignificação das experiências para a docência, tendo como eixo a educação permanente em saúde (PPG16, p. 5).
O programa visa avaliar o impacto social nas áreas do ensino e da saúde com o significado da ação pedagógica em saúde, no âmbito do SUS, com os limites, possibilidades de avanço a partir da estratégia da formação pedagógica e da educação permanente (PPG19, p. 3).
Na linha de pesquisa educação permanente em saúde, evidencia-se uma aproximação e interlocução crítica com as políticas nacionais de educação permanente e com os projetos e planos de formação dos profissionais de saúde. Os estudos e investigações no campo da educação permanente em saúde com os trabalhadores da saúde expressam uma marca característica das investigações desenvolvidas, a qual é a pesquisa colaborativa (PPG17, p. 8).
O PPG visa qualificar a ação de formadores, no sentido de assegurar uma abordagem integral do processo saúde-doença, com ênfase na atenção básica e nas transformações nos processos de geração de conhecimentos, ensino e aprendizagem e de prestação de serviços à população, conforme estabelecido pelas políticas públicas voltadas para a educação permanente dos profissionais de saúde. (PPG18, p. 27)
A Portaria n.º 80 (Neves, 2005), que cria os MPs, aborda sobre a necessidade da formação de pós-graduandos aptos a elaborar novas técnicas e processos, com desempenho diferenciado dos egressos dos cursos, visando um aprofundamento de conhecimentos ou técnicas de pesquisa científica, tecnológica ou artística, além de estrutura curricular vinculada à sua especificidade, articulando o ensino com a aplicação profissional, de forma diferenciada e flexível, em termos coerentes com seus objetivos e compatível com um tempo de titulação.
Uma característica marcante dos MPES é o fato de o mestrando ser um aluno trabalhador que se debruça sobre as temáticas sobre o ensino para o desenvolvimento da pesquisa e do produto educacional a partir de demandas originadas das realidades locais do trabalho em saúde. Essa peculiaridade dos MPES aponta para as inovações e produções de conhecimentos que mobilizam os cenários de prática na perspectiva de promover transformações e produzir impactos positivos na comunidade.
Lacerda e André (2020) ressaltam algumas premissas dos MPs como: a capacitação profissional e sua relação com a prática, atendendo às necessidades do mundo do trabalho; a imbricação dos conhecimentos produzidos com o desenvolvimento social; a importância da integração da formação profissional com as demandas sociais, visando à eficácia e à eficiência das instituições; e o aumento da competitividade e produtividade das instituições.
A terceira categoria, “Estratégias de formação para o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe”, apresenta as contribuições dos MPES visando vislumbrar a formação de profissional qualificado para promover mudanças nos cenários do trabalho em saúde.
[O PPG] apresenta uma matriz curricular com disciplinas e outros componentes curriculares voltados para a formação de docentes, profissionais dos serviços e pesquisadores, utilizando diversas estratégias de ensino-aprendiza-gem, tais como na forma de aprendizagem baseada em time (Team Based Learning (TBL)) e sessões tutoriais com aprendizagem baseada em problemas (Problem Based Learning (TBL)), além de ambientes de laboratório, problematização, simulação, seminários, oficinas, estágio de docência, dentre outras (PPG11, p. 3).
Desenvolvimento de competência para o trabalho interprofissional e trabalho em equipe como estratégia de melhoria do cuidado integral ao paciente. O projeto se insere na linha de pesquisa ensino-aprendizagem e tecnologias educacionais na saúde, e tem o potencial de qualificar as relações interprofis-sionais relacionadas à atenção ao paciente e fortalecer a linha de pesquisa voltada ao trabalho e educação interprofissional e à integração ensino-serviço (PPG19, p. 4).
A disciplina práticas de ensino na atenção à saúde problematiza o processo de trabalho em saúde com vistas ao aperfeiçoamento do estudante de modo crítico-analítico em bases éticas e humanísticas dirigidas à efetivação da integralidade e humanização do cuidado, adequadas ao contexto onde são desenvolvidas. São considerados, para tanto, conteúdos teóricos e práticos que envolvem os cenários dos serviços, tecnologias e metodologias pedagógicas utilizadas no enfrentamento de situações vividas no campo da saúde e modos de produção do trabalho em equipe (PPG10, p. 4).
Como orientação do perfil de competências do egresso […] são utilizadas estratégias de aprendizagem, com foco no estudante, que potencializam o desenvolvimento de habilidades de comunicação e trabalho em equipe, além de oferecer um ambiente propício para o desenvolvimento de maior autonomia e responsabilização na formação em saúde, com produção e disseminação de conhecimento aplicável (PPG20, p. 32).
A temática do desenvolvimento de competências para o efetivo trabalho em equipe é considerada estratégica neste momento de resgate da formação de um profissional de saúde melhor preparado para o trabalho em equipe, na perspectiva da integralidade no cuidado às pessoas, da maior resolutividade das demandas de saúde e da qualidade da assistência.
Nos MPES, o ensino ocorre mediante a utilização de estratégias que problematizem as realidades do trabalho em saúde, favorecendo a aprendizagem ativa e intera-tiva, e promovendo o desenvolvimento das competências-chave para a interprofissio-nalidade, como comunicação interprofissional, liderança colaborativa, resolução de conflitos, dinâmicas do trabalho em equipe, clareza de papéis, responsabilidades profissionais e atenção centrada na pessoa, família e comunidade.
Ao considerar que os MPES da área de ensino têm caráter interdisciplinar e podem se constituir locus privilegiado para a formação interprofissional, a quarta categoria, “Aspectos da formação interdisciplinar na pós-graduação”, mostra que:
O PPG assume a missão de colaborar com a formação de profissionais para o campo da saúde, buscando enfrentar os desafios educacionais do nosso milênio, aliados àqueles presentes na formação para o SUS. […] adota a perspectiva interdisciplinar para o tratamento dos temas de investigação relativos ao ensino na saúde, e vem ampliando os horizontes da formação de profissionais compromissados com a inovação das práticas profissionais em saúde (PPG19, p. 34).
O programa tem por objetivos produzir pesquisas científicas e tecnológicas para consolidar a área de formação interdisciplinar em saúde; contribuir para o desenvolvimento de tecnologias interdisciplinares de cuidado para lidar com os principais problemas de saúde da população; e formar mestres na área do ensino na saúde, para poderem atuar em atividades de formação básica, técnica, superior e na educação permanente (PPG10, p. 3).
Pelo fato de o curso absorver profissionais de várias áreas do conhecimento e diversas especialidades da saúde, consideram-se como pontos importantes a interdisciplinaridade e a interprofissionalidade como campos de destaque nos estudos (PPG15, p. 7).
A linha de pesquisa compreende a investigação da produção de saberes no ensino e na formação em saúde […] contempla estudos sobre: a interdisciplinaridade e multiprofissionalidade na saúde; a pesquisa, a formação e a prática docente; o desenvolvimento, a implementação e a prática das novas tecnologias educacionais no ensino na saúde (PPG8, p. 3).
O egresso do programa desenvolve competências para organizar e conduzir equipes de trabalho, de caráter multidisciplinar e interdisciplinar, no desempenho de tarefas educacionais específicas, tais como docência, construção de currículos, avaliação de estudantes, garantia de qualidade educacional e formação continuada na área de ensino em saúde (PPG7, p. 4).
A interdisciplinaridade, entendida como o entrelaçamento dos conhecimentos e saberes disciplinares, está presente nos projetos individuais ou coletivos dos MPES, envolvendo docentes, discentes e egressos, que culminam com a implementação de produtos educacionais desenvolvimentos como ferramentas para a ações de educação permanente configuradas em formato de vídeo, podcast, oficina, roda de conversa, reunião de equipe, produção de dispositivos para a educação em saúde na comunidade, entre outros.
Na quinta categoria, “Elementos da interprofissionalidade na formação para o trabalho em saúde”, observam-se algumas dessas intencionalidades:
A educação e o trabalho interprofissional se destacam como princípios para a reorientação da formação e do modelo de atenção à saúde, na perspectiva da integralidade e da humanização do cuidado, da valorização dos usuários e suas necessidades como elementos fundamentais para o fortalecimento do SUS (PPG18, p. 26).
[…] a integração ensino-serviço-comunidade visa enfatizar os temas relacionados à interprofissionalidade nas abordagens de processos educativos em saúde que envolvam profissionais, cenários e práticas de aprendizagem voltadas para o fortalecimento da área de saúde pública brasileira, com destaque para a educação permanente em saúde e as políticas de equidade do SUS (PPG15, p. 3).
A inserção social do PPG tem provocado ecos na formulação de políticas públicas na área de formação em saúde, em especial nos últimos dois anos (2019 e 2020) junto ao PET Saúde Interprofissionalidade: produção de material educativo, tutoria, supervisão, assessoria aos projetos nacionais. Enfim, múltiplas funções e atividades assumidas por docentes e egressos de nosso programa (PPG17, p. 19).
O produto foi um curso elaborado por equipe interprofissional e que visou à formação prática interprofissional, […] como uma ferramenta de ensino para qualificar e integrar a assistência aos pacientes pediátricos internados. A qualificação do atendimento interprofissional poderá refletir na segurança e humanização do sistema de saúde (PPG8, p. 21 e 23).
Iniciativas formativas na perspectiva da EIP implementaram-se de modo mais consistente em cursos de graduação no Brasil, a partir de políticas indutoras que estimulam a adoção desses princípios como caminhos para aprimorar o cuidado em saúde, promovendo oportunidades para que estudantes desenvolvam competências para o trabalho em equipe, a prática colaborativa e a integralidade do cuidado. Entretanto, no espaço da pós-graduação, ainda são raras as experiências de formação ancoradas nos pressupostos da interprofissionalidade.
A qualificação de profissionais, no âmbito da pós-graduação, na modalidade profissional na área de ensino, tem se mostrado oportunidade valiosa para preparar formadores para a educação das profissões de saúde, como docentes, gestores, tutores, preceptores, pesquisadores de suas próprias práticas e profissionais diferenciados para promover mudanças nos espaços do trabalho em saúde para o fortalecimento do SUS. Nessa direção, a sexta categoria, “Formação para a docência, pesquisa e trabalho em saúde”, revela as prerrogativas dos MPES:
O principal objetivo do programa é prover formação técnico-científica pós-graduada a docentes, preceptores e profissionais que comprovadamente atuam em processos educacionais na área de ensino em saúde, tornando-os altamente qualificados para identificar problemas reais e buscar soluções, formando um perfil de profissional mais crítico, reflexivo e inovador capaz de intervir e impactar positivamente na sua área de atuação (PPG7, p. 3).
O programa oferece qualificação a profissionais vinculados à docência e aos serviços de saúde, principalmente ao SUS, e forma profissionais da saúde comprometidos com os novos conceitos e práticas pedagógicas para atuarem como indutores de mudanças em suas instituições de trabalho, com objetivo de melhorar o processo de ensino aprendizagem, aprimorar a produção técnica e científica (PPG11, p. 59).
A área de concentração engloba as iniciativas direcionadas para a formação de profissionais de saúde qualificados para atuação na área de educação das profissões da saúde. Envolve a abordagem interdisciplinar e interprofissional dos aspectos relacionados ao planejamento, operacionalização, avaliação e gestão dos processos formativos na área da saúde, sob a perspectiva da integração com os serviços, a comunidade e as políticas públicas voltadas para a reorientação da formação profissional em saúde no Brasil, através da produção de conhecimentos científicos, tecnológicos e inovação nesta área estratégica para a consolidação do SUS (PPG18, p. 2).
O foco do mestrado é a formação pedagógica/educação permanente de profissionais de saúde que atuem junto aos estudantes e demais profissionais no cotidiano dos serviços de saúde; profissionais formados, com uma visão crítica e ampla da sociedade no e para o SUS, qualificados para promover a articulação integrada entre os setores de ensino e de saúde, […] na construção de práticas de ensino coletivas, interdisciplinares, críticas e criativas, comprometidas com a transformação da realidade (PPG19, p. 2).
Nos MPES, os pós-graduandos desenvolvem conhecimentos, habilidades e atitudes guiados por uma estrutura curricular e por docentes que mobilizam saberes para provocar reflexões sobre temáticas relevantes, na perspectiva de desencadear movimentos promissores para mudanças nos cenários da prática profissional na saúde.
O caráter dinâmico e complexo da realidade de vida e saúde das pessoas evidencia uma necessidade crescente de reorientação da formação dos profissionais e do modelo de produção dos serviços de saúde (Frenk et al., 2010; Freire Filho; Magnago; Costa; Forster, 2018), construindo trajetórias educativas para o alcance dos cinco obje-tivos centrais da saúde: melhorar a qualidade do cuidado ao paciente; aprimorar a saúde das comunidades e populações; melhorar a experiência de trabalho dos profissionais; reduzir custos relacionados à prestação dos serviços; e melhorar a equidade em saúde (Farrell et al., 2023).
D’Amour e Oandasan (2005) consideram que a interprofissionalidade é uma resposta à fragmentação do trabalho em saúde, e orientam uma mudança no modelo de atenção e formação, para que educadores e profissionais colaborem de modo sinérgico no processo de ensino-aprendizagem e nos cuidados de saúde.
A articulação contínua dos MPES com as políticas indutoras da reorientação da formação em saúde é uma estratégia potente para contribuir com os avanços na produção científica e elaboração de produtos de intervenção direcionados para temáticas-chave que potencializem a formação inicial e pós-graduada, e para o fortalecimento do SUS, como: interdisciplinaridade; educação e trabalho interprofissional; integralidade no cuidado; equidade; cuidado centrado no usuário, famílias e comunidades; entre outros temas essenciais para a formação em saúde.
Formar profissionais do ensino, gestão e assistência que sejam qualificados, au-tônomos e inovadores para o mundo do trabalho é um grande desafio, requerendo investimentos de diferentes instâncias.
Para os egressos poderem planejar, desenvolver e avaliar projetos de pesquisas, novas metodologias e produtos para inovação e transformação nos cenários de prática são necessários para alinhamento dos embasamentos teóricos-conceituais e metodológicos, de modo que dialoguem com as demandas complexas e crescentes da saúde das populações e com as políticas indutoras da reorientação da formação em saúde, avançando na produção científica e elaboração de produtos técnicos-educacionais inovadores que contribuam para as reais transformações nos cenários do trabalho em saúde.
A EIP é considerada uma estratégia apropriada para a superação de um modelo de formação e de saúde fragmentado, pois se configura uma perspectiva formativa que promove o trabalho em equipe integrado e colaborativo entre profissionais de diferentes categorias, tendo como foco as necessidades de saúde da população (OMS, 2010; Peduzzi et al., 2020; Ogata et al., 2021).
Para Peduzzi (2016), o SUS é interprofissional, construído e consolidado como espaço de atenção à saúde, educação profissional, gestão e controle social, orientado pelos princípios da integralidade, equidade, universalidade e participação.
Um dos propósitos dos MPES é qualificar profissionais para uma prática transformadora que atenda às demandas sociais, organizacionais ou profissionais. Assim, constituem espaços potentes para promover uma formação interprofissional, já que os problemas dos serviços são complexos e requerem um olhar ampliado de diversas disciplinas e áreas do conhecimento, favorecendo a colaboração, parceria e cooperação entre os profissionais das diferentes categorias.
A interdisciplinaridade tem se mostrado como ponto forte em alguns MPES, envolvendo diversas áreas do conhecimento inerentes à saúde. Entretanto, a interprofis-sionalidade ainda se mostra pontualmente em apenas alguns PPGs.
A EIP tem sido apresentada como dispositivo importante para formar profissionais aptos para o trabalho em equipe, de forma que os futuros profissionais e os já inseridos na realidade do trabalho em saúde desenvolvam a colaboração como competência que assegure a mudança na lógica do modelo de atenção à saúde. Profissionais colaborativos asseguram práticas em saúde integrais por meio do trabalho cola-borativo, com maior capacidade de respostas aos problemas e às necessidades de saúde (Reeves, 2016).
Para Peduzzi (2016), a EIP está alinhada aos princípios fundamentais do SUS ao estabelecer: a centralidade do usuário na reordenação dos serviços de saúde; o alinhamento dos perfis profissionais às complexas necessidades de saúde; a busca pela reorganização das práticas de saúde na lógica do trabalho em equipe e da colaboração interprofissional; e a formação de profissionais mais implicados com as transformações necessárias à sociedade.
Assim, entende-se que o MPES compõe um cenário rico para potencializar o trabalho em equipe e a prática colaborativa. Por abranger profissionais de diferentes categorias, já graduados, que continuam sua formação por meio do aprofundamento dos conhecimentos, os PPGs na modalidade profissional configuram-se como espaço profícuo para desenvolver, implementar e avaliar pesquisas, processos e produtos tecnológicos/educacionais inovadores, de modo a contribuir para transformações nos cenários da prática profissional, quer seja nos espaços do ensino formal ofertado por instituições de ensino ou nos espaços do ensino não formal, voltados à qualificação dos profissionais que atuam nos diferentes contextos da assistência à saúde.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve como objetivo analisar as intencionalidades dos mestrados profissionais em ensino na saúde, da área de ensino da CAPES, para a formação e o trabalho interprofissional no contexto brasileiro.
A pesquisa documental com abordagem descritiva-analítica permitiu valorizar a trajetória dos MPES e explorar as intencionalidades da formação, na perspectiva de criar oportunidades para o desenvolvimento de competências para o trabalho em equipe e prática colaborativa.
Analisar os relatório do Coleta CAPES da Avaliação Quadrienal 2017–2020 (Brasil, 2020), com foco nos pressupostos da interprofissionalidade, assumiu relevância singular, enquanto que permitiu identificar as características que permeiam as estratégias de formação em saúde, desvelando um projeto de saúde e de sociedade que se planeja construir.
Os dados afirmam haver elementos que identificam as intencionalidades na defesa dos princípios da interprofissionalidade pautados em referenciais teórico-concei-tuais e metodológicos consistentes. Entretanto, há um conjunto de MPES em que se observa uma falta de alinhamento teórico-conceitual com este pressuposto, apresentando confusões terminológicas e conceituais, e tratando, por vezes, similarmente os diferentes termos, como “Interdisciplinar”, “Multidisciplinar”, “Multiprofissional” e “In-terprofissional”.
Em maior ou menor grau, os MPES apresentam possibilidades de fortalecimento dos princípios da EIP, especialmente no que se refere ao reconhecimento do caráter complexo e dinâmico das necessidades de saúde, que demandam, por sua vez, maior interação e integração entre diferentes categorias profissionais para promover a assistência centrada no usuário e alcançar a integralidade no cuidado.
A pesquisa traz duas importantes considerações intrinsecamente relacionadas: a necessidade de pensar sobre propostas pedagógicas mais sistematizadas, com maior clareza dos fundamentos teórico-conceituais e metodológicos; e que, apesar disso, os cursos se mostram potentes para a adoção dos princípios da interprofissionalidade, por constituir-se em mestrados profissionais de caráter interdisciplinar, com discentes de diferentes categorias profissionais das áreas da saúde, educação e campo social.
Nessa conjuntura, ressalta-se que o relatório do Coleta CAPES, enquanto documento institucional que expressa valores, objetivos e métodos pedagógicos, necessita ser mais claro, consistente e revelar de maneira elucidativa os elementos condutores do processo formativo.
Ademais, não se pode afirmar que o previsto documentalmente é de fato ope-racionalizado, exigindo um esforço para complementar este estudo com outras pesquisas que possam explorar a dinâmica dos processos formativos, os conteúdos programáticos, as estratégias pedagógicas utilizadas nas unidades curriculares, implementadas a partir das realidades e dos sujeitos envolvidos.
De uma forma geral, os MPES não podem representar apenas uma condiciona-lidade para a criação ou existência do curso, pois eles precisam também explicitar as bases teórico-conceituais e metodológicas capazes de contribuir e sustentar a construção de um novo projeto de saúde e de sociedade.
Os achados do presente estudo podem ter implicações importantes para a indução de novas políticas de formação em saúde, por identificar propostas que carecem de maior solidez teórico-conceitual e metodológica, aspecto fundamental para um modelo que tem em sua gênese o compromisso com a transformação da lógica dos processos da educação e do trabalho em saúde.
Embora a análise tenha se mostrado potente para conhecer os documentos que orientam os processos formativos, com suas intencionalidades para mudanças, é importante destacar que a análise dos relatórios dos PPGs permitiu (re)conhecer a missão, os objetivos, o papel e as demandas que balizaram a estrutura do curso. Porém, também suscitou limitações quanto à clareza e objetividade das informações, as quais, por vezes, dificultaram a compreensão sobre o cotidiano do ensino nas propostas formativas.
Assim, pesquisas futuras poderão se debruçar em analisar com maior profundidade os elementos direcionadores e os modos de operacionalização dos processos formativos, os quais podem se mostrar complexos, estruturantes, inovadores e duradouros.
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Fonte de financiamento:
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Bolsa de Produtividade em Pesquisa.
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Editores de seção:
André Pires
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Editora de Layout:
Silmara Pereira da Silva Martins
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
31 Mar 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
05 Jun 2024 -
Aceito
04 Nov 2024 -
Revisado
24 Fev 2025