O bioensaio de mutação em pêlos estaminais de Tradescantia (clone 4430) (Trad-SHM) foi utilizado para a avaliação comparativa da mutagênese ambiental em duas áreas do centro urbano de São Paulo durante a estação chuvosa, aquela mais propícia à dispersão dos poluentes atmosféricos. Os locais de exposição foram a Avenida Celso Garcia, uma área de pequenas indústrias no Bairro Belém, com um volume médio diário de tráfego de 8.750 veículos automotores e a Avenida Doutor Arnaldo, na área central (Bairro Pinheiros) com ocupação predominantemente residencial e comercial, mas com um volume médio diário de tráfego de 46.125 veículos. O controle negativo foi localizado na cidade de Jaguariúna, a 138 km de São Paulo, em uma área com baixos níveis de poluição atmosférica. Plantas de Tradescantia foram expostas cronicamente em vasos contendo solo padronizado, amostradas bimensalmente e a freqüência de mutações nos pêlos estaminais foi comparada por ANOVA (=0,05). A freqüência de mutações observada para o Belém foi similar ao controle para o clone 4430, enquanto as plantas expostas em Pinheiros apresentaram aumentos significativos nas taxas de mutação. Certa correlação foi observada entre a freqüência de mutações e os níveis de material particulado na atmosfera. Isto indica uma associação entre taxa de mutação detectada pelo ensaio Trad-SHM e a poluição presente em locais sujeitos a maiores níveis de poluição atmosférica, em especial aquela derivada de fontes veiculares.
