RESUMO
Este artigo tem por objetivo analisar o processo de intercompreensão sob a ótica da Neurolinguística Discursiva. Como metodologia, foi realizado um estudo de caso de uma criança com perfil linguístico de restrição verbal, que diz respeito à dimensão dos enunciados que envolve as palavras e a sua morfologia. A interpretação dos dados ocorreu com base na perspectiva bakhtiniana, que aborda a “compreensão” como um processo ativo responsivo e a significação como emergente na relação entre enunciados. Os resultados evidenciaram que o conhecimento compartilhado entre as interlocutoras permitiu a construção conjunta da significação mesmo diante da restrição verbal, e aspectos como os elementos não verbais e o reconhecimento do papel ativo-responsivo da criança também favoreceram a intercompreensão. Conclui-se que a atenção aos diferentes recursos multimodais como modos de expressão legítimos possibilita às crianças com restrição verbal ocupar a posição de “falantes”, independentemente de seus modos de expressão.
PALAVRAS-CHAVE:
Neurolinguística discursiva; Multimodalidade; Restrição verbal; Dialogia; Intercompreensão