Acessibilidade / Reportar erro

O Cariri do forró eletrônico: festa, gênero e criação no Nordeste contemporâneo

TESES E DISSERTAÇÕES

O Cariri do forró eletrônico: festa, gênero e criação no Nordeste contemporâneo

Roberto Marques

Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro (RJ) 2011. r-marques01@uol.com.br

O presente trabalho utiliza material etnográfico das festas de forró eletrônico no Cariri, a fim de explicitar diferentes maneiras de apropriação do típico como forma de representação e apresentação de si aos outros. Em dissonância à referência do forró como dança de pares em uma paisagem marcada pela tradição e pessoalidade, tenta-se mostrar que sua prática contemporânea como espetáculo possibilita a incorporação criativa de diferentes projetos pelos sujeitos ali presentes, tecidos a partir de citações comumente associadas ao mundo urbano. Tal abordagem matiza as críticas sofridas pela reinvenção do ritmo, ocorrida após a década de 1990, por sua íntima relação com a indústria cultural, pela recepção e citação contínua de formas e produtos distribuídos pelo universo pop, pela banalização do corpo feminino e das relações familiares estáveis. Em vez de denunciar uma pretensa falta de capacidade de dotar o universo local de sentido, busca-se compreender o forró eletrônico a partir das narrativas de seus participantes, em uma triangulação: palco – indivíduo na plateia – antropólogo. Por meio das formas de estar na festa – performances, narrativas, sequências de atitudes e falas –, analisam-se os lugares criados pelos indivíduos em suas interações com outros indivíduos. Além disso, para que se possa afastar a ideia de ação como ato definidor de identidades fixas para os participantes das festas, utilizam-se as narrativas dos participantes sobre experiências de deriva, e diversificação da espacialização em um ambiente rural pretensamente controlado e encenação do anonimato. Tenta-se aqui, portanto, falar não apenas sobre o forró como espetáculo, mas também de um Cariri usualmente deixado de lado pela inflação de alguns de seus signos identitários mais frequentemente visitados. O forró eletrônico permite, assim, perceber uma forma de pensamento ali presente: um Cariri do forró eletrônico, em suas formas criativas e na gestão de identidades e anonimatos instaurados pela sonoridade do ritmo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Set 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 2013
MCTI/Museu Paraense Emílio Goeldi Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação, Av. Perimetral. 1901 - Terra Firme, 66077-830 - Belém - PA, Tel.: (55 91) 3075-6186 - Belém - PA - Brazil
E-mail: boletim.humanas@museu-goeldi.br