O Museu Mineralógico e Geológico da Faculdade de Ciências de Lisboa conservou, até o incêndio de 1978, amostras representativas de diversas unidades geológicas de Timor, coletadas de forma voluntariosa por agentes da administração colonial. O estudo deste acervo, que durante muitos anos foi o único do gênero em museus da metrópole, ajudou a fazer luz sobre a geologia da mais longínqua parcela do Império Colonial Português, apresentada, em traços gerais, ao Congresso Geológico Internacional, reunido em Londres em 1948. A maior parte destas amostras perdeu-se em 1978, conservando-se, contudo, as coleções que foram recolhidas a mando do governador da província, por solicitação do autor da comunicação àquele congresso, antigo naturalista do museu. No presente artigo, alicerçado no estudo da sua documentação científica, revisita-se o conjunto do acervo para esboçar o seu contexto de formação e a composição, destacando-o enquanto marco da soberania e de afirmação da ciência colonial no oriente português.
Timor; Coleções geológicas; Museu Mineralógico e Geológico; Ciência colonial