Acessibilidade / Reportar erro

Diretivas antecipadas de vontade: um modelo brasileiro

Directivas anticipadas: un modelo brasileño

Advanced directive: a Brasilian model

Resumos

O presente artigo é fruto de tese cujo objetivo geral foi propor um modelo de diretivas antecipadas de vontade para o Brasil. Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura sobre as diretivas antecipadas nas Américas e na Europa, especialmente nos Estados Unidos da América e na Espanha, e entrevistas semiestruturadas com médicos oncologistas, intensivistas e geriatras de Belo Horizonte-MG. Percebeu-se que o modelo brasileiro deve se distanciar dos padrões de formulários utilizados em muitos estados norte-americanos e províncias espanholas, visando deixar espaço para a subjetividade de cada paciente. Conclui-se, assim, que o modelo proposto tem o condão de auxiliar o cidadão que deseja fazer sua diretiva antecipada, bem como os médicos que desejam apresentar essa possibilidade para seus pacientes, mas deve ser sempre utilizado como guia e não como um modelo fechado às peculiaridades de cada situação concreta.

Direito a morrer; Diretivas antecipadas de vontade; Autonomia pessoal


Este artículo es el resultado de la tesis doctoral, cuyo objetivo general fue proponer un modelo de directivas anticipadas de voluntad para Brasil. Por lo tanto, se realizó una revisión bibliográfica sobre las directivas anticipadas en las Américas y en Europa, especialmente en Estados Unidos y España, y las entrevistas semiestructuradas con los médicos oncólogos, intensivistas y geriatras de Belo Horizonte-MG. Se ha percibido que un modelo brasileño debe alejarse de los modelos de formularios utilizados en muchos estados norteamericanos y provincias de España, con el fin de dejar espacio para la subjetividad de cada paciente. Se concluye, por tanto, que el modelo propuesto tiene la capacidad de ayudar a los ciudadanos que desean hacer su directiva anticipada, así como los médicos que desean ofrecer esta opción a sus pacientes, pero siempre debe ser utilizado como una guía y no como un modelo cerrado a las peculiaridades de cada situación concreta.

Derecho a morir; Directivas anticipadas; Autonomía personal


This article is the result of the doctoral thesis, whose general objective was to propose a model of advance directives to Brazil. Therefore, we carried out a literature review on advance directives in America and Europe, especially in the United States and Spain, and semi-structured interviews with medical oncologists, intensivists and geriatricians in Belo Horizonte-MG. It was realized that a Brazilian model should distance themselves from form models used in many American states and provinces in Spain, in order to leave room for the subjectivity of each patient. We conclude, therefore, that the proposed model has the ability to assist citizens who want to advance their policy, as well as doctors who wish to provide this option for their patients, but it should always be used as a guide and not as a closed model to the peculiarities of each situation.

Rigth to die; Advance directives; Personal autonomy


  • 1
    Kutner L. Due process of euthanasia: the living will, a proposal. Indiana Law J. 1969;44:539-54.
  • 2
    Jennett B, Plum F. Persistent vegetative state after brain damage: a syndrome in search of a name. Lancet. 1972;1(7.753):734-7.
  • 3
    Koch KA. Patient self-determination act. J Fla Med Assoc. 1992 (acesso 13 nov. 2012);79(4):240-3
  • 4
    Brown BA. The history of advance directives: a literature review. J Gerontol Nurs. 2003;29(9):4-14.
  • 5
    Fagerlin A, Schneider CE. Enough: the failure of the living will. Hastings Cent Rep. 2004;34(2):30-42.
  • 6
    Council of Europe. Convention for the protection of human rights and dignity of the human being with regard to the application of biology and medicine: convention on human rights and biomedicine. [Internet]. Oviedo; 1997 (acesso 3 jan. 2013). Disponível: http://conventions.coe.int/treaty/en/Reports/Html/164.htm
  • 7
    España. Ministerio de la Presidencia. Ley nº 41, de 14 de noviembre de 2002. Básica reguladora de la autonomía del paciente y de derechos y obligaciones en materia de información y documentación clínica. [Internet]. Boletín Oficial del Estado. 15 nov. 2002;(274):40126. Disponível: http://www.boe.es/boe/dias/2002/11/15/pdfs/A40126-40132.pdf
  • 8
    España. Ministerio de la Presidencia. Real Decreto nº 124, de 2 de febrero de 2007. Regula el registro nacional instrucciones previas y el correspondiente fichero automatizado de datos de carácter personal. [Internet]. Boletín Oficial del Estado. 15 fev. 2007 (acesso 7 jan. 2013);(40):6591. Disponível: http://www.boe.es/boe/dias/2007/02/15/pdfs/A06591-06593.pdf
  • 9
    Portugal. Assembleia da República. Lei nº 25, de 16 de julho de 2012. Regula as diretivas antecipadas de vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, e a nomeação de procurador de cuidados de saúde e cria o Registo Nacional do Testamento Vital (Rentev). [Internet]. Diário da República. 16 jul. 2012 (acesso 22 ago. 2012);(136):série I, p. 3728. Disponível: http://dre.pt/pdf1sdip/2012/07/13600/0372803730.pdf
  • 10
    Porto Rico. Ley no 160, de 17 de noviembre de 2001. Ley de declaración previa de voluntad sobre tratamiento médico en caso de sufrir una condición de salud terminal o de estado vegetativo persistente. [Internet]. Porto Rico: LexJuris; 2001 (acesso 13 nov. 2012). Disponível: http://www.lexjuris.com/LEXLEX/Leyes2001/lex2001160.htm
  • 11
    Argentina. Ley nº 26.529, de 21 de octubre de 2009. Derechos del Paciente en su Relación con los Profesionales e Instituciones de la Salud. [Internet]. Argentina: InfoLeg; 2009 (acesso 13 nov. 2012). Disponível: http://www.msaludjujuy.gov.ar/re2012/Archi_Varios%5Cley_26529.pdf
  • 12
    Uruguai. Parlamento del Uruguay. Ley nº 18.473, de 3 de abril de 2009. Voluntad antecipada. Diário Oficial. 21 abr. 2009 (acesso 24 jan. 2013);(27.714). Disponível: http://www.parlamento.gub.uy/leyes/AccesoTextoLey.asp?Ley=18473&Anchor
  • 13
    Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.995, de 31 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. [Internet]. (acesso 13 nov. 2012). Disponível: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2012/1995_2012.htm
  • 14
    Ollaik LG, Ziller HM. Concepções de validade em pesquisas qualitativas. [Internet]. Educ. Pesqui. 2012 (acesso 24 out. 2012);38(1):229-241. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/ep/v38n1/ep448.pdf
  • 15
    Fontanella BJB, Ricas J, Turato ER. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cad. Saúde Pública. 2008;24(1):17-27.
  • 16
    Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70;2012.
  • 17
    Beauchamp TL, Childress JF. Princípios de ética biomédica. São Paulo: Loyola; 2002.
  • 18
    Gansler DF, General Attorney. Maryland Advance Directive: planning for future health care decisions. [Internet]. Maryland: Office of the Attorney General; 2013 (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.oag.state.md.us/Healthpol/adirective.pdf
  • 19
    Duarte FJB, Losada MAC, Cid RF, Garcia MPG, Garcia MLL, Gervás MAM, et al. Guiá de instruccións previas sobre coidados e tratamento de saúde. Rexistro galego de instrucións previas. [Internet]. Galicia: Xunta de Galicia. (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.sergas.es/Docs/SanidadeCompromiso/GuiaRegaip.pdf
  • 20
    Persistent Vegetative State. Medical aspects of the persistent vegetative state (1): the multi-society task force on PVS. The New England Journal of Medicine. 1994;330(21):1.499-1.508.
  • 21
    Persistent Vegetative State. Position of the American Academy of Neurology on certain aspects of the care and management of the persistent vegetative state patient. Neurology. 1989;39(1):125-6.
  • 22
    Jennett B, Plum F. Persistent vegetative state after brain damage: a syndrome in search of a name. Lancet. 1972;1(7.753):735.
  • 23
    Mayne State Constitution. Maine health care advanced direct form. [Internet]. 2008 (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.maine.gov/dhhs/oads/aging/resource/adf.pdf
  • 24
    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2012 (acesso 7 jan. 2013). Disponível: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf
  • 25
    Emanuel LL, Barry MJ, Stoeckle JD, Ettelson LM, Emanuel EJ. Advance directives for medical care: a case for greater use. N Engl J Med. 1991;324(13):889-95.
  • 26
    Clark P. Tube feedings and persistent vegetative state patients: ordinary or extraordinary means? Christ Bioeth. 2006;12(1):43-64.
  • 27
    Fuhrman MP, Hermann VM. Bridging the continuum: nutrition support in palliative and hospice care. Nutr Clin Pract. 2006;21(2):134-41.
  • 28
    Barrocas A, Yarbrough G, Becnel PA 3rd, Nelson JE. Ethical and legal issues in nutrition support of the geriatric patient: the can, should, and must of nutrition support. Nutr Clin Pract. 2003;18(1):37-47.
  • 29
    Arkansas Hospice. Advance Directives. [Internet]. (acesso 28 jan. 2013). Disponível: http://www.arkansashospice.org/wills_advance.html
  • 30
    Cleveland Clinic. Living will declaration. [Internet]. Ohio: 2004 (acesso 28 jan. 2013). Disponível: http://my.clevelandclinic.org/Documents/Patients/OhioLivingWill.pdf
  • 31
    Silveira MJ, Kim SYH, Langa KM. Advance directives and outcomes of surrogate decision making before death. N Engl J Med. 2010;362(13):1.211-8.
  • 32
    Alaska State Legis lature's. Advanced health care and mental health care for advance health care directive. [Internet]. (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.akrepublicans.org/weyhrauch/23/pdfs/weyh2004101901i.pdf
  • 33
    Colorado Advance Directives Consortium. Advanced Directives for medical/Surgical treatment (living will). [Internet]. (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.coloradoadvancedirectives.com/LW_form.pdf
  • 34
    Generalitat Valenciana Conselleria de Sanitat. Documento de voluntades antecipadas. [Internet]. (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.san.gva.es/cas/comun/pdf/doc_vols_anticps_dva.pdf
  • 35
    Brasil. Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. [Internet]. Diário Oficial da União. 5 fev. 1997:seção I, p. 2191. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9434.htm
  • 36
    Brasil. Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001. Altera dispositivos da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que "dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento". [Internet]. 24 mar. 2001 (acesso 5 jan. 2013). Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10211.htm
  • 37
    Dadalto L. Testamento vital. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris; 2013.
  • 38
    Alabama Hospital Association. Advanced directive for health care (living will and health care proxy). [Internet]. 2001 (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.alaha.org/uploadedFiles/Resources/advdirective.pdf
  • 39
    Texas Hospital Association. Directive to Physicians and Family or Surrogates. [Internet]. Austin: THA; 1999 (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.tha.org/GeneralPublic/AdvanceDirectives/WhatareMyOptionsfor09C0/Directive-English.pdf
  • 40
    Winsconsin. Departament of Health Services. Declaration to physicians. [Internet]. 1996 (acesso 19 dez. 2012). Disponível: http://www.dhs.wisconsin.gov/forms/AdvDirectives/F00060.pdf
  • 41
    Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.931, de 24 de setembro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica. [Internet]. 2009 (acesso 7 jan. 2013). Disponível: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2009/1931_2009.pdf
  • 42
    Utah Medical Association. Utah Advance Healthcare Directive: form and instructions. Utah: Utah Medical Association; 1985 (acesso 28 jan. 2013). Disponível: http://aging.utah.edu/_documents/utah-coa/directives/ad-09-instructions-edited-090603.pdf
  • 43
    Fernandes CF, Pithan LH. O consentimento informado na assistência médica e o contrato de adesão: uma perspectiva jurídica e bioética. Rev HCPA & Fac Med Univ Fed Rio Gd do Sul. 2007;27(2):78-82.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Mar 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2013

Histórico

  • Recebido
    28 Ago 2013
  • Aceito
    14 Nov 2013
  • Revisado
    04 Nov 2013
Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br