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Flexibilidade comportamental de um grupo de macacos-prego (Cebus libidinosus) no Parque Nacional de Brasília (Brasil): conseqüências da convivência com os visitantes

Recentemente, o impacto de atividades humanas sobre o comportamento de primatas tem recebido maior importância dado o crescente desmatamento e urbanização, que têm favorecido o aumento do contato entre humanos e macacos. O presente estudo descreve os padrões de atividade e a dieta de um grupo de macacos-prego (Cebus libidinosus) que vive no Parque Nacional de Brasília. O Parque é freqüentado diariamente por visitantes, de modo que os animais estão habituados à presença humana, bem como ao consumo de itens de sua dieta. Observações comportamentais do grupo foram realizadas ao longo de um ano, compreendendo a estação seca e a chuvosa, utilizando-se registro de varredura a cada 10 minutos. Resultados obtidos indicaram que o grupo despendeu menos tempo forrageando itens naturais do que outros grupos vivendo em habitats similares. Além disso, durante a estação seca, quando há menor disponibilidade dos frutos de polpa, os macacos-prego alimentaram-se mais de itens da dieta humana como uma fonte alternativa de recurso. Como demonstrado em estudos anteriores realizados com outras espécies de macacos, a alimentação baseada em itens da dieta humana pareceu diminuir a motivação dos animais para forragear no seu habitat natural, assim como promoveu a redução do tempo gasto no forrageamento e a redução de sua área de uso. Nossos resultados indicaram ainda que o consumo de comida humana reflete o caráter adaptável dos animais em explorar fontes alternativas de recurso, bem como a sua habilidade em modificar a sua dieta e padrões de comportamento face às mudanças ambientais.

Cebus libidinosus; padrões de atividade; dieta; comida humana; sazonalidade


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