Dentre as plantas polinizadas por vertebrados, Erythrina inclui espécies arbóreas polinizadas por aves. Nesse gênero há dois grupos distintos: a) o de espécies polinizadas por beija-flores e b) o de espécies polinizadas por aves que não os beija-flores. Erythrina dominguezii está incluída no segundo grupo e é comum em matas decíduas e semidecíduas do sudoeste neotropical. Foi estudada a exploração de néctar em Erythrina dominguezii por aves em uma mata seca do oeste brasileiro. Seis espécies de aves de dois grupos distintos (Psittacidae: Brotogeris chiriri, Nandayus nenday, Aratinga acuticaudata; Icterinae: Psarocolius decumanus, Icterus cayanensis, I. icterus) consumiram o néctar dessa espécie arbórea. As duas espécies com maior consumo de néctar foram B. chiriri (51,5% das flores visitadas pelas aves) e P. decumanus (20%). Enquanto B. chiriri atuou como predador de flores, P. decumanus inseria seu grande bico entre o estandarte e a carena para abrir as flores e acessar o néctar, sem danificá-las. Dessa forma, P. decumanus potencialmente é um importante polinizador de E. dominguezii. Nandayus nenday, Aratinga acuticaudata e I. icterus acessaram o néctar de forma similar a P. decumanus e presumivelmente contribuem para a polinização de E. dominguezii. A floração intensa nessa espécie arbórea foi aparentemente muito sincrônica durante o período mais seco do ano; além disso, o néctar das flores foi altamente consumido por aves. Assim, os dados deste estudo sugerem que o néctar de E. dominguezii pode ser uma alternativa alimentar importante para as aves frugívoras/onívoras quando houver escassez de outros recursos.
polinização por aves; periquitos; Icterinae; consumo de nectar; Erythrina
