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Impacto das alterações da retroalimentação auditiva em indivíduos com gagueira Como citar este artigo: Fiorin M, Marconato E, Palharini TA, Picoloto LA, Frizzo AC, Cardoso AC, et al. Impact of auditory feedback alterations in individuals with stuttering. Braz J Otorhinolaryngol. 2021;87:247-54. , ☆☆ ☆☆ Trabalho realizado no Laboratório de Estudos da Fluência (Laef), Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Marília, SP, Brasil.

Resumo

Introdução

Evidências eletrofisiológicas têm reforçado a hipótese de que a gagueira está associada a um déficit na modulação do sistema auditivo cortical durante o planejamento da fala, o que contribui para um monitoramento ineficiente da retroalimentação auditiva e, consequentemente, resulta em disfluências.

Objetivo

Verificar o impacto das modificações da retroalimentação auditiva na fala espontânea de indivíduos com gagueira.

Método

Participaram 16 indivíduos de ambos os sexos, na faixa de 8 a 17 anos e 11 meses, com diagnóstico de gagueira neurodesenvolvimental persistente, divididos em dois grupos: grupo de gagueira moderada e grupo de gagueira grave. Os procedimentos constaram de três etapas: coleta dos dados de identificação, avaliação audiológica e avaliação da fluência da fala espontânea em quatro condições de retroalimentação auditiva (habitual, atrasada, mascarada e amplificada). A amostra de fala obtida na retroalimentação habitual foi considerada controle; as demais foram consideradas como condições de escuta modificadas.

Resultados

Com relação às disfluências típicas da gagueira, na análise intragrupo do grupo de gagueira moderada, observou-se diferença estatisticamente significante entre a retroalimentação auditiva habitual e a mascarada (p = 0,042); assim como entre a habitual e a amplificada (p = 0,042). No grupo de gagueira grave, houve diferença estatisticamente significante em todas as modificações de retroalimentação auditiva em relação à habitual (atrasada p = 0,012; mascarada p = 0,025 e amplificada p = 0,042). Verificou-se, ainda, redução dos fluxos de sílabas e de palavras por minuto no grupo de gagueira moderada na retroalimentação auditiva atrasada, quando comparada com a habitual (p = 0,017 e p = 0,025; respectivamente).

Conclusão

O efeito da retroalimentação auditiva atrasada foi favorável para o grupo de gagueira grave, pois promoveu a fluência da fala. As condições de retroalimentação auditiva mascarada e amplificada ocasionaram benefícios na fala espontânea de ambos os grupos, diminuíram a quantidade de disfluências típicas da gagueira. A velocidade de fala não foi prejudicada por nenhuma condição de escuta analisada.

PALAVRAS-CHAVE
Fonoaudiologia; Distúrbios da fala; Gagueira; Audição; Retroalimentação

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