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Papel prognóstico da margem de ressecção em cirurgia oncológica aberta de laringe: análise de sobrevida de uma coorte de 139 pacientes com carcinoma de células escamosas Como citar este artigo: Saraniti C, Speciale R, Gallina S, Salvago P. Prognostic role of resection margin in open oncologic laryngeal surgery: survival analysis of a cohort of 139 patients affected by squamous cell carcinoma. Braz J Otorhinolaryngol. 2019;85:603-10.

Resumo

Introdução:

O tratamento do carcinoma de células escamosas de laringe necessita de uma estratificação precisa do risco, para a escolha da terapia mais adequada. O significado prognóstico da margem de ressecção ainda é motivo de debate, considerando-se os resultados contraditórios obtidos em vários estudos sobre a taxa de sobrevida de pacientes com margem de ressecção positiva.

Objetivo:

Avaliar o papel prognóstico da margem de ressecção em termos de sobrevida e risco de recorrência de tumor primário através da análise de sobrevida.

Método:

Entre 2007 e 2014, 139 pacientes com carcinoma de células escamosas de laringe foram submetidos à laringectomia parcial ou total e foram acompanhados por um tempo médio de 59,44 ± 28,65 meses. O status de margem de ressecção e outras variáveis, como sexo, idade, grau do tumor, pT, pN, técnica cirúrgica adotada e radio- e/ou quimioterapia pós-operatória, foram investigados como fatores prognósticos.

Resultados:

Dos pacientes, 45,32% foram submetidos à laringectomia total, enquanto os demais foram submetidos à laringectomia parcial. As margens de ressecção em 73,39% das amostras estavam livres, enquanto em 21 pacientes (15,1%) a avaliação anatomopatológica encontrou uma das margens próxima e 16 indivíduos (11,51%) apresentaram margem de ressecção comprometida. Apenas seis pacientes (4,31%) apresentaram recidiva, o que ocorreu em 83,33% desses pacientes no primeiro ano de seguimento. A sobrevida doença-específica foi de 99,24% em um ano, 92,4% em três anos e 85,91% em cinco anos. A análise multivariada de todas as covariáveis mostrou um aumento na taxa de mortalidade apenas em relação à pN (HR = 5,043; p = 0,015) e recidiva (HR = 11,586; p = 0,012). A margem de ressecção não demonstrou ser um preditor independente (HR = 0,757; p = 0,653).

Conclusões:

Nosso estudo não identificou a margem de ressecção como fator prognóstico independente; a maioria dos artigos publicados anteriormente não tem escolhas metodológicas unânimes e as coortes de pacientes analisados não são fáceis de comparar. Para chegar a uma concordância unânime em relação ao valor prognóstico da margem de ressecção, seria necessário fazer metanálises em estudos que compartilham a definição da margem de ressecção, metodologia e escolhas terapêuticas pós-operatórias.

PALAVRAS-CHAVE
Câncer de laringe; Margem de ressecção; Recidiva local

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