Acessibilidade / Reportar erro

Características clínicas e demográficas de tumores odontogênicos adenomatoides: análise de 116 novos casos em um único centro Como citar este artigo: Siriwardena BS, Udagama MN, Tennakoon TM, Athukorala DA, Jayasooriya PR, Tilakaratne WM. Clinical and demographic characteristics of adenomatoid odontogenic tumors: analysis of 116 new cases from a single center. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:309-15.

Resumo

Introdução

O tumor odontogênico adenomatoide é uma neoplasia odontogênica relativamente incomum que representa cerca de 4,7% de todos os tumores odontogênicos.

Objetivo

Determinar o perfil demográfico e clínico dos tumores odontogênicos adenomatoides em uma população do Sri Lanka.

Método

Os dados foram obtidos dos casos tratados por 38 anos no Departamento de Patologia Oral da Faculty of Dental Sciences, University of Peradeniya. Formulários de solicitação, relatórios de biópsia e o banco de dados eletrônico do departamento foram usados para obter informações relevantes. Dados demográficos, idade, sexo e localização do tumor foram incluídos na análise.

Resultados

Dos 116 casos de tumor odontogênico adenomatoide, a média de idade foi de 21,02 ± 11,24. Ocorreu com mais frequência na segunda década de vida, e foi mais prevalente no sexo feminino, mais frequentemente associado à maxila, afetou predominantemente os ossos da mandíbula anterior e apresentou-se principalmente no lado direito dos ossos da mandíbula. Os resultados do presente estudo mostraram uma relação estatisticamente significante com o local da ocorrência (maxila/mandíbula) e idade (p < 0,005). Além disso, de acordo com o local de ocorrência, região anterior/média/posterior, também apresentou relação significante com a idade (p ≤ 0,001). Entretanto, nem o lado acometido, direito ou esquerdo, ou o sítio de ocorrência foi estatisticamente significante em relação à idade (p > 0,05).

Conclusão

O tumor odontogênico adenomatoide ocorre com mais frequência na segunda década de vida, com predominância feminina significativa, e o local mais comum é a maxila anterior. Este estudo revelou poucas diferenças nas apresentações demográficas e clínicas do tumor odontogênico adenomatoide de algumas regiões do mundo.

Palavras-chave
Tumores odontogênicos adenomatoides; TOA; Frequência relativa; Tumores odontogênicos; Demografia

Abstract

Introduction

The adenomatoid odontogenic tumor is a relatively uncommon odontogenic neoplasm representing about 4.7% of all odontogenic tumors.

Objective

The aim of this study was to determine the demographic and clinical profile of the adenomatoid odontogenic tumors in a Sri Lankan population.

Methods

Data gathered from the cases received for a period of 38 years from the Department of Oral Pathology, Faculty of Dental Sciences, University of Peradeniya. Request forms, biopsy reports and electronic data base of the department were used to obtain relevant information. Demographic data including age, gender and location of the tumor were included in the analysis.

Results

Out of 116 cases of adenomatoid odontogenic tumor, the mean age was 21.02 ± 11.24. It occurs more fre quently in the second decade of life, more prevalent in females, most often associated with the maxilla, predominantly affecting anterior jaw bones and presenting mostly in the right side of the jaw bone. The results from the present study showed the statistically significant relationship with site of occurrence (maxilla/mandible) and age (p< 0.005). Further, depending on whether it occurs in anterior/mid/posterior site also showed a significant relationship with age (p≤ 0.001). However, side of occurrence, left or right or site of occurrence, showed no statistically significance with age (p> 0.05).

Conclusion

Adenomatoid odontogenic tumor occurs more frequently in the second decade of life with a significant female predominance and the commonest site is anterior maxilla. This study revealed few differences on demographic and clinical presentations of adenomatoid odontogenic tumor from some regions of the world.

Keywords
Adenomatoid odontogenic tumors; AOT; Relative frequency; Odontogenic tumors; Demography

Introdução

Os tumores odontogênicos (TO) são lesões incomuns que se originam de tecidos epiteliais, ectomesenquimatosos e/ou mesenquimais do sistema que forma os dentes. Constitui um grupo heterogêneo de lesões com diversas características biológicas, clínicas e histopatológicas, que variam de lesões benignas a tumores malignos.11 El-Naggar AK, Chan JKC, Grandis JR, Takata T, Slootweg PJ. WHO Classification of Head and Neck Tumors. 4th edition France: IARC publications; 2017.,22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30. A classificação dos tumores odontogênicos é essencialmente baseada nessas interações entre o ectomesênquima e o epitélio odontogênico.33 Ladeinde AL, Ajayi OF, Ogunlewe MO, Adeyemo WL, Arotiba GT, Bamgbose BO, et al. Odontogenic tumors: a review of 319 cases in a Nigerian teaching hospital. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99:191-5. A literatura indica que os tumores odontogênicos mostram uma variação geográfica em sua distribuição e frequência.33 Ladeinde AL, Ajayi OF, Ogunlewe MO, Adeyemo WL, Arotiba GT, Bamgbose BO, et al. Odontogenic tumors: a review of 319 cases in a Nigerian teaching hospital. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99:191-5.

4 Odukoya O. Odontogenic tumors: analysis of 289 Nigerian cases. J Oral Pathol Med. 1995;24:454-7.

5 Mosqueda-Taylor A, Ledesma-Montes C, Caballero-Sandoval S, Portilla-Robertson J, Ruíz-Godoy Rivera LM, Meneses-García A. Odontogenic tumors in Mexico: a collaborative retrospective study of 349 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1997;84:672-5.

6 Lu Y, Xuan M, Takata T, Wang C, He Z, Zhou Z, et al. Odontogenic tumors. A demographic study of 759 cases in a Chinese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998;86:707-14.
-77 Ochsenius G, Ortega A, Godoy L, Penafiel C, Escobar E. Odontogenic tumors in Chile: a study of 362 cases. J Oral Pathol Med. 2002;31:415-20.

O tumor odontogênico adenomatoide (TOA) é classificado como tumor odontogênico não epitelial, devido à semelhança histomorfológica com os componentes do órgão dental. O TOA é uma lesão odontogênica benigna (hamartomatosa) que tem sido considerada uma neoplasia não invasiva e não agressiva, com crescimento lento mas progressivo. O TOA é geralmente considerado um tumor incomum.88 Philipsen HP, Reichart PA. Adenomatoid odontogenic tumour: facts and figures. Oral Oncol. 1999;35:125-31.

A busca pelo primeiro caso identificável de TOA é desafiadora, porque muitos nomes já foram usados para essa entidade. Alguns casos iniciais foram agrupados com outros tumores superficialmente semelhantes e isso ficou mais complicado, pois a documentação fotográfica não estava disponível naquela época. O TOA foi descrito pela primeira vez por Dreibaldt em 1907, como um “pseudoadenoameloblastoma”. Harbitz et al. publicaram uma descrição em 1915 como um “adamantoma cístico”.99 Harbitz F. On cystic tumors of the maxilla, and specially on adamantine cystadenomas (adamantomas). Dent Cosmos. 1915;57:1081-93.

A primeira série de TOAs foi relatada por Stafne em 1948, sob o título “tumores epiteliais associados a cistos do desenvolvimento da maxila”.1010 Stafne EC. Epithelial tumors associated with developmental cysts of the maxilla. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1948;1:887-94. Bernier e Tiecke publicaram um artigo que foi o primeiro caso a usar o nome “adenoameloblastoma”.1111 Bernier JL, Tiecke RW. Adeno-ameloblastoma. J Oral Surg (Chic). 1950;8:259-61.

A terminologia usada para o TOA varia de acordo com a literatura. Miles, da Inglaterra, denominou-o como “odontoma composto complexo cístico”.1212 Miles AE. A cystic complex composite odontome. Proc R Soc Med. 1951;44:51-5. Além disso, Oehlers, de Singapura, descreveu-o como “um tumor incomum do tipo pleomórfico semelhante à adenoma na parede de um cisto dentígero”,1313 Oehlers FA. An unusual pleomorphic adenoma-like tumor in the wall of a dentigerous cyst. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1956;9:411-7. enquanto Lucus de Londres o descreveu como um “tumor do epitélio do órgão do esmalte” (Lucus, 1957), um autor japonês como um “ameloblastoma adenomatoide”1414 Ishikawa G, Mori K. A histopathological study on the adenomatoid ameloblastoma report of four cases. Acta Odontol Scand. 1962;20:419-32. e Smith dos Estados Unidos como “odontoma adenomatoide”, 1515 Smith JF. The controversial ameloblastoma. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1968;26:45-75. que foram as outras nomenclaturas usadas para a mesma entidade. Houve casos de TOA documentados como “adenoameloblastoma”, “tumor adenomatoide ameloblástico”, “adamantinoma”, “epitelioma adamantinum” e “odontoma teratomatoso”. Finalmente, em 1969, Philipsen e Birn propuseram o nome amplamente aceito “tumor odontogênico adenomatoide”.1616 Philipsen HP, Birn H. The adenomatoid odontogenic tumors. Ameloblastic adenomatoid tumor or adeno-ameloblastoma. Acta pathol Microbiol Scand. 1969;75:375-98.

Como todos os outros tumores odontogênicos, o estímulo específico que desencadeia a proliferação das células progenitoras do TOA é desconhecido. O TOA é responsável por aproximadamente 3% a 7% dos tumores odontogênicos e é o quarto tumor mais frequente entre os TOs.88 Philipsen HP, Reichart PA. Adenomatoid odontogenic tumour: facts and figures. Oral Oncol. 1999;35:125-31. A frequência relativa (FR) do TOA no Sri Lanka foi relatada como 8,6% em 19901717 Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3. e 4,7% em outro estudo.1717 Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3. Estudos retrospectivos feitos na Tailândia,1818 Swasdison S, Dhanuthai K, Jainkittivong A, Philipsen HP. Adenomatoid odontogenic tumors: an analysis of 67 cases in a Thai population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105:210-5. China,1919 Luo HY, Li TJ. Odontogenic tumors: A study of 1309 cases in a Chinese population. Oral Oncol. 2009;45:706-11. México55 Mosqueda-Taylor A, Ledesma-Montes C, Caballero-Sandoval S, Portilla-Robertson J, Ruíz-Godoy Rivera LM, Meneses-García A. Odontogenic tumors in Mexico: a collaborative retrospective study of 349 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1997;84:672-5. e EUA2020 Buchner A, Merrell PW, Carpenter WM. Relative frequency of peripheral odontogenic tumors: a study of 45 new cases and comparison with studies from the literature. J Oral Pathol Med. 2006;35:385-91. revelaram que a frequência relativa do TOA foi de 5,3% 2,1%, 7,1% e 1,7%, respectivamente.

Dois terços dos TOAs são diagnosticados na segunda década de vida e mais da metade dos casos é encontrada em adolescentes (13 a 19 anos).22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30.,1717 Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3. De Matos et al.,2121 de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7. em uma revisão retrospectiva de 15 casos no Brasil, revelou uma média de idade inferior a 16,2 anos e estudos dos EUA2020 Buchner A, Merrell PW, Carpenter WM. Relative frequency of peripheral odontogenic tumors: a study of 45 new cases and comparison with studies from the literature. J Oral Pathol Med. 2006;35:385-91. e China2222 Lu Y, Xuan M, Takata T, Wang C, He Z, Zhou Z, et al. Odontogenic tumors; a demographic study of 759 cases in a Chineese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998;86:707-14. revelaram que a média de idade foi de 20,2 e 22,6 anos, respectivamente.

O tumor é diagnosticado com mais frequência em mulheres e alguns estudos recentes também revelaram uma forte predileção pelo sexo feminino.2020 Buchner A, Merrell PW, Carpenter WM. Relative frequency of peripheral odontogenic tumors: a study of 45 new cases and comparison with studies from the literature. J Oral Pathol Med. 2006;35:385-91.,2323 Dhanuthai K. Odontogenic tumours in Thailand. Asian J Oral Maxillofac Surg. 2004;16:166-71.

24 Ladainde AL, Ajayi OF, Ogunlewe MO, Adeyemo WL, Arotiba GT, Bamgbose BO, et al. Odontogenic tumors: a review of 319 cases in a Nigerian teaching hospital. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99:191-5.
-2525 Adisa AO, Lawal AO, Effiom OA, Soyele OO, Omitola OG, Olawuyi A, et al. A retrospective review of 61 cases of adenomatoid odontogenic tumors seen in five tertiary health facilities in Nigeria. Pan Afr Med J. 2016;24:1-3. Além disso, outros pesquisadores observaram que o TOA é mais comum em indivíduos negros.2626 Rick GM. Adenomatoid odontogenic tumor. Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2004;16:333-54.

Embora o local comum do tumor seja a maxila anterior,77 Ochsenius G, Ortega A, Godoy L, Penafiel C, Escobar E. Odontogenic tumors in Chile: a study of 362 cases. J Oral Pathol Med. 2002;31:415-20.,2727 Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8.,2828 Effiom OA, Odukoya O. Adenomatoid odontogenic tomour: a clinico-pathalogical analysis and melanin pigmentation study of 31 Nigerian cases. Niger Postgrad Med J. 2005;12:131-5. há poucos estudos que mostraram uma leve predileção pelo sítio mandibular.2929 Siar CH, Ng KH. The combined epithelial odontogenic tumor Malaysians. Br J Oral Maxillofac Surg. 1991;29:106-9.,3030 Fernandes AM, Duarte ECB, Pimenta FJGS, Souza LN, Santos VR, Mesquita RA, et al. Odontogenic tumors: a study of 340 cases in a Brazilian population. J Oral Pathol Med. 2005;34:583-7. O dente predominantemente associado ao TOA foi o canino maxilar,2121 de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7.,2727 Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8. mas alguns estudos revelaram um raro envolvimento de molares não irrompidos.3131 Philipsen HP, Reichart PA, Zhang KH, Nikai H, Yu QX. Adenomatoid odontogenic tumors: biologic profile based on 499 cases. J Oral Pathol Med. 1991;20:149-58. Embora o TOA seja um tumor assintomático, os pacientes podem estar cientes de um inchaço gengival indolor ou uma área aumentada da mandíbula que cresce lentamente e é frequentemente associada a um dente não irrompido.3232 Buchner A, Sciubba JJ. Peripheral epithelial odontogenic tumors: a review. Oral Surg Oral Med Oral Oral Pathol. 1987;63:688-97.

A presença de calcificações dá uma aparência radiodensa mista aos TOAs, além da aparência normal da radiolucência unilocular bem demarcada.

Histologicamente, ele é composto de células epiteliais fusiformes que formam folhas, fios ou massas tortuosas (tipo roseta) em um estroma fibroso escasso, rodeado por uma cápsula fibrosa. Os espaços centrais das estruturas do duto são revestidos por uma camada de células epiteliais colunares ou cuboidais que mostra polaridade invertida, sugere atividade secretora. Os focos de calcificações podem ser vistos espalhados por todo o tumor e alguns TOAs contêm áreas maiores de material da matriz ou calcificação, que têm sido interpretadas como dentinoide ou cemento.2626 Rick GM. Adenomatoid odontogenic tumor. Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2004;16:333-54. A excisão cirúrgica completa com enucleação é o tratamento de escolha e a recorrência do TOA é extremamente rara; portanto, poucos casos de recorrência foram relatados.3333 Philipsen HP, Reichart PA, Nikai H. The adenomatoid odontogenic tumor (AOT): An update. J Oral Med Pathol. 1997;2:55-60.

Vários estudos de diferentes lugares do mundo foram feitos para determinar o perfil demográfico e clínico do TOA de acordo com idade, sexo, localização, extensão do tumor e dentes impactados associados. Entretanto, no Sri Lanka não existem estudos relacionados ao TOA em si. O estudo atual é composto por 116 casos de TOA que precisam ser adicionados à literatura. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar uma das maiores séries de TOA de um único centro, durante 38 anos, e compará-lo com a literatura existente.

Método

Estudo analítico retrospectivo. Os casos diagnosticados como TOA, com suas características demográficas e clínicas (idade, sexo, localização do tumor) de janeiro de 1980 a 31 de dezembro de 2018, foram recuperados dos arquivos do Departamento de Patologia Oral da Faculty of Dental Sciences, University of Peradeniya, Sri Lanka. Foram excluídos TOAs com dados inadequados e casos com múltiplas biópsias foram considerados como um único caso. A aprovação ética foi obtida no comitê de ética da Faculty of Dental Sciences, University of Peradeniya (ERC/FDS/UOP/1/2018/08). Os detalhes que não estão no banco de dados foram recuperados dos formulários de solicitação dos pacientes, que estão no Departamento de Patologia Oral. Em relação à análise histopatológica, todos os casos foram avaliados por dois patologistas. Os casos com características incomuns foram registrados separadamente.

Os dados coletados foram inseridos em uma planilha do programa Microsoft Excel. Os detalhes coletados foram agrupados de acordo com as categorias de idade para identificar a frequência e o grupo da 2ª década de vida foi analisado separadamente. A distribuição nos ossos da mandíbula também foi avaliada. Os dados foram analisados com o software estatístico SPSS 25 (Statistical Package for the Social Sciences, 25). O teste do qui-quadrado foi usado para determinar a associação. Cada variável com combinações diferentes foi analisada para identificar se existia alguma relação significativa. O nível de significância foi estabelecido em (p < 0,05) durante todo o estudo.

Resultados

Foram identificados 116 casos de TOA. A idade variou de 5 a 77 anos, com média de 21,02 (21,02 ± 11,24) e mediana de 18. Há uma pequena diferença nas médias de idades entre mulheres e homens (21,14 ± 10,91 anos e 20,82 ± 11,91 anos).

Durante a segunda década de vida, a incidência de TOA é de 69,8%, que é a mais alta, seguida pela faixa de 21 a 30 anos. Da amostra total, o pico de incidência de TOA (12,1%) foi encontrado aos 15 anos, seguido por 18 (11,2%) e 16 (9,5%) (fig. 1a). No entanto, entre os 11 e 20 anos, 17,3% tinham 15 anos e 16% tinham 18 anos, seguidos por 13,6% deles com 16 (fig. 1b).

Figura 1
(a) Distribuição de TOAs entre as faixas etárias. (b) Distribuição de casos na faixa de 11 a 20 anos.

Foram incluídos 44 (37,9%) homens e 72 (62,1%) mulheres. A proporção homem: mulher para todas as faixas etárias foi de 1:1,6. Houve uma leve predileção pelo sexo feminino.

A maxila foi o local mais afetado pelo TOA, compreendeu 78 casos (67,2%), enquanto 38 (32,8%) casos foram relatados na mandíbula, resultou em uma relação maxila/mandíbula de 2,1:1. Dos 116 casos, a localização precisa foi identificada em 111. A região anterior de ambas as mandíbulas foi a mais afetada (81,1%), seguida pela região média (18,0%) e houve um caso (0,9%) na região posterior. Ao todo, 113 casos tinham informações sobre a lateralidade do tumor. O lado direito foi o mais afetado, com 60 casos, (53,1%) quando comparado ao esquerdo, com 53 (46,9%), resultou em uma proporção de 1,1:1 para os lados direito: esquerdo (fig. 2). Houve dois casos (1,8%) na região anterior sem informação do local exato. Portanto, eles não foram incluídos na figura 2.

Figura 2
Distribuição de casos de TOAs nos ossos da mandíbula. E, esquerda; D, direita; Ant. Anterior; Med., Média; Post. posterior; M, mandíbula; X, Maxila.

A maxila foi o sítio de predileção na primeira, segunda e terceira décadas de vida (relação maxila:mandíbula 2:1, 3,5:1 e 1,3:1, respectivamente). No entanto, nos achados da faixa de 30 anos e acima, a mandíbula foi a mais frequentemente afetada. A razão maxila:mandíbula para a faixa de 31 a 40 anos foi de 1:,75; na faixa de 41 a 50 foi de 1:3; para > 50 anos, todos os três casos estavam na mandíbula.

A mandíbula anterior foi também frequentemente afetada. As proporções para as faixas de 50 anos ou acima foram anterior:média:posterior de 3:0:0; 10,3:1:0; 2:1:0 e 2:0:1, respectivamente.

De acordo com a análise da distribuição por gênero e predileção de lado (esquerdo/direito), os resultados indicam que a proporção do lado esquerdo da mandíbula para o sexo masculino:feminino foi 1:1,1 e o lado direito do osso da mandíbula era 1:2,3. A distribuição dos casos entre os lados esquerdo e direito do maxilar é analisada ainda mais de acordo com as décadas de vida. Ela mostra que o lado direito é o local de predileção na primeira, segunda, terceira e quarta décadas de vida (proporção esquerda:direita 1:2,1:1,2,1:4 e 1:1,5, respectivamente). Entretanto, na quinta década de vida, ela apresenta igual prevalência nos lados esquerdo e direito dos ossos da mandíbula. Nos pacientes com mais de 50 anos, o lado direito parece ser o local mais frequentemente afetado. A proporção esquerda:direita para a faixa > 50 anos foi de 2:1 (tabela 1).

Tabela 1
Distribuição dos TOAs nas mandíbulas em relação ao sexo efaixa etária

Houve uma relação estatisticamente significante entre o local de ocorrência (maxila/mandíbula) e a idade (p < 0,005). Além disso, a depender do local de ocorrência, nas regiões anterior/média/posterior, também houve uma relação significante com a idade (p ≤ 0,001). Entretanto, a relação do lado da ocorrência (esquerda/direita) em relação à idade, assim como entre e o local da ocorrência e o sexo, não mostrou uma relação estatisticamente significante.

A maioria dos casos mostrou aspectos característicos dos TOAs (fig. 3a), um caso apresentou-se como uma grande lesão mandibular. Alguns casos mostraram calcificações acentuadas, enquanto outros mostraram material eosinofílico homogêneo (fig. 3b-c).

Figura 3
(a) Aparência histológica do TOA. (b) TOA com numerosas calcificações. (c) TOA com material eosinofílico que imita a dentina (ponta de seta), com maior ampliação.

Discussão

O tumor odontogênico adenomatoide é uma lesão odontogênica benigna que tem sido classificada como uma neoplasia não invasiva e não agressiva ou como uma lesão hamartomatosa do desenvolvimento.2626 Rick GM. Adenomatoid odontogenic tumor. Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2004;16:333-54.,3434 Philipsen HP, Reichart PA, Siar C, Ng K, Lau S, Zhang X. An updated clinical and epidemiological profile of the adenomatiod odontogenic tumour: a collaborative retrospective study. J Oral Pathol Med. 2007;36:383-93. Vários estudos de diferentes lugares do mundo foram feitos para determinar o perfil demográfico e clínico do TOA. De acordo com estudos anteriores, a apresentação demográfica e clínica dos TOAs não difere significativamente de um país para outro.22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30.,1717 Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3. Entretanto, no Sri Lanka não há informações atualizadas disponíveis sobre o perfil demográfico e clínico do TOA. Portanto, este estudo foi feito para analisar as características demográficas e o perfil clínico dos TOAs no Sri Lanka.

O tumor odontogênico adenomatoide não é um TO comum. Portanto, temos apenas 116 casos registrados no Departamento de Patologia Oral da Faculty of Dental Sciences, University of Peradeniya nos últimos 38 anos. No entanto, esta é a maior amostra de uma única instituição até agora na literatura. O resultado do nosso estudo é equivalente à maioria dos estudos em todo o mundo.

Tem sido geralmente aceito que a frequência relativa do TOA corresponde a 2,2% a 8,7% de todos os tumores odontogênicos.88 Philipsen HP, Reichart PA. Adenomatoid odontogenic tumour: facts and figures. Oral Oncol. 1999;35:125-31.,3131 Philipsen HP, Reichart PA, Zhang KH, Nikai H, Yu QX. Adenomatoid odontogenic tumors: biologic profile based on 499 cases. J Oral Pathol Med. 1991;20:149-58. Entretanto, em um estudo retrospectivo colaborativo em todo o mundo, a frequência relativa de TOA variou de 0,6% a 38,5%.3434 Philipsen HP, Reichart PA, Siar C, Ng K, Lau S, Zhang X. An updated clinical and epidemiological profile of the adenomatiod odontogenic tumour: a collaborative retrospective study. J Oral Pathol Med. 2007;36:383-93. A frequência relativa de TOA no Sri Lanka foi de 8,6% em 1990.1717 Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3. Entretanto, estudos mais recentes do Sri Lanka relataram uma frequência relativa mais baixa, que foi de 4,7% de todos os TOs.22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30. De maneira similar, alguns relatos da China sugeriram uma frequência relativa mais alta (8,3%) de TOA,2222 Lu Y, Xuan M, Takata T, Wang C, He Z, Zhou Z, et al. Odontogenic tumors; a demographic study of 759 cases in a Chineese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998;86:707-14. embora uma revisão retrospectiva recente de 1.309 casos da China tenha revelado uma frequência relativa mais baixa, de 2,1%.1919 Luo HY, Li TJ. Odontogenic tumors: A study of 1309 cases in a Chinese population. Oral Oncol. 2009;45:706-11. Em comparação com os países asiáticos, nossa frequência relativa foi menor do que a relatada em países como a Tailândia (5,3%).1818 Swasdison S, Dhanuthai K, Jainkittivong A, Philipsen HP. Adenomatoid odontogenic tumors: an analysis of 67 cases in a Thai population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105:210-5. Estudos da Malásia (0,3%) China (2,1%)1919 Luo HY, Li TJ. Odontogenic tumors: A study of 1309 cases in a Chinese population. Oral Oncol. 2009;45:706-11.,2929 Siar CH, Ng KH. The combined epithelial odontogenic tumor Malaysians. Br J Oral Maxillofac Surg. 1991;29:106-9. EUA,2020 Buchner A, Merrell PW, Carpenter WM. Relative frequency of peripheral odontogenic tumors: a study of 45 new cases and comparison with studies from the literature. J Oral Pathol Med. 2006;35:385-91. Nigéria,2525 Adisa AO, Lawal AO, Effiom OA, Soyele OO, Omitola OG, Olawuyi A, et al. A retrospective review of 61 cases of adenomatoid odontogenic tumors seen in five tertiary health facilities in Nigeria. Pan Afr Med J. 2016;24:1-3. Brasil2121 de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7. e México55 Mosqueda-Taylor A, Ledesma-Montes C, Caballero-Sandoval S, Portilla-Robertson J, Ruíz-Godoy Rivera LM, Meneses-García A. Odontogenic tumors in Mexico: a collaborative retrospective study of 349 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1997;84:672-5. encontraram uma ocorrência relativa de TOA entre o total de TOs de 0,3%, 2,1%, 1,7%, 4,5%, 5,4% e 7,1%, respectivamente.

Semelhantemente ao presente estudo, estudos retrospectivos com grandes séries de casos revelaram uma predominância feminina para TOA, com uma proporção global de mulheres para homens de 1,9:1.88 Philipsen HP, Reichart PA. Adenomatoid odontogenic tumour: facts and figures. Oral Oncol. 1999;35:125-31.,3434 Philipsen HP, Reichart PA, Siar C, Ng K, Lau S, Zhang X. An updated clinical and epidemiological profile of the adenomatiod odontogenic tumour: a collaborative retrospective study. J Oral Pathol Med. 2007;36:383-93. Entretanto, a proporção de mulheres para homens de 1,6:1 obtida neste estudo não refletiu a acentuada preponderância feminina em estudos anteriores feitos na Ásia. Um estudo recente do Sri Lanka revelou uma proporção de mulheres para homens de 2:1.22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30. Toida et al.3535 Toida M, Ishimaru J, Tatematsu N. Calcifying odontogenic cyst associated with compound odontoma: report of a case. J Oral Maxillofac Surg. 1990;48:77-81. no Japão relataram uma proporção de mulheres para homens de 3:1. Em contraste, Swasdison et al.,1818 Swasdison S, Dhanuthai K, Jainkittivong A, Philipsen HP. Adenomatoid odontogenic tumors: an analysis of 67 cases in a Thai population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105:210-5. em uma revisão retrospectiva de 67 casos na população tailandesa, mostraram uma proporção mulheres:homens de 1,8:1, o que foi bastante semelhante aos nossos achados. Além disso, Arotiba et al.,2727 Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8. em um estudo anterior feito na Nigéria, e De Matos et al.,2121 de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7. em uma revisão de 15 casos no Brasil, mostraram uma proporção mulheres:homens de 1,4:1, o que estava mais de acordo com nossos achados.

Com relação à distribuição etária, foi relatado que mais de dois terços dos TOAs são diagnosticados em pacientes jovens, especialmente na segunda década de vida, e mais de 80% são encontrados antes dos 30 anos.88 Philipsen HP, Reichart PA. Adenomatoid odontogenic tumour: facts and figures. Oral Oncol. 1999;35:125-31.,2727 Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8.,3434 Philipsen HP, Reichart PA, Siar C, Ng K, Lau S, Zhang X. An updated clinical and epidemiological profile of the adenomatiod odontogenic tumour: a collaborative retrospective study. J Oral Pathol Med. 2007;36:383-93. Os achados de nosso estudo estão de acordo com esses relatos.

A média de idade dos pacientes no momento do diagnóstico foi de 21,02 anos. A média da idade foi de 21,14 anos para as mulheres e 20,82 anos para os homens no presente estudo. Nossos estudos anteriores mostraram uma média de idade menor, provavelmente devido ao menor número de casos em comparação com o presente estudo (17,6 e 18 anos, respectivamente).22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30.,1717 Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3.

Entretanto, Swasdison et al.,1818 Swasdison S, Dhanuthai K, Jainkittivong A, Philipsen HP. Adenomatoid odontogenic tumors: an analysis of 67 cases in a Thai population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105:210-5. em uma revisão retrospectiva de 67 casos da Tailândia, indicaram 21,1 anos como a média de idade; 21,4 para homens e 20,9 para mulheres. Os resultados atuais são mais análogos aos deste estudo. A média de idade dos estudos de Adisa et al.2525 Adisa AO, Lawal AO, Effiom OA, Soyele OO, Omitola OG, Olawuyi A, et al. A retrospective review of 61 cases of adenomatoid odontogenic tumors seen in five tertiary health facilities in Nigeria. Pan Afr Med J. 2016;24:1-3. da Nigeria e Lu et al.2222 Lu Y, Xuan M, Takata T, Wang C, He Z, Zhou Z, et al. Odontogenic tumors; a demographic study of 759 cases in a Chineese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998;86:707-14. da China foi de 20,4 anos e 22,6 anos, respectivamente. Além disso, um estudo composto por 1.088 casos de TOs do norte da Califórnia relatou 20,2 anos como a média de idade. 2020 Buchner A, Merrell PW, Carpenter WM. Relative frequency of peripheral odontogenic tumors: a study of 45 new cases and comparison with studies from the literature. J Oral Pathol Med. 2006;35:385-91. Os resultados dos estudos acima foram mais condizentes com os do presente estudo. Além disso, Ochsenius et al.,77 Ochsenius G, Ortega A, Godoy L, Penafiel C, Escobar E. Odontogenic tumors in Chile: a study of 362 cases. J Oral Pathol Med. 2002;31:415-20. em uma revisão retrospectiva do Chile, revelou uma média de idade semelhante (21,03 anos) em comparação com os achados do estudo atual. Leon et al.,3636 Leon JE, Mata GM, Fregnani ER, Carlos-Bregni R, de Almeida OP, Mosqueda-Taylor A, et al. Clinicopathological and immunohistochemical study of 39 cases of adenomatoid odontogenic tumors: a multicentric study. Oral Oncol. 2005;41:835-42. em um estudo clínico-patológico e imuno-histoquímico de 39 casos de TOA de três serviços de diagnóstico oral (Brasil, México e Guatemala), e Matos et al.,2121 de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7. em uma revisão retrospectiva de 15 casos no Brasil, apresentaram menores médias de idade, de 16 e 16,2 anos, respectivamente. Arotiba et al.,2727 Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8. em uma revisão retrospectiva de 57 casos na população negra africana, relatou uma média de idade de 17 anos. No entanto, os achados do estudo atual não foram compatíveis com esses dados.

O TOA ocorre predominantemente na maxila (67,2%) em comparação à mandíbula (32,8%), com razão maxila/mandíbula de 2,1:1 (com uma proporção mulher/homem de 1,4:1 para maxila e 2,1:1 para mandíbula), e a parte anterior da mandíbula (81,1%) foi muito mais afetada do que as regiões média (18,0%) e posterior da mandíbula (0,9%). Além disso, o lado direito (53,1%) foi levemente mais afetado em comparação com o lado esquerdo (46,9%). A proporção maxila/mandíbula do TOA no Sri Lanka foi relatado anteriormente como de 2,3:1, o que está de acordo com os achados do estudo atual.22 Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30. Estudos semelhantes feitos em todo o mundo revelaram uma predileção maxilar, com razões maxila/mandíbula de 1,25:1 (25), 1,8:1 (36), 1,9:1 (18) e 2:1.3131 Philipsen HP, Reichart PA, Zhang KH, Nikai H, Yu QX. Adenomatoid odontogenic tumors: biologic profile based on 499 cases. J Oral Pathol Med. 1991;20:149-58. A predileção pela região anterior da mandíbula foi revelada em alguns estudos.1818 Swasdison S, Dhanuthai K, Jainkittivong A, Philipsen HP. Adenomatoid odontogenic tumors: an analysis of 67 cases in a Thai population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105:210-5.,2525 Adisa AO, Lawal AO, Effiom OA, Soyele OO, Omitola OG, Olawuyi A, et al. A retrospective review of 61 cases of adenomatoid odontogenic tumors seen in five tertiary health facilities in Nigeria. Pan Afr Med J. 2016;24:1-3. Além disso, uma revisão retrospectiva de 15 casos no Brasil e um estudo semelhante no Chile também revelaram uma predileção pela mandíbula anterior.77 Ochsenius G, Ortega A, Godoy L, Penafiel C, Escobar E. Odontogenic tumors in Chile: a study of 362 cases. J Oral Pathol Med. 2002;31:415-20.,2121 de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7. Os resultados do estudo atual estão mais de acordo com esses estudos.

Embora estudos retrospectivos da Malásia e do Brasil mostrem uma leve predileção mandibular,2929 Siar CH, Ng KH. The combined epithelial odontogenic tumor Malaysians. Br J Oral Maxillofac Surg. 1991;29:106-9.,3030 Fernandes AM, Duarte ECB, Pimenta FJGS, Souza LN, Santos VR, Mesquita RA, et al. Odontogenic tumors: a study of 340 cases in a Brazilian population. J Oral Pathol Med. 2005;34:583-7. nossos resultados e a maioria dos outros estudos contradizem os achados acima. Alguns estudos mais antigos da Nigéria sugeriram uma predileção mandibular por TOA.3737 Ajagbe HA, Daramola JO, Junaid TA, Ajagbe AO. Adenomatoid odontogenic tumor in a black African population: report of thirteen cases. J Oral maxillofac Surg. 1985;43:683-7. No entanto, estudos mais recentes da Nigéria por Arotiba et al.2727 Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8. e Effiom et al.2828 Effiom OA, Odukoya O. Adenomatoid odontogenic tomour: a clinico-pathalogical analysis and melanin pigmentation study of 31 Nigerian cases. Niger Postgrad Med J. 2005;12:131-5. concordam com uma preponderância maxilar anterior.

Conclusão

Os resultados do presente estudo mostraram que o TOA ocorre com mais frequência na segunda década de vida, é mais prevalente no sexo feminino, mais frequentemente associado à maxila, afeta predominantemente os ossos da mandíbula anterior e apresenta-se principalmente no lado direito do osso da mandíbula. Os resultados do presente estudo mostraram uma relação estatisticamente significante com o local da ocorrência (maxila/mandíbula) e idade (p < 0,005). Além disso, a depender se ele ocorre na região anterior/média/posterior, mostrou uma relação significante com a idade (p ≤ 0,001). Entretanto, o lado (esquerdo/direito), assim como o local da ocorrência, não mostrou relação estatisticamente significante em relação à idade (p > 0,05). Além disso, este estudo revelou algumas diferenças nos dados demográficos e apresentação clínica do TOA de região para região.

  • Como citar este artigo: Siriwardena BS, Udagama MN, Tennakoon TM, Athukorala DA, Jayasooriya PR, Tilakaratne WM. Clinical and demographic characteristics of adenomatoid odontogenic tumors: analysis of 116 new cases from a single center. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:309-15.
  • A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.
  • Declaração de disponibilidade de dados
    Os dados usados para análise podem ser produzidos sempre que solicitado. Dados brutos também podem ser fornecidos mediante solicitação.

References

  • 1
    El-Naggar AK, Chan JKC, Grandis JR, Takata T, Slootweg PJ. WHO Classification of Head and Neck Tumors. 4th edition France: IARC publications; 2017.
  • 2
    Siriwardena BS, Tennakoon TM, Tilakaratne WM. Relative frequency of odontogenic tumors in Sri Lanka: analysis of 1677 cases. Pathol Res Pract. 2012;208:225-30.
  • 3
    Ladeinde AL, Ajayi OF, Ogunlewe MO, Adeyemo WL, Arotiba GT, Bamgbose BO, et al. Odontogenic tumors: a review of 319 cases in a Nigerian teaching hospital. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99:191-5.
  • 4
    Odukoya O. Odontogenic tumors: analysis of 289 Nigerian cases. J Oral Pathol Med. 1995;24:454-7.
  • 5
    Mosqueda-Taylor A, Ledesma-Montes C, Caballero-Sandoval S, Portilla-Robertson J, Ruíz-Godoy Rivera LM, Meneses-García A. Odontogenic tumors in Mexico: a collaborative retrospective study of 349 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1997;84:672-5.
  • 6
    Lu Y, Xuan M, Takata T, Wang C, He Z, Zhou Z, et al. Odontogenic tumors. A demographic study of 759 cases in a Chinese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998;86:707-14.
  • 7
    Ochsenius G, Ortega A, Godoy L, Penafiel C, Escobar E. Odontogenic tumors in Chile: a study of 362 cases. J Oral Pathol Med. 2002;31:415-20.
  • 8
    Philipsen HP, Reichart PA. Adenomatoid odontogenic tumour: facts and figures. Oral Oncol. 1999;35:125-31.
  • 9
    Harbitz F. On cystic tumors of the maxilla, and specially on adamantine cystadenomas (adamantomas). Dent Cosmos. 1915;57:1081-93.
  • 10
    Stafne EC. Epithelial tumors associated with developmental cysts of the maxilla. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1948;1:887-94.
  • 11
    Bernier JL, Tiecke RW. Adeno-ameloblastoma. J Oral Surg (Chic). 1950;8:259-61.
  • 12
    Miles AE. A cystic complex composite odontome. Proc R Soc Med. 1951;44:51-5.
  • 13
    Oehlers FA. An unusual pleomorphic adenoma-like tumor in the wall of a dentigerous cyst. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1956;9:411-7.
  • 14
    Ishikawa G, Mori K. A histopathological study on the adenomatoid ameloblastoma report of four cases. Acta Odontol Scand. 1962;20:419-32.
  • 15
    Smith JF. The controversial ameloblastoma. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1968;26:45-75.
  • 16
    Philipsen HP, Birn H. The adenomatoid odontogenic tumors. Ameloblastic adenomatoid tumor or adeno-ameloblastoma. Acta pathol Microbiol Scand. 1969;75:375-98.
  • 17
    Mendis BR, MacDonald DG. Adenomatoid odontogenic tumour. Int J Oral Maxillofac Surg. 1990;19:141-3.
  • 18
    Swasdison S, Dhanuthai K, Jainkittivong A, Philipsen HP. Adenomatoid odontogenic tumors: an analysis of 67 cases in a Thai population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2008;105:210-5.
  • 19
    Luo HY, Li TJ. Odontogenic tumors: A study of 1309 cases in a Chinese population. Oral Oncol. 2009;45:706-11.
  • 20
    Buchner A, Merrell PW, Carpenter WM. Relative frequency of peripheral odontogenic tumors: a study of 45 new cases and comparison with studies from the literature. J Oral Pathol Med. 2006;35:385-91.
  • 21
    de Matos FR, Nonaka CF, Pinto LP, de Souza LB, de Almeida Freits R. Adenomatoid odontogenic tumor: retrospective study of 15 cases with emphasis on histopathologic cases. Head Neck Pathol. 2012;6:430-7.
  • 22
    Lu Y, Xuan M, Takata T, Wang C, He Z, Zhou Z, et al. Odontogenic tumors; a demographic study of 759 cases in a Chineese population. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1998;86:707-14.
  • 23
    Dhanuthai K. Odontogenic tumours in Thailand. Asian J Oral Maxillofac Surg. 2004;16:166-71.
  • 24
    Ladainde AL, Ajayi OF, Ogunlewe MO, Adeyemo WL, Arotiba GT, Bamgbose BO, et al. Odontogenic tumors: a review of 319 cases in a Nigerian teaching hospital. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2005;99:191-5.
  • 25
    Adisa AO, Lawal AO, Effiom OA, Soyele OO, Omitola OG, Olawuyi A, et al. A retrospective review of 61 cases of adenomatoid odontogenic tumors seen in five tertiary health facilities in Nigeria. Pan Afr Med J. 2016;24:1-3.
  • 26
    Rick GM. Adenomatoid odontogenic tumor. Oral Maxillofac Surg Clin North Am. 2004;16:333-54.
  • 27
    Arotiba GT, Arotiba JT, Olaitan AA, Ajayi OF. The Adenomatoid Odontogenic Tumor: an analysis of 57 cases in black African population. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:146-8.
  • 28
    Effiom OA, Odukoya O. Adenomatoid odontogenic tomour: a clinico-pathalogical analysis and melanin pigmentation study of 31 Nigerian cases. Niger Postgrad Med J. 2005;12:131-5.
  • 29
    Siar CH, Ng KH. The combined epithelial odontogenic tumor Malaysians. Br J Oral Maxillofac Surg. 1991;29:106-9.
  • 30
    Fernandes AM, Duarte ECB, Pimenta FJGS, Souza LN, Santos VR, Mesquita RA, et al. Odontogenic tumors: a study of 340 cases in a Brazilian population. J Oral Pathol Med. 2005;34:583-7.
  • 31
    Philipsen HP, Reichart PA, Zhang KH, Nikai H, Yu QX. Adenomatoid odontogenic tumors: biologic profile based on 499 cases. J Oral Pathol Med. 1991;20:149-58.
  • 32
    Buchner A, Sciubba JJ. Peripheral epithelial odontogenic tumors: a review. Oral Surg Oral Med Oral Oral Pathol. 1987;63:688-97.
  • 33
    Philipsen HP, Reichart PA, Nikai H. The adenomatoid odontogenic tumor (AOT): An update. J Oral Med Pathol. 1997;2:55-60.
  • 34
    Philipsen HP, Reichart PA, Siar C, Ng K, Lau S, Zhang X. An updated clinical and epidemiological profile of the adenomatiod odontogenic tumour: a collaborative retrospective study. J Oral Pathol Med. 2007;36:383-93.
  • 35
    Toida M, Ishimaru J, Tatematsu N. Calcifying odontogenic cyst associated with compound odontoma: report of a case. J Oral Maxillofac Surg. 1990;48:77-81.
  • 36
    Leon JE, Mata GM, Fregnani ER, Carlos-Bregni R, de Almeida OP, Mosqueda-Taylor A, et al. Clinicopathological and immunohistochemical study of 39 cases of adenomatoid odontogenic tumors: a multicentric study. Oral Oncol. 2005;41:835-42.
  • 37
    Ajagbe HA, Daramola JO, Junaid TA, Ajagbe AO. Adenomatoid odontogenic tumor in a black African population: report of thirteen cases. J Oral maxillofac Surg. 1985;43:683-7.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2022
  • Data do Fascículo
    May-Jun 2022

Histórico

  • Recebido
    27 Mar 2020
  • Aceito
    10 Jun 2020
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Sede da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, Av. Indianópolia, 1287, 04063-002 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (0xx11) 5053-7500, Fax: (0xx11) 5053-7512 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@aborlccf.org.br