Resumo
Introdução
Crianças submetidas a amigdalectomias apresentam dor intensa no pós-operatório. Uma das opções farmacológicas de analgesia são os opioides, como a morfina. No entanto, os riscos de efeitos adversos, como aumento do tempo de recuperação da anestesia e depressão respiratória, podem limitar o seu uso.
Objetivos
Avaliar o uso de morfina endovenosa intraoperatória na redução da dor pós-operatória imediata de crianças submetidas a amigdalectomia.
Método
Neste estudo cego randomizado, crianças de 3 a 10 anos foram submetidas a amigdalectomia, com ou sem adenoidectomia, e divididas em dois grupos. As crianças do grupo M receberam 0,1 mg.kg-1 de morfina endovenosa na indução anestésica, enquanto as do grupo controle receberam anestesia convencional sem morfina. As percepções de dor no pós-operatório foram avaliadas aos 30, 60, 120, 180 e 240 min após a recuperação da anestesia, pelas próprias crianças e também pelos seus pais ou responsáveis, com uma escala de dor pela face.
Resultados
Foram incluídas 57 crianças, 30 no grupo com morfina e 27 no grupo sem morfina. De acordo com as próprias crianças, a dor pós-operatória foi menor durante as avaliações feitas aos 30 minutos após o despertar da anestesia (p = 0,023), enquanto segundo seus pais/responsáveis a dor foi menos intensa nas avaliações feitas aos 30 (p = 0,002), 60 (p = 0,006) e 180 minutos (p = 0,007) após o despertar. Além disto, analgésicos no pós-operatório foram menos solicitados pelas crianças do grupo da morfina. Não foram observados efeitos colaterais associados ao uso da morfina.
Conclusão
Uma dose única de morfina endovenosa durante a indução anestésica reduziu a intensidade da dor pós-operatória imediata de crianças submetidas a amigdalectomia, sem aumento do tempo de despertar da anestesia e com menor consumo de analgésicos de resgate.
Palavras-chave
Amigdalectomia; Morfina; Criança; Analgesia; Anestesia