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Sistematização da veia cava cranial em búfalos (Bubalus bubalis bubalis Simpson, 1945)

Systematization of the cranial vena cava in buffalos (Bubalus bubalis bubalis Simpson, 1945)

Resumos

Para o presente trabalho utilizou-se 25 animais, fetos de búfalos, com idades variando entre 5 e 9 meses, sendo 15 fêmeas e 10 machos, com vistas à dissecação e sistematização dos vasos em estudo. Os animais foram coletados em abatedouro e fixados em solução aquosa de formol 10%. Obtiveram-se para a Veia Cava Cranial os seguintes afluentes de origem: veias jugulares externas direita e esquerda, e os afluentes colaterais: as veias jugulares internas direita e esquerda, veias mediastínicas e pericárdicas, veias torácicas internas direita e esquerda, veias tímicas, veias subclávias direita e esquerda, o tronco costocervicovertebral direita esquerda, e ocasionalmente o ducto torácico.

Veia Cava Cranial; Veia Jugular Externa; Búfalo; Anatomia


Twenty-five animals, Buffaloes fetus, with 5 to 9 months of age (15 females and 10 males) was analyzed by dissection after injected with latex substance. The fetuses were collected in a slaughterhouse and fixed in aqueous formol solution 10%. In the Cranial Vena Cava the following origin tributaries were observed: External right and left jugular veins and their collateral tributaries; the internal right and left jugular veins; the mediastinals and pericardials veins; the internal right and left thoracic; thymic vein; the right and left subclavian vein, the right and left costocervicalvertebral venous trunk, and occasionally the thoracic duct.

Vena Cava Cranialis; Buffalo; Anatomy; Jugular Vein


Sistematização da veia cava cranial em búfalos (Bubalus bubalis bubalis Simpson, 1945)

Systematization of the cranial vena cava in buffalos (Bubalus bubalis bubalis Simpson, 1945)

Adelmar Afonso de Amorim JúniorI; Maria Angélica MiglinoII; Marleyne José Afonso Accioly Lins AmorimIII; Tatiana Carlesso dos SantosII

IDepartamento Anatomia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife - PE

IIDepartamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo – SP

IIIDepartamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife - PE

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Maria Angélica Miglino Departamento de Cirurgia Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo Av. Prof. Orlando Marques de Paiva, 87 Cidade Universitária Armando Salles Oliveira 05508-270 –São Paulo – SP E-mail: miglino@usp.br

RESUMO

Para o presente trabalho utilizou-se 25 animais, fetos de búfalos, com idades variando entre 5 e 9 meses, sendo 15 fêmeas e 10 machos, com vistas à dissecação e sistematização dos vasos em estudo. Os animais foram coletados em abatedouro e fixados em solução aquosa de formol 10%. Obtiveram-se para a Veia Cava Cranial os seguintes afluentes de origem: veias jugulares externas direita e esquerda, e os afluentes colaterais: as veias jugulares internas direita e esquerda, veias mediastínicas e pericárdicas, veias torácicas internas direita e esquerda, veias tímicas, veias subclávias direita e esquerda, o tronco costocervicovertebral direita esquerda, e ocasionalmente o ducto torácico.

Palavras-chave: Veia Cava Cranial. Veia Jugular Externa. Búfalo. Anatomia.

SUMMARY

Twenty-five animals, Buffaloes fetus, with 5 to 9 months of age (15 females and 10 males) was analyzed by dissection after injected with latex substance. The fetuses were collected in a slaughterhouse and fixed in aqueous formol solution 10%. In the Cranial Vena Cava the following origin tributaries were observed: External right and left jugular veins and their collateral tributaries; the internal right and left jugular veins; the mediastinals and pericardials veins; the internal right and left thoracic; thymic vein; the right and left subclavian vein, the right and left costocervicalvertebral venous trunk, and occasionally the thoracic duct.

Keywords: Vena Cava Cranialis. Buffalo. Anatomy. Jugular Vein.

INTRODUÇÃO

O búfalo é uma espécie originária da Ásia, difundida praticamente em todos os continentes, sendo o maior rebanho das Américas encontrado no Brasil, constituindo uma população de mais de dois milhões de cabeças. Trata-se de um animal rústico, precoce, fértil e dócil, possuindo grande facilidade de adaptação em qualquer ambiente8.

No Brasil é encontrado em praticamente todos os Estados, sendo criado tradicionalmente para o abate. O interesse na exploração de seu potencial leiteiro tem se difundindo em diversas regiões do país, particularmente nas regiões Sul e Sudeste, onde já se observam inúmeros rebanhos sob exploração leiteira, confirmando a tendência atual de considerá-to uma espécie de dupla aptidão. Um impulso decisivo na ampliação desta exploração reside no surgimento de laticínios, que produzem exclusivamente derivados de leite de búfalas ("Mozzarella").

No Brasil são criadas quatro raças de bubalinos: Murrah, Jaffarabadi, Carabao a Mediterrâneo sendo as três primeiras de origem Asiática e a última Européia (Itália). A raça Murrah destaca-se das demais por apresentar um porte médio, ter conformação compacta, cabeça leve a chifres curtos, espiralados e enrodilhados em anéis na altura do crânio; são animais de boa capacidade digestiva, prérequisito importante para a produção de leite.

Do grego boúfalos, os bubalinos pertencem a uma ordem de mamíferos, onde encontramos 03 subordens compostas de 09 famílias com 77 gêneros a mais de 160 espécies. A classificação zoológica do búfalo está na ORDEM: Artiodátilos Ungulados; SUBORDEM: Ruminantia (antílopes, cervídeos camelos, girafas e bovídeos); FAMÍLIA: Bovídea; SUB-FAMÍLIA: Bovínea; GÊNEROS: Bubalus (Búfalos asiáticos), Synceros (búfalo africano), Bos (boi verdadeiro) e Bison (verdadeiro bisão)20.

Atualmente utiliza-se a moderna classificação20 de que a subfamília Bovinea subdividee-se em 06 Gêneros: Bos, Bison, Bibos, Synceros, Anoa e Bubalus, integrando ainda neste gênero, três variedades: Fulvus, Kerebao e Bubalis.

A variedade Bubalis representa o chamado Búfalo doméstico, também conhecido como "Indiano", e inclui os búfalos do sul do Brasil (tanto de origem indiana como os importados da Itália) e é chamada pelos povos de língua inglesa de Water Buffalo, pelo seu costume de permanecer em água a charcos.

Pretende-se neste trabalho contribuir para preencher a lacuna existente na morfologia dos grupo de animais domésticos, com a inclusão da espécie bubalina na redação dos futuros Tratados de Anatomia Veterinária. Os dados obtidos nesta pesquisa fornecerão subsídios indispensáveis para o progresso da Anatomia Comparada e Fisiologia, como também para a compreensão dos processos patológicos de âmbito vascular, possibilitando a realização de pesquisas de natureza experimental, médica e zootécnica.

MATERIAL E MÉTODO

O material coletado para o presente trabalho consta de búfalos da Raça Murrah, pertencentes a diversas faixas etárias. Foram utilizados 25 fetos, com idades variando entre 5 e 9 meses, sendo 16 fêmeas e 09 machos, e 3 bezerros bubalinos, com aproximadamente 3-4 meses de idade, obtidos em Minas Gerais (Uberlândia), São Paulo (Ilha Solteira, Araçatuba e Aguaí) e Pará (Belém). Os animais foram colhidos em abatedouro, a veia jugular externa foi então canulada e injetou-se látex Neoprene 650 (Du Pont do Brasil S. A) corado com corante específico2 (Suvinil corante azul/Glasurit do Brasil Ltda) e fixados em solução aquosa de formol a 10%.

De todas as preparações colheu-se dados relativos aos tamanhos e proporções corpóreas dos fetos, informações importantes na estimativa da idade fetal, com vistas à dissecção e sistematização dos vasos em estudo.

A idade fetal foi estimada pelas fórmulas estabelecidas por AbdelRaouf e ElNaggar1, ratificadas posteriormente por Souza21. São elas: Y=74 + (9/2)X (para fetos com menos de 20 cm) e Y=74 + (9/4)X (para fetos com mais de 20cm), onde X representa o comprimento ápicesacro (AS), equivalente à distância do ponto mais alto da cabeça até a base da cauda, acompanhando a curvatura do corpo, e Y= idade.

Dos 25 fetos estudados a freqüência das idades estimada dos fetos foi a seguinte: 56% (idade entre 7-8 meses), 32% (idade entre 6-7 meses), 8% (idade entre 8-9 meses) e 4% (idade entre 5-6 meses).

Os vasos venosos foram dissecados e as veias tributárias da veia cava cranial foram identificadas e esquematizada a distribuição de cada animal.

De cada preparação confeccionou-se desenhos esquemáticos e tomou-se fotografias para documentação. A nomenclatura utilizada esta baseada nas determinações do International Commitee on Veterinary Gross Anatomical Nomeclature11.

RESULTADOS

A veia cava cranial, medindo em média 7,1 cm, retorna o sangue proveniente de todas as estruturas situadas cranialmente ao diafragma (supradiafragmática) isto é: cabeça, pescoço, membros torácicos, parede torácica, parte da parede ventral do abdome e a porção mais cranial da região lombar. Origina-se na margem cranial e face medial do primeiro par de costelas, pela confluência das veias jugulares externas direita e esquerda, quando ao nível da quarta ou quinta costela, perfura o pericárdio fibroso, para atingir o átrio direito do coração, numa dilatação denominada de seio venoso da veia cava. A maior parte desta veia situase no mediastino cranial, mais à direita do plano mediano, e ventrolateral à traquéia, enquanto a outra parte (menor) localiza-se no mediastino médio, ao lado da aorta ascendente, envolvida pelo pericárdio fibroso (porção intrapericárdica).

A veia cava cranial recebe, em sua primeira porção, na entrada da cavidade torácica, as veias jugulares externas direita e esquerda. No ângulo de convergência destas veias, o vaso ainda recebe, em sua face dorsal, as veias jugulares internas direita e esquerda isoladamente em 92% dos casos, ou um tronco comum, formado pelas veias jugulares internas direita e esquerda tronco - bijugular - em duas peças (8%) (Fig. 1).


No curso de seu trajeto em direção ao coração, a veia cava cranial recebe normalmente na sua face lateral, as veias subclávias direita e esquerda; na sua face ventral, as veias torácicas internas direita e esquerda; na região dorsolateral direita a veia costocervicovertebral; próximo ao seio venoso do coração, a nível da 3ª e 4ª costela, a veia ázigos direita, que recolhe o sangue proveniente do antímero direito do corpo (membro torácico e parede torácica, até o 6° - espaço intercostal).

As tributárias da Veia Cava Cranial originam-se na Veia Jugular Externa Direita e Veia Jugular Externa Esquerda, com os seguintes afluentes ou tributárias: 1) dorsais: Veia Jugular Interna Direita, Veia Jugular Interna Esquerda e Veias Mediastínicas, 2) ventrais: Veia Torácica Interna Direita e Esquerda e Veias Tímicas; 3) Veia Subclávia Direita e Esquerda, Veia Costocervicalvertebral Direita e Esquerda, Veia Ázigos Direita, Veia Vertebral Esquerda (ocasionalmente), Veia Costocervical Esquerda (ocasionalmente), Veias Timicas, Pericárdicas e Mediastínicas (Esquema 1).

No antímero esquerdo em um caso (4%) a veia vertebral e a veia costocervical penetram dorsolateralmente à veia cava cranial, independente ou através de um pequeno tronco comum, denominado costocervicovertebral (24 casos 96%).

Convém salientar, ainda, que tratandose de animais jovens nota-se alguns ramos venosos provenientes do timo (veias tímicas), as quais atravessam a veia cava cranial em suas faces lateral e ventral. Nota-se também delgados ramos pericárdicos transpondo as paredes da veia cava cranial, próximo à entrada da veia costocervical

Durante o trajeto da veia cava cranial registramos a presença de linfonodos aderidos à sua adventícia onde seus vasos aferentes desembocavam diretamente.

DISCUSSÃO

Os Tratados de Anatomia Veterinária de um modo geral apresentam informações sobre o sistema venoso, com descrições sucintas, esquemáticas e até mesmo precárias, carecentes de indicações precisas relativas ao conjunto de vasos venosos que compõem o sistema cava e seus múltiplos afluentes. É bem verdade, que as referidas obras, na sua maioria, seguem o critério de examinar, ampla e pormenorizadamente, uma espécie padrão, a Eqüina, restringindo as outras espécies à apêndices ou tomos isolados e resumidos.

A utilização de 3 bezerros bubalinos com aproximadamente 3-4 meses de idade foi necessária para estabelecer comparação de dados obtidos nestes animais, com aqueles encontrados nos fetos, conferindo assim um padrão, visto que nos animais adultos, um dos sistemas que apresentam maior número de variações, é o venoso, especialmente, quando da sua fase de formação.

Além disso, o sistema cava representa o conjunto de veias que desembocam nas duas veias cavas (cranial e caudal), a ainda, a veia cava cranial inicialmente dupla (direita e esquerda), atrofiase à esquerda em algumas espécies, permanecendo deste modo à direita nos carnívoros, ungulados e primatas. Casos isolados de duplicidade de veia cava cranial podem ocorrer, isto é, persistência da veia cava cranial esquerda, em cães 15, em eqüinos5 e bovinos3 não evidente, portanto, em nenhum caso da nossa pesquisa. Por esta razão nas nossas descrições a veia cava cranial direita é por abreviação denominada simplesmente de VEIA CAVA CRANIAL (Vena cavae cranialis).

Como as veias são vasos convergentes, que nascem dos capilares sanguíneos no fluxo por tênues ramos, que se continuam diretamente com estes últimos vasos (vênulas), em nosso trabalho descrevemos o trajeto das veias, tomando como base a corrente sanguínea, e não o contrafluxo6, 7, 8, 10, 11, 14, 17, 23.

Vale salientar, ainda, que o sangue arterial, disseminado em todos os territórios orgânicos pelos inúmeros ramos da aorta, é devolvido ao átrio direito, em estado de sangue venoso, por dois condutos consideráveis, que se tem designado, provavelmente por causa de seu volume, como Veias Cavas. Estas distinguemse por sua situação topográfica, em veias cavas cranial e caudal.

Nos búfalos, a veia cava cranial tem como afluentes de origem exclusiva as veias jugulares externas direita e esquerda, que se juntam a nível da borda cranial do primeiro par de costelas, na entrada da cavidade torácica, para, em seguida adentrar na referida cavidade. Uma vez constituido este vaso, surpreendemos as veias jugulares internas vertendose separadamente (92%), ou em tronco comum (8%), na sua porção dorsal. Em contraste aos nossos resultados, alguns autores3, 14, 19 descrevem que as veias jugulares internas, nos bovinos (ausentes nos caprinos e ovinos), onginamse da primeira porção da veia jugular externa, em tronco ou isoladamente. No primeiro caso os autores denominaramna de veia jugular comum, afirmando Schwarze e Schroder19, que, às vezes por ser tão calibrosa a consideram como colateral da veia jugular externa correspondente2. Nos resultados obtidos em búfalos as veias jugulares internas possuem calibre inferior ao das veias jugulares externas, como ocorre no coelho e cão2.

Como afluentes colaterais laterais, da veia cava cranial, temos para os bubalinos as veias subclávias direita e esquerda, que, coletam, portanto, o sangue proveniente da região da cabeça, pescoço e membros torácicos. Para outros13, 9 entretanto, a veia cava anterior (cranial) se forma pela reunião comum em ilha das veias jugulares a axilares. Também este resultado difere parcialmente dos informados por Zimmerl t al.22; Schaller17, Nickel et al.14, Ghoshal et al.10, os quais trabalhando com ruminantes descrevem que, às vezes nos caprinos, a veia cava cranial bifurcase nas veias braquiocefálicas esquerda e direita, ou dá origem às veias subclávias de ambos os lados e ao tronco bijugular. Para Schaller17 este tronco é a continuação ímpar da veia cava cranial, em situação cranial às veias subclávias direita e esquerda. Ainda a respeito deste tronco bijugular, nos pequenos ruminantes ele representa a origem das veias jugulares externas e internas do antímero correspondente10.

Vale salientar que a Nômina Anatômica faz uma pequena observação a respeito do pequeno tronco venoso originado da união das veias jugulares externas nominadas pelos autores acima descritos, de tronco bijugular, definindo-o como a parte mais cranial da veia cava cranial.

Em seu curso torácico dorso-caudalmente, a veia cava cranial, após a vertência das subclávias direita e esquerda, recebe em sua face latero-dorsal, em ambos os lados, o tronco venoso costocervicovertebral (à direita 100%, e à esquerda 96%).

Deparamos-nos com único caso, onde a veia vertebral abria-se isoladamente e cranialmente à veia costocervical na veia cava cranial, o que contraria as informações de alguns autores4, 12, 14, 19, 22, quando expõem que as veias vertebrais, cervical profunda e costocervical desembocam na veia cava cranial. Vale ressaltar ainda, que o termo tronco venoso costocervicovertebral adotado em nossas pesquisas, tem como objetivo auxiliar a compreensão das área drenadas pelo referido tronco. Este vaso é por vezes denominado de veia costocervical e descrito como resultado da união das veias cervical profunda, intercostal suprema, escapular dorsal e vertebral, de acordo com a espécie considerada. Este resultado assemelhase aquele encontrado em nosso trabalho3, 10, 12, 14, 17, 22, 23.

Simetricamente á desembocadura das veias subclávias, em ambos os antímeros, na veia cava cranial, deparamosnos em sua região ventral, com a chegada das veias torácicas internas direita e esquerda isoladamente em todas as preparações. Vale dizer que a confluência das veias torácicas internas2, 19 dispõem-se em geral similarmente às artérias, com a possibilidade destes vasos desembocarem na veia axilar, tal possibilidade, não observada em nossa pesquisa4, 22.

Como último afluente da veia cava cranial entre 3ª a 4ª costelas está a veia ázigos direita, assim denominada (por ser impar e assimétrica), a pelo fato de em muitas espécies (homem, carnívoros, eqüídeos e coelhos) não possuírem o homólogo esquerdo, ou a disposição inversa, isto é, possuir somente à esquerda (suínos). Este resultado não aparece nos búfalos, porquanto estes animais possuem tanto a veia ázigos direita (100%) quanto a veia àzigos esquerda (100%). A esquerda porém, pareceu-nos nitidamente mais desenvolvida e calibrosa, quando comparada com sua contra lateral. Levando-se em conta o significado do termo ázigos, neste caso, ele seria considerado impróprio ou inadequado para a espécie em questão. A nosso ver, fatos desta natureza devem ser considerados relevantes pelo International Committee on Veterinary Gross Anatomical11, quando da designação de estruturas relacionadas a descrição morfológica das espécies domésticas.

Quase sempre esta assertiva foi similar àquelas exaradas por Barone2 e Ghoshal et al10, pois nos ruminantes, a veia ázygos direita é freqüentemente curta e, suprida pela ázigos esquerda, iniciando-se na porção média das vértebras torácicas, podendo estar ausente em alguns casos.

CONCLUSÕES

Fundamentados na dissecação de 25 peças em fetos de bubalinos julgamos lícito firmar que:

1 - A veia cava cranial originase da confluência das veias jugulares externas direita e esquerda, as quais se unem na entrada da cavidade torácica, a nível da borda cranial do primeiro par de costelas, sendo, portanto, consideradas afluentes de origem;

2 - Os afluentes da região dorsal da veia cava cranial são as veias jugulares internas direita e esquerda ,que desembocam isoladamente, a nível do ângulo de confluência das veias jugulares externas direita e esquerda;

3 - Os afluentes das regiões laterais da veia cava cranial são as veias subclávias direita e esquerda, que desembocam a nível do primeiro espaço intercostal, e a veia ázigos direita a nível da 3a a 4a costelas;

4 - Os afluentes das regiões latero-dorsais da veia cava cranial são os troncos venosos costocervicovertebral direito e esquerdo;

5 - Os afluentes da região ventral da veia cava cranial são as veias torácicas internas direita e esquerda, que desembocam isoladamente e, simetricamente à desembocadura das veias subclávias direita e esquerda;

20- SIMPSON, 1945, apud SANTIAGO, 1970.

Recebido para publicação: 20/02/2002

Aprovado para public ação: 19/08/2002

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  • Endereço para correspondência
    Maria Angélica Miglino
    Departamento de Cirurgia Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo
    Av. Prof. Orlando Marques de Paiva, 87 Cidade Universitária Armando Salles Oliveira
    05508-270 –São Paulo – SP
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Jun 2003
    • Data do Fascículo
      2002

    Histórico

    • Aceito
      19 Ago 2002
    • Recebido
      20 Fev 2002
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