Resumo:
Construções de hidrelétricas causam severos distúrbios à biodiversidade. Após a inundação de grandes áreas as plantas arbóreas morrem, apesar disso, elas deixam expostos seus galhos emersos (também chamados de paliteiros) criando um novo hábitat para animais e plantas. Nada se sabe sobre como os paliteiros influenciam a presença de aves aquáticas. Este estudo verificou quais espécies de aves utilizam os paliteiros, quais comportamentos elas exibem e suas prováveis consequências para processos ecológicos. Em novembro de 2018 foram amostrados 5 km de paliteiros, as aves empoleiradas nestas estruturas e seus comportamentos na represa de Três Marias, uma área inundada de 1040 km2 no sudeste do Brasil. Ao total, 5.4% das árvores mortas foram utilizadas por 14 espécies de aves. O biguá Nannopterum brasilianus (Gmelin, 1789) foi a espécie mais frequente nos paliteiros. As aves frequentemente limparam as penas, descansaram (sem nenhuma atividade aparente), defecaram, caçaram, se alimentaram, vocalizaram e beberam água. Mais atenção deve ser focada em alguns comportamentos das aves tais como o descanso seguido de defecação que podem influenciar processos ecológicos a longo prazo (p. ex., a incorporação de matéria orgânica e mudança de comunidade aquática) na represa.
Palavras-chave: Aves; comportamento; construção de hidrelétricas; impacto humano