Ecologia e Comportamento Reprodutivo de Thoropa miliaris (Spix, 1824) (Anura, Leptodactylidae, Telmatobiinae). As espécies de Thoropa estão distribuídas no sul e sudeste do Brasil e têm girinos semiterrestres em ambientes rochosos. Aqui apresentamos dados complementares sobre reprodução, cuidado paternal e canibalismo por girinos em T. miliaris. Machos guardiões foram testados quanto a perturbações às suas desovas. As desovas foram postas em faixas de umidade na rocha; os ovos foram postos em camada única e estavam aderidos à superfície da rocha, raízes e uns aos outros. Os girinos eclodiram entre quatro e seis dias após a oviposição. O número de ovos em duas desovas foi 750 e 1190; os ovos eram cinza e a porção vitelínica mediu cerca de 1,7 mm em diâmetro; 2,3 mm com a cápsula gelatinosa. Foram observadas interações agressivas entre os machos. Os machos permaneceram com suas desovas durante a noite e reagiram agressivamente às perturbações experimentais. Girinos em estágios tardios foram vistos canibalizando ovos. Uma desova em uma faixa de umidade recém formada morreu por desidratação. As faixas de umidade na rocha são os únicos locais onde os ovos e os girinos podem se desenvolver e representam um fator limitante para a reprodução porque são raras. Para as fêmeas, a seleção de faixas úmidas recém formadas deve representar um balanço entre as vantagens em ocupar lugares livres de girinos canibais e/ou competidores e os riscos de perda de prole por desidratação. Nossos resultados não apóiam Cycloramphinae como um táxon válido, indicando que as similaridades morfológicas e comportamentais entre as espécies de Thoropa e Cycloramphus devem ser interpretadas como convergência.
Thoropa miliaris; cuidado parental; reprodução; canibalismo; Mata Atlântica; Brasil