A dieta do lobo-guará ( Chrysocyon brachyurus) foi estudada entre 1998 e 2002 na Estação Ecológica de Itirapina, Estado de São Paulo, incluindo estimativas de número de presas e biomassa ingerida. Um total de 325 amostras fecais foi coletado na área de estudo. A espécie pode ser considerada onívora, com uma dieta variada incluindo 68 espécies ou morfo-espécies de frutos e animais. Os tatus (Dasypodidae), fruta-de-lobo ( Solanum lycocarpum) e pequenos mamíferos (principalmente Clyomys bishopi) constituíram a base da dieta, com 72,8% do total de biomassa consumida (185.323,4 g). Por outro lado, em termos de freqüência de ocorrência, apenas os pequenos mamíferos e outros frutos compreenderam 43,4% do total de ocorrências (N = 1.054). Presas animais entre 0,01 e 0,1 Kg foram as mais consumidas, representando 44,2 % do total de 507 indivíduos capturados. O lobo-guará apresenta oportunismo sazonal pelo menos para frutos e insetos, a julgar pela variação no consumo desses itens nas diferentes estações do ano. O alto consumo de frutos e animais provenientes do cerrado deve ser levado em conta em planos futuros de manejo da espécie.
Chrysocyon brachyurus; lobo-guará; cerrado; campo; ecologia alimentar; dieta; Brasil