Resumo
O objetivo deste artigo é trazer problematizações sobre como a escola, situada em espaços rurais no estado de São Paulo, mostra-se e é percebida por nós, a partir de narrativas de professores de Matemática. Tomamos como dados narrativas de professores que vivenciaram essas escolas ao longo do tempo, desde o final da década de 1940, cujas narrativas estão disponíveis em três diferentes pesquisas (Martins, 2003; Silva, 2018; Oliveira, 2022). Nossas análises apontam que essas escolas tendem a seguir o modelo de currículo e estrutura comum a escolas urbanas, ainda que, a partir das narrativas, se mostrem como singulares, sendo que as problemáticas típicas do mundo rural se apresentam sensibilizando os olhares dos pesquisadores, ao elogio dessa escola. Além de o estado de São Paulo fechar a maioria das escolas instaladas em localidades rurais, também não possui uma política específica de educação do campo. Essas escolas são espaços onde o ensino de Matemática e a formação e a atuação de professores ocorreram, ainda que em condições desiguais em relação a escolas urbanas, e ainda que subvertendo aspectos do que se concebe como escola, abarcando nuances que só lá fizeram sentido, e que participam do movimento da história da E(e)ducação M(m)atemática brasileira há cerca de 80 anos. Assim, a escola situada no campo, e que vem atendendo a população rural paulista, é elogiada, no sentido de Larrosa (2018), não como uma exaltação ingênua, mas como um gesto de recuperar a dignidade dessas escolas como espaço de experiências.
Palavras-chave:
Escola do campo; Escola Rural; Educação Matemática; Narrativas de professores