Resumo
Analisamos pesquisas associadas aos povos quilombolas, ao racismo e ao antirracismo, abordando a educação matemática, publicadas em dissertações de mestrado, teses de doutorado e artigos de periódicos. Refletimos sobre o papel desempenhado pelas pesquisas que focam na articulação entre a educação matemática e os saberes e práticas dos povos quilombolas. As discussões teóricas para essa problematização baseiam-se na antropoemia, ciência maior e menor. Uma revisão integrativa da literatura nos permitiu resumir os achados de diversos estudos, sem entrar em conflito com as orientações epistemológicas do material analisado. Identificamos pelo menos duas densidades analíticas: as práticas socioculturais a serviço da matemática escolar e a educação matemática a serviço do combate ao racismo estrutural. A primeira densidade refere-se às práticas culturais que apoiam a matemática escolar, com diversos estudos descrevendo a existência e a importância da educação quilombola. Porém, utilizando o contexto sociocultural apenas como elemento facilitador do ensino da matemática escolar. A segunda densidade refere-se a estudos que utilizam a educação matemática para combater o racismo estrutural, pois, apesar de se referirem a aspectos matemáticos presentes nas investigações, os significados atribuídos às práticas culturais, especialmente aquelas desenvolvidas em comunidades quilombolas, enfatizam o aspecto matemático da situação, e incluem elementos sobre o racismo estrutural. Os estudos que compõem essa densidade estão mais próximos de uma educação matemática que possa fortalecer os povos quilombolas e construir práticas antirracistas, pois os pesquisadores parecem entender o seu papel político, no sentido de contribuir para a redução das desigualdades.
Práticas socioculturais; Educação quilombola; Educação matemática; Racismo; Antirracismo