Open-access Avaliação da incapacidade funcional causada por dor lombar em dentistas da atenção primária

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS  Dentistas estão frequentemente expostos a riscos ocupacionais ergonômicos, como postura incorreta e movimentos repetitivos, que contribuem para distúrbios musculoesqueléticos, incluindo a dor lombar (DL). O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de DL e incapacidade entre dentistas da Atenção Primária à Saúde (APS) na macrorregião Norte do estado de Minas Gerais.

MÉTODOS  Foi adotado um desenho transversal com amostragem por conveniência. Os dados foram coletados por meio de um questionário online com dentistas de 54 municípios pertencentes à Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, entre março e junho de 2022. O Índice de Oswestry 2.0 foi utilizado para medir a incapacidade devido à DL. As análises estatísticas incluíram o teste Qui-quadrado de Pearson e a regressão de Poisson.

RESULTADOS  Entre os 298 participantes, a maioria era mulher (79,2%). A DL foi relatada por 63,4% dos dentistas, com 12,8% apresentando incapacidade associada. No modelo final de regressão, a incapacidade foi significativamente associada ao sexo feminino (RP 2,81; IC 95% 1,13-7,01), ao índice de massa corporal elevado (RP 1,72; IC 95% 1,01-2,96), à DL autorrelatada (RP 2,34; IC 95% 1,12-4,87), à dor relacionada ao trabalho (RP 3,86; IC 95% 1,23-12,13) e à licença médica por DL (RP 5,28; IC 95% 2,29-12,18).

CONCLUSÃO  Este estudo revelou alta prevalência de DL entre os dentistas da APS na macrorregião norte de Minas Gerais, com uma proporção notável de casos com incapacidade associada. Esses achados destacam a necessidade de intervenções ergonômicas direcionadas e estratégias de promoção da saúde para mitigar a DL e seu impacto nos profissionais de odontologia.

Descritores:
Atenção primária à saúde; Dor lombar; Odontologia; Riscos ocupacionais; Saúde do Trabalhador

DESTAQUES

63,4% dos dentistas da atenção primária relataram dor lombar; 12,8% apresentaram incapacidade

Sexo feminino, índice de massa corporal e dor no trabalho se mostraram associados à incapacidade entre dentistas

Este estudo enfatiza medidas preventivas para os problemas de saúde ocupacional dos dentistas

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES  Dentists are frequently exposed to ergonomic occupational risks, such as incorrect posture and repetitive movements, which contribute to musculoskeletal disorders, including low back pain. The objective of this study was to assess the prevalence of low back pain (LBP) and disability among Primary Health Care (PHC) dentists in the northern macro-region of the Minas Gerais state, Brazil.

METHODS  A cross-sectional design was adopted with convenience sampling. Data was collected via an online questionnaire from dentists in 54 municipalities within the Regional Health Superintendence of Montes Claros city between March and June 2022. The Oswestry Disability Index 2.0 measured disability due to LBP. Statistical analyses included Pearson’s Chi-square test and Poisson regression.

RESULTS  Among the 298 participants, the majority were women (79.2%). LBP was reported by 63.4% of the dentists, with 12.8% experiencing associated disability. In the final regression model, disability was significantly linked to female gender (PR 2.81; CI 95% 1.13-7.01), overweight body mass index (PR 1.72; CI 95% 1.01-2.96), self-reported LBP (PR 2.34; CI 95% 1.12-4.87), work-related pain (PR 3.86; CI 95% 1.23-12.13), and sick leave due to LBP (PR 5.28; CI 95% 2.29-12.18).

CONCLUSION  This study revealed a high prevalence of LBP among primary care dentists in the northern macro-region of Minas Gerais state, with a notable proportion experiencing associated disability. These findings underscore the need for targeted ergonomic interventions and health promotion strategies to mitigate LBP and its impact on dental professionals.

Keywords:
Primary health care; Low back pain; Dentistry; Occupational risks; Occupational health

HIGHLIGHTS

63.4% of primary care dentists reported low back pain; 12.8% had disability

Female gender, body mass index, and work pain linked to disability among dentists

This study stresses preventive measures for dentists' occupational health issues

INTRODUÇÃO

Na prática clínica, os dentistas estão expostos a um amplo espectro de riscos ocupacionais, sendo os riscos ergonômicos particularmente proeminentes1,2 . Os riscos ergonômicos ocupacionais decorrem de fatores como postura incorreta, ausência de profissionais auxiliares, falta de treinamento e atenção, planejamento inadequado, ritmo excessivo de trabalho, movimentos repetitivos e uso de instrumentos rotativos, entre outros3-5 . Esses riscos podem levar ao desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos (DME)6,7 .

Os DME são condições que afetam as estruturas do sistema musculoesquelético, incluindo músculos, ossos, articulações, tendões e ligamentos. Esses distúrbios envolvem condições como fibromialgia, doenças reumáticas, lesão por estresse repetitivo, lesões traumáticas e dor nas costas8 . Entre os DME, a dor lombar (DL) é uma condição altamente prevalente na população em geral, representando a principal causa de incapacidade por anos vividos9,10 .

A DL foi responsável por quase 54% do aumento de anos vividos com incapacidade de 1990 a 201510 . Um estudo que analisou dados de 195 países no período de 1990 a 20169 mostrou que a DL perdeu apenas para as doenças isquêmicas do coração e, com a cervicalgia e as doenças cerebrais, foi a doença que causou mais anos vividos com incapacidade. A DL é um sintoma complexo que pode estar associado a fatores físicos, sociais, psicológicos e de estilo de vida, como sedentarismo, obesidade e tabagismo. Além de ser altamente incapacitante, a DL reduz significativamente a produtividade no trabalho e a qualidade de vida (QL) dos indivíduos afetados3,10 .

Vários estudos avaliaram a prevalência de dor musculoesquelética entre dentistas em todo o mundo, identificando consistentemente a DL como o problema mais comum durante suas rotinas de trabalho. Os fatores ergonômicos nas clínicas odontológicas desempenham um papel importante no desenvolvimento da DL entre os dentistas, principalmente devido a posturas incômodas prolongadas, movimentos repetitivos e pausas insuficientes durante o horário de trabalho. Os dentistas geralmente adotam posições estáticas por longos períodos, combinadas com a torção frequente da coluna vertebral e a rotação da cabeça, o que leva à fadiga e à tensão muscular. Essas demandas físicas são exacerbadas pelo uso repetitivo dos movimentos das mãos e dos braços que são necessários para os procedimentos odontológicos, resultando em trauma cumulativo no sistema musculoesquelético.

A ausência de pausas adequadas aumenta ainda mais o risco de DL, pois o trabalho prolongado sem descanso não permite tempo suficiente de recuperação para os músculos. Apesar do foco na ergonomia do local de trabalho, fatores individuais como condicionamento físico, estilo de vida e hábitos de saúde também influenciam significativamente a probabilidade de desenvolver DL11-18 .

No Brasil, o cenário é consistente com as tendências globais, pois estudos observaram o impacto da DL nas práticas dos dentistas5,19-21 . Portanto, o objetivo deste estudo foi analisar a prevalência da DL e o grau de incapacidade resultante entre os dentistas da atenção primária na macrorregião norte de Minas Gerais.

MÉTODOS

Este estudo transversal avaliou dentistas da atenção primária à saúde de 54 municípios dentro da jurisdição da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, localizada na macrorregião de saúde do Norte de Minas Gerais. A pesquisa foi realizada entre março e junho de 2022.

A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário on-line autoadministrado. Para selecionar a amostra, os coordenadores de saúde bucal de todos os municípios dentro da jurisdição regional foram contatados via WhatsApp Messenger ®. Eles foram informados sobre a pesquisa e solicitados a compartilhar o link do questionário (Google Forms®) com os dentistas de seus respectivos municípios, empregando uma abordagem de amostragem por conveniência. Em 2 de março de 2022, foi calculado o tamanho mínimo da amostra de 288 participantes, considerando o total de 1.146 dentistas na região, com base nos dados do sistema TABNET. Os critérios para o cálculo do tamanho da amostra incluíram uma margem de erro de 5%, intervalo de confiança (IC) de 95% e prevalência estimada de 50%.

Os critérios de inclusão foram definidos da seguinte forma: ser um dentista que trabalha na atenção primária dentro da área geográfica coberta pela SRS de Montes Claros. Critérios de exclusão: estar em licença médica da prática odontológica.

O questionário incluiu perguntas relacionadas ao perfil sociodemográfico, ao desempenho profissional, à atividade física e à presença de DL como variáveis independentes. A mensuração e a classificação dessas variáveis para as análises foram:

  1. Sexo: opções de resposta “feminino” e “masculino”.

  2. Faixa etária: medida usando um campo aberto e posteriormente dicotomizada em dois grupos - até 30 anos e 31 anos ou mais.

  3. Trabalhar em mais de um emprego: variável com as opções de resposta “sim” e “não”.

  4. Índice de massa corporal (IMC): foi calculado usando o peso e a altura relatados pelo participante. A fórmula usada foi o peso (em quilogramas) dividido pela altura (em metros) ao quadrado. Para a classificação do IMC, foram adotadas as medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS)22: IMC <18,5 kg/m2 definido como baixo peso; >18,5 a 24,9 kg/m2 como peso normal e ≥ a 25 kg/m2 como sobrepeso (sobrepeso e obesidade). Para a análise estatística, as categorias de baixo peso e peso normal foram agrupadas, considerando, por meio de uma revisão prévia da literatura, que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para a DL23 .

  5. Carga de trabalho semanal: número de horas semanais gastas trabalhando como dentista na APS e em clínicas particulares, classificadas em dois grupos: até 40 horas e acima de 40 horas.

  6. Estilo de vida sedentário: variável de autopercepção medida pelo relato do participante com as opções de resposta “sim” e “não”.

  7. DL: os participantes foram questionados sobre as regiões da coluna vertebral que haviam causado queixas de dor recentemente. A ausência de DL foi classificada quando o participante não relatou dor na região específica ou selecionou a opção “nenhuma”. Essa variável foi ainda dicotomizada no banco de dados com as classificações “sim” e “não”.

  8. Dor durante o trabalho: medida pela escala Likert com opções de resposta “dor somente no final do dia”; “nunca”; “raramente”; “frequentemente” e “sempre”. Posteriormente classificada como “não” (nunca) e sim (raramente, frequentemente e sempre).

  9. Licença médica por DL (em algum momento da carreira): também medida pela escala Likert com “nunca”; “raramente”; “frequentemente”; “sempre” e “atualmente afastado devido a dores nas costas”. Posteriormente classificado como “não” (nunca) e “sim” (raramente, frequentemente, sempre e atualmente afastado devido a dores nas costas).

  10. Prática de atividade física: coletada pela frequência de atividade física por semana. As respostas que indicaram nenhuma atividade física foram classificadas como “não”, enquanto aquelas que relataram atividade física pelo menos uma vez por semana foram classificadas como “sim”.

  11. Posição durante a extração dentária: variável com as opções de resposta “sentado no mocho” e “em pé”.

  12. Horas de trabalho excessivas: as respostas que relataram não realizar nenhum tipo de extensão da jornada de trabalho foram classificadas como “não”, e aquelas que relataram realizar em algum momento da jornada de trabalho foram classificadas como “sim”.

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Institucional (#CAAE 54196521.1.0000.5146).

Análise estatística

A variável dependente, incapacidade causada pela DL, foi avaliada pelo Índice de Incapacidade de Oswestry 2.0 (ODI). Esse instrumento tem como objetivo avaliar a incapacidade causada pela DL, consistindo em 10 itens, cada um com 6 opções de resposta, avaliando a intensidade da DL e seu impacto nas atividades diárias. A pontuação varia de 0 (sem incapacidade) a 100 (incapacidade máxima), e o instrumento foi adaptado para o português brasileiro24 . Neste estudo, foi usado um ponto de corte de 12 ou mais, conforme recomendado25 .

Os dados coletados foram transferidos para o software Statistical Package for Social Science (SPSS®), versão 22.0, no qual foram realizadas análises descritivas, cálculo da razão de prevalência (RP) e teste de Qui-quadrado de Pearson, considerando o nível de significância de 5%. Além disso, foi realizada uma análise multivariada usando a regressão de Poisson com variância robusta. As variáveis com um nível de significância < 0,20 na análise bivariada foram incluídas na análise multivariada.

RESULTADOS

Um total de 298 dentistas dos 54 municípios da SRS de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, participou do estudo, sendo a maioria do sexo feminino (79,2%). A prevalência geral de DL foi de 63,4%, sendo que pouco mais da metade da amostra relatou dor durante o trabalho (52,0%) e 27,9% dos participantes tiraram licença médica por causa da DL. Mais detalhes sobre a caracterização da amostra estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1
Caracterização sociodemográfica e laboral dos dentistas da atenção primária na macrorregião norte de Minas Gerais, 2022 (n=298).

Os profissionais com mais de 30 anos apresentaram maior prevalência de comprometimento lombar com incapacidade (19,7%) em comparação com aqueles com menos de 30 anos (6,8%; p=0,001). Foi observada maior prevalência de incapacidade causada por DL em profissionais com IMC acima do peso (p=0,006), sedentários (p=0,002), que relataram DL (p=0,004) e dor durante o trabalho (p<0,001) e com histórico de licença médica devido à DL (p<0,001). A prevalência geral de incapacitação por DL foi de 12,8%. As variáveis sexo, mais de um emprego, carga de trabalho semanal, atividade física, horas de trabalho excessivas e posição durante as extrações não apresentaram resultados estatisticamente significativos (Tabela 2).

Tabela 2
Análise bivariada da incapacitação por dor lombar, de acordo com o Índice de Incapacidade de Oswestry (ODI), em dentistas da macrorregião norte de Minas Gerais, 2022 (n=298).

A Tabela 3 mostra as variáveis que permaneceram no modelo final de regressão múltipla de Poisson, que foram associadas à incapacidade causada pela DL. Essas variáveis incluem sexo feminino, IMC com sobrepeso, presença de DL, dor durante o trabalho e licença médica devido à DL.

Tabela 3
Regressão de Poisson com variância robusta (fatores preditivos associados à incapacitação por dor lombar).

DISCUSSÃO

Em uma amostra de 298 dentistas do norte de Minas Gerais, foi encontrada alta prevalência de DL, com quase 13% da amostra apresentando incapacidade associada à DL. A amostra era predominantemente feminina, com mais da metade relatando DL no trabalho e quase um terço tendo tirado licença médica devido à DL. A incapacidade causada pela DL foi associada ao sexo feminino, ao IMC acima do peso, à presença de DL, à dor durante o trabalho e à licença médica devido à DL.

A prevalência de DL autorrelatada identificada neste estudo é consistente com os resultados de outras pesquisas que relataram taxas que variam de 50 a 69,7% entre dentistas5,7,11,14-16,18,19 . Entretanto, deve-se observar que há variabilidade nos achados da literatura. Entre as dores musculoesqueléticas, a DL é a mais prevalente entre os profissionais de saúde bucal3 . Em uma revisão sistemática26 , uma faixa de prevalência de 15,7% a 88,9% foi identificada entre treze estudos e uma prevalência combinada de 41,2% (IC95%: 27,5 - 54,9%) foi calculada em uma meta-análise27 . Estudos que relataram alta prevalência de lombalgia em dentistas17,28 enfatizaram o papel da exposição a fatores ergonômicos e tendências a doenças relacionadas ao trabalho.

Com relação ao grau de incapacidade, foi identificado apenas um estudo que utilizou o ODI 2.0 para avaliação4 . Esse estudo4 identificou uma taxa de incapacidade de 39,5%, que é maior do que a identificada neste estudo, 14,4% de incapacidade moderada a grave. No entanto, deve-se observar que o estudo anterior não associou o grau de incapacidade a possíveis fatores de risco, enquanto este estudo foi o primeiro a examinar o grau de incapacitação por DL em dentistas.

A idade foi inicialmente associada ao grau de incapacidade, mas não permaneceu no modelo final. A faixa etária acima de 31 anos foi associada à maior gravidade da incapacidade, um achado consistente com estudos anteriores4,12,18,28,29 . As discussões sobre a idade enfatizam não apenas as condições fisiológicas como fatores agravantes da DL, mas também um maior número de anos de prática profissional e a menor adoção de estratégias preventivas durante o trabalho. Um estudo transversal, realizado com uma amostra probabilística por conglomerados na Arábia Saudita7 , identificou que a idade era um preditor de DME. Em adição, a DL apresentou uma razão de possibilidades mais alta associada à maior duração do atendimento ao paciente e aos anos de experiência. Além disso, nesse estudo, um estilo de vida sedentário também foi associado ao grau de incapacidade, mas não permaneceu significativo no modelo final.

O estilo de vida sedentário estava presente em 38,4% da população estudada. Semelhante a este estudo, uma maior prevalência de dentistas que praticam exercícios físicos mais de uma vez por semana foi identificada em uma pesquisa realizada no estado de São Paulo, com 204 profissionais que trabalham no serviço público30 , e na Índia, com 100 dentistas11 . Em contrapartida, em outro estudo, apenas 17% da amostra praticava atividades físicas13 . No estado de Minas Gerais31 , um estudo com 358 dentistas identificou que o exercício físico foi um fator protetor em relação ao aparecimento de DL (RP: 0,42; IC95%: 0,19 -0,91), assim como outros estudos que concluíram que o sedentarismo estava associado à presença de DL16,32 , com alta razão de possibilidades (RP: 2,33; IC95%: 1,25-4,36)7 . No entanto, outro estudo não encontrou associação entre essas variáveis4 e, em vez disso, associou a presença de DL à prática constante de exercícios físicos33 . É importante ressaltar que esse achado difere da maioria dos estudos sobre o assunto, e o exercício físico é essencial para prevenir DME34,35 e influência positivamente a prática clínica36 .

O sobrepeso e a obesidade estão fortemente associados ao estilo de vida sedentário e este estudo mostrou que os dentistas com IMC acima do peso tinham DL com maior grau de incapacidade. Uma revisão sistemática37 com 27 estudos incluídos em uma meta-análise encontrou uma chance maior de DL em pessoas com sobrepeso (RP=1,35, IC95%=1,14-1,59). Um resultado semelhante foi observado em estudo longitudinal de base populacional realizado na Finlândia, no qual o IMC elevado foi associado à DL (RP=1,44, IC95%=1,12-1,85)38 .

Com relação à atividade laboral, a presença de dor musculoesquelética, especialmente a DL, mostrou associação estatística significativa em dentistas paquistaneses com peso acima de 81 kg18 , mas outros estudos não encontraram correlação entre o IMC e a presença de DL4,7 . Esses resultados podem ter sido influenciados por outros fatores contextuais de cada amostra, pois os estudos relataram taxas de prevalência de IMC variadas e porcentagens diferentes de profissionais que praticam atividade física.

Um pouco mais da metade da amostra deste estudo (52,0%) relatou dor durante o trabalho, e 27,9% dos entrevistados haviam tirado licença médica devido à DL. Ambas as variáveis permaneceram no modelo final associado ao grau de incapacidade. Houve um alto índice de profissionais de saúde bucal que relataram DL durante o trabalho. Um estudo envolvendo pouco mais de 100 dentistas36 constatou que 72,8% dos entrevistados relataram dor durante a prática. A licença médica por dor nas costas foi identificada em um terço da amostra de vários estudos18,19,31,39 . A DL interfere diretamente na rotina do trabalhador, afetando a capacidade de trabalho e a QV31 . A posição sentada no trabalho tem sido consistentemente identificada na literatura científica como altamente correlacionada com a magnitude e a exacerbação desse sintoma durante o trabalho15,16,33 .

Mesmo sem associação significativa na análise bivariada, o sexo feminino foi associado ao grau de incapacidade causado pela DL na análise de regressão múltipla. De acordo com publicações3,7,20,28,39 , a DL está fortemente associada ao sexo feminino, principalmente devido à dupla jornada de trabalho e às variações anatômicas40 . No entanto, alguns estudos não mostraram associação com o sexo4,15,16,18,29 , enquanto outros indicaram resultados piores para o sexo masculino32 . É interessante notar que as amostras avaliadas tinham um número maior de mulheres trabalhando em odontologia, e que elas têm maior probabilidade de discutir seus sintomas e procurar serviços de saúde com mais frequência.

O presente estudo teve várias limitações que devem ser reconhecidas. A coleta de dados por meio de um questionário on-line autoadministrado introduz possíveis vieses de memória e erros de medição. A amostragem por conveniência limita as generalizações deste estudo. O efeito do trabalhador saudável também pode desempenhar um papel importante, pois os dentistas com um grau mais alto de incapacidade devido à DL podem se ausentar do trabalho. Além disso, este estudo se concentrou em dentistas que trabalham na atenção primária em uma região específica, e é necessário ter cautela ao extrapolar esses resultados para outras regiões do corpo, pois os processos e fatores de trabalho, como horas de trabalho semanais, especialização em clínicas particulares, satisfação no trabalho e adoção de estratégias preventivas ergonômicas podem variar.

Apesar dessas limitações, é fundamental destacar a importância dos resultados deste estudo, que identificou uma amostra que apresenta um problema de saúde que afeta a QV dos participantes e que está diretamente ligado ao trabalho. Assim, fica evidente a necessidade de intervenção e de mais estudos nessa população para melhorar a sua QV. É fundamental identificar fatores locais de trabalho que possam contribuir para a perpetuação da DL e intensificar o grau de incapacidade, bem como práticas trabalhistas inadequadas para preveni-los.

CONCLUSÃO

Uma alta prevalência de DL autorrelatada foi identificada entre dentistas que trabalham na atenção primária à saúde na macrorregião norte de Minas Gerais. A incapacidade relacionada à DL teve uma prevalência geral de 12,8% e foi associada ao sexo feminino, dentistas com IMC acima do peso, DL autorreferida, dor relacionada ao trabalho e licença médica devido à DL. Esses achados são significativos, pois destacam não apenas a alta prevalência, mas também o fato de que a maioria dos dentistas na atenção primária apresenta DL com algum grau de incapacidade.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Também agradecemos a Dênio Castro Gomes e Mauro Costa Barbosa por suas contribuições para o desenvolvimento desta pesquisa.

  • Fontes de fomento:
    não há.

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Editado por

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Mar 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2024
  • Aceito
    19 Dez 2024
Creative Common - by 4.0
Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.
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