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Conhecimento da equipe de enfermagem de unidade de terapia intensiva neonatal sobre a dor do recém-nascido

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS:

A ausência ou falhas na identificação e manejo correto da dor prejudica a recuperação do recém-nascido internado na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), com consequências a longo prazo. O objetivo foi descrever o conhecimento da equipe de enfermagem sobre avaliação e manejo da dor do recém-nascido termo e pré-termo em unidade de UTIN, assim como os desafios cotidianos.

MÉTODOS:

Estudo descritivo, transversal, quantitativo, desenvolvido em um hospital geral público de São Paulo.

RESULTADOS:

Foram incluídos 44 profissionais. As alterações mais apontadas frente à dor foram melodia do choro (100%), frequência cardíaca (99%) e tremores nas mãos e pés (90%). As consequências de longo prazo mais relatadas foram: déficit de atenção na fase escolar (95%), menor tolerância a dor na vida adulta (77%), propensão a desenvolver depressão e ansiedade na vida adulta (73%). Sucção não nutritiva (92%), aleitamento materno (88%) e método canguru (79%) foram os métodos não farmacológicos mais utilizados. Os desafios mais prevalentes foram ausência de conduta médica (23%) e dificuldade na avaliação de sinais específicos de dor (16%), soma-se uma ausência de notificação da dor de 22%.

CONCLUSÃO:

A equipe de enfermagem acerca da dor em pacientes em UTIN demonstrou clareza das modificações hemodinâmicas, consequências da exposição da dor a longo prazo e domínio de estratégias não farmacológicas. Evidenciou-se subnotificação da presença de dor e os desafios mais relatados foram a ausência de conduta médica pós comunicação da dor e avaliação de sinais específicos, direcionando ações para melhoria da assistência como a realização de treinamentos.

Descritores:
Enfermagem neonatal; Manejo da dor; Medição da dor; Recém-nascido; Unidades de terapia intensiva neonatal.

ABSTRACT

BACKGROUND AND OBJECTIVES:

The absence or failure to identify and correctly manage pain impairs the recovery of the newborn admitted to the Neonatal Intensive Care Unit (NICU), with long-term consequences. The objective was to describe the knowledge of the nursing team on pain evaluation and management of term and preterm newborns in the NICU, as well as the daily challenges.

METHODS:

Descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach, developed in a public general hospital in São Paulo.

RESULTS:

44 professionals participated; the melody of crying (100%), heart rate (99%) and trembling of hands and feet (90%) were the most pointed changes in the face of pain. Attention deficit in school (95%), less tolerance to pain in adulthood (77%), propensity to develop depression and anxiety in adulthood (73%) were the most reported long-term consequences. Non-nutritive sucking (92%), breastfeeding (88%) and the kangaroo method (79%) were the most widely used non-pharmacological methods. The most prevalent challenges were the absence of medical conduct (23%) and difficulty in assessing specific signs of pain (16%), in addition to an absence of pain notification of 22%.

CONCLUSION:

The knowledge of the nursing team about pain in patients in the NICU demonstrated clarity of hemodynamic changes, consequences of long-term pain exposure and mastery of non-pharmacological strategies. There is underreporting of the presence of pain and the most reported challenges were the absence of medical conduct after communicating the pain and evaluation of specific signs, directing actions to improve care such as training.

Keywords:
Infant; Neonatal intensive care unit; Neonatal nursing; Newborn; Pain management; Pain measurement.

INTRODUÇÃO

A ausência da identificação e tratamento correto da dor prejudica a recuperação do recém-nascido (RN) internado na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN)11 Sposito NPB, Rossato LM, Bueno M, Kimura AF, Costa T, Guedes DMB. Assessment and management of pain in newborns hospitalized in a Neonatal Intensive Care Unit: a cross-sectional study. Rev Lat Am Enfermagem. 2017;25:e2931.. Durante sua internação na UTIN, o RN é submetido a um ambiente plenamente diferente do útero materno, com presença de ruídos elevados, iluminação intensa e contínua, manipulações imprevisíveis, além de muitas vezes o cuidado ser inadequado por parte dos profissionais de saúde para diminuição dos estressores e da dor22 Marcondes C, Costa A, Chagas E, Coelho J. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre a dor no recém-nascido prematuro. Rev Enferm UFPE. 2017;11(9):3354-9.,33 Costa T, Rossato LM, Bueno M, Secco IL, Sposiro NP, Harrison D, et al. Nurses' knowledge and practices regarding pain management in newborns. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03210..

São competências dos profissionais da saúde que cuidam dos RN a ética, a promoção da segurança e garantir o tratamento efetivo para controle da dor como previsto pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), Resolução 41, de 13 de outubro de 1995, que elenca dentro dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados no item 7 o "Direito a não sentir dor, quando exista meios para vita-la"44 ChristoffelI MM, Castral TC, Daré MF, Montanholi LL, Scochi CG. Conhecimento dos profissionais de saúde na avaliação e tratamento da dor neonatal. Rev Bras Enferm. 2016;69(3):552-8.

5 Rodrigues JB, Souza DSB, Werneck AL. Identificação e avaliação da percepção dos profissionais de enfermagem em relação a dor/desconforto do recém-nascido. Arq Ciênc Saúde. 2016;23(1):7-31.
-66 Brasil. Resolução 41, De 13 De Outubro De 1995: Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados - CONANDA [internet]. Brasilia; 1995 [Citado em abr. 2020]. Disponível em: http://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/unidades/promotorias/pdij/Legislacao%20e%20Jurisprudencia/Res_41_95_Conanda.pdf.
http://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/unidad...
, porém, em estudos recentes nota-se que ainda há dificuldades de analisar e compreender a dor do RN por parte desses profissionais44 ChristoffelI MM, Castral TC, Daré MF, Montanholi LL, Scochi CG. Conhecimento dos profissionais de saúde na avaliação e tratamento da dor neonatal. Rev Bras Enferm. 2016;69(3):552-8.,77 Falcão ACMP, Sousa ALS, Stival MM, Lima LR. Abordagem terapêutica da dor em neonatos sob cuidados intensivos: uma breve revisão. Rev Enferm Cent O Min. 2012;2(1):108-23.

8 Balda RCX, Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no período neonatal. Resid Pediatr. 2019;9(1):43-52.

9 Maciel HIA, Costa MF, Costa ACL, Marcatto JO, Manzo BF, Bueno M. Medidas farmacológicas e não farmacológicas do manejo e tratamento da dor em neonatos. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):21-6.
-1010 Lago PM, Piva JP, Garcia PC, Sfoggia A, Knight G, Ramelet AS, et al. Analgesia and sedation in emergency situations and in the pediatric intensive care unit. J Pediatr. 2003;79(Suppl2):S223-30..

No campo de atuação em questão, a equipe de enfermagem exerce fundamental papel no controle da dor e na redução do sofrimento do RN, em virtude de permanecer junto ao paciente durante sua internação, realizar a maior parte dos procedimentos invasivos e por ser de competência do enfermeiro a prescrição de métodos não farmacológicos para propiciar conforto e manejo da dor ao paciente22 Marcondes C, Costa A, Chagas E, Coelho J. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre a dor no recém-nascido prematuro. Rev Enferm UFPE. 2017;11(9):3354-9..

O nascimento de crianças prematuras é um fator diretamente proporcional à internação em UTIN, na qual os RN são submetidos à média diária de 12 procedimentos dolorosos, com finalidade diagnóstica ou de tratamento e 16 procedimentos considerados estressantes. Em torno de 80% dos RN pré-termos e termos expostos a estes procedimentos têm sua dor subtratada, seja por avaliações errôneas ou uso insuficiente de analgésicos33 Costa T, Rossato LM, Bueno M, Secco IL, Sposiro NP, Harrison D, et al. Nurses' knowledge and practices regarding pain management in newborns. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03210.. Em 2018 foram internados 450 RN na UTIN do Hospital Geral do Grajaú com média de 8 dias de permanência (HGG, 2019).

Em relação à dor do RN, por décadas foi tratada como um fator de prioridade mínima, devido à crença de que os RN não sentiam dor por imaturidade de seu sistema nervoso. Contudo, pesquisas recentes têm mostrado para a comunidade científica que o RN possui todos os componentes anátomo-funcionais e neuroquímicos necessários para a recepção e transmissão do estímulo doloroso22 Marcondes C, Costa A, Chagas E, Coelho J. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre a dor no recém-nascido prematuro. Rev Enferm UFPE. 2017;11(9):3354-9.,99 Maciel HIA, Costa MF, Costa ACL, Marcatto JO, Manzo BF, Bueno M. Medidas farmacológicas e não farmacológicas do manejo e tratamento da dor em neonatos. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):21-6.

10 Lago PM, Piva JP, Garcia PC, Sfoggia A, Knight G, Ramelet AS, et al. Analgesia and sedation in emergency situations and in the pediatric intensive care unit. J Pediatr. 2003;79(Suppl2):S223-30.

11 Motta GCP. Cunha MLC. Prevenção e manejo não farmacológicos da dor no recém-nascido. Rev Bras Enferm. 2015;68(1):123-7.
-1212 Fundação Oswaldo Cruz, FIOCRUZ. Taxa de bebês prematuros no país é quase o dobro do que em países da Europa [internet]. Brasil; 2016 [Citado em abr. 2020]. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/taxa-de-bebes-prematuros-no-pais-e-quase-o-dobro-do-que-em-paises-da-europa
https://portal.fiocruz.br/noticia/taxa-d...
, uma vez que os neurônios estão desenvolvidos na 7ª semana da gestação e seus receptores da pele por volta da 20ª semana. Apesar disso, seus mecanismos de modulação e inibição da dor não amadurecem ao mesmo tempo que os transmissores de dor, sendo assim, ocorrem os estímulos dolorosos, mas não há resposta endógena imediata de inibição, tornando essa sensação mais intensa1313 Elias LSD, Cajigas C, Thimóteo BS, Barbisan GG, Gavalet JB, Alves TM. Avaliação da dor na unidade neonatal sob a perspectiva da equipe de enfermagem em um hospital no noroeste paulista. CuidArt Enferm. 2016;10(2):156-61..

As complicações causadas pelo estímulo doloroso prolongado afetam os diversos sistemas orgânicos, com alterações comportamentais e fisiológicas como: diminuição e alteração no padrão de sono, irritabilidade e queda de padrão alimentar, com alterações emocionais e cognitivas99 Maciel HIA, Costa MF, Costa ACL, Marcatto JO, Manzo BF, Bueno M. Medidas farmacológicas e não farmacológicas do manejo e tratamento da dor em neonatos. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):21-6.,1111 Motta GCP. Cunha MLC. Prevenção e manejo não farmacológicos da dor no recém-nascido. Rev Bras Enferm. 2015;68(1):123-7.,1414 Brasil. Sociedade Brasileira para Estudo da Dor. O que é dor? Capítulo Brasileiro da International Association for the Study of Pain - IASP [internet]. Brasil; 2017 [Citado em abr. 2020]. Disponível em: http://www.sbed.org.br/materias.php?cd_secao=76
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.

Para os RN prematuros a exposição a múltiplos procedimentos dolorosos e invasivos causa estimulação excessiva nas vias nociceptivas em decorrência das vias ainda imaturas promoverem um estado crônico de estimulação nociceptiva e de estresse psicológico, expondo-os aos efeitos clínicos deletérios da dor1414 Brasil. Sociedade Brasileira para Estudo da Dor. O que é dor? Capítulo Brasileiro da International Association for the Study of Pain - IASP [internet]. Brasil; 2017 [Citado em abr. 2020]. Disponível em: http://www.sbed.org.br/materias.php?cd_secao=76
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,1515 Medeiros MD. Madeira LM. Prevenção e tratamento da dor do recém-nascido em terapia intensiva neonatal. Rev Min Enferm. 2006;10(2):118-24.. O efeito prolongado dessas agressões fisiológicas contribuem para a aparição de problemas de cognição e déficit de atenção durante a vida escolar, deixando também o RN prematuro vulnerável a lesões neurológicas1111 Motta GCP. Cunha MLC. Prevenção e manejo não farmacológicos da dor no recém-nascido. Rev Bras Enferm. 2015;68(1):123-7.,1414 Brasil. Sociedade Brasileira para Estudo da Dor. O que é dor? Capítulo Brasileiro da International Association for the Study of Pain - IASP [internet]. Brasil; 2017 [Citado em abr. 2020]. Disponível em: http://www.sbed.org.br/materias.php?cd_secao=76
http://www.sbed.org.br/materias.php?cd_s...
,1515 Medeiros MD. Madeira LM. Prevenção e tratamento da dor do recém-nascido em terapia intensiva neonatal. Rev Min Enferm. 2006;10(2):118-24..

O RN submetido a procedimentos dolorosos sem a analgesia ou sedação adequadas apresenta uma resposta generalizada ao estresse levando a importante liberação de hormônios, mobilizando os substratos e o catabolismo. Esses RN após a exposição à dor apresentam níveis elevados de adrenalina, corticoides, aldosterona, glucagon, além de interrupção de insulina e alterações metabólicas com mobilização e consumo de fontes proteicas e energéticas, propiciando um estado de hipermetabolismo com hiperglicemia e acidose láctica77 Falcão ACMP, Sousa ALS, Stival MM, Lima LR. Abordagem terapêutica da dor em neonatos sob cuidados intensivos: uma breve revisão. Rev Enferm Cent O Min. 2012;2(1):108-23.,1313 Elias LSD, Cajigas C, Thimóteo BS, Barbisan GG, Gavalet JB, Alves TM. Avaliação da dor na unidade neonatal sob a perspectiva da equipe de enfermagem em um hospital no noroeste paulista. CuidArt Enferm. 2016;10(2):156-61.,1616 Alves FB, Fialho FA, Dias IMAV, Amorim TTM, Salvador M. Dor neonatal: a percepção da equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Cuid. 2010;4(1):510-5..

No sistema cardiovascular frequentemente ocorrem arritmias cardíacas, hipertensão arterial e taquicardia, alterando o consumo energético, impactando no equilíbrio do peso, contribuindo para aumentar o tempo de hospitalização do RN77 Falcão ACMP, Sousa ALS, Stival MM, Lima LR. Abordagem terapêutica da dor em neonatos sob cuidados intensivos: uma breve revisão. Rev Enferm Cent O Min. 2012;2(1):108-23.,1717 Allegaert K. van den Anker JN. Neonatal pain management: still in search for the Holy Grail. Int J Clin Pharmacol Ther. 2016;54(7):514-23., acrescido do aumento da frequência respiratória, redução da saturação de oxigênio, cianose, sudorese, dilatação das pupilas e apneia, vasoconstrição periférica e alterações na coagulação sanguínea1717 Allegaert K. van den Anker JN. Neonatal pain management: still in search for the Holy Grail. Int J Clin Pharmacol Ther. 2016;54(7):514-23.,1818 Nicolau CM, Modesto K, Nunes P, Araújo K, Amaral H, Falcão MC. Avaliação da dor no recém-nascido prematuro: parâmetros fisiológicos versus comportamentais. Arq Bras Ciênc Saúde. 2008;33(3):146-50.. As lesões causadas ao desenvolvimento cerebral pela exposição prolongada à dor geram modificações permanentes na organização do sistema nociceptivo88 Balda RCX, Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no período neonatal. Resid Pediatr. 2019;9(1):43-52.,99 Maciel HIA, Costa MF, Costa ACL, Marcatto JO, Manzo BF, Bueno M. Medidas farmacológicas e não farmacológicas do manejo e tratamento da dor em neonatos. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):21-6..

Independentemente da faixa de prematuridade ou não do RN, o alívio e manejo da dor deve ser priorizado, com uso de escalas destinadas à avaliação da dor, a fim de melhor compreender os níveis álgicos do RN, possibilitando executar uma intervenção e desta forma promover a estabilidade do paciente para que a internação não se constitua em experiência traumática passível de causar lesões futuras1313 Elias LSD, Cajigas C, Thimóteo BS, Barbisan GG, Gavalet JB, Alves TM. Avaliação da dor na unidade neonatal sob a perspectiva da equipe de enfermagem em um hospital no noroeste paulista. CuidArt Enferm. 2016;10(2):156-61.,1717 Allegaert K. van den Anker JN. Neonatal pain management: still in search for the Holy Grail. Int J Clin Pharmacol Ther. 2016;54(7):514-23.,1818 Nicolau CM, Modesto K, Nunes P, Araújo K, Amaral H, Falcão MC. Avaliação da dor no recém-nascido prematuro: parâmetros fisiológicos versus comportamentais. Arq Bras Ciênc Saúde. 2008;33(3):146-50.. Exemplo de escala destinada a estes pacientes e validadas no Brasil é a Neonatal Infant Pain Scale (NIPS), que avalia seis parâmetros, sendo cinco comportamentais (expressão facial, choro, braços, pernas, estado de alerta) e um fisiológico (padrão respiratório)11 Sposito NPB, Rossato LM, Bueno M, Kimura AF, Costa T, Guedes DMB. Assessment and management of pain in newborns hospitalized in a Neonatal Intensive Care Unit: a cross-sectional study. Rev Lat Am Enfermagem. 2017;25:e2931.,77 Falcão ACMP, Sousa ALS, Stival MM, Lima LR. Abordagem terapêutica da dor em neonatos sob cuidados intensivos: uma breve revisão. Rev Enferm Cent O Min. 2012;2(1):108-23.. A avaliação álgica do RN pela NIPS revela necessidade de intervenção farmacológica à dor com escore ≥3 sendo a dor intensa a partir de 61919 Silva YP, Gomez RA, Máximo TA, Silva ACS. Pain evaluation in neonatology. Rev Bras Anestesiol. 2007;57(5):565-74.,2020 Carvalho CG, Carvalho VL. Manejo clínico da enfermagem no alívio da dor em neonatos. e-Scientia. 2012;5(1):23-30..

Assim, reconhecendo a necessidade da abordagem da dor no RN a termo e pré-termo com base na sua singularidade, nas repercussões no seu desenvolvimento causadas a curto e longo prazo pela dor, no papel da equipe de enfermagem na assistência neonatal e nos desafios sobre a temática da dor nas UTIN, esta pesquisa objetivou identificar o nível de conhecimentos da equipe de enfermagem e os desafios da avaliação e manejo da dor do RN em UTIN.

MÉTODOS

Estudo descritivo, transversal, desenvolvido em UTIN de um hospital geral público de São Paulo. Os critérios de inclusão foram profissionais de enfermagem que estivessem ligados à assistência direta ao paciente. Foram excluídos os participantes em férias, com atestado médico ou licença maternidade. A coleta ocorreu no mês de junho de 2020.

Foram convidados a participar 47 profissionais atuantes na UTIN durante o período da pesquisa, considerando plantões diurnos e noturnos. A equipe era composta por oito enfermeiros, 16 técnicos de enfermagem e 23 auxiliares de enfermagem.

Houve apresentação dos objetivos às equipes, supervisão de enfermagem e educação continuada. Após aceite e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foi agendada a aplicação dos questionários.

Dois questionários foram aplicados, sendo um para caracterização sociodemográfica e outro com questões de múltipla escolha sobre questões institucionais referentes à avaliação e manejo da dor e suas consequências a curto e longo prazos e duas questões abertas sobre dificuldades cotidianas de avaliação. As questões abertas foram: (1) Você acha importante avaliar a dor do RN? Por quê? (2) Quais as principais dificuldades que você encontra na rotina de trabalho para realizar a avaliação e alívio da dor do RN?

O desenvolvimento do estudo atendeu às normas nacionais e internacionais de ética em pesquisas envolvendo seres humanos, atendendo à resolução MS/CNS 466/2012, mediante a assinatura do (TCLE), em duas vias, após a aprovação pelo comitê de ética em pesquisa da UNISA de acordo com CAAE: 30074720.0.0000.0081 e o parecer nº 3.931.829, assim como pela instituição coparticipante pelo CAAE: 30074720.0.3001.5447 e o parecer nº 3.939.368.

Os dados foram organizados em planilhas do software Microsoft Excel® 2016 e foi realizada análise descritiva com descrição das frequências para as questões fechadas (múltipla escolha) e, para as questões abertas, foi realizada categorização das falas.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 44 profissionais (93,6% da população) sendo 8 enfermeiros, 14 técnicos de enfermagem e 22 auxiliares de enfermagem, todos do sexo feminino, com tempo médio de atuação profissional 8,2 anos, sendo a profissional mais experiente com 26 anos de atuação e a menos experiente com um ano de atuação na UTIN, 50% do período diurno e 50% do noturno. Dentre as enfermeiras, 6 (75%) possuíam pós-graduação em neonatologia e 2 (25%) em neonatologia e pediatria.

A maioria (81,8%) referiu que há protocolos/recomendações sobre a avaliação da dor do RN. A presença de escala de dor direcionada a este tipo de paciente é conhecida por 100% das enfermeiras, 85,7% das técnicas e 72,7% das auxiliares enfermagem. A maior parte (52,3%) informou que não há treinamentos sobre o tema da dor no RN nessa instituição. A documentação do escore da dor e sua avaliação ocorre na anotação de enfermagem (56,8%), entretanto existe um campo próprio para sua documentação no sistema de prontuário eletrônico e 100% da amostra afirma que avaliação da dor do RN deve fazer parte da prescrição de enfermagem. A rotina de avaliação da dor é feita com os sinais vitais majoritariamente (61,4%) pelo auxiliar e técnica de enfermagem.

Na questão referente a quais profissionais poderiam realizar a identificação da dor neonatal, os participantes do estudo poderiam assinalar mais de uma alternativa, sendo assim, 63,6% da equipe direcionou o enfermeiro, em alternativa 40,9% informaram que todos os profissionais da equipe multiprofissional estariam aptos a realizarem essa avaliação.

A tabela 1 apresenta a frequência de resposta, por categoria profissional da enfermagem, de questões de múltipla escolha relacionadas à avaliação da dor neonatal. As participantes poderiam escolher mais de uma alternativa.

Tabela 1
Avaliação e consequências da dor em paciente neonatal

A tabela 2 apresenta as condutas realizadas pela equipe de enfermagem quando ocorre a identificação da dor, com possibilidade de escolher mais de uma opção.

Tabela 2
Condutas frente à dor em paciente neonatal

A tabela 3 aponta quais são as estratégias não farmacológicas mais utilizadas pela equipe de enfermagem da instituição para o manejo da dor, com possibilidade de escolher mais de uma opção.

Tabela 3
Medidas não farmacológicas para controle da dor

A equipe de enfermagem tem um rol de intervenções não farmacológicas para alívio da dor, no entanto, o registro está prejudicado.

Nas questões abertas houve categorização das respostas. Referente à questão sobre a importância da avaliação da dor do RN, 88,63% dos colaboradores responderam ser importante, sendo que 11,36% não responderam à pergunta. 34,09% elencaram como fator de maior importância para essa avaliação evitar consequências a longo prazo, seguido por proporcionar cuidado humanizado proporcionando conforto; entretanto, apenas 13,63% dos participantes atribuíram a avaliação da dor neonatal como fator importante para tomada de conduta adequada.

A questão relacionada aos desafios na avaliação e alívio da dor não foi respondida por 25% dos enfermeiros, 43% dos técnicos e 27% dos auxiliares. Entretanto, 12,5% dos enfermeiros, 21,4% dos técnicos e 18% dos auxiliares afirmaram não ter dificuldade nesta questão. As demais dificuldades estão apresentadas na tabela 4.

Tabela 4
Desafios na rotina de trabalho para realizar a avaliação e alívio da dor do recém-nascido

DISCUSSÃO

Todas as profissionais participantes da pesquisa consideram que o RN prematuro e termo sentem dor e reconhecem a importância de sua avaliação. Resultados similares foram apresentados em outras pesquisas sobre percepção e conhecimento da equipe de enfermagem frente à dor no paciente neonatal33 Costa T, Rossato LM, Bueno M, Secco IL, Sposiro NP, Harrison D, et al. Nurses' knowledge and practices regarding pain management in newborns. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03210.,2121 Capellini VK, Daré MF, Castral TC, Christoffel MM, Leite AM, Scochi CGS. Conhecimento e atitudes de profissionais de saúde sobre avaliação e manejo da dor neonatal. Rev Eletr Enf. 2014;16(2):361-9., entretanto, um estudo evidenciou que em tempos atuais foi possível encontrar profissionais que desacreditam da capacidade dos RN em sentir dor, tal fato pode ser atribuído à ausência de conteúdo específico nos cursos técnicos e graduações sobre o tema e também à assistência prestada, permitindo desta forma que esse pensamento se perpetue e o sofrimento álgico permaneça subtratado55 Rodrigues JB, Souza DSB, Werneck AL. Identificação e avaliação da percepção dos profissionais de enfermagem em relação a dor/desconforto do recém-nascido. Arq Ciênc Saúde. 2016;23(1):7-31..

Verificou-se que grande parte dos profissionais se sentiam aptos a relatar verbalmente suas dificuldades sobre a avaliação e tratamento da dor neonatal, assim como sobre a importância de valia-la nesses pacientes, porém, mesmo com a apresentação do TCLE e explicação do termo de confidencialidade, 31,8% dos profissionais não se sentiram à vontade para responder às questões por escrito.

A equipe apresentou conhecimento condizente com a literatura sobre as alterações fisiológicas apresentadas pelo RN quando exposto à dor, entretanto, ao responderem sobre os efeitos deletérios da dor a longo prazo, alguns profissionais assinalaram que a dor poderia favorecer o ganho de peso e aumento das horas de sono, todavia, a literatura aponta que a exposição prolongada à dor ocasiona resposta generalizada ao estresse. Esse cenário induz à liberação de hormônios, nocivos quando liberados em grande quantidade, a mobilização de substratos e catabolismo favorecendo perda ponderal de peso, além de alterações de sinais vitais, arritmias cardíacas e danos ao desenvolvimento cerebral como, modificações permanentes na organização do sistema nociceptivo88 Balda RCX, Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no período neonatal. Resid Pediatr. 2019;9(1):43-52.,99 Maciel HIA, Costa MF, Costa ACL, Marcatto JO, Manzo BF, Bueno M. Medidas farmacológicas e não farmacológicas do manejo e tratamento da dor em neonatos. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):21-6.,2222 Duarte AB, Reis IEM, Santos VO. Importância das anotações dos cuidados de enfermagem. Rev Bras Enferm. 1976;29(3):83-91..

Os instrumentos para avaliação da dor no período neonatal são facilitadores baseando-se em modificações de parâmetros fisiológicos e comportamentais, podendo serem observados antes ou depois da aplicação de um estímulo doloroso, desta forma, o comportamento é a principal origem de informações que os profissionais devidamente capacitados22 Marcondes C, Costa A, Chagas E, Coelho J. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre a dor no recém-nascido prematuro. Rev Enferm UFPE. 2017;11(9):3354-9. possuem sobre os RN e sua avaliação deve ser feita de forma precisa11 Sposito NPB, Rossato LM, Bueno M, Kimura AF, Costa T, Guedes DMB. Assessment and management of pain in newborns hospitalized in a Neonatal Intensive Care Unit: a cross-sectional study. Rev Lat Am Enfermagem. 2017;25:e2931.,2424 Brasil, COREN São Paulo. Parecer COREN-SP 007/2018. [internet] 2018. [citado em 21 jul. 2020]. Disponível em: https://www.google.com/search?rlz=1C1CHZN_pt-BRBR940BR940&sxsrf=ALeKk01T6IFuG1bJ2oOldPqaHtD_602hXQ:1613256346206&q=escala+de+nips+multidimensional+privativo+do+enfermeiro&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwjxwsmb-OfuAhU0C9QKHekDCS8QBSgAegQIBRA1&biw=1280&bih=578#
https://www.google.com/search?rlz=1C1CHZ...
. Todos os enfermeiros conhecem esta escala de avaliação e seu uso é recomendado para eles, no entanto, os profissionais que mais avaliam a dor são os técnicos e auxiliares de enfermagem no momento da realização dos sinais vitais, somado ao fato de que em média 52,3% mencionaram nunca ter participado de capacitações relacionadas ao tema.

O registro da dor também possui grande importância e faz parte das atribuições da equipe, uma vez que o prontuário é um documento legal. Porém, o registro das atividades realizadas ainda é insuficiente e inadequado tanto por questões relacionadas a hábitos quanto ao dimensionamento de pessoal2222 Duarte AB, Reis IEM, Santos VO. Importância das anotações dos cuidados de enfermagem. Rev Bras Enferm. 1976;29(3):83-91.,2323 Christoffel MM, Querido DL, Silveira AL, Magesti BN, Gomes AL, Silva AC. Health professionals' barriers in the management, evaluation, and treatment of neonatal pain. BrJP. 2019;2(1):23-8.. Nesta questão, em média 20,5% dos participantes afirmaram que o registro era realizado junto ao campo de sinais vitais, apontando inconsistência, pois este campo é formatado para avaliação numérica do escore de dor em pacientes capazes de comunicar-se verbalmente e 2,3% dos participantes relataram não registrar a avaliação da dor do RN em nenhum local, negligenciando-a. Esta falta de adesão à avaliação álgica reforça a subnotificação já apontada pelas pesquisas1313 Elias LSD, Cajigas C, Thimóteo BS, Barbisan GG, Gavalet JB, Alves TM. Avaliação da dor na unidade neonatal sob a perspectiva da equipe de enfermagem em um hospital no noroeste paulista. CuidArt Enferm. 2016;10(2):156-61.,2525 Querido DL, Christoffel MM, Machado MED, Almeida VS, Esteves APVS, Matos PBC. Percepções dos profissionais sobre a dor neonatal: estudo descritivo. Braz J Nurse. 2017;16(4):420-30..

Quando analisadas as questões referentes às dificuldades encontradas para avaliação e manejo da dor neonatal, houve destaque para a ausência de condutas médicas após a avaliação, direcionando a importância de métodos farmacológicos neste contexto de UTIN, somadas à fragilidade no trabalho interprofissional, proporcionando um período de exposição maior à dor e seus efeitos deletérios de forma desnecessária. Pesquisas apontam que essa fragilidade gera uma desestabilização na equipe, sentindo-se desvalorizada e não acolhida2222 Duarte AB, Reis IEM, Santos VO. Importância das anotações dos cuidados de enfermagem. Rev Bras Enferm. 1976;29(3):83-91.,2525 Querido DL, Christoffel MM, Machado MED, Almeida VS, Esteves APVS, Matos PBC. Percepções dos profissionais sobre a dor neonatal: estudo descritivo. Braz J Nurse. 2017;16(4):420-30..

Ainda no campo das dificuldades vivenciadas pela equipe, outro ponto de destaque foi a falta de treinamentos dos protocolos institucionais direcionados à temática, corroborando os resultados apontados na literatura, em que são enfatizadas as lacunas existentes entre o conhecimento da equipe relativo à avaliação e gestão da dor neonatal e ausência de treinamentos e de protocolos que são ações fundamentais2222 Duarte AB, Reis IEM, Santos VO. Importância das anotações dos cuidados de enfermagem. Rev Bras Enferm. 1976;29(3):83-91.,2424 Brasil, COREN São Paulo. Parecer COREN-SP 007/2018. [internet] 2018. [citado em 21 jul. 2020]. Disponível em: https://www.google.com/search?rlz=1C1CHZN_pt-BRBR940BR940&sxsrf=ALeKk01T6IFuG1bJ2oOldPqaHtD_602hXQ:1613256346206&q=escala+de+nips+multidimensional+privativo+do+enfermeiro&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwjxwsmb-OfuAhU0C9QKHekDCS8QBSgAegQIBRA1&biw=1280&bih=578#
https://www.google.com/search?rlz=1C1CHZ...
,2525 Querido DL, Christoffel MM, Machado MED, Almeida VS, Esteves APVS, Matos PBC. Percepções dos profissionais sobre a dor neonatal: estudo descritivo. Braz J Nurse. 2017;16(4):420-30., constituindo uma grande problemática institucional.

O processo de manejo farmacológico ocorre de forma interprofissional com a escolha do fármaco pelo profissional médico com suporte da equipe de farmácia clínica, devido à metabolização, vias de excreção e até mesmo efeitos desconhecidos2626 Silva YP, Gomez RS, Máximo TA, Silva ACS. Sedação e analgesia em neonatologia. Rev Bras Anestesiol. 2007;47(5):575-87. e completado pela equipe de enfermagem mediante sua administração. Dentre os principais fármacos apontados na pesquisa, ressalta-se reservas de diversos estudos quanto à utilização da dipirona no período neonatal por falta de estudos farmacológicos e clínicos que excluam riscos88 Balda RCX, Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no período neonatal. Resid Pediatr. 2019;9(1):43-52.,2626 Silva YP, Gomez RS, Máximo TA, Silva ACS. Sedação e analgesia em neonatologia. Rev Bras Anestesiol. 2007;47(5):575-87. à saúde do RN, desta forma, o analgésico não opioide de melhor escolha foi o paracetamol, por sua eficácia e segurança comprovadas. O fentanil vem sendo amplamente difundido por seu baixo índice de efeitos adversos, tornando-se um dos principais fármacos de escolha, o midazolam é igualmente difundido para utilização em pequenas doses durante procedimentos de curta duração e estudos recentes têm relacionado sua escolha como sedativo, porém alertam para o aumento de eventos neurológicos adversos aos 28 dias de vida88 Balda RCX, Guinsburg R. Avaliação e tratamento da dor no período neonatal. Resid Pediatr. 2019;9(1):43-52..

Na atualidade as medidas não farmacológicas constituem um importante pilar na condução e tratamento da dor de leve intensidade, além de não elevar os custos institucionais, sendo um aliado para a equipe de enfermagem que atua nas UTIN1616 Alves FB, Fialho FA, Dias IMAV, Amorim TTM, Salvador M. Dor neonatal: a percepção da equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Cuid. 2010;4(1):510-5.,2121 Capellini VK, Daré MF, Castral TC, Christoffel MM, Leite AM, Scochi CGS. Conhecimento e atitudes de profissionais de saúde sobre avaliação e manejo da dor neonatal. Rev Eletr Enf. 2014;16(2):361-9.. Os métodos mais utilizados nesta pesquisa, como a sucção não nutritiva, aleitamento materno e método canguru corroboram com os métodos amplamente recomendados pela literatura, seja por competirem de forma positiva com o estímulo doloroso ou por facilitarem o processo de reorganização do RN. Todavia, métodos menos mencionados, como a diminuição de estímulos sonoros e visuais, também são efetivos na reorganização do RN, além de realizarem proteção neurológica, principalmente nos prematuros99 Maciel HIA, Costa MF, Costa ACL, Marcatto JO, Manzo BF, Bueno M. Medidas farmacológicas e não farmacológicas do manejo e tratamento da dor em neonatos. Rev Bras Ter Intensiva. 2019;31(1):21-6.,1111 Motta GCP. Cunha MLC. Prevenção e manejo não farmacológicos da dor no recém-nascido. Rev Bras Enferm. 2015;68(1):123-7..

Apesar de existir conhecimento técnico por parte das equipes de enfermagem sobre o manejo da dor neonatal, a prática destes cuidados não é uma realidade amplamente implantada nos serviços de UTIN, impactando na qualidade da assistência prestada. Esta realidade aponta para a necessidade de investimento em estratégias educativas33 Costa T, Rossato LM, Bueno M, Secco IL, Sposiro NP, Harrison D, et al. Nurses' knowledge and practices regarding pain management in newborns. Rev Esc Enferm USP. 2017;51:e03210.,2525 Querido DL, Christoffel MM, Machado MED, Almeida VS, Esteves APVS, Matos PBC. Percepções dos profissionais sobre a dor neonatal: estudo descritivo. Braz J Nurse. 2017;16(4):420-30.,2727 Leandro AIP, Branco ES. Importância do treinamento e desenvolvimento nos serviços de saúde. Rev Adm Hosp Inov Saúde. 2011;6.64-9.. Uma educação continuada e permanente pautada em evidências científicas auxilia os profissionais a adotarem medidas de controle efetivas e seguras para prevenção e manejo da dor.

CONCLUSÃO

A equipe de enfermagem, acerca da dor em pacientes a termo e pré-termo em UTIN, demonstrou clareza das modificações hemodinâmicas, consequências da exposição da dor a longo prazo e domínio de estratégias não farmacológicas. Há subnotificação tanto da presença de dor quanto do manejo e os desafios relatados são relacionados à ausência de conduta médica após comunicação da dor, dificuldade na avaliação de sinais específicos de dor entre auxiliares e técnicos de enfermagem e falta de treinamentos específicos, alertando para ações efetivas seja para treinamentos institucionais com foco na parte prática, seja em ações que contribuam para uma assistência verdadeiramente interprofissional.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Out 2021
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2021

Histórico

  • Recebido
    17 Dez 2020
  • Aceito
    29 Mar 2021
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