RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) é um efeito adverso comum relatado por pacientes sob terapêutica antineoplásica e pode afetar o sucesso do tratamento, os resultados e a sua qualidade de vida. A NPIQ começa com alterações sensoriais progressivas simétricas das mãos e dos pés, em distribuição em meia e luva. Atualmente, não existe tratamento ou terapêutica preventiva para a NPIQ.
RELATO DOS CASOS: Este estudo representa a atividade da Unidade Multidisciplinar de Dor do Hospital Santa Maria em Lisboa entre 2018 e 2023, especificamente em pacientes oncológicos com NPIQ. No total, esta unidade observou 57 pacientes, 43,9% tinham câncer do cólon/reto, 28,1% hematológico, 21,1% de mama, 3,5% gástrico, 1,8% câncer do ovário e 1,8% pulmão. O fármaco quimioterápico mais utilizado foi a oxaliplatina (40,4%), seguida pela capecitabina (24,6%) e paclitaxel (22,8%). A combinação de fármacos quimioterápicos mais prescrita foi capecitabina com oxaliplatina (CAPOX) (22,8%). A unidade multidisciplinar, em conjunto com o departamento de oncologia, estabeleceu um novo procedimento, no qual os pacientes que recebem quimioterapia com um dos agentes conhecidos ligados à NIPQ usaram um par de luvas e meias geladas. 3 pacientes foram submetidos a este método de prevenção e nenhum dos pacientes referiu sintomas de NPIQ.
CONCLUSÃO: O presente estudo contribuiu para alertar para esta doença importante e limitante, e reunir evidências sobre medidas preventivas que reduzem a incidência de NPIQ.
Descritores:
Doenças do sistema nervoso periférico; Dor, Qualidade de vida; Quimioterapia
DESTAQUES
A neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ) é um efeito colateral da quimioterapia, mais frequentemente com oxaliplatina, capecitabina e paclitaxel.
O tratamento da NPIQ (ISRSs ou gabapentinóides) tem pouca validação científica e sua eficácia é limitada.
Luvas e meias congeladas podem evitar a NPIQ.