Open-access Características da dor e interferências em aspectos da vida em adultos com dor cervical crônica

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS  A dor cervical crônica (DCC) é uma condição incapacitante que ainda carece de esclarecimentos sobre suas características e interferências nos aspectos da vida. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar as características da dor e as interferências nos aspectos da vida em adultos com DCC.

MÉTODOS  Trata-se de um estudo transversal realizado em um serviço de saúde, de setembro a dezembro de 2022. Participaram 134 adultos (18 a 59 anos), independentemente do sexo, com queixa de dor cervical (>3 meses). Foi aplicado um questionário para coletar as variáveis sociodemográficas e o estilo de vida, e foi utilizado o Inventário Breve da Dor (IBD) para mensurar a intensidade e a interferência em aspectos da vida. Análises descritivas foram realizadas pelo SPSS Statistics versão 23.0.

RESULTADOS  A média de idade foi de 28 anos e maior proporção do sexo feminino (78,4%; n=105), classe social baixa (53,7%; n=72) e sem atividade remunerada (52,6%; n=70). Quanto ao estilo de vida, mais da metade consumia bebida alcoólica (56,7% n=76) e praticava atividade física (62,7%; n=84). Ademais, 50% (n=67) declaram não dormir bem, com média de 6 horas/noite. Quanto às características da dor e sua interferência, constatou-se uma média de 5,19 ± 2,17 para intensidade da dor, sendo humor (4,5 ± 3,7) e sono (4,4 ± 3,6) as atividades que mais sofreram interferência.

CONCLUSÃO  Os pacientes com DCC apresentaram intensidade de dor predominantemente moderada, com interferência também moderada em diversos aspectos de vida, principalmente no humor e no sono, o que pode acarretar prejuízos para a QV.

Descritores:
Adulto; Dor cervical; Dor crônica; Qualidade de vida

DESTAQUES

A maioria dos participantes foi composta por mulheres de classe social baixa e sem atividade remunerada. Essa predominância feminina e a vulnerabilidade socioeconômica destacaram a necessidade de intervenções direcionadas e políticas públicas voltadas para esse grupo demográfico, que pode estar mais suscetível a condições dolorosas devido a fatores sociais e econômicos

Mais da metade dos participantes relataram o consumo de bebidas alcoólicas e a prática de atividade física. Esses hábitos podem ter implicações significativas na percepção e manejo da dor

Uma proporção significativa dos participantes relatou problemas de sono, com média de apenas 6 horas de sono por noite. Esse dado é crucial, pois a qualidade do sono está intimamente ligada à percepção da dor

A intensidade da dor relatada pelos participantes foi moderada, a mesma percepção foi também encontrada nas interferências em aspectos da vida em relação ao sono e ao humor. Esses resultados ressaltaram a importância de abordagem de tratamento multidimensional para a melhora da QV

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