RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O objetivo deste estudo foi mapear as práticas de segurança do uso de morfina para o controle da dor em pacientes oncológicos paliativos.
CONTEÚDO: Trata-se de uma revisão de escopo que seguiu a metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI) para responder à pergunta: quais as evidências sobre as práticas de segurança do uso de morfina para o controle da dor em pacientes oncológicos paliativos? A busca foi realizada nas bases de dados Medline, LILACS, Scopus, Embase, Web of Science, Cochrane e CINAHL, bem como na literatura cinzenta. Os títulos e resumos foram avaliados por dois revisores independentes, e os trabalhos selecionados foram lidos na íntegra. Os dados extraídos estão apresentados em forma de tabelas acompanhadas de resumo narrativo. Dos 21 artigos selecionados, foram identificadas 14 práticas de gestão dos serviços no uso da morfina, 24 práticas de segurança relacionadas à prescrição de morfina, 15 práticas de segurança relacionadas ao preparo e administração de morfina, e caracterizados 16 riscos e 8 reações adversas.
CONCLUSÃO: Por meio das práticas identificadas, os profissionais podem planejar um cuidado seguro, gerenciando riscos, reações adversas e promovendo um melhor controle da dor oncológica.
Descritores:
Efeitos adversos; Manejo da dor; Morfina; Reações adversas relacionadas a fármacos; Segurança do paciente
DESTAQUES
Controle da dor
Melhores práticas no uso da morfina
Gestão de riscos e eventos adversos
ABSTRACT
BACKGROUND AND OBJECTIVES: The objective of this study was to map the safety practices of morphine use for pain control in palliative cancer patients.
CONTENTS: This is a scoping review that followed the methodology of the Joanna Briggs Institute (JBI) to answer the question: what is the evidence on safety practices for the use of morphine for pain control in palliative cancer patients? The search was carried out in the Medline, LILACS, Scopus, Embase, Web of Science, Cochrane and CINAHL databases, as well as in the gray literature. The titles and abstracts were evaluated by two independent reviewers, and the selected papers were read in full. The data extracted is presented in the form of tables accompanied by a narrative summary. The 21 articles selected identified 14 service management practices in the use of morphine, 24 safety practices related to the prescription of morphine, 15 safety practices related to the preparation and administration of morphine and characterized 16 risks and 8 adverse reactions.
CONCLUSION: Through the identified practices, professionals can plan safe care, managing risks, adverse reactions, and promoting better control of cancer pain.
Keywords:
Adverse effects; Drug-related adverse reactions; Morphine; Pain management; Patient safety
HIGHLIGHTS
Pain control
Best practices in morphine use
Risk and adverse event management
INTRODUÇÃO
O Institute of Healthcare Improvement, em 2019, publicou o guia Advancing the Safety of Acute Pain Management com recomendações para a segurança do paciente no manejo da dor, devido à elevada prevalência de dor em pacientes hospitalizados, o que os torna vulneráveis para a ocorrência de erros e eventos adversos em saúde1. Cuidados de saúde inseguros, que podem ser evitados, estão relacionados a aumento da morbidade, mortalidade evitável e gastos adicionais2.
A dor é um sintoma bastante temido pelo paciente oncológico, sendo associada a grande sofrimento, piora da qualidade de vida (QV) do paciente e sentimentos relacionados à morte. Na perspectiva da oncologia, a dor transcende o aspecto físico, pois as dimensões espirituais, culturais e sociais também estão envolvidas. O seu alívio, em todas as suas dimensões, é a base dos Cuidados Paliativos (CP), que permeia a atuação de todos os profissionais no cuidado interdisciplinar3.
A dor acomete 60% a 80% dos pacientes com câncer, sendo que 25% a 30% já referem dor na ocasião do diagnóstico, e 70% a 90% dos pacientes com doença avançada apresentam dor de intensidade moderada a intensa1. Existem evidências de que o controle dos sintomas relacionados ao câncer contribui para a melhora da sobrevida, destacando-se o controle da dor, com impacto direto na QV3,4. Embora o tratamento analgésico esteja disponível para 70% a 90% dos pacientes com câncer, em 40% a 50% dos casos ele é inadequado. O subtratamento da dor é uma realidade de vários países em desenvolvimento5. Destaca-se a Resolução n° 33, de 14 de janeiro de 2000, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que atualiza e regulamenta a lista de substâncias sujeitas a controle especial, incluindo a morfina e seus derivados (sais e isômeros), na lista de substâncias entorpecentes, sendo necessário sua prescrição em receituário de notificação de receita A (amarela), podendo sua comercialização ser feita somente sob prescrição médica com retenção de receita6, situação que pode dificultar o acesso do público-alvo que mais se beneficiaria com o fármaco.
Existem vários relatos na literatura sobre controle inadequado da dor em pacientes oncológicos e ocorrência de eventos adversos relacionados ao uso de morfina2,7. A morfina é um opioide forte, escolhido quando o uso de anti-inflamatórios não esteroides e opioides fracos já não surtem efeitos ao paciente. A morfina não apresenta dose-teto, sendo o limite de dose aquele que proporciona alívio da dor, limitado pelos efeitos adversos incontroláveis ou intoleráveis8. A dose é ajustada para alcançar a analgesia, sem sedação excessiva, e é reduzida quando a dor diminui9.
Os eventos adversos de fármacos são previsíveis em pacientes em uso contínuo de opioides10, tanto na dor crônica relacionada ao próprio câncer quanto relacionada aos tratamentos antitumorais, podendo ocorrer reações ao fármaco, como distúrbios cognitivos progressivos com alterações da memória, atenção e aprendizagem, impregnações que causam sonolência e rebaixamento do nível de consciência11, condições eméticas de difícil controle e constipação, além de erros que causam eventos adversos relacionados a prescrição, etapas de preparação e administração12,13. Práticas de segurança do paciente devem ser implementadas para evitar os eventos adversos, com monitoramento contínuo da resposta terapêutica do opioide pelo enfermeiro14,15.
Os pacientes em uso de fármacos de alta vigilância, como os analgésicos opioides, possuem risco aumentado para a ocorrência de eventos adversos, sejam eles relacionados a uma reação adversa do próprio fármaco, ou a um erro de sua administração10. Sabe-se que grande parte dos eventos adversos relacionados ocorrem por falhas sistemáticas. Sendo assim, conhecer os processos relacionados à sua administração poderá identificar causas de falhas e propor a implementação de barreiras de segurança para contribuir para a prevenção e a redução de lesões geradas nos pacientes16.
Os eventos adversos relacionados a fármacos devem ser notificados. Essa é uma estratégia de gestão participativa que contribui para quantificar os erros e falhas ocorridos nos processos do cuidado. Por meio dela são gerados os indicadores de segurança do paciente e planejadas ações que visam reduzir a incidência dos eventos17.
Apesar da relevância do tema, a discussão sobre segurança do paciente tomou maior notoriedade por meio do relatório do Instituto Americano de Medicina “To err is Human: Building a safer health care system “ que trouxe dados alarmantes sobre eventos adversos e óbitos relacionados. Os erros de fármacos tiveram destaque importante no relatório, uma vez que ocasionaram 7.391 mortes anuais de americanos nos hospitais e mais de 10.000 mortes em instituições ambulatoriais18.
Atualmente, décadas após a publicação do relatório “Errar é Humano”, são muitos os desafios da segurança do paciente. Houve desde então uma grande mobilização internacional com vasta publicação na Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Joint Commission e Agency for Healthcare Research & Quality (AHRQ)19. Além disso, a criação da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente e, posteriormente, as Seis Metas Internacionais de Segurança do Paciente, chamaram a atenção de gestores e profissionais de saúde para implantação de protocolos e práticas de segurança do paciente20.
Alguns estudos primários sobre práticas de segurança do paciente oncológico em uso de morfina foram publicados. Uma pesquisa preliminar nos bancos de dados PROSPERO, Medline, Cochrane Database of Systematic Reviews e JBI Evidence Synthesis foi conduzida e nenhuma revisão de escopo ou sistemática sobre o tópico, atual ou em andamento, foi identificada.
Tendo em vista a relevância do tema, esta revisão de escopo sobre práticas de segurança no paciente oncológico em uso de morfina poderá ser utilizada para subsidiar ações na prevenção da ocorrência de eventos adversos relacionados a esse fármaco, bem como na pesquisa, a fim de identificar lacunas sobre a temática. Assim, o objetivo desta revisão foi mapear as práticas de segurança do paciente realizadas em pacientes oncológicos paliativos em uso de morfina para o controle da dor.
CONTEÚDO
Esta revisão de escopo foi conduzida seguindo a metodologia JBI para revisões de escopo21. O protocolo foi registrado no Open Science Framework (OSF) com o link osf.io/k4rgq.
A questão central desta pesquisa foi: quais as evidências sobre as práticas de segurança do paciente realizadas em pacientes oncológicos paliativos que fazem uso de morfina para o controle da dor? Também foram desenvolvidas as seguintes subperguntas:
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Quais práticas de segurança do paciente são realizadas nas etapas de prescrição, preparo e administração de morfina?
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Quais práticas de segurança do paciente envolvem gestão de risco no uso de morfina?
Os participantes deste estudo foram pacientes oncológicos em CP em uso de morfina para o controle da dor. Foram incluídos estudos envolvendo pacientes adultos, em CP por quaisquer doenças oncológicas. Os pacientes deveriam estar em uso de morfina para controle da dor, independente da via utilizada.
Conceito
Esta revisão incluiu estudos que abordam as práticas de segurança do paciente e gestão de risco. São práticas que visam a redução, a um mínimo aceitável, do risco de lesão desnecessária associado ao cuidado de saúde10,20. Foram incluídos estudos relativos à segurança do paciente durante a prescrição da morfina, preparo e administração de doses, além de relativos à prevenção de eventos adversos relacionados a esse fármaco, incluindo reações adversas e erros de administração.
Contexto
Para o contexto, foram incluídos estudos com pacientes hospitalizados ou acompanhados de forma ambulatorial.
Tipos de fontes
Esta revisão de escopo considerou desenhos de estudos experimentais e quase-experimentais, incluindo ensaios clínicos randomizados e não randomizados, estudos do tipo antes e depois e séries temporais. Estudos observacionais, incluindo estudos de coorte, estudos caso-controle e estudos transversais, também foram incluídos. Esta revisão também considerou séries e relatos de casos, além de protocolos e diretrizes de prática clínica. Revisões de literatura, teses e artigos de texto e opinião também foram considerados para inclusão. As bases de dados pesquisadas incluíram: Medline (Pubmed), LILACS (Biblioteca Virtual da Saúde Regional), Scopus, Embase, Web of Science, Cochrane e CINAHL. A busca por literatura cinzenta incluiu: portais de sociedades e organizações de dor, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, protocolos e diretrizes clínicas reconhecidas por órgãos governamentais e National Institute for Health Care and Excellence (NICE).
Estratégia de pesquisa
Uma estratégia de busca em três etapas foi utilizada para esta revisão. Uma pesquisa inicial limitada ao Medline (Pubmed) e ao CINAHL foi realizada, seguida da análise das palavras do texto contidas no título e no resumo, e dos termos de índice usados para descrever o artigo. As tabelas 1 e 2 apresentam as estratégias completas de busca para Medline via Pubmed e CINAHL que foram realizadas em 2023, usando o recurso de “busca avançada” com os descritores MeSH (Medical Subject Headings) e o vocabulário controlado desenvolvido pela U.S. National Library of Medicine e operadores booleanos OR e AND.
Uma pesquisa secundária completa foi realizada em todos os bancos de dados incluídos, usando as palavras-chave e os termos de índice identificados na pesquisa inicial. Para ajudar a identificar quaisquer estudos adicionais, uma pesquisa de literatura terciária foi realizada examinando as listas de referências de toda a literatura que satisfaça os critérios de inclusão desta revisão. Esta revisão considerou estudos em qualquer idioma e sem recorte temporal.
Seleção de evidências
Após a pesquisa, todas as referências identificadas foram agrupadas e organizadas em planilhas do Excel e carregadas no software e gerenciador de referências EndNote (Clarivate Analytics, PA, EUA), sendo removidas as duplicatas. Os títulos e resumos foram selecionados por dois revisores e, em seguida, o texto completo das citações selecionadas foi organizado em pastas e avaliado em detalhes em relação aos critérios de inclusão por dois revisores independentes. Os motivos para a exclusão de estudos de texto completo que não atendem aos critérios de inclusão foram registrados e relatados. As divergências que surgiram entre os revisores em cada etapa do processo de seleção dos estudos foram resolvidas por meio de discussão com um terceiro revisor.
Os resultados da seleção estão apresentados no fluxograma PRISMA - ScR (Itens de Relatório Preferidos para Revisões Sistemáticas e Meta-análises - extensão para Revisão do Escopo)22.
Extração dos dados
Os dados dos estudos incluídos foram extraídos por dois revisores independentes, usando uma ferramenta de extração de dados desenvolvida pelos revisores (Tabela 3). Os dados extraídos incluíram os detalhes específicos sobre a população, conceito, contexto, métodos de estudo e principais conclusões relevantes para o objetivo da revisão. Quaisquer divergências entre os revisores foram resolvidas por meio de discussão com um terceiro revisor.
Análise e apresentação dos dados
Os dados extraídos estão apresentados em forma de figura e tabelas, de maneira que se alinham com o objetivo desta revisão de escopo. Os dados informam sobre tipo de estudo, práticas relacionadas à prescrição, preparo, administração da morfina, gestão de risco e eventos adversos. Uma análise descritiva e narrativa acompanha os resultados tabulados e mapeados, descrevendo como os resultados se relacionam com o objetivo e a questão da revisão.
RESULTADOS
A busca nas bases de dados Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), CINAHL, COCHRANE, Embase, Medline, Scopus, Web of Science (WOS) totalizou 478 referências, e em registros adicionais identificados por outras fontes obteve-se 15 referências. Após a remoção das duplicações conseguiu-se 313 referências. Após leitura do título e resumo foram selecionados 29 artigos para leitura na íntegra, e após aplicação dos critérios de exclusão, 21 artigos foram incluídos na presente revisão. O processo de triagem dos artigos está resumido na figura 1.
Os 21 estudos selecionados para essa revisão de escopo estão categorizados na tabela 4, e codificados numericamente, respeitando um recorte temporal decrescente, separados pelo ano de publicação, autores, periódico responsável pela publicação e o tipo de estudo.
Caracterização dos estudos selecionados, com indicação do ano de publicação, local, autor (es), título, periódico e tipo de estudo. Niterói/RJ, 2024.
A produção encontrada foi majoritariamente dos Estados Unidos da América com 07 estudos, seguido de Australia com 05 estudos, Brasil com 04 estudos, Inglaterra com 02 estudos, Canadá 01 estudo e União Europeia com 02 estudos. Foram identificadas 04 Revisões de Literatura, 02 Revisões Sistemáticas, 03 estudos retrospectivos, 02 Estudos quantitativos, 02 Guidelines, 02 Manuais—Protocolos, 01 Estudo qualitativo, 04 Consensos de Especialistas e 01 estudo de coorte.
A tabela 4 mostra a distribuição dos estudos (E), identificados de forma decrescente por ano de publicação, com identificação de local de publicação, autores responsáveis pelo estudo, título, periódico responsável pela publicação e tipo de estudo.
Com os estudos selecionados, os dados foram extraídos e foi possível categorizar: 14 Práticas de gestão dos serviços no uso da morfina, sendo 04 relacionadas à gestão do paciente e 10 relacionadas à organização do serviço; 24 práticas de segurança relacionadas à prescrição de morfina; 15 Práticas de Segurança relacionadas ao preparo e administração de morfina; e foram caracterizados 16 riscos e 08 reações adversas relacionados ao uso da morfina.
O processo de gestão do cuidado de pacientes e seu acompanhamento se faz necessário, bem como estabelecer metas de tratamento, monitoramento de indicadores de abuso e tolerância, e de gestão de possíveis eventos adversos. Os serviços devem estabelecer políticas claras sobre o tratamento da dor e o uso de morfina, e estabelecer estratégias de liderança e treinamento da equipe, visando o fortalecimento da cultura de segurança institucional (Tabela 5).
As principais práticas de segurança relacionadas à prescrição da morfina, que devem nortear as melhores condutas da equipe de enfermagem, a fim de se evitar erros e eventos adversos ao paciente em uso contínuo do opioide (Tabela 6).
É fundamental uma comunicação efetiva com o paciente. Ao oferecer tratamento para a dor com opioides fortes a um paciente com doença progressiva, devem ser feitas perguntas sobre: vício, tolerância, efeitos adversos e temor sobre o tratamento nos estágios finais da vida. Forneça informações verbais e escritas sobre o tratamento com opioides fortes aos pacientes e cuidadores, incluindo o seguinte: quando e por que opioides fortes são usados para tratar a dor; quão eficazes eles podem ser; quanto tempo o alívio da dor deve durar; efeitos adversos e sinais de toxicidade; acompanhamento e prescrição adicional (resgates); informações sobre quem contatar fora do horário, especialmente durante o início do tratamento (Tabela 7).
A tabela 8 apresenta os riscos para a ocorrência de eventos adversos relacionados à morfina, bem como os erros de fármaco e reações adversas. As estratégias propostas para reduzir o erro envolvem a conscientização de todos os envolvidos, aplicação de políticas locais a nível institucional sobre fármacos psicoativos e treinamentos regulares no processo de preparo e sua administração.
DISCUSSÃO
A principal razão para que o controle da dor seja uma prioridade no tratamento do câncer é o impacto positivo em sobrevida e QV que oferece ao paciente oncológico. No entanto, os opioides, em especial a morfina, são fármacos de alta vigilância, relacionados a riscos e ocorrência de eventos adversos nesses pacientes.
Assim, torna-se necessário que os serviços instituam práticas de gestão e segurança no uso desses fármacos1. Os opioides têm sido a base do tratamento da dor oncológica, mas existem desafios à sua utilização; especialistas relatam a falta de investigação para orientar a prática clínica na população que utiliza algum opioide para o controle da dor27.
As evidências deste estudo mostraram que os serviços precisam ter políticas e protocolos instituídos sobre o uso seguro de morfina. Além disso outros fatores são relevantes, tais como: supervisão e liderança, estabelecimento de linhas de responsabilidade, comunicação efetiva entre os membros da equipe e cultura de segurança da instituição, entre outros.
Pacientes em CP com dor oncológica são elegíveis para o uso da morfina em casos de dor moderada a intensa21,44. Em uma pesquisa realizada em 2019, em um Hospital Federal da cidade do Rio de Janeiro especializada em CP para pacientes adultos com câncer, dos 461 episódios de internação hospitalar, em dois meses, 429 pacientes (95%) apresentaram sintomas de dor, sendo que em 35% dos casos a dor não estava controlada. Nesses pacientes a Escala Visual Numérica (EVN) foi quantificada como zero após dois dias, em média, de internação, e, de acordo com a escada analgésica da OMS, 82% desses pacientes utilizaram o 3°degrau da escada analgésica, sendo a morfina o fármaco mais utilizado45.
É importante destacar o contexto dos fármacos potencialmente perigosos, ou seja, de alta vigilância (MAVs), a citar nesse grupo a morfina, que apresenta um alto risco de provocar lesões significativas quando há falha no processo de medicação. A fragilidade sobre o controle e uso correto de fármacos torna-se um problema para a saúde pública, podendo gerar onerosidade ao sistema de saúde, inviabilidade terapêutica e até a falha, aumentando o número de eventos adversos evitáveis, com lesões que vão de leves até catastróficas45. Um estudo reforçou a importância da segurança das etapas que envolvem o preparo de MAVs, pois a pesquisa encontrou repetição de erros envolvendo fármacos opioides como fentanil, tramadol e morfina46. Por sua vez, um estudo retrospectivo observacional com medicina paliativa em ambiente hospitalar avaliou a eficácia da terapia com opioides a longo prazo em pacientes terminais. A pesquisa descreve que a infusão contínua de opioides pode melhorar o conforto do paciente com sintomas persistentes ou progressivos, mas exige experiência clínica e atenção para a farmacocinética. O mesmo estudo aferiu que as infusões de opioides eram potencialmente inadequadas no hospital e centro médico acadêmico em estudo, por parte das equipes ativas de CP, e que isso estava associado ao aumento do sofrimento dos pacientes e das equipes de trabalho28.
As evidências observadas neste estudo mostraram que a gestão hospitalar deve garantir ambiente seguro, principalmente instituindo programas de treinamento voltados ao controle da dor e à administração de fármacos opioides, dentre eles a morfina, como prática para redução de eventos adversos. Membros do Conselho da
Sociedade Canadense de Cuidados Paliativos desenvolveram recomendações para promover a segurança de opioides em pacientes adultos em tratamento paliativo. As recomendações foram divididas em 6 grandes domínios; o domínio 2, considerado de alta prioridade, concentra medidas que reforçam a necessidade de treinamentos obrigatórios para a equipe de saúde46. A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), reitera essa necessidade, colocando ainda que protocolos e rotinas institucionais devem ser disponibilizados e de fácil acesso para consulta dos profissionais47.
Em ambiente hospitalar os erros relacionados ao uso de fármacos são uma importante preocupação, e podem ser favorecidos por fatores como a falta de comunicação efetiva, bem como a falta de acesso a documentação ou informações distorcidas das equipes. Uma pesquisa com análise retrospectiva24 de notas de casos e estudo prospectivo de análise de melhoria da qualidade de intervenção em uma unidade de internação, avaliou como era a comunicação com pacientes em CP sobre a direção adequada do uso de opioides e aplicou um relatório de melhorias. Foram realizados três ciclos de encontro para planejar, fazer, estudar, agir e documentar. Na análise retrospectiva foi colocado que a comunicação a respeito de como conduzir o paciente em CP era ineficiente e após documentarem as discussões com todos os envolvidos essa condução, os escores melhoraram para um nível adequado.
Nesse contexto, vale ressaltar o Protocolo de Segurança na Prescrição, Uso e Administração de Fármacos estabelecido pela Portaria n° 2095 (2013) do Ministério da Saúde, com a finalidade de promover práticas seguras no uso de fármacos em estabelecimentos de saúde47. Dentre os diferentes tipos de erros relacionados à morfina, o de prescrição é o mais comum e ocorre no início do processo das atividades que levam o fármaco ao paciente, de acordo com um estudo12 realizado em 2018. Os erros mais frequentes envolvendo a prescrição incluem o fármaco, a via ou dose, ou a frequência errada. Esses erros são responsáveis por quase 50% dos erros de medicação, sendo na maioria das vezes identificados por farmacêuticos e enfermeiros antes que ocorra a sua dispensação e administração.
A pronta avaliação da dor trás auxílio para o processo de analgesia. Em uma revisão sistemática que objetivou investigar o uso e o desempenho das escalas de dor EVN, escala de faces e Escala Analógica Visual (EAV), identificou-se que a EVN teve melhor conformidade de uso em 15 dos 19 estudos que abordavam o caso e foi a ferramenta mais recomendada em 11 estudos, com taxas de conformidade mais alta, melhor capacidade de resposta, facilidade de uso e boa aplicabilidade em relação à escala de faces e à EAV. No geral, os estudos analisados concordaram que as pontuações de aplicabilidade da EVN e EAV são sistematicamente mais altas32,37,38,39,40,41,48,49,50. De acordo com o Consenso Brasileiro sobre Controle da Dor relacionada ao Câncer, pacientes com dor intensa devem ser tratados com opioides por via oral ou endovenosa quando for clinicamente justificável. A necessidade de reavaliar continuadamente o paciente a cada nova dose é uma ação inerente ao tratamento da dor40. A revisão deste estudo destaca ainda a necessidade de atenção à equipotência analgésica. A morfina endovenosa é três vezes mais potente que a morfina oral, e não deve ser macerada e administrada por via gástrica pelo risco de impregnação28,38,39,40,48. A satisfação do paciente com o alívio obtido e a ocorrência de eventos adversos devem ser sistematicamente reavaliados.
Conforme a OMS49, os erros decorrentes da terapia farmacológica são resultados de processos e procedimentos falhos durante o cuidado. Os erros são suscetíveis em qualquer etapa do sistema de medicação: prescrição, dispensação, preparação, administração e monitoramento; sendo responsabilidade de todos os profissionais envolvidos no cuidado. Especialistas que aprovaram um consenso de diretrizes para pacientes com dor em uso de opioides descreveram que esses fármacos têm sido a base do tratamento da dor oncológica, mas existem sérios desafios para a sua utilização, incluindo uma impressionante falta de investigação para orientar a prática clínica25. As Reações Adversas a Medicamentos (RAM) caracterizam-se pela hipótese de relação causal entre o fármaco e a resposta prejudicial ou indesejável que pode ocorrer, e são previsíveis em pacientes em uso de opioides. Em um estudo realizado em uma rede de saúde no estado de Minas Gerais50 no período no período de abril de 2019 a março de 2020, foram analisadas 93 notificações de RAM. Entre as principais classes terapêuticas envolvidas, os opioides foram detectados 6 vezes, sendo que dentre os opioides a morfina teve destaque como o fármaco mais notificado, 4 vezes. Um artigo recente, publicado em 2022, identificou o prurido corpóreo em 33,3% das ocorrências de notificação, sendo ainda citados: soluço (8,3%), sonolência (8,3%), sudorese (8,3%), tontura (8,3%) e vômito (8,3%)51.
Estudos mais atualizados incluíram como reações adversas no uso de opioides a ocorrência de endocrinopatias, citando disfunção erétil, redução da libido, infertilidade e diminuição da densidade óssea, podendo favorecer a ocorrência de fraturas27. Delirium é passível de ocorrência em pacientes em uso contínuo de opioides, comum em pacientes com altas doses, em tratamento prolongado, em uso de agentes psicoativos concomitantes e no caso de função renal reduzida. A retenção urinária tem sido citada em diretrizes clínicas mais atualizadas25. De acordo com esses estudos é comum sua ocorrência no início do tratamento com opioide e mais prevalente em idosos devido a hiperplasia prostática benigna ou polifarmácia. Assim, as equipes de enfermagem precisam estar cientes dessas possíveis reações adversas.
Para melhores práticas na administração, destaca-se a dupla checagem da prescrição entre o enfermeiro e o técnico de enfermagem, que garantem a segurança da administração da morfina46 e a execução dos “nove certos” da administração de fármacos, que são: verificação do paciente certo, fármaco certo, via certa, hora certa, dose certa, registro certo, ação certa, forma certa e resposta certa. Essa verificação não garante que os erros de administração não ocorrerão, mas segui-la pode prevenir significativa parte desses eventos, melhorando a segurança e a qualidade da assistência prestada ao paciente durante o processo de administração de fármacos51.
O ponto forte desta produção está em apresentar a melhores evidências para subsidiar as práticas de segurança em pacientes oncológicos paliativos em uso de morfina. Trata-se de uma temática relevante para a saúde pública mundial, visto a potencialidade de erros com os fármacos de alta vigilância, em especial a morfina, e seus eventos adversos.
Torna-se necessária a ampliação de pesquisas na área, podendo ser especificado cada fármaco psicotrópico no contexto da complexidade hospitalar ou específico para pacientes que fazem uso na assistência domiciliar. A segurança do paciente e principalmente o uso correto dos fármacos deve ser reverberado desde a formação profissional até a educação continuada aos profissionais que estão na assistência, garantindo uma prática segura em saúde.
CONCLUSÃO
Esta revisão de escopo identificou as práticas de segurança relacionadas ao uso da morfina em pacientes oncológicos paliativos desde sua prescrição, preparo e administração, e abordou a gestão de riscos e os eventos adversos relacionados a esse opioide. Por meio deste estudo os profissionais podem planejar um cuidado seguro, promovendo um melhor controle da dor oncológica. Este estudo também contribui para o uso da morfina como proposta de tratamento, principalmente para pacientes com câncer em CP que convivem com dor intensa e que muito se beneficiam com seu uso, trazendo impacto positivo na sobrevida e na QV desses pacientes.
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Fontes de fomento:
não há.
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Editado por
-
Editor associado responsável: Oscar Cesar Pires https://orcid.org/0000-0002-7033-0764
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
27 Jan 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
05 Jul 2024 -
Aceito
02 Out 2024


De: Page, Matthew J et al. “The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews.” BMJ (Clinical research ed.) vol. 372 n71. 29 Mar. 2021, doi:10.1136/bmj.n71